Louvre, em Paris
por Mariana Baboni
Eis um dos principais museus do mundo tanto em tamanho como em importância. Além de abrigar uma coleção de arte com cerca de 29 mil obras, o Louvre traduz 800 anos da história francesa. Foi construído no fim do século 12 como uma fortaleza medieval para proteger Paris, então liderada pelo rei Filipe Augusto (1165-1223). No século 16, o rei Francisco I (1494-1547) decidiu destruir a grande torre da fortaleza, ampliar o prédio e transformá-lo em um palácio, que serviu de moradia a reis e rainhas durante o Renascimento. Em 1678, o monarca Luís XIV mudou sua residência para Versalhes. À beira do rio Sena, o Louvre perdeu um pouco de seu prestígio.
A idéia de transformá-lo em museu foi de Luís XVI, mas, ironicamente, foi a Revolução Francesa que abriu suas portas à visitação, em 1793. Seu acervo vem principalmente de obras confiscadas dos nobres e reis franceses. Essa mudança das obras dos quartos dos reis para um museu, onde são vistas por todos, representa um marco dos ideais iluministas de igualdade do saber. Grande parte do butim das explorações arqueológicas da França colonialista também se encontra ali, como a coleção de antiguidades orientais e egípcias.
Em 1981, foi incluída uma imensa pirâmide de vidro no pátio central, que se tornou mais uma atração para os cerca de 5 milhões de visitantes por ano. Eles têm diante de si um acervo tão grande que, se cada um gastasse 30 segundos na frente de cada obra, levaria três meses para conhecer todas as peças.
Dos reis para o povo
Vinte atrações imperdíveis no museu do iluminismo
1. Retrato da Condessa Del Carpio – Goya
Pintor oficial do rei e membro da Real Academia de São Fernando de Madri, Goya é, a partir de 1780, o retratista da moda na corte espanhola. Em seus quadros, os modelos aparecem em poses convencionais mas muito elegantes, como “La Solana”, uma aristocrata letrada que escrevia peças de teatro
2. A Bela Jardineira – Rafael
Uma das mais célebres Madonas do período em que Rafael viveu em Florença, o quadro de 1507 é cheio de simbolismos religiosos: a camponesa é Maria, a criança, Jesus, e o terceiro personagem, São João Batista. A obra é parte da rica coleção italiana do Louvre, que reúne 800 telas de mestres como Giotto, Fra Angélico, Veronese e Ticiano
3. Mona Lisa – Leonardo da Vinci
Quadro mais famoso do mundo, a Mona Lisa, pintada entre 1503 e 1506, é protegida por um vidro e provoca filas e muitas cotoveladas no museu. Isso porque ninguém deixa o Louvre sem apreciar a pequena tela de 77 por 53 centímetros, mesmo que por poucos minutos. Conhecida como La Gioconda, era mulher do nobre florentino Francesco del Giocondo, que encomendou o quadro. Exemplo da arte renascentista, a tela já pertenceu a Napoleão Bonaparte
4. Touro Alado da Assíria
Famosos pelo talento guerreiro, os assírios também se destacaram pela habilidade na construção de grandes cidades no norte da Mesopotâmia. Os gigantescos Touros Alados enfeitaram os portões do palácio de Sargão II, em Khorsabad, no século 7 a.C. Foram esculpidos com cinco pernas, parecendo correr quando vistos de lado e parados quando observados de frente
5. Relíquias da Majestade
A ampla coleção de objetos de arte do Louvre inclui mais de 8 mil peças, entre móveis, tapeçarias, louças e jóias, da Idade Média ao século 19. Grande parte dos tesouros confiscados da nobreza durante a revolução de 1789 se encontra em suas galerias. Entre eles o ilustre vaso em forma de águia que pertenceu a Suger, abade de Saint Denis, e conselheiro dos reis Luís VI e Luís VII. Suger enriqueceu a Abadia de Saint Denis, onde os reis da França eram coroados, colecionando vasos preciosos adornados de ouro e prata
6. Cristo na Cruz – Greco
Muitas das obras-primas da coleção espanhola do Louvre são trágicas como esta, composta entre 1585 e 1590. As cenas religiosas com as célebres figuras alongadas e atormentadas de El Greco, objetos de muita polêmica, revelam a grande expressividade e o estilo espirituoso do pintor
7. Vênus de Milo
Esculpida em mármore pelos gregos 100 anos antes de Cristo, a Vênus de Milo é a estátua de mulher mais famosa da história antiga. Em 1820, foi encontrada na ilha de Milo, na Grécia, e levada para o Louvre. Mesmo sem os braços, transformou-se no símbolo da beleza e feminilidade na Europa
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www.louvre.fr
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8. Túmulo de Phillipe Pot – Antoine Le Moiturier
Com seus oito carregadores encapuzados, o Túmulo de Phillipe Pot, um alto funcionário francês do século 15, é uma das peças mais curiosas da coleção de esculturas. Essa coleção inclui obras dos mais diversos estilos, temas e épocas, da Idade Média aos tempos modernos. O cortejo funerário e seu figurino evocam as grandiosas procissões medievais
9. Coleção Francesa
Conservatório da pintura francesa, o Louvre possui um acervo com cerca de 1500 obras, que vão do fim do século 13 até meados do século 19. Com formatos e gêneros muito diferentes – de pequenos quadros a telas monumentais –, a coleção revela o trabalho de mestres como David, Géricault, Gros e Delacroix. As melancólicas obras de Jean-Antonine Watteau também estão representadas, como o enigmático Gilles, pintado entre 1718 e 1719. Trata-se de um pierrô insólito e pensativo que se destaca num cenário arbóreo e teatral
10. O Livro dos Mortos
Grande parte da arte egípcia era produzida para os mortos, que levavam consigo tudo de que poderiam precisar na outra vida, incluindo tesouros e imagens da vida em família. No Livro dos Mortos do Escriba Nebqed, escrito entre 1391 e 1353 a.C. em rolos de papiro, com ilustrações, é possível acompanhar as etapas das cerimônias funerárias da época
11. Rendeira – Vermeer
Nesta pintura de 1665, Johanes Veermer expõe o cotidiano doméstico da Holanda do século 17. O formato reduzido da tela, seu enquadramento e o fundo neutro concentram a atenção do espectador sobre os gestos da rendeira. E representam uma obra típica do estilo simples e compassado do pintor holandês
12. Pedra do Código de Hamurábi
O primeiro código de leis de que se tem notícia foi esculpido cerca de 1800 a.C., por ordem de Hamurábi, rei da Babilônia. São 3,5 mil linhas de texto cuneiforme com sentenças para casos como rapto e adultério. As leis são curiosas: “Se uma casa cair e matar o proprietário, o pedreiro é morto. Se um filho do proprietário morrer, um filho do pedreiro será morto”
13. A Liberdade Conduzindo o Povo – Delacroix
Um dos principais representantes do romantismo, Delacroix pintou este quadro para celebrar a revolução de 1830, que derrubou o rei Carlos X, instaurando a monarquia parlamentar de Luís Filipe. Diz-se que a imagem foi inspirada numa mulher que matou com as próprias mãos vários soldados do governo
14. Sarcófago dos Esposos
Obra da coleção dos etruscos (povo que viveu na atual Itália até o século 5), este sarcófago, feito em terracota entre 520 e 510 apresenta a composição harmoniosa de um terno casal enlaçado em posição de banquete. A mulher recebe o mesmo destaque que o marido, e ambos têm o sorriso discreto e enigmático visto em muitas obras funerárias etruscas
15. Morte de Uma Virgem – Caravaggio
Perito tanto no pincel como na espada, Caravaggio foi um homem social e artisticamente rebelde. Seu comportamento anticristão não impediu que trabalhasse para a Igreja, renovando a pintura sacra. Esta tela, criada entre 1605 e 1606, foi recusada por introduzir um cotidiano humilde às figuras sagradas
16. Escravos Morrendo – Michelangelo
Produzidas entre 1513 e 1520, estes dois escravos são as mais visitadas esculturas do Louvre, apesar de inacabadas. As obras foram encomendadas para o grandioso túmulo do papa Júlio II (1443-1513), que nunca foi concluído. O pontífice pediu que o artista se ocupasse da decoração da Capela Sistina no mesmo período
17. Betsabé no Banho – Rembrandt
Esta tela de Rembrandt é um dos episódios mais retratados pelos pintores barrocos. De 1654, ela mostra o banho de Betsabá, que, segundo a Bíblia, encantou o rei Davi. Casada, ela seduziu o monarca e ficou conhecida como uma das primeiras adúlteras da história. A genialidade está na liberdade em relação à iconografia tradicional: Davi está presente apenas por meio da carta que Betsabá segura
18. Ruínas da Fortaleza
Encontradas sob as fundações do Louvre durante as escavações para a construção da pirâmide de vidro, as ruínas são os alicerces da imponente torre do castelo medieval que o rei Filipe Augusto, primeiro da dinastia dos Capetos, construiu no final do século 12, para proteger Paris. Os trabalhos arqueológicos permitem reconhecer as fases dos 800 anos de ocupação
19. A Apoteose de Henrique IV e a Proclamação da Regência de Maria de Médici – Rubens
Muitos quadros do Louvre ocupam paredes inteiras, como este, encomendado pela megalomaníaca italiana Maria de Médici, esposa do rei francês Henrique IV. Com mais de 7 metros de largura, a tela é uma das 24 imagens épicas em homenagem à rainha, que assumiu o trono em 1610, após o trágico assassinato do marido
20. Escriba Sentado
A coleção egípcia do Louvre é uma das mais completas do mundo. São aproximadamente 5 mil obras, datadas de 4000 a.C. até o início da era cristã. Uma delas é a estátua do Escriba Sentado, criada entre 2600 e 2350 a.C. e achada em Saqqara em condições excepcionais. É pena que grande parte das peças seja fruto dos saques contínuos sofridos pela civilização do Nilo
Revista Aventuras na História
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