sábado, 9 de janeiro de 2010

Museo del Oro


Museo del Oro
Acervo de metais nobres mostra a vida dos povos pré-colombianos
por Mário Araújo
Um dos mais completos museus de metais do mundo fica no tradicional bairro de La Candelaria, em Bogotá, Colômbia. O acervo, pertencente à coleção do Banco de la República, é organizado em cinco seções fixas. Suas relíquias resgatam os primeiros manuseios do ouro e de outros metais nobres na América Latina, mais de mil anos antes da chegada dos colonizadores espanhóis. Mais que satisfazer a curiosidade sobre o metal em si, o espaço apresenta a rotina das nações pré-colombianas e deixa claro que, até o século 16, os povos da região conciliavam arte, religião, cultura e guerras.

Site oficial: www.banrep.org/museo

No princípio

Ao chegar, o visitante é recebido por um vídeo que conta a história dos metais: a descoberta, as primeiras formas de utilização, a identificação de seu valor e as aplicações modernas. A apresentação ainda lembra que essas riquezas foram responsáveis por grandes guerras e massacres.

Luz divina

Com o passar do tempo, novas técnicas de polimento foram desenvolvidas. Cada povo tinha a sua, que podia deixar o resultado mais brilhante, fosco ou com graduações. Mas uma coisa todos valorizavam: quanto mais brilhante a peça, mais poderoso e imponente era o adereço. Por meio delas, os caciques refletiam a luz, símbolo dos deuses.

Poder além da vida

Na tradição yotoco-malagana (de 200 a.C. a 1300), as máscaras de ouro estáticas, ricamente lapidadas, respaldavam o poder daqueles que as exibiam por transmitir a imagem de liderança firme. Assim como na vida, na morte elas também eram fundamentais; apenas ganhavam um formato diferente, mais plano.

Riqueza cotidiana

De acordo com relato do século 16 do frei Pedro Simón, na América não havia homem nem mulher que não tivesse joias, brincos, gargantilhas, coroas... Cocares, brincos para o nariz, pulseiras e tornozeleiras ornamentavam os índios diariamente. Os brincos abaixo são de tradição zenú (de 200 a.C a 1000).

Interatividade

Um espaço dedicado a oficinas simula o trabalho arqueológico de investigação das peças que compõem o acervo do museu. Uma projeção simula as diferentes etapas do processo, desde a seleção da área até a retirada dos objetos. Além disso, uma outra sala interativa simula a cerimônia anual de oferendas das tribos.

Música brilhante

Os instrumentos musicais eram de suma importância. Segundo a mitologia indígena, os deuses os entregaram aos homens para que pudessem, por meio dos sons, livrar o mundo dos males. Só eram usados durante as cerimônias religiosas mais importantes.

Molde natural

A primeira galeria do museu mostra as diferentes formas de garimpo, manuseio e trabalho em metais, principalmente ouro. Algumas tribos usavam cera de abelha como molde. Outras trabalhavam com o ouro plano, obtido por meio de marteladas. Também era comum usar objetos da natureza como moldes. É o caso desse exemplar da região colombiana de Calima, cuja civilização se desenvolveu de 200 a.C. a 1300. A concha se desfez, mas a peça se manteve.

Força instintiva

Para os nativos das Américas pré-colombianas, algumas espécies de animais possuíam poderes extraordinários. Em muitas das representações da época, jaguares e morcegos em especial aparecem fundidos à imagem humana. Os artesãos acreditavam que, quando o homem se unia a um desses animais, ganhava imensos poderes e passava a controlar a chave que dá acesso aos segredos da vida e da morte.

Estética feminina

Quando se tratava de embelezar o corpo com joias e adereços, as diferentes etnias tinham critérios distintos. Enquanto algumas possuíam peças rebuscadas, outros optavam por um manuseio mais limpo. É o caso deste vaso, uma das poucas peças não americanas da coleção. Encontrada em Antioquia no século 19, tem formas arredondadas que fazem referência ao corpo feminino. Esta foi a peça que deu origem à coleção do Museo del Oro, em 1939.

Múmias douradas

Da mesma forma que no Egito antigo, a mumificação era muito praticada pela maioria das tribos da América Latina. Os órgãos eram retirados e distribuídos em pequenos jarros feitos de barro. Depois, o corpo embalsamado ganhava adereços. Quanto mais importante fosse a pessoa, mais enfeites ela recebia.

Revista Aventuras na História

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