20/11/2010 - 00:01 | Enviado por: Alice Melo
“Francisco Franco, sempre presente”, ressoaram em coro os membros do partido falangista no dia do funeral de seu eterno mentor.
Durante a madrugada do dia 20, morreu o ditador espanhol Francisco Franco, aos 82 anos de idade, após passar um mês internado em um hospital em Madri para tratar de múltiplas doenças. Debilitado havia dois anos, Franco deixou registrado um testamento político no qual indicava o Príncipe Juan Carlos, da dinastia dos Borbóns, como seu sucessor. Apesar de livrar a Espanha dos 39 anos de ditadura caudilhista de inspiração fascista, a transferência do poder militar para o monárquico tampouco faria da Espanha uma nação livre e democrática.
Como previsto no testamento político, assim que foi constatada a morte do ditador, o Príncipe Juan Carlos assumiu o governo como Rei, dotado de poderes limitados e submetido a violentas pressões antagônicas: de um lado, os falangistas, que exigiam a continuidade absoluta do regime franquista; do outro, grupos de oposição que reclamavam uma abertura democrática e liberal como meio de evitar uma nova guerra civil. Esse antagonismo político gerou uma grave crise econômica e social que desembocou num processo de redemocratização exatamente um ano depois.
Francisco Franco assumiu como Chefe de Estado supremo da Espanha ao término da Guerra Civil (1936-1939), dentro da qual liderou o grupo conservador e rebelde formado majoritariamente por militares, que se insurgira contra o regime político então vigente. Na guerra, Franco e os rebeldes receberam apoio militar e financeiro da Alemanha e Itália totalitárias, criando desde já uma identificação com estas formas de governo. Durante a Segunda Guerra, o generalíssimo retribuiria a ajuda das nações fascistas européias atuando à margem do maior conflito bélico da história.
Quando a guerra acabou, Franco sofreu pressões da ONU e dos Estados Unidos para iniciar um processo de redemocratização, mas seu apoio à luta contra o comunismo no terceiro mundo fez com que seu governo fosse reconhecido pela opinião internacional, no fim da década de 1950.
Em sua gestão, Franco concentrou em suas mãos todos os poderes de Estado, todas as funções governamentais e o poder absoluto de estabelecer normas jurídicas de caráter geral, facilidades que lhe conferiam a capacidade de fazer e desfazer tudo de acordo apenas com seu arbítrio, sem consultar ninguém.
Em seu governo, a Espanha chegou a um ponto alto de desenvolvimento , embora permanentemente enrolada em uma camisa-de-força. Em 1936, quase 40% dos espanhóis eram analfabetos: percentagem reduzida a 7% no ano de sua morte. Além dos avanços na educação, a dinamização da economia reduziu a inflação, aumentou a renda per capita dos cidadãos, assim como o PIB do país.
“O povo espanhol não é um povo morto é, ao contrário, um povo alerta, que sabe o valor das forças guardiãs da ordem pública, a suprema garantia da unidade oferecida pelas forças de Terra, Mar e Ar, apoiadas na vontade da nação e fiadoras de sua tranqüilidade. Está evidente que, hoje, ser espanhol, significa ser alguma coisa no mundo inteiro. Viva Espanha!”, encerrara Franco seu último discurso à nação, no dia 1 de outubro de 1975, um dia após ter ordenado o fuzilamento de cinco antifranquistas.
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