segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Música brasileira nos anos 1950


Mônica Almeida Kornis
A renovação da música popular brasileira se estabeleceu em torno do ano de 1958 e ficou conhecida com o nome de "bossa nova". Segundo o poeta e crítico Augusto de Campos, a canção "Hino ao Sol" (1955), com música de Antônio Carlos Jobim, foi a primeira composição a se integrar, mesmo por antecipação, na nova concepção musical que iria se firmar três anos depois. Já então era intensa a movimentação musical na cidade do Rio de Janeiro, e despontavam alguns dos nomes que viriam a se consagrar nas décadas seguintes.

Incorporando à canção brasileira algumas manifestações da música popular estrangeira ¾ sobretudo ritmos norte-americanos como o do jazz e de algumas de suas modalidades como o be-bop ¾, a bossa nova trazia consigo não só uma nova forma de interpretação em tom intimista, mas também um novo ritmo e uma estreita integração entre a letra e a música das canções. Além disso, havia uma intenção de revitalizar a música brasileira retomando canções populares nacionais.

A indústria do disco em franca expansão logo divulgaria a produção musical dos maiores nomes desse movimento: o compositor Antônio Carlos Jobim ¾ que musicou versos do poeta Vinicius de Moraes ¾ e o cantor João Gilberto, que se tornava o intérprete mais importante da bossa nova. Nascido no Rio de Janeiro, o movimento de início se expandiu em apresentações em casas noturnas de Copacabana, na Zona Sul da cidade, até chegar, no fim da década, ao circuito universitário.

O disco Canção do amor demais (1958), da cantora Elisete Cardoso, é considerado o momento inaugural da bossa nova por ser todo ele composto por canções da dupla Tom Jobim e Vinícius de Morais, e sobretudo pelo fato de em algumas faixas João Gilberto acompanhar Elisete ao violão com uma nova "batida". A canção "Desafinado" (1958), de Tom Jobim e Newton Mendonça, introdutora da dissonância na música popular brasileira, é também uma das canções inaugurais do movimento. Faz parte do primeiro disco de João Gilberto, Chega de saudade, um sucesso de vendas.

A consonância da bossa nova com o espírito moderno que o governo Juscelino Kubitschek pretendia imprimir ao país levou o presidente a convidar Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Morais a compor Brasília, sinfonia da Alvorada, para que fosse executada na inauguração da nova capital, o que acabou, contudo, não ocorrendo.

Na conjuntura do fim da década de 1950, a expressão "bossa nova" tornou-se sinônimo de qualquer atitude ou manifestação identificada com o novo e o moderno. O próprio Juscelino Kubitschek, o homem que queria modernizar o Brasil, foi chamado de "presidente bossa nova"

Fundação Getúlio Vargas

Um comentário:

Lacaze Zara disse...
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