Carolina Gutierrez
(11/03/2009)
I.
Cidade Tabajara. Pernambuco. Roupas coloridas estendidas nas arquibancadas do Ilumiara Zumbi. Surrões, com seus chocalhos, deitados no chão. Verde, vermelho, azul, rosa, amarelo. Silêncio. Ninguém a vista. Somente as indumentárias dos folgazões brilham perpétuas e quietas secando ao sol. A brincadeira já passou. Mas se fechar os olhos, ainda posso ouvir o som e as loas do maracatu de baque-solto. E nesse sonhar acordado, as roupas levantam-se e retomam seus personagens. Como num flash, o caboclo-de-lança me surge outra vez diante dos olhos. Guerreiro e exuberante. As servis baianas enrolam suas saias rodadas. Reamares exibem os chapéus de longas penas pavão. Catita, Mateus e a Burrinha vêm chegando, tirando a maior zoada. E de repente, o mestre cantador improvisa na toada do baque-solto: “Galega, acorde! O carnaval já passou”. Abro os olhos. As roupas continuam lá. Permaneço parada buscando as imagens e os sons que já se foram junto com Momo. E que estranhamente continuam ritmando a respiração do chão de paralelepípedos da Cidade Tabajara, em Paulista, região metropolitana do Recife.
Nesta quinta, ressaca da folia, deixei que as lembranças fizessem minhas pernas andar até a Casa da Rabeca, do falecido mestre Salustiano. E no caminhar, a memória da segunda-feira de carnaval me povoou.
Maracatus vindos de todos os lados se enfileiravam um atrás do outro, aguardando a vez de seu desfilar no 19º encontro de maracatus de baque-solto. Velhos, jovens, adultos, crianças. O Piaba de Ouro – da família Salu – era o primeiro.
"Caboclinhos-de-lança do maracatu Piaba de Ouro"
Na espera, conheci o caboclo-de-lança José Alexandre, de 53 anos. O cortador de cana-de-açucar sempre foi brincante; primeiramente do caboclinho Tribojé e agora – há 6 anos já – um dos guerreiros do maracatu Piaba de Ouro. Com a grande cabeleira de papel celofane verde, cravo branco entre os lábios, óculos escuros, rosto tingido de urucum, guiada (lança) em mãos, gola e surrão, José Alexandre me contou que ele, como muitos outros folgazões (nome dado aos brincantes de maracatu), carrega o peso do caboclo-de-lança, do cortador de cana, dos escravos.
Ele era muito conhecido de mestre Salustiano. “Olhe menina, foi Salu que acabou com a rivalidade dos maracatus. Foi da cabeça dele criar a Associação dos Maracatus, em 1989. E foi Salu que fez esses encontros em Aliança, Nazaré da Mata e aqui no Ilumiara Zumbi”. Mestre Salustiano, pra quem não sabe é considerado embaixador da cultura popular. Morreu foi ano passado, deixando 15 filhos e várias nações de maracatu. “Pra mim eu perdi tudo, porque convivia com ele há muito tempo”. Ele é respeitado, querido. Deixa saudade!”, seu Zé Alexandre confidenciou.
Mais que de repente ouviu-se uma apitada. Vixe que o desfile vai começar...começou. Os caboclos-de-lança começam a se movimentar, e com eles todos os personagens do maracatu. O Piaba de Ouro desce a ladeira em direção ao Ilumiara Zumbi. O lugar é uma espécie de semi-arena de concreto, com arquibancadas, um espaço circular no centro. Um palco é colocado em frente. Lá já está o mestre cantador, o terno – instrumentos de percussão -, e os instrumentos de sopros típicos da toada frenética e dissonante do ritmo do baque-solto.
Pense num cortejo cheio de cores e movimento. Ele é executado em dois círculos – um dentro e outro fora. No centro, estão o rei e a rainha, autoridades do maracatu. Logo ao lado, a corte. Atrás, se encontra o bandeirista, que porta o estandarte da nação. Contornando, lá estão as baianas, encarregadas de servir a corte. Em frente, segue a madrinha – a Dama do Paço (ou Passo), ou mulher da boneca. Atrás, ficam os caboclos-de-pena, ou reamares. Manezinho, filho de mestre Salustiano, me contará depois que são eles que trazem paz para o maracatu. “É como se fossem os caciques da tribo. Quando o pau comia, eram eles que entravam no meio pra apaziguar”. O porta-símbolo é aquele que o próprio nome já fala, ele leva o símbolo da nação. No caso do Piaba de Ouro, é o peixinho, dourado. À frente do cortejo, aparecem Catita, Mateus e a Burra, ou burrinha. Esses tão soltos na buraqueira. São eles que de forma cômica, cheia de graça e num clima de baita zoada, pedem dinheiro para o maracatu. “São eles quem dão comida à nação”, contará Manezinho. Os caboclos-de- lança correm pelo círculo de fora encenando a batalha e golpeando as guiadas (lanças) de 2 metros, todas enfeitadas de fitas, para todos os lados. Eles são os guerreiros da nação.
"Caboclos-de-lança em Nazaré da Mata"
A indumentária é que encanta e hipnotiza os olhares. Na cabeça, uma cabeleira enorme de papel celofane de variadas cores – verde, dourado, roxo, rosa, vermelho, prateado. A gola do caboclo (espécie de manto) é bordada de lantejoulas pelas calejadas mãos do próprio caboclo-cortador-de-cana. O conjunto de miçangas, lantejoulas, vidrilhos forma um mosaico de brilho e de cores. Os desenhos quem escolhe é o caboclo-de-lança. Vai de flores grandes, pequenas e símbolos de times de futebol até homenagens. Um trabalho minucioso, delicado, belo, que se contrapõe aos golpes cerrados do facão, na lida dos canaviais. “O gosto é do caboclo, vai da criatividade dele. Um bom caboclo troca de gola todo ano. Brinca um ano ou dois e depois doa a gola pros maracatus mais simples”. Nas mãos, o guerreiro leva sua arma: uma guiada enfeitada de fitas coloridas e de ponta afiada. Por de baixo da gola, está o pesado surrão – estrutura que leva pendurados sinos-chocalhos. Chega a pesar 10 a 15 quilos, só o surrão. Embaixo de tudo que se pode ver, ainda veste o silourão, fofa, camisa de manga comprida, lenço, óculos escuros, rosto pintado de urucum e o cravo branco entre os lábios. “Isso tudo faz parte da camuflagem do caboclo. Ele é um guerreiro, ninguém pode conhecer e reconhecer quem esse caboclo é”, clarearia Manezinho mais tarde.
O Piaba continuou fazendo suas evoluções até adentrar o centro do Ilumiara Zumbi. No meio do caminho, encontrou uma nação de maracatu de baque-virado. O Batuque Estrelado, com as mãos para cima, saudava o maracatu de Salu, numa homenagem e reverência ao mestre ausente.
"Cortejo de maracatu de baque-solto"
Os caboclos continuavam sua dança circular ao redor das baianas, reamares ou caboclos-de-pena, rei e rainha e da encantadora Dama do Paço ou mulher da boneca. No Piaba de Ouro, ela era uma das filhas de mestre Salu. Imaculada vestia o luto e chorava emocionada a lembrança do pai, ao mesmo tempo em que Saluzinho – Cleyton – improvisava as loas em homenagem. “Piaba, no carnaval deste ano, presta homenagem a mestre Salustiano. Mestre Salu da cultura popular está no céu vendo o Piaba desfilar. (…) A Rede Globo mostrando. Plantão naquele momento. Era o falecimento do mestre Salustiano. (…) Pra ele eu estou cantando, nesse grande festival”. O improviso é difícil captar. E mais difícil é transcrever um emaranhado de emoções e de lágrimas de toda uma gente.
Um minuto de silêncio. Um silêncio que vibrava e explodia em cores, sons, sentimentos, lágrimas, respeito, admiração e cliques de máquinas fotográficas. A homenagem só estava começando. Naquele mesmo lugar, como todos os anos, ainda passariam 105 maracatus de baque-solto em desfile, brincadeira e graça a mestre Salustiano. E um a um, ia se encaminhando para a Casa da Rabeca na outra parte do encontro.
II.
Que significam, afinal, o azougue e o cravo branco na boca? “Isso não se pode falar não. É um preparo para o carnaval que existe há mais de 200 anos, não pode ser quebrado. Só os mais antigos sabem do significado real”
Os pensamentos se esvaíram quando finalmente minhas pernas estancaram na Casa da Rabeca. Outro vazio. As cores não estavam mais lá. Das loas só restava o eco. Mais uma vez, me dei conta que o carnaval já passara. Somente meia dúzia de cabras pingadas. O alvoroço dos maracatus já haviam passado. Da presença do caboclinho Sete Flexas ficou só os rastros dos trupés.
Espero Manezinho, filho mais velho de Salustiano, para uma prosa. Na parte de fora, chão de terra batida. Um grande espaço descoberto, onde quando São Pedro não espirra chuva, as pessoas levantam a poeira no passo do forró, no mergulhão do cavalo-marinho, nas evoluções do maracatu. O coberto tem chão de cimento. Paredes verdes, com um palco ao fundo. Aqui também se brinca. Do outro lado, está a loja da Casa da Rabeca. Enfeitada por grandes máscaras na entrada. Está fechada, mas dentro tem de tudo: mamulengos, gola do caboclo-de-lança, CD, DVD, instrumentos, enfim uma zona boa que só.
Manezinho não aparece. Mas providencialmente, naquele marasmo todo, um menino-moço surge com um cachorro. Agora pense num cão grande. Pois, me aproximei e perguntei por Mané. “Vixe que ele tava aqui agorinha. Tu quer falar com ele, é? Espere aqui que to indo lá na casa dele e dou o recado que tu ta aqui”. O cachorro foi com ele. Uns minutos, e lá vem Manezinho. “Menina, que estava lhe esperando”. Perdi-me nas divagações do caminho.
Vamos até a casa dele. Aliás, todos os quinze filhos de mestres Salu moram ali pela Casa da Rabeca. “Olhe não repare a bagunça, que é tudo coisa do carnaval”. Sentamos do lado de fora da casa. No chão se via pelas serpentinas e pedaços de pano que a festa de Momo tinha passado por ali. No resto não reparei, a pedido do anfitrião. Proseamos um tico sobre o dilúvio desse carnaval. E fomos encaminhando o papo pro assunto de curiosidade: o maracatu de baque-solto, ou rural.
A folia surgiu lá na Zona da Mata de Pernambuco, no iniciozinho do século 20. Foi criado na senzala dos engenhos de cana-de-açúcar e sofreu a forte influência indígena da região. “A dança e a formação do cortejo é toda circular, o que é muito da cultura indígena”. É bom lembrar que do negro com índio nasce o caboclo. “Antigamente, a manifestação era bater madeira de mulungu. Depois começa a sair em cortejo. Daí o nome maracatu, “guerra bonita”, em tupi. E por ser um toque mais solto, ficou maracatu de baque-solto”, explia Manezinho.
Os personagens são sempre os mesmos e não tem um número fixo não. Isso depende do tamanho e riqueza do maracatu. O Piaba de Ouro, veja só, tem mais de 200 integrantes. E há maracatus menorzinhos, com 30 pessoas.
Mas olhe que o maracatu de baque-solto sofreu duas mudanças antes de chegar nessa formação que se vê hoje. Antes, mulher não brincava o maracatu, não. Era coisa de cabra muito macho. Mesmo os personagens femininos, como as baianas, eram homens vestidos de mulher. A mulherada só foi entrar na brincadeira nos anos 70. E veja, que também não existiam o rei e a rainha. Isso foi coisa da Federação Carnavalesca de Pernambuco. Pronto, que a tal federação nunca tinha julgado um concurso com o maracatu-rural. Não entendia patavinas da estrutura da manifestação. Então, decidiu que ela precisava se assemelhar mais com o maracatu-nação. Pois enfiaram o rei, a rainha do Congo no maracatu de baque-solto. Foi assim.
Antigamente, também era mais pobrinho, emenda o filho de mestre Salu. “O chapéu com a cabeleira parecia o de Mateus, do cavalo-marinho. Mirradinho assim. A guiada não tinha fita. A gola era só um tecido estampado com espelhos. Depois que se começou a fazer com vidrilhos. Mas daí descobriu-se que ficava muito pesado e passou-se para a lantejoula. Até porque a lantejoula é coisa nova”.
Manezinho ainda explica que o maracatu de baque-solto é também uma manifestação religiosa. O culto é à Jurema. “O caboclo-de-lança tem todo um preparo para o carnaval. Tem uma preparação individual de abstinência sexual, sete dias antes do carnaval. O caboclo é sempre caboclo. E uma característica, é que ele gosta de fazer seu trabalho só”. E quanto ao azougue e o cravo branco, o que significam afinal?, pergunto, já sabendo da resposta que me aguardava. “Isso não se pode falar não. É um preparo para o carnaval que existe há mais de 200 anos, não pode ser quebrado. Só os mais antigos sabem do significado real disso. E só contamos para os menores quando estiverem preparados. É assim que a tradição se matem e não é perdida”. Tentei a mesma pergunta ao Seu José Alexandre, lá do início do texto, a resposta foi a mesma: “Não se pode falar. É uma proteção que só os antigos fazem e sabem. O caboclo morre com o segredo da cravo, segredo que é só do caboclo”, contou seu Zé Alexandre.
"Seu Zé Alexandre - caboclo-de-lança"
O guerreiro do maracatu ainda toma o azougue- cachaça de cabeça, azeite de dendê, chá de bacalhau, limão e pólvora. Somente os caboclos que mantiveram a abstinência sexual podem beber do azougue.
O segredo escondido na flor e no azougue continuam como deve ser.
III.
A guiada com fitas coloridas é afiada e luta pela nação. Quem não toma tento durante o cortejo, pode ser atingido pela ponta da lança. Manezinho conta que em tempos idos o pau comia solto, entre os maracatus e seus guerreiros
Enquanto fazem suas evoluções, uma mescla de dança com guerra, os caboclos-de-lança chacoalham os surrões localizados nas costas e abaixo da gola, dando a marcação dissonante do maracatu de baque-solto.
A música é peculiar. Ligeira, frenética. Um pulsar constante. Uma mistura de instrumentos de sopro e percussão. Existe o mestre cantador, ou mestre de loas, que comanda o maracatu e improvisa as canções. Quando ele canta, a nação do maracatu permanece parada, escutando. O apito marca as esparradas dos caboclos no chão. A seguir, entram os instrumentos do terno. São cinco músicos de percussão: bumbinho, tarol, porca (cuíca), ganzá e gonguê. O de sopro são o pistom, clarinete, trombone.
Manezinho explica que há três momentos rítmicos: marcha, samba e galope. A marcha é feita na chegada e despedida do cortejo e é cantada em quadra. O samba é dividido em dois – samba curto e samba em dez – e é feito no meio do maracatu. Já o galope não é oito nem oitenta. É uma mistura dos dois: meio marcha, meio galope. Uma das loas mais famosas foi feita por mestre Salu. E caiu no gosto do povo: “Chegou Piaba de Ouro. / Abrilhantando toda cidade/ Carnaval Pernambucano/ Cheio de riso e de vaidade”. “O pai cantou e a gente guarda até hoje”, canta Manezinho.
E no emaranhado do entendimento sobre o maracatu, a imagem do caboclo-de-lança floresce na lembrança daquela segunda de carnaval. Os pés numa dança habilidosa se entrelaçam numa mistura de frevo, capoeira, cavalo-marinho. Uma multidão de caboclos reunidas pela manhã em Nazaré da Mata, pela tarde no Ilumiara Zumbi e Casa da Rabeca. É durante o encontro, em meio à carnavalizante alegria, que o cortador-de-cana deixa o facão de lado e empunha sua arma. Veste-se de guerreiro. Uma força bela, exuberante e protetora. “Não tem preconceito, pode ser o que quiser. É dentro do baque-solto que a gente é rei, presidente, patrão, diretor. Ali, nós somos autoridades”, emociona-se Manezinho.
A guiada com fitas coloridas é afiada e luta pela nação de maracatu. Quem não toma tento durante o cortejo, pode ser atingido pela ponta da lança. Manezinho conta que em tempos idos as guiadas eram usadas na lapada. O pau comia solto entre os maracatus e seus guerreiros. “A nação de maracatu pendurava o dinheiro na bandeira. Quando se deparava com outro grupo, a zoada era furar a bandeira do outro. Tomar o dinheiro daquela nação. Aí o pau cantava. Guiada em um, guiada em outro. Havia muita briga e morte de folgazões”.
Foi para acabar com as peleias que Mestre Salu, homem de idéias, criou, em 1989, a Associação de Maracatus de baque-solto. Na época, somente 12 nações se associaram. Hoje, são 105.
Com a criação da Associação, Salu fez que fez para acontecer o 1º encontro de maracatus. “Pai vendia a idéia e ninguém acreditava. Foi que vendeu uma caminhonete para fazer o encontro”. O primeiro aconteceu na Praça do Carmo, em Olinda, no ano de 1990. Só depois foi feito em Nazaré da Mata, Aliança, Ilumiara Zumbi, Casa da Rabeca e Recife. Foi o ideioso Manoel Salustiano Soares que inventou os encontros. Só depois foram oficializados.
"Maracatu do baque-solto nas ruas do Recife"
A prefeitura de Recife, por exemplo, faz um encontro de maracatus lá no Marco Zero. Nações e nações participam da festa no palco gigante. Ali é o lugar para serem vistos pela mídia e se fazerem conhecidos. Na noite de domingo, as ruas amareladas do Recife Antigo são preenchidas com os sons dos surrões e com o colorido brilhante dos caboclos-de-lança. Passa um, que encontra outro e junta tudo num marco zero. Não é a toa que o caboclo-de-lança e o baque-solto são agora, quiçá mais que o frevo, símbolos da pernambucanidade. E gratos pela idéia de Salu, a prefeitura homenageou mestre Salu neste carnaval multicultural.
E foi da mesma forma genial que Salu resolveu que precisava de um espaço. Em 2002, fez a Casa da Rabeca. “A mesma história. ’Quero fazer aqui o meu lugar. O encontro da rabeca com a sambada, com cavalo-marinho, forró, maracatu’", lembra Manezinho. E olhe que a coisa tomou tamanha proporção que hoje cabem 3 mil pessoas no terreiro.
Salustiano, embaixador da cultura, deixou 15 filhos. O mais velho, Manezinho, 39 anos; a mais nova, Beatriz, de 6. Manezinho riu: “Pai queria completar um cavalo-marinho, que é 20”.
IV.
“Eita que era meu pai sozinho fazendo. Metia na cabeça: vou fazer. Passava fome mas fazia. Vida dele é cultura. Lutava por isso. Para crescer a cultura”
"Homenagem a Salu, no Encontro de maracatus em Nazaré da Mata"
“É muito difícil. Pode estar coisa mais bonita, com multidão, mas falta alguma coisa, entende. Bastava ele ficar ali sentado assistindo. O comando vinha dele. Agora os filhos vamos continuar fazendo o que pai gostava, que era brincar a cultura popular. Não muda nada, o que muda é a falta dele”.
A perda deixa um vazio na folia, em casa, na Casa da Rabeca. Um folgazão morreu. Um brincante morreu. Uma parte da cultura se foi.
“Eita que era meu pai sozinho fazendo. Metia na cabeça: vou fazer. Passava fome mas fazia. Vida dele é cultura. Lutava por isso. Para crescer a cultura”.
Ôxi Salu. Venha se ler aqui. Veja os folgazões. Mire a folia linda do carnaval que tu ajudou a fazer. Não morres, não. Permaneces.
Le Monde Diplomatique
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