O Grito do Povo: Os Comunas de Paris
Com uma caprichada reconstituição da época, os quadrinhos de O Grito do Povo juntam ficção e realidade para narrar a Comuna de Paris, quando a capital francesa viveu seus dias de país socialista
por Ana Elisa Camasmie
Os livros didáticos costumam dedicar pouco espaço à Comuna de Paris. Talvez porque esse seja apenas mais um dos tantos episódios revolucionários da história da França. Ou porque tenha sido um movimento popular, que não deixou uns poucos heróis, e sim muitos pequenos grandes homens. Mas os ideais socialistas pregados pelo povo parisiense em 1871 influenciaram revoltas ao redor do mundo – incluindo a Revolução Russa de 1917. De Londres, o próprio Karl Marx, alemão que se tornou o principal teórico do comunismo, acompanhou a Comuna, exaltando os feitos dos operários, soldados, artistas, prostitutas e malandros. Eram pessoas simples, cansadas da profunda desigualdade social e saudosas dos velhos ideais de “liberdade, igualdade, fraternidade”.
Esses homens e mulheres são os protagonistas de O Grito do Povo, romance do escritor francês Jean Vautrin que foi adaptado para os quadrinhos por seu conterrâneo Jacques Tardi. Lançadas no Brasil em dois volumes, as tiras colocam o leitor em contato com o cotidiano das agitadas ruas da Paris de 1871. Suas diversas tramas interagem com os acontecimentos mais importantes da Comuna, e algumas referências históricas são explicadas em curtas notas de rodapé, sem interferir no bom andamento da leitura.
A Paris da segunda metade do século 19, o cenário da história, já era conhecida como a “cidade-luz”. Havia passado por uma renovação urbanística que dera origem a grandes avenidas (chamadas de bulevares), bosques suntuosos e luxuosos palácios. Mas, para as camadas populares, a situação era bem diferente. A miséria das periferias contrastava com a riqueza da elite. Enquanto os pobres moravam em cortiços, os parisienses mais abastados viviam em Versalhes, subúrbio que no século anterior havia abrigado a realeza derrubada pela Revolução Francesa.
Versalhes não era apenas um refúgio contra a miséria. Servia também para os ricos se protegerem contra uma eventual invasão inimiga, já que a França estava no meio de um confronto. Em 1870, o imperador Napoleão III havia declarado guerra contra a Prússia, nação que liderava a tumultuada unificação política da Alemanha. O soberano francês esperava se aproveitar da confusão para abocanhar alguns territórios germânicos.
Mas o tiro de Napoleão III saiu pela culatra. Após ser derrotado numa importante batalha, ele foi preso e destituído pelos franceses. Os mesmos políticos e militares que antes apoiavam o imperador acabaram com a monarquia e criaram uma república. Comandado pelo general Louis-Adolph Thiers, eleito presidente do Conselho de Estado, o novo governo logo rendeu-se ao exército germânico de Otto von Bismarck. Era fevereiro de 1871. A França estava desarmada e vulnerável: a única força oficial ainda em operação era a Guarda Nacional, frágil demais para conter o exército prussiano.
Mas na capital francesa o clima não era de medo. Entre a população, predominava a revolta contra a submissão dos políticos, outrora nacionalistas, às forças inimigas. Quando os prussianos chegaram às portas de Paris, o povo tomou conta dos canhões e, heroicamente, conseguiu ajudar a Guarda Nacional a repelir a invasão. Em março, em vez de serem recompensados pela bravura, os parisienses foram surpreendidos por um aumento de impostos e aluguéis.
A França contra Paris
Além de ser espremida financeiramente, a população foi destituída de suas armas. A pretexto de restaurar a ordem, o governo retomou a posse sobre os canhões das regiões parisienses de Montmartre, Chaumont e Belleville. Em 18 de março, uma manifestação de protesto saiu às ruas. A ordem dada à Guarda Nacional foi sufocar o movimento com violência. Mas os soldados se recusaram a cumpri-la. Percebendo que eram tão humildes quanto os manifestantes, eles se uniram aos revoltosos.
Os generais Lecomte e Clément Thomas, comandantes da Guarda Nacional, foram aprisionados e fuzilados por seus ex-subordinados. Percebendo a extensão do levante, os defensores do governo fugiram para o isolamento de Versalhes. Os batalhões da Guarda Nacional, então, se posicionaram em pontos estratégicos nos limites de Paris, enquanto barricadas eram erguidas nas ruas. Dessa vez, não era apenas para defender a cidade de ataques estrangeiros, mas para dar segurança a um novo governo. O poder agora era do povo. Nascia a Comuna de Paris.
Recorrendo a personagens e acontecimentos fictícios, O Grito do Povo acompanha, passo a passo, os dois meses e meio da Comuna. Apaixonado por arquitetura, o desenhista Jacques Tardi realizou uma impressionante pesquisa histórica para retratar fielmente a Paris dos tempos da Comuna, já que muito do que existia foi destruído durante os combates. Enquanto durou, a comunidade criada pelos parisienses promoveu mudanças sociais e políticas intensas, inspiradas no comunismo de Marx e no anarquismo do francês Joseph Proudhon. A separação entre Igreja e Estado foi instituída e os religiosos, encarcerados – alguns deles, fuzilados. A cobrança de aluguéis foi abolida. Os palácios dos considerados traidores da pátria, exilados em Versalhes, foram saqueados. Monumentos que simbolizavam o poder de Napoleão Bonaparte e Napoleão III foram destruídos, como a coluna imperial da praça Vendôme.
Enquanto isso, o governo francês estabelecido em Versalhes pensava em como sufocar a Comuna. Segundo o armistício assinado com os alemães, a França não podia reunir mais de 40 mil soldados de uma vez. Mas Thiers conseguiu fechar um acordo com Bismarck, que permitiu a mobilização de 170 mil soldados franceses para a retomada de Paris – boa parte deles eram prisioneiros de guerra que a Alemanha aceitou libertar.
Em 21 de maio, as tropas francesas invadiram Paris, dando início à Semana Sangrenta, em que nenhum dos lados fazia prisioneiros – inimigos eram assassinados a sangue frio. Ao final, os homens de Thiers saíram vitoriosos. A Comuna de Paris duraria apenas 72 dias, deixando um saldo de 35 mil presos, cerca de 20mil mortos e uma capital arrasada. No fim da revolta, para rechaçar o exército francês que se aproximava, os próprios revolucionários acabaram ateando fogo em diversos edifícios, como o Hôtel de Ville, onde os membros da Comuna tinham se reunido em assembléia – e que, reconstruído entre 1874 e 1882, até hoje abriga a prefeitura de Paris.
Apesar de exaltar a importância do movimento, O Grito do Povo não romantiza os revolucionários. Uns se vendem, outros mentem. Alguns dos personagens mostrados, inclusive, existiram de verdade. Um exemplo é o pintor realista Gustave Courbet, que, durante a revolta, pintou um de seus mais famosos quadros, A Origem do Mundo (que retrata o órgão sexual feminino). Mas o grande homenageado por Tardi e Vautrin é o jornalista Jules Vallès. Durante a Comuna, Vallès criou o periódico O Grito do Povo. Com tiragem diária de até 100mil exemplares, o jornalzinho de apenas uma página era distribuído ou afixado pelas ruas e mantinha a população informada sobre a insurreição. Eleito como representante distrital nas eleições de 26 de março, Vallès foi condenado à morte quando a Comuna caiu. Mas conseguiu escapar e ficou em Londres até 1880. De volta a Paris, reeditou O Grito do Povo entre 1883 e 1885, ano em que morreu, fazendo os parisienses se lembrarem da época em que eles sonharam ser todos iguais.
Cidade sitiada
Acompanhe momentos cruciais dos 72 dias da Comuna
17 para 18 de março
A revolta começa quando o general Lecomte exige que a Guarda Nacional tome do povo os canhões usados contra os invasores alemães.
18 de março
As tropas da Guarda Nacional se aliam à população armada. Os rebeldes fuzilam Lecomte e o general Clement Thomas.
19 de março
Louis-Adolph Thiers, líder do governo francês, se refugia em Versalhes, nos arredores de Paris, de onde articulará a retomada da cidade.
26 de março
O novo regime é oficializado na capital, com eleições para a Comuna feitas no Hôtel de Ville. Cada distrito da cidade tem um representante.
7 de abril
A Comuna elege seu símbolo: substitui o tradicional pavilhão tricolor francês por uma bandeira vermelha.
17 de abril
As fábricas e oficinas abandonadas são expropriadas por decreto e seu controle é deixado nas mãos de sociedades de operários.
10 de maio
A Comuna decreta o seqüestro dos bens de Thiers e a destruiçãode sua casa.
16 de maio
Na praça Vendôme, é derrubada a coluna imperial, inaugurada em 1810 para homenagear o exército napoleônico.
26 de maio
As forças contrárias à Comuna invadem Paris. Dois dias depois, tomam a região estratégica de Montmartre, no norte da cidade.
28 de maio
Após massacres, a Comuna é derrotada. Paris fica destruída.
Língua afiada
A dura tarefa de traduzir a língua dos revolucionários
O realismo de O Grito do Povo não está somente nos traços fiéis de Paris. Quem ler os quadrinhos no original vai achar termos difíceis até mesmo para bons conhecedores do francês. Os livros reproduzem a linguagem popular da época. Quem sofreu foi o jornalista Paulo Zocchi, responsável pela ótima versão em português. Nem nos melhores dicionários havia traduções para termos como chassepots (fuzis batizados com o nome de um fabricante de armas da França). Zocchi encontrou sua tábua de salvação na internet: um dicionário das gírias usadas no livro Os Miseráveis, de Victor Hugo, obra-prima da literatura francesa que se passa quase no mesmo período da Comuna. No glossário (que faz parte do site www.languefrancaise.net) Zocchi achou, por exemplo, o significado de crapules – cigarros baratos que em português viraram “crapulos”. Após descobrir o significado das expressões, Zocchi teve outra dúvida: qual português usar para traduzi-las? “Uma possibilidade seria usar gírias brasileiras de 130 anos atrás, mas isso não faria muito sentido”, diz ele. Para manter o pique dos quadrinhos, ele optou por usar a linguagem do Brasil de hoje. Graças a isso, o leitor não precisa ir ao dicionário para compreender expressões como “levar pé na bunda” ou “fazer das tripas coração”.
Saiba mais
Livro
O Grito do Povo (volumes 1 e 2), Jean Vautrin e Jacques Tardi, Conrad, 2005R$ 23 (cada volume)
Revista Superinteressante
Com uma caprichada reconstituição da época, os quadrinhos de O Grito do Povo juntam ficção e realidade para narrar a Comuna de Paris, quando a capital francesa viveu seus dias de país socialista
por Ana Elisa Camasmie
Os livros didáticos costumam dedicar pouco espaço à Comuna de Paris. Talvez porque esse seja apenas mais um dos tantos episódios revolucionários da história da França. Ou porque tenha sido um movimento popular, que não deixou uns poucos heróis, e sim muitos pequenos grandes homens. Mas os ideais socialistas pregados pelo povo parisiense em 1871 influenciaram revoltas ao redor do mundo – incluindo a Revolução Russa de 1917. De Londres, o próprio Karl Marx, alemão que se tornou o principal teórico do comunismo, acompanhou a Comuna, exaltando os feitos dos operários, soldados, artistas, prostitutas e malandros. Eram pessoas simples, cansadas da profunda desigualdade social e saudosas dos velhos ideais de “liberdade, igualdade, fraternidade”.
Esses homens e mulheres são os protagonistas de O Grito do Povo, romance do escritor francês Jean Vautrin que foi adaptado para os quadrinhos por seu conterrâneo Jacques Tardi. Lançadas no Brasil em dois volumes, as tiras colocam o leitor em contato com o cotidiano das agitadas ruas da Paris de 1871. Suas diversas tramas interagem com os acontecimentos mais importantes da Comuna, e algumas referências históricas são explicadas em curtas notas de rodapé, sem interferir no bom andamento da leitura.
A Paris da segunda metade do século 19, o cenário da história, já era conhecida como a “cidade-luz”. Havia passado por uma renovação urbanística que dera origem a grandes avenidas (chamadas de bulevares), bosques suntuosos e luxuosos palácios. Mas, para as camadas populares, a situação era bem diferente. A miséria das periferias contrastava com a riqueza da elite. Enquanto os pobres moravam em cortiços, os parisienses mais abastados viviam em Versalhes, subúrbio que no século anterior havia abrigado a realeza derrubada pela Revolução Francesa.
Versalhes não era apenas um refúgio contra a miséria. Servia também para os ricos se protegerem contra uma eventual invasão inimiga, já que a França estava no meio de um confronto. Em 1870, o imperador Napoleão III havia declarado guerra contra a Prússia, nação que liderava a tumultuada unificação política da Alemanha. O soberano francês esperava se aproveitar da confusão para abocanhar alguns territórios germânicos.
Mas o tiro de Napoleão III saiu pela culatra. Após ser derrotado numa importante batalha, ele foi preso e destituído pelos franceses. Os mesmos políticos e militares que antes apoiavam o imperador acabaram com a monarquia e criaram uma república. Comandado pelo general Louis-Adolph Thiers, eleito presidente do Conselho de Estado, o novo governo logo rendeu-se ao exército germânico de Otto von Bismarck. Era fevereiro de 1871. A França estava desarmada e vulnerável: a única força oficial ainda em operação era a Guarda Nacional, frágil demais para conter o exército prussiano.
Mas na capital francesa o clima não era de medo. Entre a população, predominava a revolta contra a submissão dos políticos, outrora nacionalistas, às forças inimigas. Quando os prussianos chegaram às portas de Paris, o povo tomou conta dos canhões e, heroicamente, conseguiu ajudar a Guarda Nacional a repelir a invasão. Em março, em vez de serem recompensados pela bravura, os parisienses foram surpreendidos por um aumento de impostos e aluguéis.
A França contra Paris
Além de ser espremida financeiramente, a população foi destituída de suas armas. A pretexto de restaurar a ordem, o governo retomou a posse sobre os canhões das regiões parisienses de Montmartre, Chaumont e Belleville. Em 18 de março, uma manifestação de protesto saiu às ruas. A ordem dada à Guarda Nacional foi sufocar o movimento com violência. Mas os soldados se recusaram a cumpri-la. Percebendo que eram tão humildes quanto os manifestantes, eles se uniram aos revoltosos.
Os generais Lecomte e Clément Thomas, comandantes da Guarda Nacional, foram aprisionados e fuzilados por seus ex-subordinados. Percebendo a extensão do levante, os defensores do governo fugiram para o isolamento de Versalhes. Os batalhões da Guarda Nacional, então, se posicionaram em pontos estratégicos nos limites de Paris, enquanto barricadas eram erguidas nas ruas. Dessa vez, não era apenas para defender a cidade de ataques estrangeiros, mas para dar segurança a um novo governo. O poder agora era do povo. Nascia a Comuna de Paris.
Recorrendo a personagens e acontecimentos fictícios, O Grito do Povo acompanha, passo a passo, os dois meses e meio da Comuna. Apaixonado por arquitetura, o desenhista Jacques Tardi realizou uma impressionante pesquisa histórica para retratar fielmente a Paris dos tempos da Comuna, já que muito do que existia foi destruído durante os combates. Enquanto durou, a comunidade criada pelos parisienses promoveu mudanças sociais e políticas intensas, inspiradas no comunismo de Marx e no anarquismo do francês Joseph Proudhon. A separação entre Igreja e Estado foi instituída e os religiosos, encarcerados – alguns deles, fuzilados. A cobrança de aluguéis foi abolida. Os palácios dos considerados traidores da pátria, exilados em Versalhes, foram saqueados. Monumentos que simbolizavam o poder de Napoleão Bonaparte e Napoleão III foram destruídos, como a coluna imperial da praça Vendôme.
Enquanto isso, o governo francês estabelecido em Versalhes pensava em como sufocar a Comuna. Segundo o armistício assinado com os alemães, a França não podia reunir mais de 40 mil soldados de uma vez. Mas Thiers conseguiu fechar um acordo com Bismarck, que permitiu a mobilização de 170 mil soldados franceses para a retomada de Paris – boa parte deles eram prisioneiros de guerra que a Alemanha aceitou libertar.
Em 21 de maio, as tropas francesas invadiram Paris, dando início à Semana Sangrenta, em que nenhum dos lados fazia prisioneiros – inimigos eram assassinados a sangue frio. Ao final, os homens de Thiers saíram vitoriosos. A Comuna de Paris duraria apenas 72 dias, deixando um saldo de 35 mil presos, cerca de 20mil mortos e uma capital arrasada. No fim da revolta, para rechaçar o exército francês que se aproximava, os próprios revolucionários acabaram ateando fogo em diversos edifícios, como o Hôtel de Ville, onde os membros da Comuna tinham se reunido em assembléia – e que, reconstruído entre 1874 e 1882, até hoje abriga a prefeitura de Paris.
Apesar de exaltar a importância do movimento, O Grito do Povo não romantiza os revolucionários. Uns se vendem, outros mentem. Alguns dos personagens mostrados, inclusive, existiram de verdade. Um exemplo é o pintor realista Gustave Courbet, que, durante a revolta, pintou um de seus mais famosos quadros, A Origem do Mundo (que retrata o órgão sexual feminino). Mas o grande homenageado por Tardi e Vautrin é o jornalista Jules Vallès. Durante a Comuna, Vallès criou o periódico O Grito do Povo. Com tiragem diária de até 100mil exemplares, o jornalzinho de apenas uma página era distribuído ou afixado pelas ruas e mantinha a população informada sobre a insurreição. Eleito como representante distrital nas eleições de 26 de março, Vallès foi condenado à morte quando a Comuna caiu. Mas conseguiu escapar e ficou em Londres até 1880. De volta a Paris, reeditou O Grito do Povo entre 1883 e 1885, ano em que morreu, fazendo os parisienses se lembrarem da época em que eles sonharam ser todos iguais.
Cidade sitiada
Acompanhe momentos cruciais dos 72 dias da Comuna
17 para 18 de março
A revolta começa quando o general Lecomte exige que a Guarda Nacional tome do povo os canhões usados contra os invasores alemães.
18 de março
As tropas da Guarda Nacional se aliam à população armada. Os rebeldes fuzilam Lecomte e o general Clement Thomas.
19 de março
Louis-Adolph Thiers, líder do governo francês, se refugia em Versalhes, nos arredores de Paris, de onde articulará a retomada da cidade.
26 de março
O novo regime é oficializado na capital, com eleições para a Comuna feitas no Hôtel de Ville. Cada distrito da cidade tem um representante.
7 de abril
A Comuna elege seu símbolo: substitui o tradicional pavilhão tricolor francês por uma bandeira vermelha.
17 de abril
As fábricas e oficinas abandonadas são expropriadas por decreto e seu controle é deixado nas mãos de sociedades de operários.
10 de maio
A Comuna decreta o seqüestro dos bens de Thiers e a destruiçãode sua casa.
16 de maio
Na praça Vendôme, é derrubada a coluna imperial, inaugurada em 1810 para homenagear o exército napoleônico.
26 de maio
As forças contrárias à Comuna invadem Paris. Dois dias depois, tomam a região estratégica de Montmartre, no norte da cidade.
28 de maio
Após massacres, a Comuna é derrotada. Paris fica destruída.
Língua afiada
A dura tarefa de traduzir a língua dos revolucionários
O realismo de O Grito do Povo não está somente nos traços fiéis de Paris. Quem ler os quadrinhos no original vai achar termos difíceis até mesmo para bons conhecedores do francês. Os livros reproduzem a linguagem popular da época. Quem sofreu foi o jornalista Paulo Zocchi, responsável pela ótima versão em português. Nem nos melhores dicionários havia traduções para termos como chassepots (fuzis batizados com o nome de um fabricante de armas da França). Zocchi encontrou sua tábua de salvação na internet: um dicionário das gírias usadas no livro Os Miseráveis, de Victor Hugo, obra-prima da literatura francesa que se passa quase no mesmo período da Comuna. No glossário (que faz parte do site www.languefrancaise.net) Zocchi achou, por exemplo, o significado de crapules – cigarros baratos que em português viraram “crapulos”. Após descobrir o significado das expressões, Zocchi teve outra dúvida: qual português usar para traduzi-las? “Uma possibilidade seria usar gírias brasileiras de 130 anos atrás, mas isso não faria muito sentido”, diz ele. Para manter o pique dos quadrinhos, ele optou por usar a linguagem do Brasil de hoje. Graças a isso, o leitor não precisa ir ao dicionário para compreender expressões como “levar pé na bunda” ou “fazer das tripas coração”.
Saiba mais
Livro
O Grito do Povo (volumes 1 e 2), Jean Vautrin e Jacques Tardi, Conrad, 2005R$ 23 (cada volume)
Revista Superinteressante
2 comentários:
Eduardo passei para conhecer seu blog ele é show, espetacular desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
Um grande abraço e tudo de bom
Ass:Rodrigo Rocha
Obrigado...Fico muito feliz por sua palavras.
Tenha uma boa semana.
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