quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Martin Luther King - O sonho assassinado

O pastor evangélico se impõe como um dos grandes pacifistas do século XX, enquanto a sociedade americana branca, ciosa demais de sua hegemonia para se preocupar com os negros, desdenha as tensões raciais.
por Pascal Marchetti-Leca

Martin Luther King Jr, num restaurante em Atlanta, em abril de 1964, meses antes de receber o Prêmio Nobel da Paz

Atlanta, 1935. Uma cabecinha encarapinhada vagava com sua candura perspicaz pela Auburn Avenue. O olhar perturbador, o passo medido. O menino, o pensamento longe, às vezes interrompia o passeio para jogar a bola que levava entre o braço e o peito. Improvisava acrobacias e batia a bola ao mesmo tempo que declamava passagens do Livro da Sabedoria: "Amai a justiça, vós que julgais a terra, pensai no Senhor com retidão, procurai-o com simplicidade de coração". Em seguida, mudando de atitude, tornava a pôr a bola debaixo do braço. Apesar de jovem, o garotinho sabia efetivamente que, mesmo sendo sagradas, as Escrituras, das quais as pessoas se desviam, não deixavam de ser vãs. E por mais de um motivo.

Filha de Adam Daniel Williams, o pastor da igreja batista de Ebenezer, que desde a década de 1910 militava na NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor), sua mãe, Alberta, inculcou-lhe os princípios da moral evangélica. Oriunda de um meio privilegiado, ela havia freqüentado os melhores colégios. Ainda que sempre denunciasse a discriminação racial, a verdade é que nunca as sofreu diretamente. No dia 25 de novembro de 1926, casou-se com Mickael Luther King, filho de um meeiro de Stockbridge que estava em Atlanta para estudar.

Antecipando-se ao sonho igualitário do filho, Mickael, que trocaria o nome por Martin, teve participação na luta pela emancipação do povo negro. "Meu pai [...] decidiu nunca mais entrar num ônibus da cidade por ter presenciado certas brutalidades de que eram vítimas os passageiros negros. Foi ele que assumiu o comando da luta [...] pela igualdade de salários dos professores e teve um papel preponderante, nos tribunais, para que se eliminasse a segregação nos elevadores", recordaria King ao receber o Nobel da Paz.

Em 1931, com a morte de Williams, seu genro o sucedeu à frente da paróquia de Ebenezer. Martin Luther King pai conquistou a confiança da comunidade negra e a estima reticente dos brancos. Alberta e ele cuidavam zelosamente dos três filhos. Longe dos guetos, Christine, Adam Danmiel Jr. e, naturalmente, o caminhante da Auburn Avenue tiveram uma infância mimada de classe média. "Meu pai, que punha a família acima de tudo, sempre nos proporcionou o necessário. Embora tivesse apenas um salário normal, seu segredo era ser mestre na arte de [...] administrar o orçamento. [...]A vida me foi dada como um presente de Natal", comentou certa vez King.



Nascido em 15 de janeiro de 1929, Mickael, que, tal como o pai, posteriormente adotaria o nome Martin, começou freqüentando escolas públicas da capital da Geórgia. Não tardou a amargar a experiência da segregação. Na escola, o menino não compreendia que teria de se afastar do companheiro de brinquedos, um aluno branco com o qual gostaria de dividir a carteira: "A ruptura se consumou quando ele me contou que seu pai o havia proibido de brincar comigo. Nunca vou esquecer o choque imenso que isso me causou".

Em 1944, ao concluir um curso brilhante num estabelecimento de ensino secundário da cidade, ingressou no colégio universitário de Morehouse, onde já o precediam "três gerações de King". Optou pela teologia. No dia 25 de fevereiro de 1948, foi ordenado no templo de Ebenezer. "Eu me criei na religião. Meu pai é pastor, meu avô era pastor, meu bisavô era pastor, meu único irmão é pastor, o irmão de meu pai é pastor. Portanto, eu não tinha escolha", explicou. Promovido a assistente na paróquia do pai, Luther King continuou o estudo de sociologia. No mesmo ano, trocou Morehouse por Chester, na Pensilvânia.

Lá se matriculou no seminário de Crozer, onde se diplomou em teologia em 1951. A seguir, decidiu aprimorar a formação na universidade de Boston. E, enquanto se dedicava à redação de uma tese, apaixonou-se por uma estudante de musicologia, Coretta Scott, com quem se casou pouco depois. Martin Luther King pai abençoou o casal em 18 de junho de 1953. Dessa união nasceram Yolanda Denise, apelidada Yoki (1955), Martin Luther III (1957), Dexter Scott (1961) e Bernice Albertine (1963).
Inicialmente, o jovem casal se fixou em Montgomery (Alabama), onde, apesar da forte tensão social, King aceitou, em 1954, o ministério pastoral de Dexter Avenue.

Imbuído da obra dos grandes filósofos (Platão, Aristóteles, Rousseau, Locke), do sociólogo Walter Rauschenbusch e do pensamento de seu mestre, Gandhi, concluiu, paralelamente, o trabalho de pesquisador. A universidade de Boston acabava de lhe conferir o título de doutor quando irrompeu um conflito racial cuja violência haveria de orientar todo seu pastorado. No dia 1o de dezembro de 1955, Rosa Parks, costureira de 42 anos [que morreria no final de 2005 com 92 anos], tomou um ônibus a fim de voltar do trabalho para casa. O veículo não tardou a ficar lotado. O motorista não teve dúvidas em mandá-la ceder o lugar a um passageiro branco. Ainda que educadamente, Rosa Parks recusou se levantar. Foi presa imediatamente. Ativista dos direitos civis de grande influência na comunidade negra, Edgar Daniel Nixon interferiu, encarregando-se de pagar a multa a que Rosa Parks fora condenada.

Os chefes de clãs e os pastores se mobilizaram para defendê-la e fundaram o MIA (Movimento pelo Progresso de Montgomery), à frente do qual colocaram Martin Luther King. Enquanto se organizava o boicote dos ônibus, King esboçou sua doutrina da não-violência - "Amai vossos inimigos, abençoai os que vos maldizem e orai pelos que vos caluniam" - e, pouco a pouco, erigiu-se defensor dos negros dos Estados Unidos.

A municipalidade procedeu a prisões em massa (de numerosos pastores, entre os quais o próprio King) que, longe de abafar o fato, chamaram a atenção da imprensa. A empresa de transporte coletivo de Montgomery ficou à beira da falência. As autoridades pressionaram King para que pusesse fim ao boicote. Sucediam-se as intervenções e as intimidações. Em janeiro de 1956, seu domicílio chegou a ser alvo de um atentado. King resistia. No entanto, em 4 de junho de 1956, o tribunal federal do distrito condenou as normas segregacionistas vigentes no transporte coletivo. O prefeito recorreu à Suprema Corte, que, no dia 13 de novembro seguinte, confirmou a sentença. Naquela noite, os capuzes brancos e as violências da Ku Klux Klan não intimidaram ninguém.

No entanto, ainda não era o caso de se acomodar numa presunção de vitória. A partir de janeiro de 1957, os porta-vozes de dez estados sulistas se reuniram para fundar a SCLC (Conferência dos Dirigentes Cristãos do Sul). King foi eleito seu presidente. A organização apoiava sua luta no respeito generalizado às novas disposições legais em matéria de transporte coletivo e no direito de voto dos negros. Incansável, ele percorreu os Estados Unidos, tendo pronunciado mais de cem discursos em um ano. Discípulo de Gandhi, pregava a não-violência. Sabia que "o sofrimento tem o poder de converter o adversário e de abrir seu espírito que, do contrário, permanece surdo à voz da razão". Publicou seu livro Combates pela liberdade em 1958, envolto num humanismo confiante, seu credo pacifista.

Mais do que nunca, King foi alvo de acusações. No dia 20 de setembro de 1958, manipulada por uma campanha de difamação arquitetada contra ele, uma doente mental, que o supunha comunista, cravou-lhe um corta-papel no peito. O pastor escapou à morte por um triz. Interpretando essa agressão como um sinal, decidiu viajar à Índia, a fim de sincronizar seus passos com os de Gandhi. À margem do Ganges, King entreviu "a luz que pode brilhar nas trevas". Tanto que, no fim de sua peregrinação, anotou em seu diário: "O caminho da submissão conduz ao suicídio moral e espiritual. O caminho da violência conduz os sobreviventes ao rancor e os destruidores à bestialidade. Mas o caminho da não-violência leva à redenção [...]".
Reforçado em suas convicções, King retornou ao Alabama. Ali, em breve, seria obrigado a fazer uma escolha. Como a presidência da SCLC conflitava cada vez mais com sua atividade pastoral, voltou a Atlanta, onde, em 1960, passou a ser pastor adjunto da igreja de Ebenezer. A partir de então, a ação militante se alastrou por todo o Sul. Tal como Montgomery, Greensboro foi palco de uma revolução em desenvolvimento. Nessa cidade da Carolina do Norte, quatro estudantes negros desafiaram a polícia, "sentando-se no interior" de um restaurante, apesar das leis segregacionistas. Foi o início dos famosos sit-in. Esse movimento se estendeu a dezenas de cidades. E, mesmo sem ter sido seu instigador, King participou do rápido desenvolvimento do movimento estudantil. Preso numa manifestação em Atlanta, foi condenado a quatro meses de trabalho forçado na penitenciária de Reidsville (Geórgia). Mas Robert Kennedy, preocupado com a disputa da presidência da qual participava seu irmão, obteve do juiz a anulação da pena. Mediante o pagamento de fiança, é claro.

Para comprovar a eficácia da não-violência, King lançou a campanha de Birmingham em 1963, visando à dessegregação dos cafés e das grandes lojas de departamentos. Tratava-se de aplicar um golpe fatal contra a discriminação na própria cidadela da Ku Klux Klan. Em 12 de abril, foi preso por infração da proibição das passeatas.

Pressionado pelas autoridades religiosas brancas para pôr fim às agitações, endereçou-lhes, no dia 19 de abril, uma Carta da prisão de Birmingham, que viria a ser o manifesto do Movimento pelos Direitos Civis. "Uma lei injusta é uma lei humana sem raízes na lei natural e eterna. Toda lei que eleva a personalidade humana é justa. Toda lei que impõe a segregação é injusta porque a segregação deforma a alma e prejudica a personalidade." John Kennedy, agora inquilino da Casa Branca, e o irmão Bob intervieram uma vez mais para tirá-lo da prisão.

Em 20 de maio, a Suprema Corte declarou inconstitucional a legislação segregacionista de Birmingham. Algumas semanas depois, Kennedy anunciou uma nova legislação sobre os direitos civis. No dia 28 de agosto, realizou-se a Marcha sobre Washington, no fim da qual Martin Luther King fez seu mais célebre discurso: "Eu tenho um sonho". Porém, em 22 de novembro seguinte, King viu no assassinato de John Kennedy a premonição de seu próprio fim: "É o que também vai acontecer comigo. Esta sociedade está doente!" Mesmo assim, em 2 de julho de 1964, viajou a Washington para presenciar a assinatura da lei dos direitos civis (o Civil Rights Act) pelo presidente Lyndon Johnson.

Porém, sem o direito às urnas e à mercê da pobreza endêmica, as gerações de negros continuavam vivendo à margem da prosperidade. No dia 14 de outubro de 1964, Martin Luther King recebeu o Nobel da Paz. Encarou a distinção como o reconhecimento da legitimidade de sua luta pela comunidade internacional. "Aceito hoje o prêmio com uma fé inquebrantável nos Estados Unidos e com uma fé inabalável no futuro da humanidade [...]", disse na cerimônia de 10 de dezembro, em Oslo. Simultaneamente, J. Edgar Hoover, o chefe do FBI, contrariado com tantas homenagens, ameaçou: "Devemos segui-lo passo a passo [...] como o negro mais perigoso para o futuro deste país."



Sem embargo, Martin Luther King organizou a marcha de Selma, em 25 de março de 1965, que foi "o mesmo que Birmingham em 1963. Estava em jogo o direito de voto, que substituiu o problema do transporte coletivo no espírito de um vasto povo ansioso [...] por ter voz na questão do seu próprio destino." Depois de dezenas de marchas de protesto e de algumas centenas de mortos, Johnson assinou o Voting Rights Act, que condenava a segregação nos locais públicos e protegia o direito de voto dos negros.

No dia-a-dia, tais medidas não passavam de ilusão. Embora não tivesse perdido o carisma, King convencia cada vez menos. Desanimado, traído, passou a radicalizar suas posições e a pregar "a participação no poder". Em 1967, declarou-se contrário à Guerra do Vietnã, atitude que provocou divergências no seio da SCLC e suscitou a desconfiança do FBI.

Quando organizava a Marcha dos Pobres sobre Washington, King decidiu ir a Memphis (Tennessee) levar seu apoio aos lixeiros em greve que haviam sido reprimidos. Um morto, prisões em massa. Caminhou pela última vez com os oprimidos. No dia 3 de abril de 1968, fez o último discurso no templo do bispo Charles J. Mason: "Pouco importa o que me acontecer agora, pois já cheguei ao cume da montanha [...] Olhei à minha volta. E vi a Terra Prometida. Pode ser que não entre nela com vocês [...] Estou feliz esta noite [...] Nada me preocupa [...]"

No dia seguinte, detendo-se junto ao balcão do Motel Lorraine, ele falou a um amigo que passava: "É claro que esta noite, você vai tocar Senhor, segura a minha mão. Toque-a bem para mim". Nesse exato momento, ouviu-se um disparo. King tombou com um buraco na garganta.

Cronologia
1929
Nascimento de Mickael "Martin" Luther King em Atlanta
1948
É ordenado pastor
1955
O caso Rosa Parks motiva seu engajamento contra a segregação
1958
Vítima de atentado, em 20 de setembro
1963
Marcha sobre Washington, na qual fez seu famoso discurso "Eu tenho um sonho"
1964
Recebe o Prêmio Nobel da Paz
1968
É assassinado em Memphis

Luther King e Malcom X, irmãos e inimigos
Quinze dias depois da Marcha sobre Washington, uma carga de dinamite destruiu uma igreja batista de Birmingham. Quatro meninas morreram. A militante Anne Moody se revoltou contra Martin Luther King: "Por mais que eu viva, nunca mais vou deixar um branco me agredir [...] Acabou-se a não-violência!" Os princípios de uma "revolução pacífica", defendida por King, foram duramente contestados. O presidente da SCLC (Conferência dos Dirigentes Cristãos do Sul) parecia sozinho. Para os seus, King imitava cada vez mais o "Pai Tomás", personagem de romance abolicionista do século XIX.

"Martin Luther King, coitado, está sob a influência das raposas, ou melhor, sob o seu jugo", ironizou Malcolm X, dos Black Muslims (Muçulmanos Negros). Mas compreendia que, tanto quanto ele, King combatia o "sistema da supremacia branca".

E, mesmo considerando o princípio da autodefesa a condição prévia de toda ação, apoiou-o diversas vezes como a um irmão. Em Selma, sobretudo, a mensagem foi clara: "As pessoas fariam bem em dar [a King] o que ele exige [...] antes que outros [...] tratem de obtê-lo de outro modo!"

Em compensação, quando estava dirigindo a campanha de Chicago, em janeiro de 1966, King compreendeu que os guetos já não escutavam sua voz. Nos cortiços, as teorias do Black Power (Poder Negro), lançadas por Stokely Carmichael, suplantavam seus esforços pacifistas. Dois estudantes da Califórnia, Bobby Seale e Huey Newton, lhe eram favoráveis. Articularam o movimento Black Panthers, logo considerado o "inimigo público número 1" pelo FBI. E, Edgar Hoover não poupou cinismo: "Não vale mais a pena ser uma astro do esporte, um atleta ou artista bem pago, um empregado ou um operário [...] em vez de um negro que só pensa em destruir as instituições?"

Três Nomes, um assassino
A notícia do assassinato de Martin Luther King desencadeou uma onda de violência: mais de 150 cidades ficaram em chamas e cobertas de sangue.

A cerimônia dos funerais, realizada em Atlanta, reuniu 100 mil pessoas. Todos se perguntavam: "Quem matou Martin Luther King?" Logo depois do disparo, os agentes federais encarregados da segurança do hotel vasculharam os quartos. Num deles, encontraram um fuzil, entre outras coisas.

A arma tinha sido comprada em Birmingham por um tal Harwey Lowmeyer. O hóspede havia se registrado no hotel com o nome de John Willard e, na véspera, alugara um quarto em outro estabelecimento para Eric Galt. O fato é que Lowmeyer, Willard e Galt eram a mesma pessoa: James Earl Ray, um foragido da penitenciária de Missouri.

Preso na Grã-Bretanha, ele foi extraditado para os Estados Unidos um mês depois. Por recomendação do advogado, Ray se declarou culpado a fim de obter um veredicto mais benévolo. Escapando à pena capital, foi condenado a 99 anos de reclusão. Mas, logo a seguir, voltou atrás e se declarou vítima de uma maquinação.

Em 1979, um relatório confirmou a culpabilidade de Ray. No final da década de 1990, Dexter Scott, o filho caçula de Martin Luther King, visitou Ray no hospital carcerário de Nashville. Diante dos fotógrafos, apertou sua mão e ouviu dele a frase: "Eu não matei seu pai!" Ray morreu na prisão em 1998.

28 de agosto de 1963:
A apoteose do 28 de agosto coroou os acontecimentos que marcaram o verão de 1963. Em 11 de junho, quando John Kennedy anunciou um novo projeto de lei dos direitos civis, uma comoção percorreu os Estados Unidos. A Casa Branca parecia ter entendido o grito "nascido do silêncio de Birmingham". Então A. Philip Randolph, o militante infatigável e decano dos líderes negros, propôs uma marcha sobre Washington que, "numa ação de claridade deslumbrante", reunisse todas as forças dispersas do país. Pela primeira vez na história, os negros lançaram uma ofensiva numa linha de frente interminável. Esse apelo, que ecoou nos quatro cantos dos Estados Unidos, despertou igualmente a consciência recalcitrante dos brancos.

Assim, mais de 250 mil pessoas se reuniram diante do monumento a Abraham Lincoln. "Era um exército sem fuzis, mas não sem força", comentou Martin Luther King. As igrejas brancas, normalmente tão discretas, participaram dessa manifestação que o próprio John F. Kennedy estimulou. "Nós não tínhamos ódio, tínhamos [...] a paixão pela liberdade. Lá nos postamos, diante de Lincoln, diante de nós mesmos, diante do nosso próprio destino", acrescentou o pastor, que se aproximou da tribuna para encerrar o evento. Seu discurso tinha sido preparado na noite anterior, num quarto de hotel. Entre os dedos, algumas anotações, as quais ele desprezou ao recordar a frase que pronunciara no mês de junho anterior: "Eu tenho um sonho..." Súbito, abandonou o manuscrito e improvisou: "Sonho que um dia, nas rubras colinas da Geórgia, os filhos dos antigos escravos e os filhos dos antigos senhores hão de se sentar juntos à mesa da fraternidade. [...] Sonho que meus quatro filhinhos um dia hão de viver num país em que não serão julgados pela cor da pele, e sim pela natureza do seu caráter..."

Pascal Marchetti-Leca é professor na Universidade da Córsega e autor de Innominata (Dcl, 2001).

Revista Historia Viva

Um comentário:

Café da Madrugada® Lipp & Van. disse...

Eu prezo tanto a vida que tiveram, a historia que marcara, o bem que pessoas como ele fizeram! A força que o fez lutar pelos seus ideais! Uma força que vem de Deus, só pode!