quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Curiosidades na História


Pomo da discórdia
A raiz dessa expressão está na mitologia grega, segundo a qual, Éris – a deusa da discórdia – foi a única a não ser convidada para o casamento entre Tétis e Peleu. Por isso, decidiu ir à cerimônia para vingar-se. Jogou sobre a mesa da cerimônia uma maçã de ouro (o pomo) com a inscrição “À mais bela”. O presente provocou a discórdia entre Hera, Atena e Afrodite: as três reclamaram o título. A decisão coube a Páris e a escolhida foi Afrodite, que prometeu a ele a mais bela das mulheres como esposa. Tal mulher era Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta. Helena fugiria com Páris para Tróia, provocando a lendária guerra entre gregos e troianos.
Árabes sabiam o segredo da Pedra de Roseta
por Andressa Rovani
Depois de sete anos analisando manuscritos de chamados alquimistas árabes encontrados em Bagdá e datados do século 9, o arqueólogo Okasha El Daly, da Universidade de Londres, anunciou em outubro que os árabes não só desvenderam o código da Pedra de Roseta um milênio antes do Ocidente como também já estudavam o Egito Antigo.

Descoberta pelas tropas de Napoleão em 1799, a pedra traz um decreto sacerdotal de 196 a.C., escrito em três alfabetos: demótico (uma escrita egípcia cursiva), grego e em hieróglifos. Só a partir da comparação com os outros dois idiomas, foi possível a decodificação dos hieróglifos, em 1822, abrindo ao Ocidente a história contada nas paredes egípcias.

No século 19, descobriu-se que existiam outras pedras similares à de Roseta. Foram elas que, segundo El Daly, teriam servido de base para a tradução árabe do século 9. “Os alquimistas escreveram vários manuscritos sobre a história egípcia”, diz El Daly. Um deles, Ibn Wahishiya, criou até um dicionário mostrando que os hieróglifos representavam letras e não idéias, fato descoberto pelo Ocidente só no século 19.”

Vasa, o navio-museu
por Robert Galbraith
Trezentos anos antes de o Titanic comover o mundo, o navio Vasa ensinou aos suecos como a imprudência é fatal no mar. Construído a pedido do rei Gustavo Adolfo II para ser a maior embarcação de guerra do mundo, acabou se tornando também um dos mais belos barcos de sua época, com gravuras em seu castelo de popa dignas de um palácio. Mas o excesso de armamento imposto pelo rei proporcionou um dos maiores micos da história da navegação. Assim como o Titanic, que atravessou icebergs a toda velocidade, o Vasa afundou em sua viagem inaugural ignorando sinais de perigo. Apesar de o navio ter falhado em testes de estabilidade, a necessidade de reforçar a frota em uma batalha contra a Polônia, em 1628, durante a Guerra dos 30 anos (1618-48), falou mais alto e, em 10 de agosto daquele ano, o Vasa foi ao mar com 64 canhões. Era um recorde, mas o navio navegou só 1300 metros. Ainda na baía de Estocolmo, o peso dos canhões o fez inclinar para a direita. O Vasa adernou e afundou com cerca de 150 marinheiros a bordo.

O consolo para os suecos veio em 1961, com a operação de resgate. Bem conservado devido à baixa concentração de sal na região, o Vasa foi içado quase inteiro do mar. Depois de 17 anos de reconstrução, o navio virou um museu. Inaugurado em 1990, o Museu Vasa é hoje o mais visitado da Escandinávia, com 800 mil pessoas por ano. Fica a menos de uma milha de onde afundou.

Um mapa diferente
por Tâmis Parron
O mundo era dividido apenas em regiões políticas até 1815. Nesse ano, houve uma revolução: foi lançado o primeiro mapa que seccionava um país, a Inglaterra, segundo as camadas rochosas do subsolo. O responsável pela inovação foi William Smith, como mostra o geólogo Simon Winchester, autor de O Mapa que Mudou o Mundo (Record). Com o seu mapa, ele acabaria demolindo a versão bíblica que fixava a idade da Terra em apenas 6000 anos, abrindo caminho para os avanços científicos do século 19.

Nossas malfadadas raízes
por Carolina Pulici

Poucos livros revolucionaram tanto os estudos sobre a sociedade brasileira como Raízes do Brasil (Companhia das Letras). Publicado em 1936, quando os diagnósticos sobre o país responsabilizavam a classe dominada e miscigenada pelas mazelas da nação, o “clássico de nascença” de Sérgio Buarque de Holanda inverteu o argumento ao sugerir que a mentalidade e as formas de vida legadas pelos colonizadores é que impediram e ainda impedem uma lógica impessoal e igualitária.

Do patrimônio herdado dos pais de além mar, a “cultura da personalidade”– ou seja, a exaltação do prestígio pessoal e não do sobrenome herdado – foi um traço rico em conseqüências. Sim, pois se por um lado afirmava um princípio típico da era moderna, por outro defendia a autonomia desmesurada de cada um em relação aos seus semelhantes, levando à falta de coesão da vida social: “Em terra onde todos são barões não é possível acordo coletivo durável, a não ser por uma força exterior respeitável e temida”.

Esse “personalismo” ibérico também repudiava toda moral fundada no culto ao trabalho, porque isso exigiria a sujeição da personalidade: “O ócio importa mais do que o negócio”. O horror ao trabalho – sobretudo o manual, coisa de escravo – e a incapacidade de renunciar às inclinações da personalidade em prol de um bem comum impediram que entre nós vigorassem formas de cooperação racionais, orientadas por interesses gerais. No Brasil colonial, a capacidade de organização social e a conduta solidária se firmaram apenas no recinto doméstico e entre amigos, fazendo com que a lógica familiar fosse o modelo obrigatório de qualquer composição social entre nós. A exclusividade de acordos fundados em laços afetivos e de sangue teve um preço alto para nossa vida pública, até hoje ainda tão marcada por interesses particularistas.

Revista Aventuras na História - 16

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