Lavoisier: a outra revolução de 1789
No ano da queda da Bastilha, um cientista derruba velhos enganos e ergue a Química moderna. Mas tudo termina em tragédia.
Por Pedro Cavalcante
O francês Antoine Lavoisier, fundador da Química atual, nasceu rico, teve sorte no amor, viu sua obra reconhecida e festejada muito além das fronteiras de sua terra. Ao se aproximar dos 50 anos, tinha tudo para se considerar feliz. De repente, sua sorte deu uma virada. Escapou por pouco de um linchamento, foi encarcerado, morreu na guilhotina e acabou enterrado numa vala comum. Tanto sua desgraça quanto o motivo maior de sua glória datam de 1789, ano em que os franceses tomam a fortaleza da Bastilha e ele lança o seu Tratado elementar de Química. Com a queda da Bastilha, começava a Revolução Francesa; com o seu livro, uma das maiores revoluções científicas de todos os tempos.
Não foi por suas idéias sobre Química que Lavoisier perdeu a cabeça sob a lâmina da guilhotina. Mas, sendo homem extraordinariamente versátil, além de se dedicar à ciência, desenvolvera durante a vida um amplo rol de atividades. E, naturalmente, fizera inimigos. A acusação número um contra ele foi a de ter servido à monarquia como fermier-général, coletor de impostos, ocupação intolerável para os revolucionários, dado o caráter literalmente revoltante dos tributos extorquidos pelo Ancien Régime. Ainda assim teria talvez escapado como tantos de seus colegas se um dos seus mais ferrenhos desafetos - um médico charlatão que tentara inutilmente, devido à oposição de Lavoisier, obter a aprovação da Academia de Ciência para suas teses de magnetismo animal - não tivesse se convertido no todo-poderoso panfletário Jean-Paul Marat.
Lavoisier, politicamente, não era nenhum reacionário. Suas idéias talvez fossem o melhor que se poderia esperar de suas origens sociais. Ele nasceu em Paris no dia 26 de agosto de 1743. Pelo lado paterno, sua árvore genealógica começa por um modesto cocheiro da cidadezinha de Villers-Cotterets; do lado materno, por um açougueiro de Paris. Mas o pai e os dois avôs já eram advogados de renome e fortuna considerável. Essa fortuna permitiu ao pai adquirir um título de nobreza, como faziam muitos burgueses. Lavoisier pôde assim estudar no Colégio Mazarin, um dos melhores da França.
Aos 18 anos, entrou para a Faculdade de Direito, mas fazia excursões científicas pelos arredores de Paris e ainda freqüentava cursos de História Natural. O interesse pela Química foi despertado por Guillaume Rouelle, personagem excêntrica, que gostava de surpreender os alunos provocando explosões inesperadas. Nessa época, segunda metade do século XVIII, a ciência na França avançava desordenadamente. A Matemática e a Astronomia saltaram à frente com a publicação de três grandes tratados: Mecânica Analítica, de Joseph-Louis Lagrange (1736-1813), Mecânica Celeste, de Pierre-Simon Laplace (1749-1827), e Geometria Descritiva, de Gaspard Monge (1746-1818).
Esses três autores, todos detentores de títulos de nobreza, futuros colegas de Lavoisier na Academia de Ciências, seguiram destinos diversos durante a Revolução Francesa - mas todos conservaram a cabeça e não tiveram propriamente do que se queixar. De resto, a ciência da época era sobretudo qualitativa: balanças e outros instrumentos de medida eram raros em laboratórios. Embora a existência da pressão do ar já houvesse sido demonstrada mais de um século antes pelo italiano Evangelista Torricelli (1608-1647), o inventor do barômetro, a composição química da atmosfera e seu papel nos processos de combustão, oxidação e decomposição ainda eram ignorados.
A teoria do flogisto, concebida pelo alemão Georg Ernest Stahl (1660-1734), era aceita por todos. O flogisto seria uma substância presente em todos os materiais combustíveis dos quais se liberava na combustão. Acreditava-se igualmente, segundo a tradição da alquimia, que a matéria podia surgir do nada e se dispersar no nada. Experiências de laboratório malconduzidas reforçavam essa convicção. Como não se levava em conta a existência de gases, parecia freqüentemente que o peso de um composto era maior (ou menor) que o de seus componentes. Isso levava à conclusão de que a matéria estava sendo criada (ou destruída) ou ainda de que o peso das substâncias era uma característica sujeita, como a cor, a variações durante os processos químicos.
O combate à teoria do flogisto, que levara a Química a um beco sem saída, e a defesa da Lei da Conservação da Massa, base quantitativa de toda a Química moderna, foram as duas grandes tarefas científicas da trajetória de Lavoisier. Aos 23 anos, recebera 100 mil libras de herança da mãe e outras 200 mil que o pai lhe doara para começo de vida. Poderia se dedicar exclusivamente à carreira científica, iniciada de forma meteórica, pois aos 25 anos era membro da Academia de Ciências. Mas foi então que resolveu entrar para o mundo dos negócios. Pelo sistema em vigor na França monárquica, os escorchantes impostos - dos quais nobreza e clero estavam isentos - podiam ser coletados por particulares. Era um sistema corrupto, além de opressivo.
Para participar da Ferme Générale, como era chamada a muito lucrativa associação dos coletores, o interessado deveria adiantar 1,5 milhão de libras ao Tesouro real, pelo direito de receber e guardar para si o que arrecadasse além de determinada cota durante seis anos. Com recursos próprios e emprestados, Lavoisier conseguiu reunir 500 mil libras, adquirindo assim um terço de uma cota na Ferme Générale. A história dos coletores estava recheada de escândalos. Mas havia também homens escrupulosos, de espírito aberto, interessados em modernizar o sistema. Um deles era Jacques Paulze, cujo salão em Paris era freqüentado por muitos liberais. Quem mais interessou o jovem Lavoisier no salão de Jacques Paulze, porém, foi sua filha, Marie Paulze.
Embora Marie tivesse apenas 14 anos e Lavoisier já andasse pelos 28, isso não era considerado empecilho. Ao contrário, com a chegada de Lavoisier, Marie encontrou um pretexto para se livrar de um nobre arruinado de 50 anos que queria se casar com ela. O casamento com Lavoisier parece ter sido feliz. Marie Paulze também se interessava por ciência e colaborou intensamente acompanhando as experiências do marido, tomando medidas e notas, ilustrando acuradamente a aparelhagem empregada. Além disso, traduzia e vertia obras técnicas do e para o inglês. Ele era um homem extremamente organizado. De manhã, fazia ciência das 6 às 8; à noite, das 7 às 10. No meio tempo, ocupava-se de mil e um encargos. Mas, toda semana, um dia inteiro era dedicado a experiência. Prova de sua paixão pela ciência, chamava-o jour de bonheur, dia de felicidade.
As funções iniciais de Lavoisier na empresa de coletores impunham-lhe viagens longas e freqüentes pelas províncias francesas. Mas sempre achava tempo para seus interesses científicos. Depois de alguns trabalhos sobre a natureza do gesso e sobre os diversos tipos possíveis de iluminação pública da época, Lavoisier iniciou o seu combate contra a teoria do flogisto. O que primeiro lhe chamou a atenção foi um fato notado um século antes pelo irlandês Robert Boyle (1627-1691): ao se aquecer um metal até que ele se torne calcinado, o resíduo pesa mais do que o material original. Lavoisier repetiu a experiência com vários metais e com o enxofre, obtendo o mesmo resultado.
Ao contrário do que pretendia a teoria do flogisto, portanto, nada estava sendo liberado, mas algo vinha se juntar à substância aquecida. Hoje se sabe que o oxigênio presente no ar é que se combina com ela. Lavoisier intuiu esse fenômeno já em 1774 ao enviar para a Academia de Ciências uma coleção de trabalhos, um dos quais sobre a existência de um fluido elástico fixado em algumas substâncias e sobre os fenômenos que resultam de sua liberação e fixação. Vários anos seriam necessários ainda para demonstrar cientificamente a composição do ar, por meio de uma experiência que se tornaria um clássico na história da Química.
Em 1783, Lavoisier sintetizou a água, misturando oxigênio e hidrogênio dentro de um grande frasco e desencadeando a reação através de uma centelha elétrica. Pouco mais tarde, conseguiu inverter o processo. Fez passar água muito lentamente por um cano de espingarda aquecido ao rubro e cheio de limalha de ferro. Com o calor, o oxigênio da água oxidava a limalha de ferro, ficando retido no caminho, enquanto o hidrogênio escapava livre pelo outro lado. A importância maior de Lavoisier não está, porém, no ineditismo de suas experiências, pois muitas foram inspiradas ou mesmo diretamente copiadas de seus colegas. A diferença está nas conclusões que ele soube tirar - estas sim, inteiramente originais.
Os químicos ingleses Joseph Priestley (1733-1804) e Henry Cavendish (1731-1810) são casos típicos de pesquisadores bem-sucedidos e teóricos equivocados. Trabalhador incansável, Priestley experimentava em todas as direções. Seu caderno de notas está cheio de expressões do tipo: Mal podia eu esperar, qual não foi minha surpresa, por mero acaso tentei, etc. Priestley isolou o oxigênio antes de Lavoisier e comunicou-lhe pessoalmente a descoberta numa visita a Paris. Ocorre, no entanto, que ele acreditava ter descoberto ar desflogistificado. O mesmo ocorreu com Lord Cavendish e a síntese da água.
Dono da imensa riqueza da casa dos Cavendish, o cientista inglês passava a vida isolado no laboratório. Ele conseguiu a síntese da água, numa experiência feita diante de seu secretário, Blagden, que por sua vez contou a novidade a Lavoisier. Cavendish, no entanto nunca chegou à interpretação correta. O hidrogênio utilizado na experiência queimava tão bem que, para ele, só poderia ser flogisto puro. Um dos primeiros na França a aderir às novas idéias de Lavoisier foi Louis Berthollet, que descobrira a possibilidade de produzir explosivos a partir do clorato de potássio.
Logo vieram se juntar a ele Antoine de Fourcroy, conferencista e escritor brilhante, e Guyton de Morveau, considerado, até então, o maior químico da França. Durante oito meses, Lavoisier, Berthollet, Fourcroy e De Morveau trabalharam juntos numa nomenclatura química de acordo com os conhecimentos que iam nascendo. Foi então que surgiram os nomes oxigênio e hidrogênio e as grandes categorias que permanecem até hoje, como óxidos, sulfatos, ácidos, álcalis etc. A Química nova aposentava a suposição herdada da Grécia Antiga de que o ar, a água, a terra e o fogo eram os elementos básicos, indivisíveis, da matéria. E identificava o gás, o líquido e o sólido como estados de agregação de uma dada substância, sujeita a diferentes graus de calor.
Os quatro se encontravam no Arsenal de Paris, depósito central e maior fábrica de pólvora da França, que a partir de 1775 vinha sendo dirigido por Lavoisier. Desde que tomara posse como régisseur des poudres (literalmente, diretor de pólvoras), ele conseguira transformar a pólvora francesa, de péssima qualidade, numa das melhores, se não na melhor do mundo - atributo que décadas depois faria a felicidade dos exércitos de Napoleão. As folgadas instalações do Arsenal serviram a Lavoisier de residência, de laboratório para suas experiências e de escritório, onde centralizava um número cada vez maior de atividades.
A Revolução de 1789 encontrou em Lavoisier um partidário da moderação, disposto, ainda assim, a colaborar com o novo regime - até porque tinha idéias sociais razoavelmente adiantadas para o seu tempo. Como representante da cidadezinha de Romorantin-Lanthenay nas Assembléias Provinciais, apresentara em 1788 uma série de propostas progressistas liberando os camponeses do trabalho obrigatório e gratuito na construção de estradas, acabando com as prisões arbitrárias e com a censura à imprensa. Os revolucionários, de seu lado, também pareciam interessados em contar com a colaboração de tão ilustre figura. Assim, em setembro de 1789, três meses depois da queda da Bastilha, foi chamado a participar da direção do Banco da França, encarregado de supervisionar a emissão de assignats, bônus do governo com garantia das terras tomadas à Igreja.
No ano seguinte, integra o comitê de cientistas incumbidos de estabelecer o sistema decimal de pesos e medidas - um legado do espírito racional que inspirou a Revolução. Em 1790 é chamado, junto com outros cinco economistas, para o Comitê Diretor do Tesouro Nacional. No entanto, outras forças trabalhavam contra ele. De início foram apenas incidentes isolados, embora perigosos. No dia 12 de julho, por exemplo, antevéspera da tomada da Bastilha, o povo amotinado atacou as detestadas muralhas de Paris, mandadas erguer pelo rei por sugestão do coletor de impostos Lavoisier, para combater o contrabando de mercadorias. Nelas, fortunas haviam sido gastas em portas ornamentais. No dia 13, a multidão corre ao Arsenal em busca de pólvora. Mas encontra apenas parte dos estoques - o resto já tinha sido transferido para a Bastilha. Não se sabe se Lavoisier ordenara a transferência, se é que ocorreu, por iniciativa própria ou por ordem superior. Seja como for, aos olhos de alguns revolucionários, o cientista ficou marcado como o homem que tentou esconder a pólvora da revolução - um pecado capital.
Logo no mês seguinte, outro incidente do mesmo gênero engrossou a animosidade contra Lavoisier. Uma barcaça carregada de pólvora para fins industriais seguia da cidade de Nantes para Metz quando foi interceptada por um grupo de revolucionários. Lavoisier esclareceu que se tratava realmente de pólvora industrial, e não militar, e mandou liberar as barcaças. Uma confusão de ordens e mal-entendidos, porém, fez o povo, furioso, conduzir Lavoisier à Guarda Nacional, ameaçando enforcá-lo em cada lampião do caminho.
O incidente termina por aí e segue-se uma breve calmaria. Em fevereiro de 1791, porém, Jean-Paul Marat escreve no seu jornal L'Ami du Peuple (O Amigo do Povo) que Lavoisier é o corifeu dos charlatães, aquele que aprisionou Paris numa muralha que custou aos pobres 30 milhões. Marat termina seu artigo lamentando que ele não tenha sido enforcado num lampião. O cerco vai se fechando. Em maio, a Assembléia Nacional dissolve a Ferme Générale e dá um prazo de dois anos para que os coletores acertem suas contas, devolvendo ao Estado os ganhos indevidos. Em 1792, Lavoisier é constrangido a se demitir de suas funções no Tesouro e no Arsenal. E Antoine de Fourcroy - logo ele, que fora tão amigo de Lavoisier - pede que os acadêmicos façam um expurgo de certos membros culpados de monarquismo ou de falta de civismo.
A essa altura, a Academia de Ciências já não estava recebendo subvenções e Lavoisier sustentava do próprio bolso seus colegas sem recursos. Gastou com isso 20 mil libras. Já era o tempo do Tribunal Revolucionário de Robespierre e Saint-Just. A Revolução entrara no período do Terror. Lavoisier é aconselhado a fugir de Paris, mas fica. Em novembro de 1793 é decretada a prisão dos coletores. Lavoisier ainda poderia ter escapado. A polícia foi procurá-lo nos apartamentos do Arsenal, onde ele não residia havia mais de um ano. Avisado, foi esconder-se na casa de um amigo humilde, ex-zelador da Academia de Ciências. Três dias mais tarde, no entanto, sabendo que seu sogro já estava preso, reaparece e é logo detido.
Depois de um mês e meio na prisão de Port Libre, os coletores foram transferidos para a própria sede da Ferme Générale, que, nesse meio tempo, ganhava cadeado nas portas e barras nas janelas. Ali trabalharam mais um mês no acerto de contas com o Estado. O relatório final dos coletores ficou pronto no final de janeiro. Uma comissão de auditores concluiu em 5 de maio que eles desviaram 32 milhões de libras e, assim sendo, deveriam comparecer diante do Tribunal Revolucionário. Na mesma noite, certo do que o esperava, Lavoisier escreveu a um primo, com resignação e ironia: Tive uma carreira longa e, sobretudo, feliz. Que mais eu poderia desejar? Os eventos com os quais estou envolvido provavelmente me pouparão os dissabores da velhice. Hei de morrer em plena posse de minhas faculdades.
Para defender os coletores no processo por atividades contra-revolucionárias, o Estado havia nomeado quatro advogados, que, antes do julgamento, só conseguiram falar quinze minutos com cada acusado. Aberta a sessão pelo juiz Coffinhal, vice-presidente do Tribunal Revolucionário, um dos advogados tentou ler um documento favorável a Lavoisier, mas teve a palavra cassada pelo juiz. Este entrou para a História como tendo dito na ocasião que a República não precisa de cientistas- mas a frase é provavelmente apócrifa. Quatro horas depois, os jurados deram sua sentença: com exceção de três réus, todos foram condenados à morte. A execução, na guilhotina erguida na praça da Revolução, depois denominada praça da Concórdia, deu-se na madrugada de 8 de maio.
Os amigos influentes talvez pudessem ter salvo Lavoisier, mas não ousaram afrontar o Terror. Apenas uma delegação do Liceu das Artes enviou ao condenado uma coroa de flores - a consolação da amizade, registram os anais do Liceu, para coroar a cabeça prestes a tombar sob o cutelo. Informado de sua morte, o matemático Lagrange cunhou a frase: Num instante cortaram-lhe a cabeça, mas outra igual talvez não surja na França num século. A reabilitação do cientista não tardou. Em 1795 foi inaugurado um busto de Lavoisier, com a inscrição vítima da tirania. Mas então já tinham sido guilhotinados o promotor, o juiz e cinco dos doze jurados que o condenaram. Sem falar no próprio Robespierre.
A descoberta do oxigênio.
Na clássica experiência sobre a composição do ar, inicialmente Lavoisier colocou determinada quantidade de mercúrio, cuidadosamente pesada, no interior de uma retorta. O bico da retorta comunicava-se com o ar aprisionado na parte superior de um frasco virado de gargalo para baixo numa bacia de água. (À medida que o volume de ar diminuísse ou aumentasse, o nível da água subiria ou desceria dentro do frasco.) Em seguida, ele aqueceu a retorta lentamente durante dez dias. Um pó avermelhado começou a se formar na superfície do mercúrio, ao mesmo tempo que o ar aprisionado perdia um quinto do seu volume. Obviamente, o mercúrio estava consumindo ar para formar o pó avermelhado, o óxido de mercúrio.
Mas ainda sobrara certa quantidade de ar aprisionado e esse ar era certamente de uma espécie diversa, pois nele as velas se apagavam e as cobaias que o aspiravam logo morriam. De fato, tratava-se do gás nitrogênio. Depois Lavoisier transportou o óxido de mercúrio para uma retorta menor, aqueceu-a e recolheu o gás que escapava num outro recipiente. Nesse gás, que ele inicialmente chamou de eminentemente respirável e depois batizou de oxigênio, as velas queimavam vigorosamente e as cobaias respiravam muito bem. Finalmente, o cientista misturou os dois tipos de gás, obtendo ar comum.
Revista Superinteressante
No ano da queda da Bastilha, um cientista derruba velhos enganos e ergue a Química moderna. Mas tudo termina em tragédia.
Por Pedro Cavalcante
O francês Antoine Lavoisier, fundador da Química atual, nasceu rico, teve sorte no amor, viu sua obra reconhecida e festejada muito além das fronteiras de sua terra. Ao se aproximar dos 50 anos, tinha tudo para se considerar feliz. De repente, sua sorte deu uma virada. Escapou por pouco de um linchamento, foi encarcerado, morreu na guilhotina e acabou enterrado numa vala comum. Tanto sua desgraça quanto o motivo maior de sua glória datam de 1789, ano em que os franceses tomam a fortaleza da Bastilha e ele lança o seu Tratado elementar de Química. Com a queda da Bastilha, começava a Revolução Francesa; com o seu livro, uma das maiores revoluções científicas de todos os tempos.
Não foi por suas idéias sobre Química que Lavoisier perdeu a cabeça sob a lâmina da guilhotina. Mas, sendo homem extraordinariamente versátil, além de se dedicar à ciência, desenvolvera durante a vida um amplo rol de atividades. E, naturalmente, fizera inimigos. A acusação número um contra ele foi a de ter servido à monarquia como fermier-général, coletor de impostos, ocupação intolerável para os revolucionários, dado o caráter literalmente revoltante dos tributos extorquidos pelo Ancien Régime. Ainda assim teria talvez escapado como tantos de seus colegas se um dos seus mais ferrenhos desafetos - um médico charlatão que tentara inutilmente, devido à oposição de Lavoisier, obter a aprovação da Academia de Ciência para suas teses de magnetismo animal - não tivesse se convertido no todo-poderoso panfletário Jean-Paul Marat.
Lavoisier, politicamente, não era nenhum reacionário. Suas idéias talvez fossem o melhor que se poderia esperar de suas origens sociais. Ele nasceu em Paris no dia 26 de agosto de 1743. Pelo lado paterno, sua árvore genealógica começa por um modesto cocheiro da cidadezinha de Villers-Cotterets; do lado materno, por um açougueiro de Paris. Mas o pai e os dois avôs já eram advogados de renome e fortuna considerável. Essa fortuna permitiu ao pai adquirir um título de nobreza, como faziam muitos burgueses. Lavoisier pôde assim estudar no Colégio Mazarin, um dos melhores da França.
Aos 18 anos, entrou para a Faculdade de Direito, mas fazia excursões científicas pelos arredores de Paris e ainda freqüentava cursos de História Natural. O interesse pela Química foi despertado por Guillaume Rouelle, personagem excêntrica, que gostava de surpreender os alunos provocando explosões inesperadas. Nessa época, segunda metade do século XVIII, a ciência na França avançava desordenadamente. A Matemática e a Astronomia saltaram à frente com a publicação de três grandes tratados: Mecânica Analítica, de Joseph-Louis Lagrange (1736-1813), Mecânica Celeste, de Pierre-Simon Laplace (1749-1827), e Geometria Descritiva, de Gaspard Monge (1746-1818).
Esses três autores, todos detentores de títulos de nobreza, futuros colegas de Lavoisier na Academia de Ciências, seguiram destinos diversos durante a Revolução Francesa - mas todos conservaram a cabeça e não tiveram propriamente do que se queixar. De resto, a ciência da época era sobretudo qualitativa: balanças e outros instrumentos de medida eram raros em laboratórios. Embora a existência da pressão do ar já houvesse sido demonstrada mais de um século antes pelo italiano Evangelista Torricelli (1608-1647), o inventor do barômetro, a composição química da atmosfera e seu papel nos processos de combustão, oxidação e decomposição ainda eram ignorados.
A teoria do flogisto, concebida pelo alemão Georg Ernest Stahl (1660-1734), era aceita por todos. O flogisto seria uma substância presente em todos os materiais combustíveis dos quais se liberava na combustão. Acreditava-se igualmente, segundo a tradição da alquimia, que a matéria podia surgir do nada e se dispersar no nada. Experiências de laboratório malconduzidas reforçavam essa convicção. Como não se levava em conta a existência de gases, parecia freqüentemente que o peso de um composto era maior (ou menor) que o de seus componentes. Isso levava à conclusão de que a matéria estava sendo criada (ou destruída) ou ainda de que o peso das substâncias era uma característica sujeita, como a cor, a variações durante os processos químicos.
O combate à teoria do flogisto, que levara a Química a um beco sem saída, e a defesa da Lei da Conservação da Massa, base quantitativa de toda a Química moderna, foram as duas grandes tarefas científicas da trajetória de Lavoisier. Aos 23 anos, recebera 100 mil libras de herança da mãe e outras 200 mil que o pai lhe doara para começo de vida. Poderia se dedicar exclusivamente à carreira científica, iniciada de forma meteórica, pois aos 25 anos era membro da Academia de Ciências. Mas foi então que resolveu entrar para o mundo dos negócios. Pelo sistema em vigor na França monárquica, os escorchantes impostos - dos quais nobreza e clero estavam isentos - podiam ser coletados por particulares. Era um sistema corrupto, além de opressivo.
Para participar da Ferme Générale, como era chamada a muito lucrativa associação dos coletores, o interessado deveria adiantar 1,5 milhão de libras ao Tesouro real, pelo direito de receber e guardar para si o que arrecadasse além de determinada cota durante seis anos. Com recursos próprios e emprestados, Lavoisier conseguiu reunir 500 mil libras, adquirindo assim um terço de uma cota na Ferme Générale. A história dos coletores estava recheada de escândalos. Mas havia também homens escrupulosos, de espírito aberto, interessados em modernizar o sistema. Um deles era Jacques Paulze, cujo salão em Paris era freqüentado por muitos liberais. Quem mais interessou o jovem Lavoisier no salão de Jacques Paulze, porém, foi sua filha, Marie Paulze.
Embora Marie tivesse apenas 14 anos e Lavoisier já andasse pelos 28, isso não era considerado empecilho. Ao contrário, com a chegada de Lavoisier, Marie encontrou um pretexto para se livrar de um nobre arruinado de 50 anos que queria se casar com ela. O casamento com Lavoisier parece ter sido feliz. Marie Paulze também se interessava por ciência e colaborou intensamente acompanhando as experiências do marido, tomando medidas e notas, ilustrando acuradamente a aparelhagem empregada. Além disso, traduzia e vertia obras técnicas do e para o inglês. Ele era um homem extremamente organizado. De manhã, fazia ciência das 6 às 8; à noite, das 7 às 10. No meio tempo, ocupava-se de mil e um encargos. Mas, toda semana, um dia inteiro era dedicado a experiência. Prova de sua paixão pela ciência, chamava-o jour de bonheur, dia de felicidade.
As funções iniciais de Lavoisier na empresa de coletores impunham-lhe viagens longas e freqüentes pelas províncias francesas. Mas sempre achava tempo para seus interesses científicos. Depois de alguns trabalhos sobre a natureza do gesso e sobre os diversos tipos possíveis de iluminação pública da época, Lavoisier iniciou o seu combate contra a teoria do flogisto. O que primeiro lhe chamou a atenção foi um fato notado um século antes pelo irlandês Robert Boyle (1627-1691): ao se aquecer um metal até que ele se torne calcinado, o resíduo pesa mais do que o material original. Lavoisier repetiu a experiência com vários metais e com o enxofre, obtendo o mesmo resultado.
Ao contrário do que pretendia a teoria do flogisto, portanto, nada estava sendo liberado, mas algo vinha se juntar à substância aquecida. Hoje se sabe que o oxigênio presente no ar é que se combina com ela. Lavoisier intuiu esse fenômeno já em 1774 ao enviar para a Academia de Ciências uma coleção de trabalhos, um dos quais sobre a existência de um fluido elástico fixado em algumas substâncias e sobre os fenômenos que resultam de sua liberação e fixação. Vários anos seriam necessários ainda para demonstrar cientificamente a composição do ar, por meio de uma experiência que se tornaria um clássico na história da Química.
Em 1783, Lavoisier sintetizou a água, misturando oxigênio e hidrogênio dentro de um grande frasco e desencadeando a reação através de uma centelha elétrica. Pouco mais tarde, conseguiu inverter o processo. Fez passar água muito lentamente por um cano de espingarda aquecido ao rubro e cheio de limalha de ferro. Com o calor, o oxigênio da água oxidava a limalha de ferro, ficando retido no caminho, enquanto o hidrogênio escapava livre pelo outro lado. A importância maior de Lavoisier não está, porém, no ineditismo de suas experiências, pois muitas foram inspiradas ou mesmo diretamente copiadas de seus colegas. A diferença está nas conclusões que ele soube tirar - estas sim, inteiramente originais.
Os químicos ingleses Joseph Priestley (1733-1804) e Henry Cavendish (1731-1810) são casos típicos de pesquisadores bem-sucedidos e teóricos equivocados. Trabalhador incansável, Priestley experimentava em todas as direções. Seu caderno de notas está cheio de expressões do tipo: Mal podia eu esperar, qual não foi minha surpresa, por mero acaso tentei, etc. Priestley isolou o oxigênio antes de Lavoisier e comunicou-lhe pessoalmente a descoberta numa visita a Paris. Ocorre, no entanto, que ele acreditava ter descoberto ar desflogistificado. O mesmo ocorreu com Lord Cavendish e a síntese da água.
Dono da imensa riqueza da casa dos Cavendish, o cientista inglês passava a vida isolado no laboratório. Ele conseguiu a síntese da água, numa experiência feita diante de seu secretário, Blagden, que por sua vez contou a novidade a Lavoisier. Cavendish, no entanto nunca chegou à interpretação correta. O hidrogênio utilizado na experiência queimava tão bem que, para ele, só poderia ser flogisto puro. Um dos primeiros na França a aderir às novas idéias de Lavoisier foi Louis Berthollet, que descobrira a possibilidade de produzir explosivos a partir do clorato de potássio.
Logo vieram se juntar a ele Antoine de Fourcroy, conferencista e escritor brilhante, e Guyton de Morveau, considerado, até então, o maior químico da França. Durante oito meses, Lavoisier, Berthollet, Fourcroy e De Morveau trabalharam juntos numa nomenclatura química de acordo com os conhecimentos que iam nascendo. Foi então que surgiram os nomes oxigênio e hidrogênio e as grandes categorias que permanecem até hoje, como óxidos, sulfatos, ácidos, álcalis etc. A Química nova aposentava a suposição herdada da Grécia Antiga de que o ar, a água, a terra e o fogo eram os elementos básicos, indivisíveis, da matéria. E identificava o gás, o líquido e o sólido como estados de agregação de uma dada substância, sujeita a diferentes graus de calor.
Os quatro se encontravam no Arsenal de Paris, depósito central e maior fábrica de pólvora da França, que a partir de 1775 vinha sendo dirigido por Lavoisier. Desde que tomara posse como régisseur des poudres (literalmente, diretor de pólvoras), ele conseguira transformar a pólvora francesa, de péssima qualidade, numa das melhores, se não na melhor do mundo - atributo que décadas depois faria a felicidade dos exércitos de Napoleão. As folgadas instalações do Arsenal serviram a Lavoisier de residência, de laboratório para suas experiências e de escritório, onde centralizava um número cada vez maior de atividades.
A Revolução de 1789 encontrou em Lavoisier um partidário da moderação, disposto, ainda assim, a colaborar com o novo regime - até porque tinha idéias sociais razoavelmente adiantadas para o seu tempo. Como representante da cidadezinha de Romorantin-Lanthenay nas Assembléias Provinciais, apresentara em 1788 uma série de propostas progressistas liberando os camponeses do trabalho obrigatório e gratuito na construção de estradas, acabando com as prisões arbitrárias e com a censura à imprensa. Os revolucionários, de seu lado, também pareciam interessados em contar com a colaboração de tão ilustre figura. Assim, em setembro de 1789, três meses depois da queda da Bastilha, foi chamado a participar da direção do Banco da França, encarregado de supervisionar a emissão de assignats, bônus do governo com garantia das terras tomadas à Igreja.
No ano seguinte, integra o comitê de cientistas incumbidos de estabelecer o sistema decimal de pesos e medidas - um legado do espírito racional que inspirou a Revolução. Em 1790 é chamado, junto com outros cinco economistas, para o Comitê Diretor do Tesouro Nacional. No entanto, outras forças trabalhavam contra ele. De início foram apenas incidentes isolados, embora perigosos. No dia 12 de julho, por exemplo, antevéspera da tomada da Bastilha, o povo amotinado atacou as detestadas muralhas de Paris, mandadas erguer pelo rei por sugestão do coletor de impostos Lavoisier, para combater o contrabando de mercadorias. Nelas, fortunas haviam sido gastas em portas ornamentais. No dia 13, a multidão corre ao Arsenal em busca de pólvora. Mas encontra apenas parte dos estoques - o resto já tinha sido transferido para a Bastilha. Não se sabe se Lavoisier ordenara a transferência, se é que ocorreu, por iniciativa própria ou por ordem superior. Seja como for, aos olhos de alguns revolucionários, o cientista ficou marcado como o homem que tentou esconder a pólvora da revolução - um pecado capital.
Logo no mês seguinte, outro incidente do mesmo gênero engrossou a animosidade contra Lavoisier. Uma barcaça carregada de pólvora para fins industriais seguia da cidade de Nantes para Metz quando foi interceptada por um grupo de revolucionários. Lavoisier esclareceu que se tratava realmente de pólvora industrial, e não militar, e mandou liberar as barcaças. Uma confusão de ordens e mal-entendidos, porém, fez o povo, furioso, conduzir Lavoisier à Guarda Nacional, ameaçando enforcá-lo em cada lampião do caminho.
O incidente termina por aí e segue-se uma breve calmaria. Em fevereiro de 1791, porém, Jean-Paul Marat escreve no seu jornal L'Ami du Peuple (O Amigo do Povo) que Lavoisier é o corifeu dos charlatães, aquele que aprisionou Paris numa muralha que custou aos pobres 30 milhões. Marat termina seu artigo lamentando que ele não tenha sido enforcado num lampião. O cerco vai se fechando. Em maio, a Assembléia Nacional dissolve a Ferme Générale e dá um prazo de dois anos para que os coletores acertem suas contas, devolvendo ao Estado os ganhos indevidos. Em 1792, Lavoisier é constrangido a se demitir de suas funções no Tesouro e no Arsenal. E Antoine de Fourcroy - logo ele, que fora tão amigo de Lavoisier - pede que os acadêmicos façam um expurgo de certos membros culpados de monarquismo ou de falta de civismo.
A essa altura, a Academia de Ciências já não estava recebendo subvenções e Lavoisier sustentava do próprio bolso seus colegas sem recursos. Gastou com isso 20 mil libras. Já era o tempo do Tribunal Revolucionário de Robespierre e Saint-Just. A Revolução entrara no período do Terror. Lavoisier é aconselhado a fugir de Paris, mas fica. Em novembro de 1793 é decretada a prisão dos coletores. Lavoisier ainda poderia ter escapado. A polícia foi procurá-lo nos apartamentos do Arsenal, onde ele não residia havia mais de um ano. Avisado, foi esconder-se na casa de um amigo humilde, ex-zelador da Academia de Ciências. Três dias mais tarde, no entanto, sabendo que seu sogro já estava preso, reaparece e é logo detido.
Depois de um mês e meio na prisão de Port Libre, os coletores foram transferidos para a própria sede da Ferme Générale, que, nesse meio tempo, ganhava cadeado nas portas e barras nas janelas. Ali trabalharam mais um mês no acerto de contas com o Estado. O relatório final dos coletores ficou pronto no final de janeiro. Uma comissão de auditores concluiu em 5 de maio que eles desviaram 32 milhões de libras e, assim sendo, deveriam comparecer diante do Tribunal Revolucionário. Na mesma noite, certo do que o esperava, Lavoisier escreveu a um primo, com resignação e ironia: Tive uma carreira longa e, sobretudo, feliz. Que mais eu poderia desejar? Os eventos com os quais estou envolvido provavelmente me pouparão os dissabores da velhice. Hei de morrer em plena posse de minhas faculdades.
Para defender os coletores no processo por atividades contra-revolucionárias, o Estado havia nomeado quatro advogados, que, antes do julgamento, só conseguiram falar quinze minutos com cada acusado. Aberta a sessão pelo juiz Coffinhal, vice-presidente do Tribunal Revolucionário, um dos advogados tentou ler um documento favorável a Lavoisier, mas teve a palavra cassada pelo juiz. Este entrou para a História como tendo dito na ocasião que a República não precisa de cientistas- mas a frase é provavelmente apócrifa. Quatro horas depois, os jurados deram sua sentença: com exceção de três réus, todos foram condenados à morte. A execução, na guilhotina erguida na praça da Revolução, depois denominada praça da Concórdia, deu-se na madrugada de 8 de maio.
Os amigos influentes talvez pudessem ter salvo Lavoisier, mas não ousaram afrontar o Terror. Apenas uma delegação do Liceu das Artes enviou ao condenado uma coroa de flores - a consolação da amizade, registram os anais do Liceu, para coroar a cabeça prestes a tombar sob o cutelo. Informado de sua morte, o matemático Lagrange cunhou a frase: Num instante cortaram-lhe a cabeça, mas outra igual talvez não surja na França num século. A reabilitação do cientista não tardou. Em 1795 foi inaugurado um busto de Lavoisier, com a inscrição vítima da tirania. Mas então já tinham sido guilhotinados o promotor, o juiz e cinco dos doze jurados que o condenaram. Sem falar no próprio Robespierre.
A descoberta do oxigênio.
Na clássica experiência sobre a composição do ar, inicialmente Lavoisier colocou determinada quantidade de mercúrio, cuidadosamente pesada, no interior de uma retorta. O bico da retorta comunicava-se com o ar aprisionado na parte superior de um frasco virado de gargalo para baixo numa bacia de água. (À medida que o volume de ar diminuísse ou aumentasse, o nível da água subiria ou desceria dentro do frasco.) Em seguida, ele aqueceu a retorta lentamente durante dez dias. Um pó avermelhado começou a se formar na superfície do mercúrio, ao mesmo tempo que o ar aprisionado perdia um quinto do seu volume. Obviamente, o mercúrio estava consumindo ar para formar o pó avermelhado, o óxido de mercúrio.
Mas ainda sobrara certa quantidade de ar aprisionado e esse ar era certamente de uma espécie diversa, pois nele as velas se apagavam e as cobaias que o aspiravam logo morriam. De fato, tratava-se do gás nitrogênio. Depois Lavoisier transportou o óxido de mercúrio para uma retorta menor, aqueceu-a e recolheu o gás que escapava num outro recipiente. Nesse gás, que ele inicialmente chamou de eminentemente respirável e depois batizou de oxigênio, as velas queimavam vigorosamente e as cobaias respiravam muito bem. Finalmente, o cientista misturou os dois tipos de gás, obtendo ar comum.
Revista Superinteressante
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