Em julho de 1792, soldados vindos dessa cidade do sul da França entraram em Paris entoando a canção que se tornaria o hino nacional do país. Mas a música foi composta em Estrasburgo | ||||||
por Antoine Roullet | ||||||
Alguns meses antes, em abril de 1792, Joseph Rouget de Lisle, oficial do exército francês e músico autodidata, compôs uma canção intitulada #Canto de guerra# para os batalhões baseados na cidade de Estrasburgo. A peça era uma homenagem à fama liberal e patriótica da cidade, na qual Rouget de Lisle e seus comandados estavam de prontidão, inflamados pela notícia da declaração de guerra feita pelo imperador da Áustria. O tema rapidamente se espalhou e versos como “Aux armes citoyens, l\\'étendard de guerre est déployé...” (“às armas, cidadãos, o estandarte de guerra está desfraldado...”) passaram a ser entoados por todos. Foi nessa atmosfera que Philippe-Frédéric de Dietrich, prefeito de Estrasburgo, solicitou ao oficial francês que apresentasse seu canto patriótico no dia 25 de abril do mesmo ano. A canção foi retrabalhada e editada pelo compositor Gosece e pela esposa de Dietrich, sendo tocada quatro dias depois diante de oito batalhões da Guarda Nacional. O sucesso foi imediato |
Em pouco tempo, por intermédio de viajantes e mascates, a música chegou à Provença, no sudeste da França, e teve seu verdadeiro impulso: foi interpretada em 22 de junho pelo general François Mireur na cerimônia de recepção dos federados de Montpellier, em Marselha, e publicada pela imprensa da cidade com o título de #Canto de guerra dos exércitos nas fronteiras#. Um mês depois, a canção chegava a Paris com os soldados federados marselheses, que a cantaram durante todo o trajeto. Desde então, passou a ser associada a essa cidade do sul da França. No dia 4 de agosto o jornal La Chronique de Paris evocou o canto dos marselheses, e seis dias depois ele seria entoado durante a famosa tomada do Palácio das Tulherias. Em 20 de setembro de 1792, o exército revolucionário, comandado pelo general Dumouriez, venceu a Batalha de Valmy, travada contra a nobreza francesa e seus aliados austríacos e prussianos, que tentavam derrubar o regime instaurado em 1789. Na ocasião, Servan de Gerbey, ministro da Guerra da França, escreveu ao general vitorioso: “O hino conhecido pelo nome de La Marseillaise é o Te Deum da República”. A partir de então, a canção passou a ser executada em todas as grandes comemorações cívicas. Em 1793, a Convenção ordenou que o canto fosse entoado em todos os espetáculos da República. Em 1795, um decreto consagrou a “Marselhesa” como hino nacional da França. A República impôs definitivamente à obra de Rouget de Lisle um nome que não era o seu, embora o autor nunca deixasse de chamá-la pelo título original. Embora muito discutida pelos eruditos do século XIX, a autoria da obra não foi questionada durante a Revolução: a própria Assembleia Nacional deu dois violoncelos a Rouget de Lisle em recompensa pelos serviços prestados. Fosse qual fosse a paternidade real da canção mais conhecida da França. | ||
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Revista História Viva
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