sábado, 10 de julho de 2010

Cronologia do Genocídio Armênio

Há diversos registros de enforcamentos públicos de líderes armênios da época

Renata de Figueiredo Summa

“Não há dúvida de que esse crime foi preparado e realizado por motivos políticos. Era momento oportuno para fazer desaparecer do país uma raça que se havia rebelado contra os atos bárbaros cometidos pelos turcos e cujas aspirações de liberdade podiam ir em prejuízo da Turquia (...) Os partidários do panturquismo pensavam que embora caísse Constantinopla e a Turquia perdesse, a aniquilação dos armênios representaria uma vantagem permanente para o futuro da raça turca”.
Winston Churchill, em “The World Crises”, Tomo V, Londres, p. 405, 1929

Cronologia do Genocídio Armênio

1914
21/02: O Comitê União e Progresso (Ittihad) ordena o boicote ao comércio e indústria dos armênios no Império Otomano.
20/11: É publicada uma ordem de expulsão de todos os funcionários de origem armênia da administração pública otomana.
26/11: O Ministério da Guerra inicia a repartição de armas e munições entre os membros da “Teshkilat Mahsusa”, organização especial militarizada integrada por criminosos liberados ilegalmente das prisões turcas.
1915
12/02: Começam a desarmar os soldados armênios do Exército turco.
12/03: São feitas detenções em massa de armênios em Dortyol, sobre os quais dizia-se que iriam trabalhar na construção de estradas nas proximidades de Alepo. Nunca mais foram vistos.
20/04: A deportação dos 25.000 armênios de Zeitun foi concluída. No mesmo dia começam as detenções massivas em Diarbekir.
24/04: Na véspera da Páscoa, ao meio-dia, cumprindo ordens ilegais, com listas preparadas de forma detalhada, o governo dos Jovens Turcos prende e, no dia 25, deporta os líderes máximos religiosos, políticos e intelectuais da comunidade armênia em Istambul. Eles passam uma noite encarcerados em Mehder-Hané e depois são divididos em dois grupos. Cada um segue para cidades distintas, onde são esperados para ser assassinados depois de falsos julgamentos. Durante todo o mês de abril, as detenções continuam: 196 escritores, 168 pintores, 575 músicos, compositores, intérpretes e bailarinas, 336 médicos, farmacêuticos e odontologistas, 176 docentes e professores, 160 advogados, 62 arquitetos, 64 atores etc.
27/05: O Marechal alemão Otto Liman Von Sanders informa a Berlim que as deportações foram planejadas pelo governo, com a aprovação de todos os ministérios, e a execução fica a cargo dos governadores e da polícia.
28/07: Sabit, governador de Kharput, informa ao Ministério do Interior que as estradas estão cheias de cadáveres de mulheres e crianças e que não tem tempo para enterrá-los.
26/09: O ministro do Interior, Talaat, emite um regulamento com onze artigos, ratificado depois pelo Senado otomano, que legaliza o saque dos bens dos armênios organizado pelo Estado.
01/10: São “turquificados” 600 órfãos armênios em Herek.
07/10: Estima-se que tenham sobrevivido cerca de 360.000 armênios e que tenham sido assassinados 800.000. O resto da população Armênia está nas caravanas.
18/11: Talaat ordena que o governador de Alepo seja cuidadoso no envio dos armênios ao deserto. Ele recomenda que os massacres sejam realizados em lugares muito
ocultos.
11/12: Talaat ordena a prisão de jornalistas que preparavam informes sobre o genocídio e tiravam fotos dos acontecimentos.
10/03: O governo de Alepo envia um informe ao Ministério do Interior, em Constantinopla, dizendo que 75% dos armênios tinham sido assassinados.
17/03: Realizam-se grandes matanças nos campos de concentração de Rãs-iul-ain (50 mil) e Der-el-Zor (200 mil)
14/08: Informa-se que, por acumulação dos cadáveres de 200 mil armênios, houve um desvio do curso do rio Eufrates nas proximidades de Der-el-Zor.
04/10: O embaixador interino Radowitz informa ao chanceler Theobald Von Bethman Hollweg que dois milhões de armênios foram deportados e que somente 325 mil sobreviveram.
1918
28/05: A Armênia proclama sua independência após vencer as batalhas de Sardarabad, Bach-Abaran e Karakiliná contra os turcos.
11/10: Quatro dias depois da queda de Talaat Paxá, o governo turco autoriza o retorno dos armênios a suas cidades.
04/11: O Parlamento do Império Otomano decide submeter a julgamento marcial os responsáveis do Comitê União e Progresso pelo genocídio
1919
05/07: Em Constantinopla, o Tribunal Marcial condena à morte Talaat Paxá, que estava foragido na Alemanha.
1920
24/08: Firma-se, em Moscou, um tratado de amizade e cooperação bolcheviquekemalista que dá aos turcos liberdade de ação com respeito à Armênia. A Rússia não interviria a favor dos armênios.
10/09: Os turcos kemalistas ordenam novas deportações de armênios que haviam retornado às cidades de Keotahia, Tavshan, Cesárea, entre outras.
23/09: A Turquia ataca a República da Armênia sem declaração de guerra prévia.
1921
15/03: O estudante armênio Soghomón Tehlirian mata Tallat Paxá, que estava foragido em Berlim.
27/06: Os turcos iniciam uma ofensiva final contra Zeitun e matam todos os sobreviventes
1922
09/09: Os kemalistas invadem a cidade de Ismirna. Saqueiam e cometem assassinatos e incendeiam o bairro armênio (Hainotz).
1923
31/03: Pela Lei N° 319 da República Turca, todos os turcos que foram condenados como criminosos de guerra por algum Tribunal Militar foram declarados inocentes.

24/09: Publica-se uma Lei que proíbe para sempre o retorno dos armênios aos territórios da Turquia. O patrimônio cultural segue sendo saqueado.

Revista Ética e Filosofia Política - UFJF

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