sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

KARL MARX TEORIA E PRÁXIS DE UM GÊNIO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

Em um momento em que o capitalismo atinge mais uma crise, e cogita-se um sistema mais justo e igualitário, as idéias do filósofo alemão reassumem a sua aspiração prática

POR VÂNIA NOELI FERREIRA DE ASSUNÇÃO


Foto do filósofo registrada em 1875. No seu túmulo, no cemitério Highgate, em Londres, está inscrita a seguinte frase: "os filósofos interpretaram o mundo de várias maneiras, mas o ponto é mudá-lo"
A anedota contada pelo filósofo húngaro Mészáros adapta-se perfeitamente a fenômenos recentes ocorridos no mundo afora: o descarte da obra de Marx. Karl Marx foi considerado recentemente, por leitores de um grande veículo de comunicação, o filósofo mais influente de todos os tempos; ao mesmo tempo, nenhum outro foi tantas vezes dado como morto - o que só prova sua vitalidade, mesmo contra a vontade de seus inimigos.

Marx também sofre com seus autodenominados partidários, pelos quais tem sido impiedosamente mutilado - por exemplo, com a artificial separação entre "jovem Marx" e "Marx maduro"; com a negação da interdependência entre teoria e prática; e, por conseguinte, com o descarte da parte "morta" de sua obra, a ontologia do trabalho, e manutenção da parte "viva", o método dialético, que seria aplicável principalmente a questões culturais, para ficar apenas com algumas situações. O estino trágico de seu pensamento só é comparável à dureza de sua vida. Veremos adiante como viveu, onde nasceu e o que produziu.

Até quase o final do século XIX o país onde nasceu Marx não havia se unificado: usa-se o termo "Alemanha" nesse período para se referir a 38 pequenos Estados (ducados, principados e outros) onde vigorava um verdadeiro "absolutismo em miniatura". Muitos destes Estados ainda mantinham suas próprias leis civis, impostos e moedas, sistema de pesos e medidas e fronteiras aduaneiras. Esta fragmentação era um obstáculo ao desenvolvimento econômico, mas também ao político, pois, além de os pequenos Estados se tornarem joguete dos grandes, seus soberanos lutavam ferrenhamente para se manter no poder e, para tanto, opunham-se decididamente a todo progresso. Esta situação diferenciava o país da Inglaterra e da França, cuja unificação, com a constituição das monarquias nacionais, ocorreu lado a lado com a dissolução da ordem feudal, num processo secular.


"Alguns anos atrás, a revista Time colocou em sua capa o busto de Marx com a inscrição 'Marx está morto', assinado 'Os novos filósofos franceses'. Isso me lembrou do que ocorrera muitos anos antes no Salão da Fama da Universidade de Viena, onde o busto de Nietzsche portava a inscrição 'Deus está morto', assinado 'Nietzsche'. Certo dia, outra inscrição apareceu abaixo da original. Dizia: 'Nietzsche está morto. Deus'."

István Mészáros,
O poder da ideologia


Durante boa parte do século XIX aquele era um país ainda rural, dominado pelos Junkers -aristocratas que compunham os altos escalões da poderosa burocracia prussiana e do exército. Seu desenvolvimento capitalista, embora fi- zesse progressos, era atrasado, ganhando fôlego apenas na segunda metade do século, principalmente no último quartel. As classes sociais típicas do capitalismo ainda eram incipientes. A burguesia se associara aos representantes da antiga ordem na manutenção dos privilégios feudais, somados às vantagens da indústria. Formando-se num momento histórico em que já estavam claras as contradições com o proletariado revolucionário nos países europeus mais avançados, renunciara à revolução e ativera-se apenas às tarefas burguesas clássicas de talhe econômico (unidade monetária, liberdade profissional e de circulação etc.). A pequena burguesia urbana estava dispersa e não tinha organicidade, voltada que estava para seus interesses locais.

O proletariado também era apenas incipiente e tinha pouca coesão teórica. As amplas camadas camponesas eram submetidas a uma acentuada exploração semifeudal e à ausência de manufaturas as impedia de se tornarem proletárias. Na Europa como um todo, seria nos anos de 1840 que o proletariado, que até então era guiado pela burguesia nas lutas revolucionárias, realizaria suas primeiras lutas autônomas e coerentes e caminhava para a aproximação teórico-ideológica com o socialismo. Na Alemanha, porém, o proletariado ainda não tinha tido condições de formar organizações independentes e a forte censura e a proibição de reuniões políticas pioram o quadro.

Com isto, não houve revolução burguesa na história alemã, em que a antiga ordem foi desmontada de forma conciliada e que a nova ordem se impôs sem nuanças liberal-democráticas. A própria burguesia, como mencionado, abriu mão de seu domínio político para instituir um mundo economicamente capitalista sem os percalços da participação das massas. Por isso o filósofo húngaro Georg Lukács afirmava que, enquanto a Europa se desenvolvia, "na Alemanha, se mantém em pé tudo o que há de miserável nas formas de transição da Idade Média à época moderna" (Lukács, 1972, p. 29). Acrescente-se ao quadro o domínio exercido pela Prússia reacionária.

ABREVIAÇÕES USADAS PARA DESIGNAR OBRAS OU TEXTOS DE KARL MARX

18BLB - O 18 Brumário de Luís Bonaparte
CFDH - Crítica do direito do Estado de Hegel
CRJ - Cavaignac e a Revolução de Junho
GCF - A guerra civil na França IA - Ideologia alemã
ICFDH - Introdução - Crítica da filosofia do direito de Hegel
LCF - Lutas de classes na França de 1848 a 1850
MC - Manifesto comunista
MEF - Manuscritos econômicofilosóficos
MF - Miséria da filosofia
SF - A sagrada família ou crítica da crítica crítica

A cidade de Trier, onde nasceu Karl Marx, entretanto, era diferente. A Renânia, região na qual estava inserida, havia feito parte da República Francesa, ocupada que fora por Napoleão (1794), até que a Restauração (1815) a devolveu à Prússia. Muitas das novidades que a Revolução trouxera, como o Código Civil, foram introduzidas lá. Além disso, o Vale do Reno era bastante desenvolvido economicamente e sua burguesia tinha caracteres liberais, reivindicava maior participação política e tinha sérias reservas em relação ao governo prussiano, o que fez dela representante dos burgueses da Prússia e de toda a Alemanha.

Se em termos econômico-sociais a Alemanha mantinha-se na retaguarda do desenvolvimento social europeu, na filosofia alemã eram debatidos os mais importantes temas da época. De fato, na ausência de classes sociais desenvolvidas, as grandes lutas ali se davam no âmbito teórico. Mais: descolada das condições sociopolíticas atrasadas (ou seja, sem ser cotejada com a realidade) e sem bases sociais sólidas, aquela filosofia avançava matizes fortemente especulativos. Os filósofos mais importantes viam-na como a verdadeira origem e o motor da história - a qual estaria, ou deveria estar, submissa às suas determinações. Avaliando que, a partir da Revolução Francesa, o indivíduo estava emancipado, os filósofos idealistas acreditavam que a atividade racional e livre deste era o centro da história.

Georg W. F. Hegel (1770-1831) era, de acordo com Marx, a mais alta expressão da filosofia alemã daquela época, cujos principais temas debatia. Seu pensamento se tornara o grande centro da vida intelectual alemã, e no período entre 1831 (ano de sua morte) e as Revoluções de 1848 a grande questão alemã dizia respeito à sua herança. Sua obra era reivindicada por dois grandes grupos, um à sua direita e outro à sua esquerda - ambos quebravam o sutil equilíbrio em que ele se mantivera, levando às últimas conseqüências sua filosofia. A grande discussão tinha como nódulo central a determinação hegeliana segundo a qual "o racional é real; o real é racional". Um grupo, ortodoxo, enfatizava o aspecto conservador da assertiva, buscando associar o existente ao racional, identificado com a sociedade e o Estado prussianos. Tornava Hegel um apologeta do existente e explorava em seu pensamento aspectos dúbios que forçavam uma identificação entre racional (processual) e real (contingente) que ele não apregoava. Esta corrente de direita explorava o sistema hegeliano, cuja maior expressão era seu logicismo. Hegel tomava a história como um processo lógico do desenvolvimento do Espírito no qual este vai tomando consciência de sua liberdade. Em última instância, esta percepção leva a uma teoria do fim da história, que é a reconciliação do Espírito com a realidade histórica por meio da racionalidade sediada no Estado.

ROUSSEAU E VOLTAIRE NUMA PESSOA SÓ
Karl Heinrich Marx (1818-1883) nasceu em Trier, na Renânia, filho de uma família de classe média de judeus convertidos ao protestantismo. Ingressou na Universidade de Bonn em fins de 1835, para estudar direito. No ano seguinte, porém, transferiu-se para Berlim, para evitar o ambiente de pândega que se vivia em Bonn, passando a se dedicar principalmente à Filosofia.

Em Berlim, Marx sofreu a influência decisiva dos neo-hegelianos, a nova geração dos seguidores de Hegel que debatia suas obras com os hegelianos ortodoxos. Defendeu uma tese doutoral sobre as Diferenças da filosofia da natureza em Demócrito e Epicuro, com a qual pretendia uma vaga como professor universitário. No entanto, o governo prussiano aprofundou a repressão contra os jovens hegelianos e destituiu seu amigo Bruno Bauer da cátedra universitária, com o que lhe tirou uma importante influência na universidade, impedindo- o de seguir carreira acadêmica.

Assim, em 1842, tornou-se jornalista e, depois, redator-chefe da Gazeta Renana, jornal da burguesia liberal da região do Vale do Reno. No ano seguinte, entretanto, o jornal teve sua circulação proibida pela censura. Marx, então com 24 anos, aproveitou a pausa para se casar com sua noiva de longa data, sua bela amiga de infância Jenny von Westphalen, de uma alta família de Trier. Na mesma época do casamento iniciou sua viragem decisiva em direção ao comunismo, afastando-se da herança idealista dos neohegelianos. O recrudescimento da repressão e a ausência de meios de vida na Alemanha levou-o a exilar-se na França, onde teve contato estreito com diversas correntes socialistas e com o movimento operário mais organizado da Europa. Em 1844, Marx conheceu Engels, com quem teve uma amizade sólida e com quem escreveria algumas obras significativas. Após as Revoluções de 1848, emigrou definitivamente para a Inglaterra, vivendo durante vários anos como publicista. Nesta tarefa, escreveu sobre temas da história contemporânea que vão das crises capitalistas às guerras, dos Estados Unidos à Índia, das reivindicações de sufrágio universal às pendengas bonapartistas de Bonaparte III. Também foi fundador da Associação Internacional dos Trabalhadores e acompanhou de perto o movimento operário internacional. Durante muitos anos, na Inglaterra, tocou "o fundo da miséria burguesa", endividado e doente. Morreu em Londres, no exílio.

Marx e Jenny tiveram cinco filhos: Franziska, Edgar, Eleanor, Laura e Guido, além de um natimorto. Franziska, Edgar e Guido tiveram vida breve: morreram ainda na infância, em meio às grandes dificuldades materiais que a família Marx experimentava. A morte dos filhos foi um duro golpe para Marx, especialmente a de Edgar. Conforme escreveu a Lassalle, "Bacon diz que os homens verdadeiramente importantes têm relações tão diversas com a natureza e com o mundo, tantos objetos prendem seu interesse, que lhes é fácil esquecer a dor de qualquer perda. Eu não sou desses homens importantes. A morte de meu fi- lho abalou profundamente meu coração e meu cérebro e sinto a perda com a mesma intensidade do primeiro dia".

Karl Marx assombrava os contemporâneos por sua inteligência aguçada, seu estilo, sua extrema capacidade analítica. Dono de uma verve vigorosa, recorria freqüentemente à reductio ad absurdum [redução ao absurdo] para provar as últimas conseqüências de um argumento. Também se valia com extrema capacidade de metáforas brilhantes e elucidativas. Para entender qualquer assunto, até mesmo uma doença de Engels, mergulhava em estudos aprofundados e sempre insistia em que precisava ler mais e mais. Seu pai o admirava profundamente, mas dizia temer seu espírito "demoníaco" e "faustiano". Moses Hess, eminente jovem hegeliano, assim o descreveu em 1841, quando Marx se aproximou do Clube dos Doutores e passou a ser o centro desta agremiação: "Deves preparar-te para conhecer um muito grande, se não único, filósofo autêntico da nossa época (...) O doutor Marx, assim se chama o meu ídolo, é ainda um homem muito jovem (tem uns 24 anos), que dará o golpe de misericórdia na religião e na política medievais; alia a mais profunda seriedade filosófica ao humor mais fino; pensa em Rousseau, Voltaire, Holbach, Lessing, Heine e Hegel, reunidos numa só pessoa - digo: reunidos e não misturados - e terás o Dr. Marx".


Frontispício da obra O 18 de Brumário de Luis Bonaparte, em alemão, de 1852. Este texto foi publicado primeiramente na revista mensal, editada em Nova Iorque, chamada Die Revolution (A revolução)

O outro grupo, de esquerda, enfatizava a racionalidade: esta, no seu entender, estava sendo confrontada pelas mazelas da realidade alemã e só se efetivaria com a negação do existente irracional. Este grupo tomava como mais importante em Hegel seu método, centrado na dialética. Segundo esta percepção, a idéia e, por conseguinte, o mundo que dela deriva, está em movimento contínuo e ascendente. Este processo de desenvolvimento ocorre por meio da luta de contrários cujo resultado é a abolição das velhas contradições, o surgimento do novo e a emergência de novas contradições. Os hegelianos da nova geração criticavam o mestre pela contradição inerente à idéia de realização da razão na história através do Estado, a qual ia contra a processualidade histórica dinâmica e infinita.

Os hegelianos radicais estavam reunidos no Clube dos Doutores e nenhum deles tinha 30 anos - o que os levou a ser chamados Jovens Hegelianos. Dirigiam suas críticas tenazes à teologia inerente à cultura alemã e reproduzida na filosofia de Hegel.Diferentemente dos ortodoxos, porém, estes hegelianos não formavam propriamente um grupo, não tinham nenhuma unidade. Muitos tendiam a uma concepção subjetivista da história, à crença na onipotência do pensamento crítico e à subestimação da ação prática. Entre os Jovens Hegelianos estavam desde liberais até ateus e materialistas de esquerda, sob forte influência de Ludwig Feuerbach (1804-1872).

A religião (e sua análise) tinha grande relevância num país que não se proclamara ainda laico; com todas as restrições à liberdade de imprensa e de opinião, a crítica à religião acabava sendo, no fundo, uma crítica social indireta. Questionar a religião enquanto revelação divina significava, naquele contexto, pôr em discussão os fundamentos do regime que ainda não tinha se laicizado - tinha, portanto, importante papel político. Somando-se a falta de liberdades e a censura, entende-se por que este assunto era tão debatido no final dos anos 30. É neste contexto que o jovem Marx chega à faculdade.

Sua formação acadêmica ocorreu entre os anos de 1836 e 1841, em Bonn e Berlim. Uma vez na universidade, Marx vê diante de si a polêmica em torno da extensa e complexa obra hegeliana e aproxima-se dos Jovens Hegelianos - admirava, principalmente, Feuerbach. No entanto, nunca foi um neohegeliano tradicional: buscava sempre criticar a fi- losofia hegeliana com base na realidade prussiana e em limites do velho filósofo para entender seu próprio método.

Os anos de 1841-47 marcam o período de formação do pensamento marxiano, debruçando-se sobre os grandes temas de sua época


"Na realidade, existem muitas outras mulheres e algumas delas são belas. Mas onde eu encontraria de novo um rosto no qual cada traço - e mesmo cada ruga - seja capaz de evocar as lembranças mais fortes e deliciosas da minha vida", escreve Marx a sua esposa (foto), Jenny, que morreu em 1881
Na universidade (1836-1841), Marx estudou uma grande variedade de temas - jurisprudência, Filosofia, História, Socialismo e Comunismo, economia política - e tentou até desenvolver um sistema filosófico completo. Insatisfeito com os primeiros esforços, dedica-se a um amplo estudo da História da Filosofia da Antigüidade. No começo de 1841, inicia a redação de sua tese doutoral sobre a fi- losofia da natureza de Demócrito (460 a.C. - 370 a.C.) e Epicuro (341 a.C. - 270 a.C., aproximadamente). Estudando os dois filósofos atomistas (portanto, materialistas), toma Epicuro como superior em vários momentos: neste não há dúvidas sobre a possibilidade do conhecimento e da ciência, pois essência e fenômeno não são dissociados. Além disso, para Epicuro os átomos não seguem apenas movimentos predeterminados em linha reta, mas desviam-se desta. Como os homens são aglomerados de átomos, a possibilidade de declinação da linha reta significa que o determinismo natural não tem total controle e que os homens podem experimentar a liberdade. Para Marx, Epicuro era o grande iluminista da antiguidade, dada sua luta pela libertação dos homens dos preconceitos, do misticismo, do determinismo natural ou sobrenatural.

Com a tese doutoral, Marx pretendia pleitear uma vaga como professor universitário, mas o recrudescimento da repressão contra os neo-hegelianos frustra suas expectativas. Optou, então, pelo jornalismo. Naquela época os jornais faziam o papel de articuladores político-ideológicos, pois não havia organizações políticas fortes. A imprensa era, então, centro privilegiado do debate intelectual sobre questões candentes. Marx passou a atuar como correspondente e redator na Gazeta Renana (1842-3), órgão da burguesia liberal da Renânia que, excluída do Estado, reivindicava participação política e direitos de manifestação que refletissem o crescimento econômico que o país estava conhecendo. De seu período como jornalista restaram textos bastante interessantes sobre a questão da liberdade de imprensa, do Estado e da representação política, a situação dos vinhateiros do Vale do Mosela, a lei sobre o roubo de lenha, especulação filosófica e questões religiosas, o livre-câmbio e o protecionismo. Nos seus textos jornalísticos podemos encontrar críticas sociais radicais que inexistem em Hegel e critica a distância da filosofia neohegeliana em relação à realidade alemã. Mas Marx ainda não havia rompido com o idealismo ativo ao qual se vinculava. De acordo com seu próprio depoimento, foi como jornalista que teve de discutir assuntos que o obrigaram a repensar todo o seu aparato teórico anterior, que não respondia suficientemente aos problemas com os quais tratava: "Em 1842/43, sendo redator da Gazeta Renana, vi-me pela primeira vez no difícil transe de ter que opinar sobre os chamados interesses materiais" (Marx, s.d a, pp. 300-1). Ainda que dêem os fundamentos para a maturidade teórica, os artigos da Gazeta Renana incluem-se e arrematam a fase "fase juvenil" de Marx e se distanciam radicalmente da fase posterior.


A Comuna de Paris (1871) foi o primeiro levante autônomo dos proletários. Um governo socialista governou a capital francesa de 26 de março até 28 de maio daquele ano. Na imagem, de André Adolphe Eugène Disderi (1819- 1889), a Coluna Vendôme, na praça homônima, tomada por barricadas, destruída pelos revolucionários
Seus textos jornalísticos têm como ponto nevrálgico a afirmação da racionalidade do Estado, do Direito e das instituições em geral e a conseqüente denúncia dos realmente existentes. Neste momento, Marx era um democrata radical que ainda seguia a tradição que tomava o Estado como uma comunidade de homens éticos e racionais, pelo qual entrelaçam seus fins particulares aos interesses gerais, superando as divergências particulares. O Estado era então, para ele, uma entidade autocentrada e o mais alto representante da razão e da universalidade humanas, e a política era tida como uma qualidade humana fundamental, uma característica imanente ao ser social, à qual cabiam tarefas vitais no seio da sociabilidade. Em fins de 1842, a repressão contra a imprensa liberal ganhou ainda mais força e a Gazeta Renana foi proibida no início do ano seguinte, obrigando Marx a buscar outra atividade.

A conversão ao Socialismo
É bem conhecida a teoria das assim chamadas "três fontes" constitutivas do pensamento de Marx, segundo a qual ele teria se apropriado e reelaborado os mais avançados domínios do pensamento social do século XIX - a filosofia alemã, a economia política inglesa e o socialismo francês - fundindo-os na "doutrina marxista". Evidentemente, não se pode ignorar que Marx foi herdeiro crítico de uma determinada tradição filosófica que vai do Renascimento ao neohegelianismo, passando pelo materialismo. Mas Marx não simplesmente se apropriou dela: ele a estudou e a criticou, porque a considerava limitada historicamente. Em vez de "três fontes", portanto, o pensamento marxiano foi se formando a partir de três críticas: a crítica à especulação, a crítica à politicidade e à economia política (crítica do capital e suas formas de sociabilidade e a de sua ciência).

Para Marx, toda teoria que fosse produto da imaginação, e que tentasse mudar a realidade, estaria fadada ao fracasso

Os anos 1841-47 marcam o período de formação do pensamento marxiano. Debruçando-se sobre os grandes temas de sua época e criticando-os, transita do idealismo ativo à democracia radical e desta à revolucionária. Após um extenso e complexo percurso intelectual, o pensamento de Marx é então já adulto, embora não plenamente maduro; chegará nos anos 50, com a retomada dos estudos econômicos. Esse período pode ser dividido em duas fases: a primeira (1841-43) inclui sua tese doutoral e os textos jornalísticos, sua etapa ainda juvenil, com cujos preceitos teóricos romperá em seguida. A segunda fase se inicia em meados de 1843 e vai até 1847. Seu marco inicial é a redação da Crítica da filosofia do direito de Hegel e seu último texto é Miséria da filosofia. Os escritos deste período representam a primeira exposição de seu pensamento próprio. Portanto, é na redação da Crítica, de 1843, que está o momento exato da inflexão de Marx em direção à sua fase marxiana - termo utilizado para se referir ao pensamento do próprio Marx, diferenciando-o dos muitos marxismos posteriores -, resultado do debate com as grandes correntes filosóficas de sua época, sua crítica e superação radical.

INTERPRETAÇÃO DA HISTÓRIA
De acordo com Marx, todas as concepções históricas anteriores deixaram de abordar a base real da história ou a consideraram algo acessório, sem relação com o desenvolvimento histórico. Por isso, a história aparece como dissociada da vida usual, uma verdadeira "coleção de fatos mortos". Contra os filósofos idealistas, Marx argumenta que é "o homem, o homem real e vivo que faz tudo isso, possui tudo isso e luta nesses combates; não é certamente a 'história' que se serve dos homens como meio de realizar - como se fosse uma entidade à parte - os seus próprios fins; ela é apenas a atividade do homem que prossegue os seus fins" (SF, p. 140).

CONJURAÇÃO DOS IGUAIS
Ele mostrava, diferentemente, que a "sociedade civil é o verdadeiro lugar e cenário de toda a história" (IA, p. 38). Abarca toda a vida comercial e industrial, indo além dos limites do Estado e da nação. Neste campo, os homens fazem sua própria história, mas não segundo seus próprios desejos, e sim de acordo com as condições que herdam do passado. Trata-se, pois, de uma determinação objetiva, de acordo com a qual as possibilidades e os limites de atuação estão postos pela realidade de cada época. Era o inverso do que pregavam muitos dos grupos organizados, ainda à época, em moldes carbonários, vários deles ainda sociedades secretas que pregavam a tomada de poder por um pequeno grupo, de acordo com a tradição iniciada com a Conjuração dos Iguais e mantida em face da repressão às associações operárias e socialistas que ainda vigia pela Europa.

A assertiva marxiana é conhecida: "Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado." O que não se refere apenas às condições objetivas, pois também "a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos" (18BLB, p. 17).

Suas qualidades analíticas de historiador - para Marx, só há uma ciência, a ciência da história - ficaram gravadas em centenas de textos escritos para periódicos da época, bem como em obras consagradas como As lutas de classe em França, O 18 Brumário de Luís Bonaparte e A guerra civil na França, nas quais expõe detalhadamente os acontecimentos entre as revoluções de 1848 e a Comuna de Paris. Marx evidencia como os fatos singulares e caóticos são apenas a aparência de relações muito mais profundas, que só podem ser apreendidas a partir de uma pesquisa que respeite a natureza específica do objeto que investiga. Não se trata, obviamente, de uma postura conformista em relação ao real, mas de partir de sua objetividade para compreendê- lo em suas dimensões amplas e profundas e, é claro, possibilitar uma atuação prática eficiente no sentido das transformações necessárias.

DETERMINISMO
Em seus textos, Marx mostra a atuação dos indivíduos e das classes sociais na História, sob condições específicas que determinam seus limites e suas possibilidades. Entretanto, não se detém em reproduzir analiticamente uma história e um indivíduo quaisquer, pessoas comuns vivendo seu ramerrão cotidiano, indivíduos fragmentados pela sociedade burguesa, como pregam as atuais correntes historiográficas predominantes. Aprofundando-se na discussão sobre a prática humana, a tematização marxiana elimina a suposta dissociação entre "estrutura" e "conjuntura", que ele demonstra serem aspectos simultâneos e inseparáveis de um mesmo processo, na qualidade de sua vertente passiva e do fator ativo (práxis). Da mesma forma também fica rejeitada a suposta contradição ou desconjunção entre determinismo da estrutura e as possibilidades de atuação do homem. Igualmente, uma pretensa e falsa antinomia entre história efetiva e a consciência não se encontra no pensamento marxiano.


Entre 1843 e 1844, Marx se dedicou ao estudo dos teóricos clássicos da estrutura e da natureza do poder (Maquiavel, Hobbes, Rousseau), da história antiga e da Revolução Francesa, da filosofia hegeliana e da economia política, preenchendo inúmeros cadernos com extratos comentados das leituras realizadas. Neste período também entrou em contato com a Liga dos Justos, sociedade comunista secreta fundada oito anos antes, freqüentou reuniões operárias e acompanhou acontecimentos como a revolta dos tecelões da Silésia. Juntas, estas circunstâncias levaram-no a iniciar uma verdadeira revolução copernicana em seu pensamento. Acompanhemos as críticas sobre as quais fundou seu pensamento original.

[...] crianças de nove ou dez anos são arrancadas de suas camas imundas às duas, três ou quatro horas da manhã e obrigadas, para ganhar a subsistência, a trabalhar até às dez, 11 ou 12 horas da noite; enquanto braços e pernas definham, a estatura atrofia, as linhas faciais se embotam e a essência se imobiliza num torpor pétreo cuja aparência é horripilante [...], relatou o jornal britânico Daily Telegraph. Criança trabalha em fábrica têxtil na Carolina do Sul, Estados Unidos, em 1908, retratada pelo estadunidense Lewis Hine (1874-1940)


Crítica à Filosofia Especulativa
Hegel atribui ao Espírito integral, completo, o papel de realidade originária, o princípio ontológico do ser. Contudo, o Espírito acaba por entrar em contradição consigo mesmo e, então, cinde-se, sai de si, aliena-se e, nesse processo, cria o universo material, põe-se na história. O mundo é, pois, no seu entender, resultado do processo de cissura do Espírito consigo próprio, que é um processo, a um só tempo, de alienação e de objetivação. O mundo objetivo é, portanto, constituído pela ação - puramente ideal - do Espírito, que teve rompida sua unidade harmônica original e alienouse, externou-se no plano da realidade. De fato, para Hegel, alienar-se é objetivar-se. Assim, Hegel pressupunha uma identidade entre sujeito e objeto, de forma que as revoluções no campo das idéias acabariam obrigatoriamente provocando alterações na realidade. Os jovens hegelianos não superaram este idealismo e tomavam essências abstratas como o parâmetro para medir o real. Desse modo, em relação ao Estado, por exemplo, que segundo Hegel era a encarnação da razão, este deveria ser desenvolvido por meio de uma crítica que buscasse eliminar o irracional do real para aproximá-lo do conceito de Estado.

A crítica marxiana ao pensamento especulativo se iniciou com o impacto causado pela obra de Feuerbach. Este foi, segundo o próprio Marx, o único a ultrapassar os marcos da "embriaguez especulativa". Feuerbach criticava, como ponto central, a inversão ontológica operada por Hegel, segundo a qual o mundo derivava da idéia. Feuerbach considerava o Espírito uma mistificação, produto de uma inversão: a realidade ontológica original não é ideal, não é o Espírito, mas é material: é a natureza e é o homem. Para Feuerbach, ser e existência são inseparáveis: "Só um ser sensível é um ser verdadeiro, um ser real". "O ser não é um conceito universal, separável das coisas. É uno com o que é". Hegel eliminara teoricamente a contradição entre ser e pensar, tornando o pensamento sujeito, em vez de objeto, sem predicado, ou melhor, sujeito e predicado de si mesmo. Para Feuerbach, "O objeto dado ou idêntico com o pensar é apenas pensamento". Para ele, o ser é sujeito, enquanto o pensamento é predicado. Em relação à Filosofia, acreditava: "A Filosofia é o conhecimento do que é. Pensar e conhecer as coisas e os seres tais como são - eis a lei suprema, a mais elevada tarefa da Filosofia".

INVERSÃO DAS INDIVIDUALIDADES

[...] Eu, se não tenho dinheiro para viajar, não tenho necessidade alguma, isto é, nenhuma necessidade efetiva e efetivando-se de viajar. Eu, se tenho vocação para estudar, mas não tenho dinheiro algum para isso, não tenho nenhuma vocação para estudar, isto é, nenhuma vocação efetiva, verdadeira. Se eu, ao contrário, não tenho nenhuma vocação para estudar, mas tenho a vontade e o dinheiro, tenho para isso uma vocação efetiva. O dinheiro - enquanto exterior, não oriundo do homem enquanto homem, nem da sociedade humana enquanto sociedade - , meio e capacidade universais, faz da representação efetividade e da efetividade uma pura representação, transforma igualmente as forças essenciais humanas efetivas e naturais em puras representações abstratas e, por isso, em imperfeições, angustiantes fantasias, assim como, por outro lado, transforma as efetivas imperfeições e fantasias, as suas forças essenciais realmente impotentes que só existem na imaginação do indivíduo, em forças essenciais efetivas e efetiva capacidade. Já segundo esta determinação o dinheiro é, portanto, a inversão universal das individualidades, que ele converte no seu contrário e que acrescenta aos seus atributos contraditórios. Enquanto tal poder inversor, o dinheiro se apresenta também contra o indivíduo e contra os vínculos sociais etc., que pretendem ser, para si, essência. Ele transforma a fidelidade em infi- delidade, amor em ódio, ódio em amor, a virtude em vício, o vício em virtude, o servo em senhor, o senhor em servo, a estupidez em entendimento, o entendimento em estupidez [...]


Ao estudar a Crítica da filosofia do direito de Hegel, sob o impacto das obras de Feuerbach, Marx rompeu com sua filosofia anterior. Deixava de considerar o Estado como lócus da realização da liberdade da razão humana e passou a tomar como central a sociabilidade humana, a "sociedade civil". Esta, sim, o reino da interação contraditória de indivíduos privados, é determinante em relação ao Estado. Nesta viragem ontológica, o ser passa a ser o parâmetro pelo qual se mede o conhecer; a subordinação crítica à efetividade, à realidade, são o pressuposto do conhecimento que tem rigor ontológico.

O centro de sua descoberta, e de sua crítica acerba a Hegel, está justamente em que no pensamento deste último "se converte a idéia em sujeito e se concebem as diferenças e sua efetividade como seu desenvolvimento ou como seu resultado, enquanto que se deveria, pelo contrário, desenvolver a Idéia a partir das diferenças efetivas" (CFDH, p. 325). O interesse único da especulação era descobrir categorias lógicas nas instâncias reais, então, dizia Marx, "trata-se apenas de encontrar, para determinações singulares e concretas, determinações abstratas que lhes correspondam"; com isso, perde-se a especificidade do objeto, ou seja, a especulação mostra-se incapaz de apreender satisfatoriamente seu objeto. Para Marx, a formação real deve ser reproduzida teoricamente, ou seja, a "lógica da coisa" deve ser captada, ao contrário do que a filosofia especulativa propunha, ou seja, a reprodução da "coisa da lógica", a abstração do homem real.

Hegel transforma o condicionante em condicionado, o determinante em determinado, o produtor em produto do produto. O ser real está alienado, pois é visto como obra de uma idéia subjetiva, distinta do fato mesmo, e em seguida rotulada de racional - mas uma racionalidade não embasada na própria razão, e sim resultado místico. O objetivo é tornar a realidade uma derivação lógica da idéia, numa inversão de todo o funcionamento real, segundo a qual aquilo que é causa aparece como conseqüência. Assim, dizia Marx, o "verdadeiro caminho a ser percorrido está invertido", pois o "que deveria ser ponto de partida se torna resultado místico e o que deveria ser resultado racional se torna ponto de partida místico" (CFDH, p. 326). Marx se esforçava para demonstrar que a inversão hegeliana superestima a abstração tornada sujeito e tira a substância dos seres reais, ou seja, altera radicalmente suas qualidades, desontologiza-os.

IDEOLOGIA E UTOPIA
A abordagem que Marx faz da natureza da ideologia é de enorme riqueza analítica. Ressalte-se a não-linearidade de sua apreensão da ideologia, que associa mecanicamente a produção intelectual de um grupo à sua posição imediata no processo produtivo, como muitos de seus seguidores posteriormente fariam.

De acordo com ele, "as idéias da classe dominante são as idéias dominantes em cada época", ou melhor, "a classe que exerce o poder material dominante na sociedade é, ao mesmo tempo, seu poder espiritual dominante". E completava, em contraposição ao idealismo: "As idéias dominantes não são outra coisa que a expressão ideal das relações materiais dominantes, as mesmas relações materiais dominantes concebidas como idéias" (IA, p. 50). Portanto, a discussão de Marx sobre ideologia vai além da classificação do que é falso e do que é verdadeiro em um pensamento: tratase, para ele, de averiguar na concreção histórica esta falsidade/verdade, a necessidade que as tornou necessárias, as funções que vêm cumprir, se atuam realmente na história como uma potência ideológica; também pode ocorrer que a inexatidão formal em termos de conteúdos represente verdades históricas.

Marx criticava a concepção de história separada da vida usual, mostrando que esta "se vê obrigada a compartilhar, especialmente, em cada época histórica, as ilusões desta época", pelo que "o que estes determinados homens se 'figuraram', se 'imaginaram' acerca de sua prática real se converte na única potência determinante e ativa que dominava e determinava" sua prática (IA, p. 42). Marx afirmava que um estudioso não pode se deixar confundir pelas idéias que os homens fazem de si próprios e nem mesmo pela vontade ou interesse imediatos destes, mas compreendê-los pelo que são efetivamente e pelo que se vêem levados a fazer no processo prático. "Não se trata de saber que objetivo este ou aquele proletário, ou até o proletariado inteiro, tem momentaneamente. Trata-se de saber o que é o proletariado e o que ele será historicamente obrigado a fazer de acordo com este ser" (SF, pp. 53-4).

ANÁLISE MULTIFACETADA
Em Marx, objetividade e subjetividade estão entrelaçadas, cada uma atuando historicamente sob forma específica. Assim, com uma singular capacidade de apreensão e reprodução dos acontecimentos históricos, Marx clarifica particularmente como se dá a construção (histórica e social) da consciência dos seres sociais. Esta perde a aparência de autonomia e substantividade que lhe emprestava o pensamento especulativo, mas também ganha, no mesmo movimento, especificidade, numa análise rica e multifacetada que a apreende em seu devido lugar e que está em egressão em relação ao economicismo.

Para Marx, toda teoria que, em vez de uma construção coletiva e prática, fosse produto das elucubrações de algum pensador pretensioso e tencionasse substituir por suas construções mentais, o movimento real estaria fadado ao fracasso no encontro com a efetividade. Se é assim, o pensamento de Marx jamais poderia, se se quer respeitar sua gênese e estrutura interna, ser qualificado como utópico - não é atingido, pois, pelo assim chamado "fim das utopias". De fato, em vez de impor ao movimento operário fórmulas criadas por algum pedantismo de gabinete, Marx perscrutava as possibilidades reais, uma vez que, segundo afirma, a emancipação do trabalho não é um ideal a realizar, mas a libertação dos elementos da nova sociedade presentes no seio da antiga, o aproveitamento de tendências postas no real e a ação no sentido de fazer a história caminhar em determinada direção.


A célebre tese segundo a qual a grande façanha de Marx teria sido recusar o sistema hegeliano e se apropriar de seu método dialético, no qual teria efetuado uma inversão materialista, não se mostra verdadeira. De acordo com ela, o procedimento de Marx estaria resumido à aplicação de um modelo gnosiológico que reporia o sujeito invertido da especulação em seu lugar, em vez do predicado, e vice-versa. Contudo, a revolução operada por Marx vai além. Ele recusa o método especulativo não por pequenas questões técnicas ou defeitos particulares: trata-se de uma refutação que rejeita a idéia como a entidade ontológica original. A inversão que propõe não é, portanto, puramente metodológica (a qual também está presente, mas como momento subordinado), mas é ontológica, pois diz respeito às próprias caracteristícas dos seres realmente existentes.

A política, na visão do filósofo, é a coagulação de forças pessoais num poder material que se apresenta fora do controle de seu produtor. É alienação e estranhamento


Matéria completa no endereço http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESFI/edicoes/16/artigo66044-3.asp

Revista Filosofia

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Eduardo tudo bem?

Estou aqui retribuindo sua gentileza e dizer que estou muito feliz em saber que gostou de meu Blog...

Eu tbm gostei muito de seu blog e é uma honra seguí-lo e tbm o coloquei em minha lista de blogs que recomendo...

Abraço e continue com esse excelente trabalho,

Billy