Doutorando/USP
ENTERROS E RITUAIS PÓS-SEPULTAMENTO
No Brasil, no que se refere ao sepultamento das crianças, sabemos que elas eram comumente enterradas nas dependências das igrejas, tal como acontecia aos adultos. Nos viajantes, por volta das primeiras décadas do século XIX, começaram a aparecer referências a uma nova forma de enterramento nas igrejas: os carneiros. Estes consistiam em salas quadrangulares, em geral dando para um pátio aberto, tendo em suas paredes compartimentos de largura tal a poder caber um esquife76. Em relação ao antigo modo de enterrar, as catacumbas implicavam algumas novidades: além de eliminar o contato do corpo com a terra — sendo a decomposição favorecida pelo uso da cal que era despejada no defunto quando do fechamento do jazigo — e acentuar a separação entre vivos e mortos, conforme lembra João José Reis, torna regra a prática de sepultar-se o defunto junto com o caixão77. Já em 1817 Louis Freycinet atestou a existência desses espaços que, no entanto, de tão raros, ele havia tomado conhecimento de sua existência apenas por intermédio de M. Eshewege78. Na Corte, já são três as igrejas que, ao fim da década de 1830, possuem esses recintos, segundo o que nos informa Debret: a da igreja do Carmo, a de São Francisco de Paula e a de Santo Antônio, visitadas por Ida Pfeifer, e mais tarde por Daniel Kidder79.
O que nos interessa nesse particular é o fato de existirem entre essas salas, algumas reservadas exclusivamente ao sepultamento de crianças. Com efeito, Debret fala de catacumbas com salas que contavam com compartimentos menores, reservadas para enterros de crianças, filhos dos irmãos80. No mesmo momento, por volta da década de 1820, o alemão Ernest Ebel confirma a existência desse espaço junto à Capela Real81. Ferdinand Denis em 1838, ao evocar uma desses recintos, também assinala a boa impressão que estes lhe deram. Segundo ele, é "de um asseio extremo e oferece elegante aspecto. As pinturas das arcadas são freqüentemente renovadas, e quase sempre este cemitério abrigado é contíguo a um pequeno jardim, onde crescem flores que se cultivam com cuidado, e que perfumam esta última morada da infância"82. Importa ressaltar que esses cemitérios verticais, na forma em que eram espacialmente organizados, mais do que reforçar a unidade da família nuclear, assinalavam a presença da comunidade dos irmãos. É desnecessário dizer que essa orientação estaria, já em meados do século XIX, que assiste a uma paulatina valorização dos sentimentos familiares, com seus dias contados.
Essa forma típica de disposição do cadáver, que era acompanhado do uso da cal, deu lugar precisamente num funeral de "anjo", a um conflito cultural de extremo interesse para nosso estudo. O francês Victor-Athanase Gendrin nos conta sobre uma contenda séria que esse costume de enterrar fora da terra, fazendo uso da cal, gerou entre brasileiros e franceses no enterro da criança francesa da família Lefranc83. Num episódio ímpar, os franceses que participavam da cerimônia, indignados com o fato de que a criança não iria ser enterrada na terra, e talvez com a idéia de jogar cal em todo o seu corpo — hábito que em outro viajante provocara repugnância, mesmo reconhecendo sua eficácia84 — esses senhores à força e ao fim de um imenso tumulto, conseguiram com sucesso retirar o cadáver das mãos dos responsáveis pelo serviço e, com instrumentos improvisados com o material que se encontrava no local, enterrar a criança no chão contíguo ao carneiro.
O luto está entre as outras práticas que têm lugar após os enterramentos, uma vez que ele se estende para os dias que se seguem ao evento. Esse costume diz respeito aos mecanismos que a sociedade possui para a manutenção da reprodução social, sempre quando a morte entra em cena. Ele ameniza a ruptura que a morte significa, substituindo por uma determinada conduta a presença real do falecido, permitindo aos poucos superá-la. Depende, portanto, da posição social que o morto tinha enquanto vivo. No período, a prática do luto entre os brasileiros foi também observada pelos estrangeiros. Em 1852, John Candler informava sobre costume no qual os parentes próximos do falecido ficavam em reclusão de luto durante oito dias. Esse mesmo autor acrescentaria, não obstante, que esse procedimento não se verifica para crianças menores de 10 anos85. À criança, cujo papel social é de menor monta, não parece exigir com sua morte um esforço para o reordenamento da comunidade da qual faz parte.
O que não significava que, após a morte, a criança fosse completamente esquecida. Uma das ocasiões, após o enterro, em que a criança morta é lembrada pelos vivos, evento que ganhou maior popularidade com o advento dos carneiros, tem lugar no Dia de Todos os Santos (ou Dia de Finados). Nesse dia as famílias dos falecidos que foram sepultados nas catacumbas vinham visitar e muitas vezes receber os restos mortais de seus defuntos, como testemunhou o aventureiro inglês James Holman86. Esse costume era acompanhado por outro no qual as urnas das crianças, também ricamente adornadas, são expostas à visitação. Aqui se evidencia uma característica comum à morte das crianças das elites como um todo, que é de servir de instrumento de ostentação, possível pela liberalidade que a cerca. Segundo esses estrangeiros, no Dia de Todos os Santos as câmaras são ornadas com laços dourados e panos pretos, e as urnas decoradas com flores e tecidos, tendo em volta uma infinidade de castiçais e candelabros acesos. Estes lugares eram bastante freqüentados por jovens e velhos, durante o dia todo, com transeuntes indo de uma igreja a outra. Sobre o Rio de Janeiro, Debret nos fala da exposição anual dos sarcófagos nos dias de Finados e das visitas feitas às igrejas como as de Santo Antônio, São Francisco de Paula e do Carmo, segundo ele, "as mais elegantemente construídas", que, a partir de 1816 já contavam com uma multidão que corria a visitá-las. Sobre esses salões, ele observara o seguinte: urnas sobre estrados enfeitados de tules e galões de ouro aplicados em fileiras de três sobre veludo preto, carmesim, rosa ou azul-celeste, tudo rodeado por uma série de candelabros de prata, geralmente sob a vigilância de um negro, de libré87. D. Kidder, já no final da década de 1830, fica bastante impressionado com estas exposições, o mesmo acontecendo a Ida Pfeifer vinte anos depois88.
É através de uma narrativa de viagem que temos a referência a instrumentos que favorecem a lembrança dos mortos, dos quais pode-se dizer que as crianças não estão excluídas: são as caixas de almas. As contribuições feitas às almas do purgatório por intermédio desta caixa, segundo o que notara Wetherell em 1860, não eram raras89. Thomas Ewbank (1945) descreve uma delas, em cuja ilustração do purgatório — ou, em todo caso, de algum lugar do além onde penas eram expiadas — estavam representadas nada menos que duas crianças, uma branca e outra negra, recurso que parecera ao autor extremamente eficiente para "figurar o tormento dos sofredores, e mostrar que todas as raças e idades estão expostas a eles"90. Como bem havia entendido Ewbank, essa caixa antes de mais nada deveria servir de receptáculo para as esmolas que seriam convertidas em ofícios dedicados a almas que estavam a padecer tormentos no além. Essa prática vem em reforço a uma determinada representação da morte já comum há cinco séculos no Ocidente católico, segundo a qual os vivos, por intermédio de missas e orações, podiam interceder positivamente em favor dos mortos que estavam a cumprir pena no purgatório.
No entanto, a despeito de reeditar uma concepção já tradicionalmente enraizada no imaginário fúnebre, essa caixa, particularmente, parece trazer uma novidade bastante importante. Conforme a descrição de Ewbank, ela representa crianças aguardando absolvição no fogo redentor daquele que é provavelmente o purgatório, uma vez que a ajuda dos vivos é de tão grande valia. O costume de recolher dinheiro segundo este pretexto mostra, de um lado, que a Igreja, por intermédio deste instrumento, assumia uma postura conflitante com a concepção de infância revelada pelo comportamento popular em relação à morte da criança. Ela anuncia uma concepção de morte que, diferentemente do que vimos da conduta leiga através das descrições, não separa a morte adulta daquela da criança. Como notara Ewbank, a Igreja estava a alertar que as penas do além chegam indistintamente segundo raça e idade. Em conseqüência dessa disposição, os representantes eclesiásticos entravam em franco desacordo com a crença popular na qual a criança tinha sua salvação garantida. Como já era exigido para os mortos adultos, essas autoridades, vislumbrando talvez o que isso poderia representar em termos de receita, passaram a criar temores, cautelas e cuidados onde antes (em termos ritualísticos, bem entendido) predominavam as certezas reconfortantes juntamente com as necessárias (quase obrigatórias) comemorações e homenagens.
Resta, ainda, o mais importante. A descrição da caixa confirma a hipótese com a qual buscamos ler os viajantes ao longo deste artigo, com o intuito de nos afastarmos dos preconceitos dos quais essas narrativas estavam embebidas. Como já foi dito, uma idéia bastante recorrente que os viajantes tiveram dos funerais de "anjinho" é que essas práticas seriam sintomas de um certo menoscabo em relação à criança, desprezo este que se revelaria pela ausência de elementos que expressassem o sofrimento que esse evento deveria dar lugar, tal como assim o entendiam esses estrangeiros. Vimos, não obstante, que os próprios relatos desses rituais constantemente nos informam de uma conduta que, ao contrário do que estes avaliaram, torna patente um apreço bastante significativo pela criança: ficou evidente, nas descrições dos múltiplos momentos em que se desdobra esse conjunto de gestos, um zelo intenso (como as das mães, livres e escravas, que depositam seus filhos mortos nas rodas), muitas vezes assumido segundo um investimento exagerado em todos os detalhes de que nos restaram testemunhos, dos cuidados com a mortalha e os adereços que a acompanham até o asseio com que eram cuidados os espaços onde eram sepultadas. Além disso, os relatos nos dão a oportunidade de constatar que as ocasiões em que não pesava o rigor dos códigos ritualísticos (como os longos afagos que recebia o "anjo" visitado pelo francês Arago) tornavam propícias as demonstrações de inequívoco afeto para com a criança.
Ora, a expectativa do compadecimento das mães por parte da Igreja, que agia por meio da caixa, desfaz a crítica dos viajantes sobre o desdém dedicado às crianças entre os brasileiros. Ainda que a imagem que a caixa vinculava da morte infantil contrariasse frontalmente a concepção comum entre os brasileiros, ela evidenciava a disposição destes para com este assunto, uma vez que a Igreja entreviu nesse tema um canal eficaz para angariar dividendos. A eficiência da caixa dependia (e por isso é uma confirmação) da importância que a criança — em particular os problemas relacionados à sua morte — assumia junto à população da Corte, uma vez que mostra que a simples alusão a este assunto assegurava a compaixão e a justa contribuição daqueles que por ali passassem. À Igreja brasileira estava claro o que aos viajantes fora impossível atinar, a despeito, como vimos, das inúmeras oportunidades que lhes foram dadas: que as práticas e representações da morte infantil entre os brasileiros não eram resultado de um fraco apreço pela criança, mas ao contrário, tratava-se do fato de que essa determinada concepção de morte infantil tornava mais toleráveis os traumas e os pesares que a ocorrência de sua morte propiciava. Mais ainda, a conduta do episcopado brasileiro, fazendo uso da caixa, assinala que essa notável preocupação para com a criança a tal ponto estava presente nas atitudes que cercavam a sua morte, que somente por meio da mobilização desse desvelo é que seria possível uma mudança no imaginário fúnebre infantil no Brasil.
NOTAS
* Doutorando do programa em História Social da Universidade de São Paulo, sob orientação da Profa. Dra. Maria Helena Pereira Toledo Machado. A pesquisa tem contado com o apoio das bolsas de mestrado, e depois doutorado, concedidas pela CAPES e CNPq, respectivamente. Gostaria de agradecer pelas sugestões dos pareceristas.
1O levantamento dos viajantes deveu imensamente à pesquisa realizada pelas historiadoras Mirian Lifchitz Moreira Leite, Maria Lúcia de Barros Mott de Melo Souza e Bertha Kauffmann Appenzeller, que foi publicada no livro A mulher no Rio de janeiro no século XIX. Um índice de referências em livros de viajantes estrangeiros. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1982. [ Links ]
2GÉLIS, Jacques. "A individualização da criança". In DUBY, G. e ARIÈS, P. (orgs.) História da Vida Privada III. São Paulo: Companhia das Letras, 1986, p.315. [ Links ]
3ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara, 1973, p.65. [ Links ]
4LAUWE, Chombart de. Um outro mundo: a infância. São Paulo: Perspectiva, EDUSP, 1991, p. 9. [ Links ]
5VOVELLE, Michel. Ideologias e Mentalidades. São Paulo: Brasiliense, 1987. [ Links ]
6DEL PRIORE, Mary. "Apresentação" . In DEL PRIORE, Mary. História das Crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 1999, p. 11. [ Links ]
7KIDDER, Daniel Parish. Reminiscências de viagens e permanência nas províncias do Sul do Brasil: Rio de Janeiro e São Paulo: compreendendo notícias históricas e geográficas do Império e das diversas províncias (trad. Moacir N. Vasconcelos; notícia biográfica Rubens Borba de Morais) Belo Horizonte: Ed Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980, p.159.
8KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.158, e CANDLER, John and BURGESS. Narrative of a recent visit to Brazil. London: Edward Marsh, 1853.
9LUCCOCK, John. Notas sobre o Rio de Janeiro e partes meridionais do Brasil tomadas durante uma estada de dez anos nesse país de 1800 a 1818 (tradução de Milton da Silva Rodrigues). São Paulo: Livraria Martins, 1942, p.79.
No Brasil, no que se refere ao sepultamento das crianças, sabemos que elas eram comumente enterradas nas dependências das igrejas, tal como acontecia aos adultos. Nos viajantes, por volta das primeiras décadas do século XIX, começaram a aparecer referências a uma nova forma de enterramento nas igrejas: os carneiros. Estes consistiam em salas quadrangulares, em geral dando para um pátio aberto, tendo em suas paredes compartimentos de largura tal a poder caber um esquife76. Em relação ao antigo modo de enterrar, as catacumbas implicavam algumas novidades: além de eliminar o contato do corpo com a terra — sendo a decomposição favorecida pelo uso da cal que era despejada no defunto quando do fechamento do jazigo — e acentuar a separação entre vivos e mortos, conforme lembra João José Reis, torna regra a prática de sepultar-se o defunto junto com o caixão77. Já em 1817 Louis Freycinet atestou a existência desses espaços que, no entanto, de tão raros, ele havia tomado conhecimento de sua existência apenas por intermédio de M. Eshewege78. Na Corte, já são três as igrejas que, ao fim da década de 1830, possuem esses recintos, segundo o que nos informa Debret: a da igreja do Carmo, a de São Francisco de Paula e a de Santo Antônio, visitadas por Ida Pfeifer, e mais tarde por Daniel Kidder79.
O que nos interessa nesse particular é o fato de existirem entre essas salas, algumas reservadas exclusivamente ao sepultamento de crianças. Com efeito, Debret fala de catacumbas com salas que contavam com compartimentos menores, reservadas para enterros de crianças, filhos dos irmãos80. No mesmo momento, por volta da década de 1820, o alemão Ernest Ebel confirma a existência desse espaço junto à Capela Real81. Ferdinand Denis em 1838, ao evocar uma desses recintos, também assinala a boa impressão que estes lhe deram. Segundo ele, é "de um asseio extremo e oferece elegante aspecto. As pinturas das arcadas são freqüentemente renovadas, e quase sempre este cemitério abrigado é contíguo a um pequeno jardim, onde crescem flores que se cultivam com cuidado, e que perfumam esta última morada da infância"82. Importa ressaltar que esses cemitérios verticais, na forma em que eram espacialmente organizados, mais do que reforçar a unidade da família nuclear, assinalavam a presença da comunidade dos irmãos. É desnecessário dizer que essa orientação estaria, já em meados do século XIX, que assiste a uma paulatina valorização dos sentimentos familiares, com seus dias contados.
Essa forma típica de disposição do cadáver, que era acompanhado do uso da cal, deu lugar precisamente num funeral de "anjo", a um conflito cultural de extremo interesse para nosso estudo. O francês Victor-Athanase Gendrin nos conta sobre uma contenda séria que esse costume de enterrar fora da terra, fazendo uso da cal, gerou entre brasileiros e franceses no enterro da criança francesa da família Lefranc83. Num episódio ímpar, os franceses que participavam da cerimônia, indignados com o fato de que a criança não iria ser enterrada na terra, e talvez com a idéia de jogar cal em todo o seu corpo — hábito que em outro viajante provocara repugnância, mesmo reconhecendo sua eficácia84 — esses senhores à força e ao fim de um imenso tumulto, conseguiram com sucesso retirar o cadáver das mãos dos responsáveis pelo serviço e, com instrumentos improvisados com o material que se encontrava no local, enterrar a criança no chão contíguo ao carneiro.
O luto está entre as outras práticas que têm lugar após os enterramentos, uma vez que ele se estende para os dias que se seguem ao evento. Esse costume diz respeito aos mecanismos que a sociedade possui para a manutenção da reprodução social, sempre quando a morte entra em cena. Ele ameniza a ruptura que a morte significa, substituindo por uma determinada conduta a presença real do falecido, permitindo aos poucos superá-la. Depende, portanto, da posição social que o morto tinha enquanto vivo. No período, a prática do luto entre os brasileiros foi também observada pelos estrangeiros. Em 1852, John Candler informava sobre costume no qual os parentes próximos do falecido ficavam em reclusão de luto durante oito dias. Esse mesmo autor acrescentaria, não obstante, que esse procedimento não se verifica para crianças menores de 10 anos85. À criança, cujo papel social é de menor monta, não parece exigir com sua morte um esforço para o reordenamento da comunidade da qual faz parte.
O que não significava que, após a morte, a criança fosse completamente esquecida. Uma das ocasiões, após o enterro, em que a criança morta é lembrada pelos vivos, evento que ganhou maior popularidade com o advento dos carneiros, tem lugar no Dia de Todos os Santos (ou Dia de Finados). Nesse dia as famílias dos falecidos que foram sepultados nas catacumbas vinham visitar e muitas vezes receber os restos mortais de seus defuntos, como testemunhou o aventureiro inglês James Holman86. Esse costume era acompanhado por outro no qual as urnas das crianças, também ricamente adornadas, são expostas à visitação. Aqui se evidencia uma característica comum à morte das crianças das elites como um todo, que é de servir de instrumento de ostentação, possível pela liberalidade que a cerca. Segundo esses estrangeiros, no Dia de Todos os Santos as câmaras são ornadas com laços dourados e panos pretos, e as urnas decoradas com flores e tecidos, tendo em volta uma infinidade de castiçais e candelabros acesos. Estes lugares eram bastante freqüentados por jovens e velhos, durante o dia todo, com transeuntes indo de uma igreja a outra. Sobre o Rio de Janeiro, Debret nos fala da exposição anual dos sarcófagos nos dias de Finados e das visitas feitas às igrejas como as de Santo Antônio, São Francisco de Paula e do Carmo, segundo ele, "as mais elegantemente construídas", que, a partir de 1816 já contavam com uma multidão que corria a visitá-las. Sobre esses salões, ele observara o seguinte: urnas sobre estrados enfeitados de tules e galões de ouro aplicados em fileiras de três sobre veludo preto, carmesim, rosa ou azul-celeste, tudo rodeado por uma série de candelabros de prata, geralmente sob a vigilância de um negro, de libré87. D. Kidder, já no final da década de 1830, fica bastante impressionado com estas exposições, o mesmo acontecendo a Ida Pfeifer vinte anos depois88.
É através de uma narrativa de viagem que temos a referência a instrumentos que favorecem a lembrança dos mortos, dos quais pode-se dizer que as crianças não estão excluídas: são as caixas de almas. As contribuições feitas às almas do purgatório por intermédio desta caixa, segundo o que notara Wetherell em 1860, não eram raras89. Thomas Ewbank (1945) descreve uma delas, em cuja ilustração do purgatório — ou, em todo caso, de algum lugar do além onde penas eram expiadas — estavam representadas nada menos que duas crianças, uma branca e outra negra, recurso que parecera ao autor extremamente eficiente para "figurar o tormento dos sofredores, e mostrar que todas as raças e idades estão expostas a eles"90. Como bem havia entendido Ewbank, essa caixa antes de mais nada deveria servir de receptáculo para as esmolas que seriam convertidas em ofícios dedicados a almas que estavam a padecer tormentos no além. Essa prática vem em reforço a uma determinada representação da morte já comum há cinco séculos no Ocidente católico, segundo a qual os vivos, por intermédio de missas e orações, podiam interceder positivamente em favor dos mortos que estavam a cumprir pena no purgatório.
No entanto, a despeito de reeditar uma concepção já tradicionalmente enraizada no imaginário fúnebre, essa caixa, particularmente, parece trazer uma novidade bastante importante. Conforme a descrição de Ewbank, ela representa crianças aguardando absolvição no fogo redentor daquele que é provavelmente o purgatório, uma vez que a ajuda dos vivos é de tão grande valia. O costume de recolher dinheiro segundo este pretexto mostra, de um lado, que a Igreja, por intermédio deste instrumento, assumia uma postura conflitante com a concepção de infância revelada pelo comportamento popular em relação à morte da criança. Ela anuncia uma concepção de morte que, diferentemente do que vimos da conduta leiga através das descrições, não separa a morte adulta daquela da criança. Como notara Ewbank, a Igreja estava a alertar que as penas do além chegam indistintamente segundo raça e idade. Em conseqüência dessa disposição, os representantes eclesiásticos entravam em franco desacordo com a crença popular na qual a criança tinha sua salvação garantida. Como já era exigido para os mortos adultos, essas autoridades, vislumbrando talvez o que isso poderia representar em termos de receita, passaram a criar temores, cautelas e cuidados onde antes (em termos ritualísticos, bem entendido) predominavam as certezas reconfortantes juntamente com as necessárias (quase obrigatórias) comemorações e homenagens.
Resta, ainda, o mais importante. A descrição da caixa confirma a hipótese com a qual buscamos ler os viajantes ao longo deste artigo, com o intuito de nos afastarmos dos preconceitos dos quais essas narrativas estavam embebidas. Como já foi dito, uma idéia bastante recorrente que os viajantes tiveram dos funerais de "anjinho" é que essas práticas seriam sintomas de um certo menoscabo em relação à criança, desprezo este que se revelaria pela ausência de elementos que expressassem o sofrimento que esse evento deveria dar lugar, tal como assim o entendiam esses estrangeiros. Vimos, não obstante, que os próprios relatos desses rituais constantemente nos informam de uma conduta que, ao contrário do que estes avaliaram, torna patente um apreço bastante significativo pela criança: ficou evidente, nas descrições dos múltiplos momentos em que se desdobra esse conjunto de gestos, um zelo intenso (como as das mães, livres e escravas, que depositam seus filhos mortos nas rodas), muitas vezes assumido segundo um investimento exagerado em todos os detalhes de que nos restaram testemunhos, dos cuidados com a mortalha e os adereços que a acompanham até o asseio com que eram cuidados os espaços onde eram sepultadas. Além disso, os relatos nos dão a oportunidade de constatar que as ocasiões em que não pesava o rigor dos códigos ritualísticos (como os longos afagos que recebia o "anjo" visitado pelo francês Arago) tornavam propícias as demonstrações de inequívoco afeto para com a criança.
Ora, a expectativa do compadecimento das mães por parte da Igreja, que agia por meio da caixa, desfaz a crítica dos viajantes sobre o desdém dedicado às crianças entre os brasileiros. Ainda que a imagem que a caixa vinculava da morte infantil contrariasse frontalmente a concepção comum entre os brasileiros, ela evidenciava a disposição destes para com este assunto, uma vez que a Igreja entreviu nesse tema um canal eficaz para angariar dividendos. A eficiência da caixa dependia (e por isso é uma confirmação) da importância que a criança — em particular os problemas relacionados à sua morte — assumia junto à população da Corte, uma vez que mostra que a simples alusão a este assunto assegurava a compaixão e a justa contribuição daqueles que por ali passassem. À Igreja brasileira estava claro o que aos viajantes fora impossível atinar, a despeito, como vimos, das inúmeras oportunidades que lhes foram dadas: que as práticas e representações da morte infantil entre os brasileiros não eram resultado de um fraco apreço pela criança, mas ao contrário, tratava-se do fato de que essa determinada concepção de morte infantil tornava mais toleráveis os traumas e os pesares que a ocorrência de sua morte propiciava. Mais ainda, a conduta do episcopado brasileiro, fazendo uso da caixa, assinala que essa notável preocupação para com a criança a tal ponto estava presente nas atitudes que cercavam a sua morte, que somente por meio da mobilização desse desvelo é que seria possível uma mudança no imaginário fúnebre infantil no Brasil.
NOTAS
* Doutorando do programa em História Social da Universidade de São Paulo, sob orientação da Profa. Dra. Maria Helena Pereira Toledo Machado. A pesquisa tem contado com o apoio das bolsas de mestrado, e depois doutorado, concedidas pela CAPES e CNPq, respectivamente. Gostaria de agradecer pelas sugestões dos pareceristas.
1O levantamento dos viajantes deveu imensamente à pesquisa realizada pelas historiadoras Mirian Lifchitz Moreira Leite, Maria Lúcia de Barros Mott de Melo Souza e Bertha Kauffmann Appenzeller, que foi publicada no livro A mulher no Rio de janeiro no século XIX. Um índice de referências em livros de viajantes estrangeiros. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1982. [ Links ]
2GÉLIS, Jacques. "A individualização da criança". In DUBY, G. e ARIÈS, P. (orgs.) História da Vida Privada III. São Paulo: Companhia das Letras, 1986, p.315. [ Links ]
3ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara, 1973, p.65. [ Links ]
4LAUWE, Chombart de. Um outro mundo: a infância. São Paulo: Perspectiva, EDUSP, 1991, p. 9. [ Links ]
5VOVELLE, Michel. Ideologias e Mentalidades. São Paulo: Brasiliense, 1987. [ Links ]
6DEL PRIORE, Mary. "Apresentação" . In DEL PRIORE, Mary. História das Crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 1999, p. 11. [ Links ]
7KIDDER, Daniel Parish. Reminiscências de viagens e permanência nas províncias do Sul do Brasil: Rio de Janeiro e São Paulo: compreendendo notícias históricas e geográficas do Império e das diversas províncias (trad. Moacir N. Vasconcelos; notícia biográfica Rubens Borba de Morais) Belo Horizonte: Ed Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980, p.159.
8KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.158, e CANDLER, John and BURGESS. Narrative of a recent visit to Brazil. London: Edward Marsh, 1853.
9LUCCOCK, John. Notas sobre o Rio de Janeiro e partes meridionais do Brasil tomadas durante uma estada de dez anos nesse país de 1800 a 1818 (tradução de Milton da Silva Rodrigues). São Paulo: Livraria Martins, 1942, p.79.
10DENIS, Ferdinand. Brasil (trad. João Etienne Filho e Malta Lima). Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980, p.144.
11ARAGO, M. J. Souvenirs d'un Aveugle Voyage Autour du Monde. Tome Premier. Paris: Hortet et Ozanne, 1839, p.103.
12 LUCCOCK, John. Op. cit., p.79.
13GRAHAM, Maria. Viagem ao Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1956; e KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.158.
14DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. 2ª edição. Tomos I e II (volumes I, II e III), São Paulo: Livraria Martins Editora.
11ARAGO, M. J. Souvenirs d'un Aveugle Voyage Autour du Monde. Tome Premier. Paris: Hortet et Ozanne, 1839, p.103.
12 LUCCOCK, John. Op. cit., p.79.
13GRAHAM, Maria. Viagem ao Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1956; e KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.158.
14DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. 2ª edição. Tomos I e II (volumes I, II e III), São Paulo: Livraria Martins Editora.
15ARAGO, M. J. Op. cit., p.102.
16KIDDER, Daniel Parish, Op. cit., p.158.
17STEWART, Charles Samuel. A visit to the South Seas in the U.S. Ship Vicennes, during the years 1829 and 1830; with notices of Brazil, Peru, Manulla, the Cape of Good Hope, and St. Helena. London: Fisher, Son, & Jackson, 1832.
16KIDDER, Daniel Parish, Op. cit., p.158.
17STEWART, Charles Samuel. A visit to the South Seas in the U.S. Ship Vicennes, during the years 1829 and 1830; with notices of Brazil, Peru, Manulla, the Cape of Good Hope, and St. Helena. London: Fisher, Son, & Jackson, 1832.
18DABADIE, F. A Travers L'Amérique du Sud. Paris: Ferdinand Sartorius, éditeur, 1858, p.7.
19FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. Rio de Janeiro: Record, 2000; e HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1971, pp.79 e 109.
20LUCCOCK, John. Op. cit., p.79; e KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.158.
21REIS, João José. A Morte é uma Festa: Ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo: Cia das Letras, 1995;
19FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. Rio de Janeiro: Record, 2000; e HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1971, pp.79 e 109.
20LUCCOCK, John. Op. cit., p.79; e KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.158.
21REIS, João José. A Morte é uma Festa: Ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo: Cia das Letras, 1995;
GUEDES, Sandra Pascoal Leite Camargo. Atitudes Perante a Morte em São Paulo (séculos XVII a XIX). Dissertação de Mestrado, São Paulo: Universidade de São Paulo, 1986.
RODRIGUES, Cláudia. Lugares dos Mortos na Cidade dos Vivos. Dissertação de Mestrado, Niterói: Universidade federal Fluminense, 1995.
22Ver também EWBANK, Thomas. A vida no Brasil: ou, Diário de uma visita à terra do cacaueiro e das palmeiras, com um apêndice contendo ilustrações das artes sul-americanas antigas (trad. Jamil Almansur Haddad). Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1976, p.45.
23RODRIGUES, Cláudia. Op. cit., pp.210-211.
24REIS, João José. Op. cit.
25DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit., pp.29 e 37; EBEL, Ernst. Op. cit., p. 135; DENIS, Ferdinand. Op. cit., p.144; KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.137; EWBANK, Thomas. Op. cit., pp.96 e 160; CANSTAT, OscaTr. Brasil. Terra e Gente (trad. Eduardo de Lima e Castro). Rio de Janeiro: Conquista, 1975, p. 208.
26SIEDLER, Carl, Dez anos no Brasil (tradução Bertholdo Klinger). Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980, p. 155; STEWART, Charles Samuel. Op. cit., p.158; CANDLER, John, and BURGESS. Op. cit., p.44.
27KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.160; e DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit.
28CHEVALIER, Jean e GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. RJ: José Olympio, 1995.
29PIKE, E. Royston. Diccionario de Religiones (Adaptación de Elsa Cecilia Frost) Fondo de Cultura Económica, 1960, p. 107 e ELIADE, Mircea (ed.). The Encyclopedia of Religion. New York: MacMillan Publishing Company, 1987, p.563.
30GENDRIN, Victor-Athanase. Récit historique, exact et sincère, par mer et par terre, de quattre voyages faits au Brèsil, au Chili, dans les Cordillères de Andes, à Mendoza, dans le Désert, et à Buenos-Aires. Versalhes: Gendrin, 1856, p.63.
31ARAGO, M. J. Op. cit., p.102.
32EBEL, Ernst, Op. cit., p. 135; DENIS, Ferdinand. Op. cit., p.148; KIDDER, Daniel P. Op. cit., p.158; SIEDLER, Carl. Op. cit., p.156; WETHERELL, James. Brazil. Stray Notes from Bahia Being Extracts from Letters, & C., During a Residence of Fifteen Years. Liverpool: Webb and Hunt, 1860, p.111.
33WETHERELL, James. Op. cit., p.111.
34CHEVALIER, Jean e GHEERBRANT. Op. cit., p.289.
35KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.160; DENIS, Ferdinand. Op. cit., p.148; DEBRET, Jean Baptiste, Op. cit., p.211.
36DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit., p.211.
37EBEL, Ernst. Op. cit., p. 135.
38EWBANK, Thomas. Op. cit., p.58; e DICKINS, Marguerite. Along shore with a man-of-war. Boston: Arena Publishing Company, 1893, p.23.
39ELIADE, Mircea. Op. cit., p. 563.
40LINDEY, Thomas. Narrative of a Voyage to Brazil. London: Printed for J. Johnson. St Paul's Church-Yard: 1805, p.65.
41GENDRIN, Victor-Athanase. Op. cit., p.63.
42KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.160.
43DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit., p.219.
44GENDRIN, Victor-Athanase. Op. cit., p.63.
45KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.160.
46QUEIROS, Suely Robles Reis de. São Paulo. Madrid: Ed. Mapfre, 1992, p.126 e QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Cultura, sociedade rural, sociedade urbana no Brasil. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; São Paulo: Edusp, 1978, p.73.
47KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.160.
48ARAGO, M. J. Op. cit., p.102.
49STEWART, Charles Samuel. Op. cit., p.49.
50EWBANK, Thomas. Op. cit., p.59.
51LUCCOCK, John. Op. cit., p.79.
52EBEL, Ernst. Op. cit., p. 135.
53WETHERELL, James. Op. cit., p.111.
54ANDREWS, Christopher Columbus. Brazil - Its condition and prospects. New York: C. Appleton and Company, 1887, p.56; CANDLER, John, and BURGESS. Op. cit., p.45.
55LUCCOCK, John. Op. cit., p.79, e EBEL, Ernst. Op. cit., p.135.
56ARAGO, M. J. Op. cit., p.102.
57Idem.
58SIEDLER, Carl. Op. cit., p.156.
59KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p. 158.
60MINTURN JR., Robert B. From New York to Delhi by way of Rio de Janeiro, Australia and China. New York: D. Appleton & Co. 1858, p. 15.
61WETHERELL, James. Op. cit., p.111.
62DICKINS, Marguerite. Along shore with a man-of-war. Boston: Arena Publishing Company, 1893, p.21.
63DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit., p. 182, e KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., pp.160-1.
64DOUVILLE, J. B. 30 mois de ma vie, ou Quinze mois avant et quinze mois après mon Voyage au Congo, accompagné de pièces justificatives, détails nouveaux et curieux sur les moeurs et les usages des habitans du Brésil et de Buenos-Ayres, et d'une description de la colonie patagonia. Paris: Dentu et Delaunay Librarie, 1833, p.235.
65GENDRIN, Victor-Athanase. Op. cit., p.63.
66KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p. 158.
67CANDLER, John, and BURGESS. Op. cit., p. 44.
68CANSTAT, Oscar. Op. cit., p.191.
69ANDREWS, Christopher Columbus. Op. cit., p.56.
70MINTURN JR., Robert B. Op. cit., p.15.
71WETHERELL, James. Op. cit., p.111.
72MINTURN JR., Robert B. From New York to Delhi by way of Rio de Janeiro, Australia and China. New York: D. Appleton & Co. 1858, p. 15.
73DICKINS, Marguerite. Op. cit., p.21.
74MAC-ÉRIN, U. Huit mois sur les deux Océans. Voyage d' études et d'agrément. Paris: Cattier.
75 DICKINS, Marguerite. Op. cit., p. 58.
76HOLMAN, James. A voyage round the world, including travels in Africa, Asia, Australia, America, etc. etc., from 1827 to 1832. Vol. 1, London: Smith, Elter, and Co., 1834, p.61.
77REIS, João José. "O Cotidiano da Morte no Brasil Oitocentista." In ALENCASTRO, Luiz Felipe de (org.). História da Vida Privada no Brasil. 2. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p.95.
78FREYCINET, Louis de. Voyage autour du Monde fait par ordre du Roi. Paris: Pillêt Aîné, 1825, p.209.
79Ver: DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit., pp.218-9; PFEIFER, Ida. A Woman's Journey Round The World. From Vienna to Brazil, Chili, Tahiti, China, Hindostan, Persia, and Asia Minor. London: Nathaniel Cookie, 1854, p.12, e KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.158.
80DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit., p.219.
81EBEL, Ernst. Op. cit., p. 135.
82DENIS, Ferdinand. Op. cit., p.148.
83GENDRIN, Victor-Athanase. Op. cit., p.63.
84EBEL, Ernst. Op. cit., p. 135.
85CANDLER, John, and BURGESS. Op. cit., p.44.
86HOLMAN, James. Op. cit., pp. 61-63.
87DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit., pp.219-220.
88PFEIFER, Ida. Op. cit., p.22 e KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.162.
89WETHERELL, James. Op. cit., p.112.
90EWBANK, Thomas. Op. cit., p.215.
23RODRIGUES, Cláudia. Op. cit., pp.210-211.
24REIS, João José. Op. cit.
25DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit., pp.29 e 37; EBEL, Ernst. Op. cit., p. 135; DENIS, Ferdinand. Op. cit., p.144; KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.137; EWBANK, Thomas. Op. cit., pp.96 e 160; CANSTAT, OscaTr. Brasil. Terra e Gente (trad. Eduardo de Lima e Castro). Rio de Janeiro: Conquista, 1975, p. 208.
26SIEDLER, Carl, Dez anos no Brasil (tradução Bertholdo Klinger). Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980, p. 155; STEWART, Charles Samuel. Op. cit., p.158; CANDLER, John, and BURGESS. Op. cit., p.44.
27KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.160; e DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit.
28CHEVALIER, Jean e GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. RJ: José Olympio, 1995.
29PIKE, E. Royston. Diccionario de Religiones (Adaptación de Elsa Cecilia Frost) Fondo de Cultura Económica, 1960, p. 107 e ELIADE, Mircea (ed.). The Encyclopedia of Religion. New York: MacMillan Publishing Company, 1987, p.563.
30GENDRIN, Victor-Athanase. Récit historique, exact et sincère, par mer et par terre, de quattre voyages faits au Brèsil, au Chili, dans les Cordillères de Andes, à Mendoza, dans le Désert, et à Buenos-Aires. Versalhes: Gendrin, 1856, p.63.
31ARAGO, M. J. Op. cit., p.102.
32EBEL, Ernst, Op. cit., p. 135; DENIS, Ferdinand. Op. cit., p.148; KIDDER, Daniel P. Op. cit., p.158; SIEDLER, Carl. Op. cit., p.156; WETHERELL, James. Brazil. Stray Notes from Bahia Being Extracts from Letters, & C., During a Residence of Fifteen Years. Liverpool: Webb and Hunt, 1860, p.111.
33WETHERELL, James. Op. cit., p.111.
34CHEVALIER, Jean e GHEERBRANT. Op. cit., p.289.
35KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.160; DENIS, Ferdinand. Op. cit., p.148; DEBRET, Jean Baptiste, Op. cit., p.211.
36DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit., p.211.
37EBEL, Ernst. Op. cit., p. 135.
38EWBANK, Thomas. Op. cit., p.58; e DICKINS, Marguerite. Along shore with a man-of-war. Boston: Arena Publishing Company, 1893, p.23.
39ELIADE, Mircea. Op. cit., p. 563.
40LINDEY, Thomas. Narrative of a Voyage to Brazil. London: Printed for J. Johnson. St Paul's Church-Yard: 1805, p.65.
41GENDRIN, Victor-Athanase. Op. cit., p.63.
42KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.160.
43DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit., p.219.
44GENDRIN, Victor-Athanase. Op. cit., p.63.
45KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.160.
46QUEIROS, Suely Robles Reis de. São Paulo. Madrid: Ed. Mapfre, 1992, p.126 e QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Cultura, sociedade rural, sociedade urbana no Brasil. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; São Paulo: Edusp, 1978, p.73.
47KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.160.
48ARAGO, M. J. Op. cit., p.102.
49STEWART, Charles Samuel. Op. cit., p.49.
50EWBANK, Thomas. Op. cit., p.59.
51LUCCOCK, John. Op. cit., p.79.
52EBEL, Ernst. Op. cit., p. 135.
53WETHERELL, James. Op. cit., p.111.
54ANDREWS, Christopher Columbus. Brazil - Its condition and prospects. New York: C. Appleton and Company, 1887, p.56; CANDLER, John, and BURGESS. Op. cit., p.45.
55LUCCOCK, John. Op. cit., p.79, e EBEL, Ernst. Op. cit., p.135.
56ARAGO, M. J. Op. cit., p.102.
57Idem.
58SIEDLER, Carl. Op. cit., p.156.
59KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p. 158.
60MINTURN JR., Robert B. From New York to Delhi by way of Rio de Janeiro, Australia and China. New York: D. Appleton & Co. 1858, p. 15.
61WETHERELL, James. Op. cit., p.111.
62DICKINS, Marguerite. Along shore with a man-of-war. Boston: Arena Publishing Company, 1893, p.21.
63DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit., p. 182, e KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., pp.160-1.
64DOUVILLE, J. B. 30 mois de ma vie, ou Quinze mois avant et quinze mois après mon Voyage au Congo, accompagné de pièces justificatives, détails nouveaux et curieux sur les moeurs et les usages des habitans du Brésil et de Buenos-Ayres, et d'une description de la colonie patagonia. Paris: Dentu et Delaunay Librarie, 1833, p.235.
65GENDRIN, Victor-Athanase. Op. cit., p.63.
66KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p. 158.
67CANDLER, John, and BURGESS. Op. cit., p. 44.
68CANSTAT, Oscar. Op. cit., p.191.
69ANDREWS, Christopher Columbus. Op. cit., p.56.
70MINTURN JR., Robert B. Op. cit., p.15.
71WETHERELL, James. Op. cit., p.111.
72MINTURN JR., Robert B. From New York to Delhi by way of Rio de Janeiro, Australia and China. New York: D. Appleton & Co. 1858, p. 15.
73DICKINS, Marguerite. Op. cit., p.21.
74MAC-ÉRIN, U. Huit mois sur les deux Océans. Voyage d' études et d'agrément. Paris: Cattier.
75 DICKINS, Marguerite. Op. cit., p. 58.
76HOLMAN, James. A voyage round the world, including travels in Africa, Asia, Australia, America, etc. etc., from 1827 to 1832. Vol. 1, London: Smith, Elter, and Co., 1834, p.61.
77REIS, João José. "O Cotidiano da Morte no Brasil Oitocentista." In ALENCASTRO, Luiz Felipe de (org.). História da Vida Privada no Brasil. 2. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p.95.
78FREYCINET, Louis de. Voyage autour du Monde fait par ordre du Roi. Paris: Pillêt Aîné, 1825, p.209.
79Ver: DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit., pp.218-9; PFEIFER, Ida. A Woman's Journey Round The World. From Vienna to Brazil, Chili, Tahiti, China, Hindostan, Persia, and Asia Minor. London: Nathaniel Cookie, 1854, p.12, e KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.158.
80DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit., p.219.
81EBEL, Ernst. Op. cit., p. 135.
82DENIS, Ferdinand. Op. cit., p.148.
83GENDRIN, Victor-Athanase. Op. cit., p.63.
84EBEL, Ernst. Op. cit., p. 135.
85CANDLER, John, and BURGESS. Op. cit., p.44.
86HOLMAN, James. Op. cit., pp. 61-63.
87DEBRET, Jean Baptiste. Op. cit., pp.219-220.
88PFEIFER, Ida. Op. cit., p.22 e KIDDER, Daniel Parish. Op. cit., p.162.
89WETHERELL, James. Op. cit., p.112.
90EWBANK, Thomas. Op. cit., p.215.
Revista Brasileira de História
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