segunda-feira, 8 de março de 2010

Crise de Suez


1956. A região do Canal de Suez está à beira de uma guerra. França e Grã-Bretanha, com a cumplicidade de Israel, querem assumir o controle do Canal, que está sob a guarda do Egito. Moscou e Washington, desta vez em pleno acordo, estão furiosas.

Sem o Rio Nilo, o Egito está perdido. Com seus quarenta e cinco milhões de habitantes, o Egito é o país mais populoso do mundo árabe.

A represa de Assuan, que inaugurou o processo de modernização do Egito, é obra do governo do general Gamal Abdel Nasser, fundador da República do Egito. A história da construção desta represa é um bom exemplo do fosso que separa os países ricos dos países pobres.

1956. Nasser é presidente. Antes de mais nada, porém, é um nacionalista que quer fazer do Egito um país independente, industrializado, e modelo para todo o mundo árabe.

Mas, o Canal de Suez é controlado por uma corporação privada, francesa e inglesa. Além disso, o Egito não tem infra-estrutura industrial e são poucos os trabalhadores e técnicos especializados. Para completar, o Egito vive em estado de permanente hostilidade contra Israel.

No período entre 1954-55, a França vende tantas armas a Israel que Nasser vê-se obrigado a se igualar ao adversário. Tenta, de início, comprar armas dos americanos. Como não consegue, volta suas atenções para o bloco soviético. Em represália, Washington suspende a ajuda técnica para a construção da represa de Assuan. Mas, Nasser não se intimida e nacionaliza a região do Canal de Suez.

Com a riqueza gerada pela exploração do Canal, consegue financiar a contrução da represa. Com a colaboração técnica dos soviéticos, consegue ampliar sua área de influência até o Oriente Médio.

Em 26 de julho de 1956, da janela do prédio da Bolsa de Valores do Cairo, Nasser pronuncia um discurso histórico. Ao mesmo tempo, seu exército se prepara para tomar as instalações do Canal. A operação é iniciada com uma expressão "senha": quando Nasser menciona o nome de Ferdinand de Lesseps - engenheiro francês que construiu o canal em 1869 - as forças egípcias assumem o controle do Canal de Suez.

Na França, como na Grã-Bretanha, a notícia da nacionalização explode como uma bomba. Ao mesmo tempo, a União Soviética enfrenta o Levante da Hungria.

Franceses e Ingleses se unem num plano para derrubar Nasser do poder e reassumir o controle do Canal, com a ajuda de Israel. O plano é simples: Israel ataca o Egito e, assim, dá motivo para que franceses e britânicos intervenham na região.

Como os historiadores diriam mais tarde, é a última grande investida colonialista do século.

A União Soviética ameaça Londres e Paris com um ataque nuclear.

O presidente americano Dwight Eisenhower quer dar um fim ao conflito. Negocia uma venda maciça de libras inglesas, provocando a queda do valor de mercado da moeda. Londres, em pânico, suspende os combates no mesmo dia. Os americanos, assim, conseguem controlar a crise do Canal de Suez. Abdel Nasser torna-se o herói do mundo árabe e, por extensão, herói de todo o Terceiro Mundo.aproveitar, a primeira oportunidade de diálogo com o Terceiro Mundo.

TV CULTURA - Cenas do Século 20

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