terça-feira, 30 de março de 2010

.Montesquieu: Roma iluminada


Montesquieu: Roma iluminada
por Celso Miranda
Publicadas originalmente em 1734, as Considerações sobre as Causas da Grandeza dos Romanos de Sua Decadência (Contraponto), do filósofo francês Montesquieu (1689-1755), é uma oportunidade ímpar para conhecer a história de Roma – epicentro do mundo mediterrâneo durante tantos séculos – a partir da ótica de um dos principais pensadores do século 18.

Já famoso por livros como Cartas Persas e Reflexões sobre a Monarquia Universal, que precederam sua grande obra Do Espírito das Leis, de 1748, Montesquieu isolou-se da agitada vida de Paris em seu castelo em La Brède, próximo a Bordeaux, uma região de ótimos vinhos, aliás. Ali, ele consumiu dois anos e leu não apenas os clássicos, mas também antigos textos não latinos e pré-medievais. Mas a erudição e o rigor das citações de trechos de Procópio, Políbio, Apiano, Zózimo e Jordanes, não devem intimidar o leitor. Com habilidade, Montesquieu serve-se dessas fontes, hoje praticamente inacessíveis, transformando-as em uma deliciosa e completamente inteligível iguaria: um texto curto, sintético, cuja ambição é conceber uma história explicativa e que, por outro lado, incite o leitor a fazer sua própria reflexão.

Montesquieu não se prende à narrativa de eventos singulares ou à sua datação e vai ao essencial com habilidade e método. Ele pretende observar o passado para esclarecer o presente e, nessa empreitada, revela-se um precursor Hegel, o fundador da filosofia da história. Algumas das suas idéias são particularmente úteis para entender tanto a história do Império Romano, quanto a filosofia de Iluminista que serviu tão bem ao Estados Modernos. Montesquieu acredita que há racionalidade na história: “Não é a sorte que domina o mundo. Quando o acaso de uma batalha, isto é, uma causa particular, destrói um Estado, é porque havia uma causa geral que fazia com que este Estado devesse perecer em uma única batalha”. Mas também não se deixa fascinar pelas individualidades: “Se César e Pompeu houvessem pensado como Catão, outros teriam pensado como César e Pompeu”.

Hoje, quando os leitores de história parecem preferir as estruturas ocultas e estáveis à simplória cronologia dos fatos, essas considerações adquirem novo valor e reafirmam a modernidade de Montesquieu.

Revista Aventuras na História

Um comentário:

Em@ disse...

Olá, Eduardo!
são sempre interessantes os artigos que posta.
1 abraço