POR MARIA TERESA TORÍBIO B. LEMOS
Na página ao lado: Fidel Castro discursa em Washington, em 15 de abril de 1959 (à esquerda); Raúl Castro e Che Guevera, em Cuba, 1958 (à direita) POLÍTICA FUNDO: SHUTTER STOCK / FOTOS:
Pintura da ilha de Cuba feita pelo cartógrafo holandês Johannes Vingboons (1616-1670)
O arquipélago cubano, situado entre o Golfo do México, o Mar das Antilhas (Caribe) e o Oceano Atlântico, distante apenas 180 quilômetros do Estado norte-americano da Flórida, abrange as ilhas de Cuba, Pinos e cerca de 1.600 ilhotas. Cuba é a maior das ilhas, com uma superfície de 110.992 km². A capital, San Cristóbal de la Habana, foi fundada em 25 de julho de 1515 por Diego Velázquez (1599-1660), primeiro governador da ilha.
Desde o século XVI, Cuba vem desempenhando relevante papel na história americana - antes pela sua posição estratégica, como núcleo irradiador da conquista espanhola, e, a partir da Revolução Cubana (1959), pelas posições adotadas em relação aos Estados Unidos. Descoberta por Cristóvão Colombo (1437-1506) em sua primeira viagem, em 27 de outubro de 1492, a ilha de Cuba recebeu primeiramente o nome de Juana, em homenagem a Juan de Castilla, herdeiro do trono espanhol que morrera em 1487. A partir daquela data, o território teve várias outras denominações, prevalecendo a de Colba, nome nativo, e registrado como Cuba, por Colombo, em seu Diário de Navegação. A procedência desse nome indica os topônimos indígenas coabaí ou cubanacan.
Naquela viagem, Cristóvão Colombo explorou parcialmente o litoral norte da ilha. Na segunda viagem, dirigiu-se para o sul em uma expedição de reconhecimento do litoral, quando encontrou a ilha de Pinos, que recebeu o nome de San Juan Evangelista. Ao atingir a ilha de Cuba, Colombo imaginou ter descoberto um continente. Para configurar a descoberta de terra firme, redigiu uma ata que foi assinada pela tripulação de sua nau, confirmando ter chegado à Ásia. Esse engano foi desfeito com a viagem de circunavegação realizada em 1508, por Nicolas de Ovando (1460-1518).
EXPLORAÇÃO E EXTERMÍNIO DA POPULAÇÃO NATIVA
Em 1512, Diego Colombo (1480-1526), filho primogênito de Colombo, encarregou o comandante Diego Velázquez da conquista e exploração da ilha. Velázquez encontrou forte resistência indígena liderada pelo cacique Hatuey, que já se confrontara anteriormente com os espanhóis no Haiti. Após sangrenta batalha, Hatuey foi derrotado e queimado vivo por ordem de Velázquez.
A produção de tabaco e a economia açucareira assumiram papel de destaque na reserva cubana
A colonização foi brutal, seguindo os mesmos mecanismos da conquista. Os grupos indígenas tainos e os siboneyes, que se encontravam em Cuba, originários da Flórida, foram submetidos a trabalhos compulsórios e escravizados até a extinção.
Após a etapa da conquista, a ilha de Cuba, centro irradiador da conquista, além de base e escala para as frotas que faziam o comércio entre a Espanha e o Novo Mundo, foi beneficiada por algumas décadas do apogeu produzido pela exploração do ouro de lavagem. No final do século XVI, a maior ilha das Antilhas foi perdendo a sua expressão econômica. Tornou-se local de piratas, bucaneiros e flibusteiros (piratas do mar das Antilhas), entre outros aventureiros que vinham para o Novo Mundo.
Batalha de Santo Domingo na versão do pintor polonês January Suchodolski (1797-1875)
ECONOMIA E MÃO-DE-OBRA NEGRA
Em meados do século XVI, com o esgotamento dos metais preciosos, a produção do tabaco e a economia açucareira assumiram papel de destaque na reserva cubana, prosseguindo até o século XVIII. Desenvolvido desde 1610, o comércio do tabaco assumiu grandes proporções a partir do século XVIII. Posteriormente, com a produção açucareira, a ilha readquiriu sua importância econômica.
O lucro produzido pelas vegas (terras plantadas com tabaco) alertou a Espanha para a riqueza da produção. E, em 1716, a metrópole decretou a Lei do Estanco, monopólio sobre a produção do tabaco. Com aquelas medidas restritivas originadas pelo estanco sobre o comércio do tabaco, os vergueiros (proprietários de tabaco) ficaram impedidos de vender livremente sua produção. Revoltados, iniciaram movimentos de rebelião que levaram seus líderes à forca, em 1723, enquanto outros pequenos produtores se transferiram para o Oriente da Ilha e Pinar del Rio, longe da fiscalização, para fugir do monopólio real.
Os nativos da ilha foram submetidos a trabalhos compulsórios e escravizados até a extinção
O comércio realizado pelas companhias espanholas, especialmente a Compañia de Habana, trouxe grande riqueza e poder aos proprietários de terra da ilha, principalmente aos comerciantes de tabaco e açúcar, além do tráfico de escravos africanos, importados para as plantations do Novo Mundo.
No século XVIII, Cuba se beneficiou da revolução negra no Haiti, que paralisou a produção de açúcar e destruiu os engenhos. Além de ocupar a posição desfrutada anteriormente pelo Haiti, Cuba incorporou a experiência técnica dos refugiados haitianos que entraram em seu território, beneficiando, dessa forma, os produtores e comerciantes locais. Graças à mão-de-obra negra, a economia açucareira tornou-se a principal riqueza do país.
Os escravos negros da África chegaram ao Novo Mundo junto com a expedição de Colombo. A nau de Pedro Alonso Niño (14681505), em 1502, trazia negros escravos para a exploração das novas terras. Na medida em que a colonização avançava e a resistência indígena atravancava a exploração de metais preciosos, o recurso era a mão-de-obra negra, barata e abundante. Com a eliminação dos indígenas, o tráfico se intensificou. Além de atender aos proprietários, Cuba também atuava como mercado revendedor de escravos para as demais colônias da América.
AS LUTAS PELA EMANCIPAÇÃO
Cuba durou cerca de quatro séculos. As ondas revolucionárias que assolaram as colônias espanholas na América também atingiram Cuba. A história das lutas de independência da ilha é marcada pela violência, intrigas internacionais e intervenções dos EUA. Sob a influência dos movimentos revolucionários das colônias espanholas, um grupo de criollos cubanos e espanhóis de tendência liberal iniciou um movimento conspiratório contra o domínio colonial, que foi sufocado e seus líderes condenados à morte.
Entre 1834 e 1838, diversas conspirações foram duramente rechaçadas pelas tropas comandadas pelo general Miguel Tacón y Rosique (1777-1855). De 1838 até 1868, os movimentos revolucionários se tornaram menos freqüentes, cedendo lugar às idéias anexionistas. Apoiados por espanhóis liberais e mesmo militares e políticos venezuelanos radicados em Cuba, os criollos enriquecidos passaram a defender a anexação de Cuba aos Estados Unidos.
Retrato do espanhol Diego Velázquez de Cuéllar (1465-1524), conquistador de Cuba
Vários líderes favoráveis à anexação de Cuba aos Estados Unidos, como Narciso López (1797-1851), militar e político venezuelano residente em Cuba, Joaquín de Agüero (1816-1851), de Porto Príncipe, e Isidoro Armenteros, de Trinidad, foram derrotados. Os dois últimos foram fuzilados e Narciso López, condenado ao suplício do garrote. Outros revolucionários foram supliciados e garroteados.
Nos Estados Unidos, os Estados do norte, contrários à escravidão, eram desfavoráveis à idéia da anexação de Cuba, pois acreditavam que o apoio a Cuba reforçaria a posição dos Estados escravistas do Sul. Os nortistas estavam mais preocupados com os conflitos internos de seus Estados às vésperas da Guerra de Secessão (1861-1865), que envolvia a escravidão como problema crucial.
As rebeliões na ilha recrudesceram após 1868, quando Carlos Manuel de Céspedes y Borja (1819-1874), proprietário de engenho de açúcar da região oriental de Cuba, iniciou a rebelião conhecida como A Guerra dos Dez Anos. Foi uma revolução sangrenta, na qual o número de mortos foi muito grande. O movimento contou com o apoio dos laborantes da região ocidental da ilha, controlada pelos espanhóis em Havana.
Em 10 de abril de 1869, em Guaimáro, reunidos em assembléia nacional, os revoltosos reconheceram a república em armas, ocasião em que indicaram Manuel Céspedes como presidente dos revolucionários. Os rebeldes receberam apoio informal do México, da opinião pública norteamericana e especialmente do governo do General Ulysses Grant (1822-1885), comandante-emchefe das tropas nortistas durante a Guerra de Secessão e 18º presidente dos Estados Unidos, entre 1868 e 1876.
A reação espanhola foi imediata. Tropas foram enviadas à ilha e, em 1873, Manuel Céspedes foi deposto. Os rebeldes ainda resistiram por mais alguns anos, mas a Espanha retomou o controle da ilha, em 1878.O período posterior, entre 1878 e 1895, conhecido como trégua profunda, caracterizou-se pelo predomínio do Partido Autonomista, que divergia substancialmente dos rebeldes separatistas. O Partido acreditava alcançar maior autonomia para o país de forma pacífica. Mas devido às dificuldades de interlocução com a Espanha, aquelas idéias pacifistas não vingaram.
No topo, imagem sobre a independência de Cuba, publicada na revista satírica espanhola La Flanca, em 1873; acima, a Rough Riders, cavalaria voluntária dos Estados Unidos, ataca em San Juan, em Cuba
O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA
Apesar dos sucessivos fracassos, as idéias revolucionárias continuavam a dominar os insurgentes. Em 1887, José Martí (1853-1895) tornou-se o principal representante dos independentistas cubanos exilados nos Estados Unidos. Em 1891, Martí organizou o Partido Revolucionário Cubano e aliou-se ao líder revolucionário Máximo Gómez (1836-1905), refugiado em Santo Domingo, atualmente capital da República Dominicana, e conseguiu que ele aceitasse chefiar a invasão a Cuba. A cidade de Nova York tornouse o centro das conspirações. Lá, reuniam-se os cubanos emigrados para planejar a invasão. Martí também angariou junto aos companheiros recursos para o movimento.
A rebelião começou em Cuba, com o Grito de Baire, e a seguir com o Manifesto de Monticristi, firmado por Martí e Gómez, ainda em Santo Domingo. Na ilha, juntaram-se aos revolucionários comandados por José Maceo (18491896) e seu irmão, que voltou da Costa Rica para a revolução. Em Dos Rios, logo após o início da rebelião, José Martí foi ferido mortalmente em uma das batalhas.
A morte daquele líder e a violenta repressão espanhola, que causou mais de 50 mil vítimas, enfraqueceram os revoltosos. Diante da gravidade da situação, o governo espanhol concedeu, em 1897, autonomia a Cuba e Porto Rico. Os revolucionários recusaram essa concessão e os conflitos recrudesceram. Cuba só se tornou independente da Espanha em 1898.
Imagem de 1960, das bandeiras de Cuba e dos Estados Unidos, simboliza o exílio cubano. Depois da revolução de 1959, muitos habitantes da ilha foram para o território norte-americano em busca de outras alternativas políticas
A INTERVENÇÃO NORTE-AMERICANA
Os comerciantes e os proprietários das fazendas de açúcar norte-americanos, residentes em Cuba, ficaram temerosos com os prejuízos causados pelos incêndios e devastações nas plantações de cana-de açúcar. Apoiados pela opinião pública norte-americana, aceitaram as medidas de intervenção dos Estados Unidos na ilha.
Em 1899, a ilha de Cuba foi ocupada pelos norte-americanos, que nela permaneceram até 1902. Em 1901, foi redigida a primeira constituição cubana, na qual os EUA incorporaram a Emenda Platt, que facultava aos Estados Unidos a intervenção na ilha para a preservação de sua independência.
Do início do século XX até o primeiro governo de Fulgencio Batista (1901-1973), entre 1940 e 1944, sucederam-se, no governo cubano, vários presidentes apoiados pelos Estados Unidos. Na qualidade de nação dependente e periférica, Cuba foi considerada o quintal dos EUA, cidade de jogos, cassinos e prostituição.
Apesar daquela situação, o primeiro governo de Batista foi considerado bom, devido às obras públicas, equilíbrio das finanças, rigor e ordem social. A economia açucareira registrou índices favoráveis no mercado internacional. Já os governos seguintes, de Grau San Martin (1887-1969), entre 1933 e 1934, e, novamente, entre 1944 e 1948, e de Prío Socarrás (1903-1977), de 1948 a 1952, decepcionaram os cubanos pela ausência de um programa político.
Quartel Moncada, onde Fidel e mais 165 homens tentaram derrubar Fulgencio Batista do poder, em julho de 1953
FIDEL ENTRA EM CENA
Fulgencio Batista foi reeleito em 1952, com o apoio do capital norte-americano e dos ricos proprietários cubanos. Ao contrário de sua primeira gestão, seu governo apoiado por forças poderosas evoluiu para uma ditadura cruel e corrupta. Insatisfeita com a corrupção, a juventude universitária tentou derrubar o governo de Batista. Chefiados por Fidel Castro, em 1953, os estudantes tentaram tomar o quartel de Moncada. No confronto, morreram 165 estudantes. Fidel Castro e seu irmão Raúl, presidente do Conselho de Estado da República de Cuba desde fevereiro de 2008, entregaram-se e foram presos. Condenados a 15 anos de prisão, os dois irmãos foram colocados em liberdade graças à pressão popular.
Em 1956, acompanhado por 82 homens, Fidel Castro, então refugiado no México, invadiu a ilha de Cuba. Mas a maior parte dos combatentes foi morta por um destacamento militar da ditadura de Batista. Fidel e seus companheiros, entre eles o argentino Che Guevara (1928-1967), refugiaramse em Sierra Maestra. Lá, iniciaram um movimento de guerrilha que resultou na Revolução Cubana, em 1959.
A REVOLUÇÃO CUBANA
Antes de derrubar o presidente Fulgencio Batista e chegar ao poder, em 1959, Fidel Castro enfrentou violenta repressão por parte do governo e chegou até a ser dado como morto
Fidel Castro liderou o movimento popular que tirou o presidente Fulgencio Batista do poder e deu início a um novo governo, em 1959. Em 1952, Fulgencio Batista instalou uma das mais terríveis ditaduras que Cuba conhecera. O pretexto político para o golpe militar foi libertar o país do governo do então presidente Carlos Prío Socarrás, acusado de corrupção, além do medo de que a oposição o impedisse de assumir o poder.
A juventude universitária, apoiada por amplos setores sociais, rebelouse contra a corrupção acobertada pela ditadura, além das torturas aos presos políticos. A tentativa chefiada por Fidel Castro de tomar o quartel de Moncada, em 26 de julho de 1953, foi o estopim da revolução.
O confronto foi sangrento, marcado pelo massacre de 165 estudantes. Após o fracasso do ataque, Fidel Castro e Raúl, seu irmão, entregaram-se às autoridades e foram presos. Após serem condenados a 15 anos de prisão, Batista colocou-os em liberdade por pressão popular.
Acima, Fulgencio Batista; ao lado, Fidel Castro
A QUEDA DE BATISTA
Refugiado no México, Fidel Castro retornou a Cuba, em 1956, com uma expedição composta por 82 rebeldes para invadir a ilha e depor Batista. A invasão, realizada em 2 de dezembro daquele mesmo ano, foi desastrosa, tendo provocado violenta reação por parte das tropas do governo. O exército cercou os invasores e os metralhou, além de bombardear por terra e ar a comunidade de Alegría de Pío, no Oriente (província de Cuba até 1976). A maioria dos combatentes foi dizimada. Nessa ocasião, jornais cubanos chegaram a noticiar que Fidel Castro havia morrido em combate.
Os que sobreviveram, comandados por Fidel Castro, entre eles Che Guevara, refugiaram-se em Sierra Maestra, região cubana localizada na província de Oriente. Sierra é formada por uma cadeia de montanhas, sem estradas ou caminhos que facilitassem a comunicação. Os revolucionários se embrenharam em suas matas para organizar a resistência por meio de um movimento de guerrilha.
Em 1957, o movimento rebelde recebeu grande número de simpatizantes em diversas partes do país. No ano seguinte, a guerrilha ampliou sua ação. Em 1º de janeiro de 1959, Batista e sua família abandonaram Cuba e refugiaram-se na República Dominicana. Foi a vitória da Revolução Cubana.
Che Guevara em Santa Clara, Cuba, em 1959
O COMANDO DE FIDEL
Fidel Castro prometeu um governo civil para substituir a ditadura de Batista e também promover eleições no prazo de um ano. Em seus discursos, Fidel pregava a união de todos os cubanos, afirmando os princípios democráticos da revolução.
O nacionalismo marcou o período de 1959 e 1960, além do surgimento de um forte sentimento antiamericanista entre os revolucionários. O governo cubano firmou uma série de convênios com os países do Leste Europeu e acusou os Estados Unidos de dar asilo aos contra-revolucionários e de incentivar sabotagens contra Cuba.
As relações com os Estados Unidos se acirraram. Em 1960, Fidel Castro iniciou a política de nacionalização das empresas estrangeiras.
Foi o começo da fase socialista da Revolução. Em abril de 1961, teve início o ataque norte-americano à ilha, na praia de Giron, localizada na Baía dos Porcos.
A invasão fazia parte da Operação Magusto, e contou com a participação de mais de 1.200 exilados cubanos nos Estados Unidos, treinados e financiados pelo serviço secreto norte-americano. Os invasores foram derrotados pelas forças de Fidel Castro.
A APROXIMAÇÃO COM OS SOVIÉTICOS
Apesar da vitória contra os invasores, Cuba vivia aterrorizada pelas ameaças norte-americanas. Para evitar novos ataques, Fidel Castro se aproximou da União Soviética, contribuindo para radicalizar ainda mais as relações com os Estados Unidos. O clima da Guerra Fria se intensificou com a presença de navios soviéticos, em outubro de 1962, deslocandose para o Caribe. O temor de uma guerra nuclear dominou o mundo.
A malograda invasão à Baía dos Porcos consolidou o poder de Fidel. A reação dos Estados Unidos foi imediata. Em 1962, em Punta del Este, o presidente John F. Kennedy (1917-1963) decretou o isolamento diplomático de Cuba e pressionou a Argentina, México, Brasil, Equador, Chile, Bolívia e Uruguai a romperem relações com os cubanos.
Fidel, já como presidente de Cuba, em encontro da ONU, em setembro de 1960
Durante a Guerra Fria, a URSS tentou instalar mísseis em Cuba, mas os EUA efetuaram bloqueio naval na ilha e impediram que isso acontecesse
A VITÓRIA DA REVOLUÇÃO CUBANA
Apesar daquela iniciativa do governo norte-americano e do isolamento diplomático, a Revolução Cubana foi vitoriosa. Às vésperas das comemorações dos 50 anos da Revolução, Cuba ainda persiste no imaginário das nações em luta pela autonomia, como uma ilha que defendeu sua dignidade, revelando persistência, força e abnegação de um povo, sobretudo ao enfrentar por longos e duros anos o bloqueio econômico dos Estados Unidos e seus aliados.
A revolução transformou Cuba no símbolo de defesa dos ideais de liberdade contra o imperialismo e o sistema capitalista, representados pelos Estados Unidos. Desde o início de sua revolução até os dias atuais, a ilha sofre com as medidas restritivas norte-americanas, que do isolamento inicial continuou com um desumano e cruel bloqueio econômico.
BARACK OBAMA E EXPECTATIVA DE MUDANÇAS
A eleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos, em novembro de 2008, acena com expectativas de mudanças. Uma vitória que coincide com os 50 anos da Revolução Cubana. Obama reflete a esperança de mudanças profundas em relação à política externa dos Estados Unidos. Cuba e a América vivem atualmente essa expectativa.
A Revolução Cubana triunfou. O novo governo dos Estados Unidos vai se defrontar com uma nação em processo de mudanças. Fidel Castro se retirou do poder. Cuba não é mais a Cuba de Fidel, embora ele ainda viva. Fidel abandonou a cena política para entrar para a história como um mito. Mito da liberdade, que representa a realidade da luta de um povo contra a opressão.
Como líder latino-americano, Fidel encontrou adeptos e inimigos, mas, como mito, tornou-se invulnerável. Um mito não se desconstrói com facilidade, mesmo que seja uma representação.
REFERÊNCIAS
AYERBE, Luis Fernando. A Revolução Cubana. São Paulo : Editora da UNESP, 2004. PIERRE-Charles,Gerard - Genesis de la Revolución Cubana.Mexico, Siglo Veintiuno editores, 1996 CASTRO, Fidel. A história me absolverá. São Paulo, Alfa-Omega, 1992 EMIRO VALENCIA,Luis - Realidad y Perspectivas de la Révolución Cubana.Havana,casa de las América, 1961 ESCOSTEGUY, JorgeCuba Hoje. 20 Anos de Revolução.S.Paulo, Alfa-Omega, 1978 FERNANDES, Florestan. Da guerrilha ao socialismo. A revolução cubana. São Paulo, T.A. Queirós Ed.,1979 GUEVARA, Ernesto. A guerra de guerrilhas. São Paulo, Edições Populares, 3a ed.,1992 . 1982. Sierra Maestra: da guerrilha ao poder; passagens da guerra revolucionária. São Paulo, Edições Populares. EMIRO VALENCIA,Luis - Realidad y Perspectivas de la Révolución Cubana.Havana,casa de las América, 1961 BANDEIRA, Luis Alberto Moniz. De Martí a Fidel: a Revolução Cubana e a América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.
Maria Teresa Toríbio Brittes Lemos é Pós-Doutora em História da América Latina pela Universidade de Varsóvia (Polônia), procientista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), coordenadora-geral do Programa de Pós-Graduação em História da UERJ, coordenadora do Núcleo de Estudos das Américas NUCLEAS, autora de diversos livros sobre América Latina, como O Corpo Calado (2002), América Latina em Construção (2006), Religião, Violência e Exclusão (2006 ) e América Latina Identidade em Construção (2008).
Revista Leituras da Historia
2 comentários:
Não sabia da história que antecedeu o Governo de Fidel. Talvez por ser ainda imatura pela idade. Mas em 1959, minha veia política e anti americana, vibrou ao ver um Líder como o Fidel e outro como o Che, limitarem o poderio americano. Não fosse isso, teriam mais uma nação dominada por americanos, única e exclusivamente visando lucros, principalmente do tabaco, que hoje proíbem, e no entanto a divulgação e globalização do tabaco foi feita pelos USA. Vibrei com a vitória de Barack, e antes mesmo de eleito, eu pressentia que era um pacificador. Sempre culpei a Europa por terem permitido o surgimento do capitalismo desenfreado dos Estados Unidos.
Mas isso é outra história.
Eduardo, são sempre muito boas suas postagens. E de tão diversificadas, vão além das fronteiras dos vestibulandos.
Parabéns, amigo
Grande abraço
Mirse
Eduardo
Semçre gostei muito de História.
acho suas postagens muito boas e insentas.
No caso da história de Cuba falta ver o outro lado da Moeda.
Depois de uma tentativa de golpe, Fidel Castro foi preso e condenado a 15 anos de prisão, como você mesmo disse.
Você não falou da reação de Fidel com relação aos seus oponentes. Foi a pena Capital. El Paredon. Foram fuzilados. Tivesse Batista aplicado a mesma pena a Fidel, hoje a história de Cuba seria hoje.
Milhares de cubanos fugiram e ainda até hoje fogem da ilha, não por causa de outras alternativas políticas, mas em busca do bem mais precioso para o ser humano, que é a sua liberdade.
Mesmo depois de 50 anos o povo cubano vive na miséria, e não é por causa do bloqueio econômico americano, mas sim por causa do fracasso do sistema socialista.
Afirmar que o atraso de Cuba se deve ao bloqueio americano, é dizer que mesmo depois de 50 anos Cuba é totalmente dependente dos Estados Unidos. A Europa não mantem bloqueio econômico a Cuba bem como a America Latina também não.
Por que é que pessoas que nunca conheceram outro regime a não ser o cubano arricam suas vidas em precárias balsas para fugir de Cuba?
Seu relato deixa bem claro que não se pode confiar nos socialistas tipo Fidel Castro. Seu conflito com os Estados Unidos nunca poderiam impedi-lo de realizar as eleições livres que prometera ao chegar ao poder.
O povo cubano não conhece eleições livres hpa muito mais de 50 anos. Fidel não cumpriu com sua palavra e acredito que nunca teve a intenção de cumpri-la. Continuou como ditador, e mais sanguinário do que Batista. Fidel executou um número muito maior de opositores do que Batista. Basta ver que mesmo depois de preso a vida de Fidel foi poupada, possibilitando que ele e seus seguidores exterminassem milhares de opositores ao regime socialista.
Isto deveria ser mencionado a bem da verdade. Faz parte da triste mhistória do povo cubano
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