segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Jeans, o tecido universal


Jeans, o tecido universal
O jeans foi criado por um alemão com material francês e tintura indiana
por Rafael Tonon
Se a humanidade teve um uniforme no século 20, foi o jeans. Fica difícil imaginar um país ou uma ocasião em que ele não seja encontrado. Serve para todas as idades e foi a primeira vestimenta usada por homens e mulheres. Esse caráter universal está no próprio DNA da peça: com base em uma ideia de um alfaiate americano, um comerciante alemão criou o jeans como uma variação de um tecido francês, muito usado por marinheiros genoveses. E a cor azul característica veio do índigo, uma tintura desenvolvida na Índia.

Essa história começou em 1847, quando o jovem germânico Oscar Levi Strauss (1829-1902) abriu uma loja de secos e molhados em São Francisco, na Califórnia, bem no auge da mineração no Velho Oeste norte-americano. Ainda sem falar direito o inglês, ele começou a vender rolos de lona, usados para erguer tendas ou cobrir carroças. Um de seus compradores era o costureiro Jacob David Youphes. O americano adaptou o tecido para fazer calças, e os mineradores adoraram a novidade. Agora eles tinham roupas bem mais resistentes que suas peças de algodão, que rasgavam com facilidade. Ao saber dessa demanda, Levi Strauss contratou Youphes e começou a fabricar calças de lona.

Mas o tecido era duro demais. As peças ficavam em pé sozinhas. Foi então que, pesquisando materiais, Strauss encontrou um tipo de brim francês, também resistente, mas flexível. E começou a fazer importações da cidade de Nîmes - motivo pelo qual esse brim passou a ser chamado de denim. Essa peça chegava ao fabricante com algumas variações de cor, entre o branco e o bege, o que atrapalhava na hora de combinar as tonalidades para costurar. Então o alemão resolveu tingir o tecido com índigo.

Pouco depois, Strauss percebeu que os mineradores precisavam de bolsos para guardar as pedras que encontravam. Em 1872, ele patenteou o produto. Não demorou muito para o garimpeiro Alkali Ike reforçar os seus com rebites de metal. E assim, com esse toque final de criatividade, estava pronta a calça jeans como a conhecemos. Nas décadas seguintes, ela conquistaria os mais diversos públicos, até atravessar todas as fronteiras do planeta.

Mil e uma utilidades
Ao longo de sua história, a roupa de mineradores mostrou-se versátil

Lona de barraca

Em 1850, o alemão Levi Strauss chegou à Califórnia com tecido para fazer barracas para os mineradores. Três anos depois, o alfaiate Jacob Youphes percebeu que o material funcionava muito bem como roupa.

Farda de guerra

Em 1916, Henry David Lee (1849-1928), que havia fundado sua empresa de calças em 1899, criou fardas jeans usadas pelo Exército americano na Primeira Guerra Mundial.

Roupa de fábrica

Na década de 20, o tecido passou a ser usado por operários. Em 1936, o hábito foi parar nos cinemas com o filme Tempos Modernos, em que Charles Chaplin (1889-1977) aparecia usando uniforme feito de jeans.

Uniforme de rebeldia

Nos anos 50, Elvis Presley (1935-1977), Marlon Brando (1924-2004), Marilyn Monroe (1926-1962) e James Dean (1931-1955) adotaram o tecido. "Foi quando o mercado se voltou para os desejos dos jovens", diz a consultora de moda Lu Catoira, autora do livro Jeans, a Roupa que Transcende a Moda.

Objeto de desejo

Nos anos 70 e 80, o jeans só não era vendido nos países dominados pela União Soviética. Do lado de lá da Cortina de Ferro, bandas de rock protestavam usando calças contrabandeadas.

Revista Aventuras na História

Nenhum comentário: