sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O que foi a Guerrilha do Araguaia?



O que foi a Guerrilha do Araguaia?
por Danilo Cezar Cabral



Foi a tentativa de dissidentes do Partido Comunista do Brasil (PC do B) de organizar uma luta armada, a partir do campo, para enfrentar a ditadura militar que governava o Brasil em 1968. Na época, a censura barrava notícias e manifestações artísticas que o governo julgasse impróprias. Para piorar, pessoas que se opunham ao regime - ou consideradas uma ameaça - eram perseguidas, torturadas e até executadas. Quando o regime começou a endurecer ainda mais, alguns partidários da esquerda, inspirados pelo sucesso das revoluções chinesa, com Mao Tsé-tung, e cubana, com Che Guevara e Fidel Castro, começaram os planos para derrubar os milicos do poder. O primeiro passo era conquistar a população rural, alistando "soldados" para iniciar a revolução socialista no Brasil.

Guerrilha dos "farrapos"
Durante sete anos, quase cem guerrilheiros tentaram combater a ditadura no improviso

1. Em 1968, alguns líderes do PC do B, como Maurício Grabois e João Amazonas, se desligam do partido para formar grupos de resistência armada em regiões rurais

2. Os grupos se espalham próximos às margens do rio Araguaia, onde hoje se juntam os estados do Pará, do Maranhão e de Tocantins. Paulistas, mineiros e gaúchos são maioria

3. A amizade é uma arma para conquistar o apoio dos camponeses. Outra estratégia é usar a profissão dos guerrilheiros - alguns deles eram médicos, por exemplo - para atender às necessidades locais

4. Os guerrilheiros, vindos da classe média alta, bancam as próprias armas. Sem treinamento militar prévio nem financiamento do partido, o arsenal se limita a facões, revólveres .38 e espingardas

5. Numa emboscada ao comunista Carlos Marighella, os militares descobrem documentos com pistas sobre a guerrilha, confirmadas com a prisão e a tortura do ex-guerrilheiro Pedro Albuquerque

6. O Departamento de Inteligência e Repressão do Exército se infiltra nas comunidades do Araguaia e compra informações dos camponeses, descobrindo paradeiro e identidade dos guerrilheiros

7. Até 1975, rolam três campanhas para detonar a guerrilha. Após reconhecimento da área e coleta de informações, a segunda campanha vai à caça com tropas de operação em selva. Começa a onda de torturas, com destaque para um pau-de-arara melado

8. A captura de Osvaldão (Osvaldo Orlando da Costa) - um dos poucos treinados pelo Exército chinês -abala o moral dos guerrilheiros. O cara é morto em 1974 e tem o corpo amarrado a um helicóptero para ser exibido nos vilarejos

9. A Operação Marajoara vem para exterminar, com emboscadas pesadas de militares sem farda, muita tortura e execução - até de camponeses. O objetivo é identificar os poucos guerrilheiros que ainda resistem escondidos na mata

10. Oficiais cortam cabeça e mãos das vítimas e as enfiam em sacos que seguem para identificação pelo Exército. Segundo os militares, mais de 80 guerrilheiros morreram nas operações

11. Familiares e organizações de direitos humanos tentam, até hoje, localizar e identificar corpos de "desaparecidos". Dossiês e depoimentos de ex-militares envolvidos nas operações estão vindo à tona pela imprensa e pelo cinema

Consultoria - Eduardo Castro, diretor do documentário Araguaia - A face oculta da história, com lançamento previsto para 2010

Revista Mundo Estranho

Um comentário:

OTONIEL AJALA DOURADO disse...

SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ: UM CRIME MILITAR AINDA IMPUNE




No CEARÁ, para quem não sabe, houve também um crime idêntico ao do “Araguaia”, contudo em piores proporções, foi o MASSACRE praticado por forças do Exército e da Polícia Militar do Ceará no ano de 1937, contra a comunidade de camponeses católicos do Sítio da Santa Cruz do Deserto ou Sítio Caldeirão, que tinha como líder religioso o beato JOSÉ LOURENÇO, seguidor do padre Cícero Romão Batista.


SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ: UM GENOCÍDIO ESQUECIDO PELO BRASIL!


A ação criminosa deu-se inicialmente através de bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como feras enlouquecidas, como se ao mesmo tempo, fossem juízes e algozes.


Como o crime praticado pelo Exército e pela Polícia Militar do Ceará foi de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO / CRIME CONTRA A HUMANIDADE é considerado IMPRESCRITÍVEL pela legislação brasileira bem como pelos Acordos e Convenções internacionais, e por isso a SOS - DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - Ceará, ajuizou no ano de 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo que sejam obrigados a informar a localização exata da COVA COLETIVA onde esconderam os corpos dos camponeses católicos assassinados na ação militar de 1937.


Vale lembrar que a Universidade Regional do Cariri – URCA, poderia utilizar sua tecnologia avançada e pessoal qualificado, para, através da Pró-Reitoria de Pós Graduação e Pesquisa – PRPGP, do Grupo de Pesquisa Chapada do Araripe – GPCA e do Laboratório de Pesquisa Paleontológica – LPPU encontrar a cova coletiva, uma vez que pelas informações populares, ela estaria situada em algum lugar da MATA DOS CAVALOS, em cima da Serra do Araripe.


Frisa-se também que a Universidade Federal do Ceará – UFC, no início de 2009 enviou pessoal para auxiliar nas buscas dos restos dos corpos dos guerrilheiros mortos no ARAGUAIA, esquecendo-se de procurar na CHAPADA DO ARRARIPE, interior do Ceará, uma COVA COM 1000 camponeses.


Então por que razão as autoridades não procuram a COVA COLETIVA das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO? Seria descaso ou discriminação por serem “meros nordestinos católicos”?


Diante disto aproveitamos a oportunidade para pedir o apoio nesta luta, à todos os cidadãos de bem, no sentido de divulgar o CRIME PERMANENTE praticado contra os habitantes do SÍTIO CALDEIRÃO, bem como, o direito das vítimas serem encontradas e enterradas com dignidade, para que não fiquem para sempre esquecidas em alguma cova coletiva na CHAPADA DO ARARIPE.


Dr. OTONIEL AJALA DOURADO
OAB/CE 9288 – (85) 8613.1197
Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
www.sosdireitoshumanos.org.br