terça-feira, 6 de abril de 2010

A Inconfidência Mineira

Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, Tiradentes, [179?]. Fundação Biblioteca Nacional . Divisão de Iconografia. (1)
Thomaz Antonio Gonzaga: Inconfidente. Desembargador, [18?]. Fundação Biblioteca Nacional . Divisão de Iconografia. (2)



D. Maria, rainha de Portugal, [18?]. Fundação Biblioteca Nacional . Divisão de Iconografia. (3)

Tiradentes, 1746-1792. Recibo de pagamento referente a soldo no período de outubro a dezembro de 1788. Fundação Biblioteca Nacional . Divisão de Manuscritos. (4)


A conjuração ocorrida na Capitania de Minas Gerais deu-se na confluência de causas externas e internas. Entre as externas, a principal foi, sem dúvida, a repercussão na colônia portuguesa da independência das 13 colônias inglesas da América do Norte.

Entre as causas internas, a maior delas era a decadência da mineração do ouro em Minas Gerais. À medida que o ouro se tornava mais raro, maiores eram as dificuldades dos mineradores de satisfazer as exigências da Coroa.

Acrescentam-se ainda os maus governos da Capitania nessa fase de dificuldade econômica. Como a capitania não satisfazia a demanda de ouro da metrópole, criou-se a cobrança chamada "derrama" ou seja, cobrança forçada e geral do ouro.

A insurreição deveria acontecer no dia marcado para a derrama mas, antes disso, três delatores denunciaram a conspiração ao governo da capitania; um dos três havia participado de reuniões e, por isso, seu nome é o mais conhecido deles, Joaquim Silvério dos Reis (1756-1792?), que devia à Fazenda Real valor de grande vulto, dívida que ele desejava lhe fosse perdoada em recompensa à denúncia.

Denunciada a conspiração, procedeu-se à prisão dos inconfidentes; José Joaquim da Silva Xavier (1746-1792) foi preso no Rio de Janeiro. O processo durou de 1789 a 1792, quando foi dada a sentença; foram condenados à morte na forca: Tiradentes, o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade (1756-1792?), José Álvares Maciel (1761-1804) e mais oito inconfidentes. Sete réus foram condenados ao degredo perpétuo na África. Os outros foram absolvidos.

Desde o começo do processo da devassa, Dona Maria I (1734-1816) havia determinado que a pena capital fosse comutada em degredo perpétuo a não ser para aqueles que apresentassem circunstâncias agravantes, que foi o caso do Tiradentes, o qual chamou a si toda a responsabilidade do movimento, razão por que sua pena não foi comutada e ele foi morto na forca no dia 21 de abril de 1792, seu corpo foi esquartejado e partes dele foram mandadas para Minas a fim de serem expostas nos próprios lugares onde ele tinha propagado suas idéias revolucionárias.

O movimento da Inconfidência teve vida curta; durou apenas os primeiros meses de 1789, e foram poucas as reuniões conspiratórias realizadas. Não se chegou mesmo a escolher um chefe. Com relação ao plano político pouca coisa além da independência foi resolvido.

Havia quem desejava a república, mas havia também monarquistas; se alguns eram favoráveis à abolição da escravatura, outros a julgaram inconveniente. Algumas idéias econômicas e sociais ficaram claramente delineadas: o fomento à produção algodoeira; o aproveitamento do ferro e do salitre existentes na capitania; a proposta de se premiarem as mães de grandes proles e a criação de uma milícia popular.

As figuras mais destacadas da conjuração foram: José Álvares Maciel, filósofo e estudioso de química; Francisco de Paula Freire de Andrade, tenente coronel do Regimento dos Dragões e, do mesmo regimento, aquele que se tornaria o mais entusiasmado propagandista do movimento: Joaquim José da Silva Xavier, cognominado o Tiradentes.

O movimento conspiratório atraiu grande número de intelectuais, militares e alguns sacerdotes. Alguns dos nomes mais destacados do movimento são os de Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), poeta e ex-secretário do governo; Inácio José de Alvarenga Peixoto (1744?-1792) , também poeta e minerador, e sua esposa Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira (1759-1819); o ex-ouvidor da Comarca e Desembargador ainda não empossado da Relação da Bahia, o também poeta, nascido em Portugal, de pai brasileiro, Tomás Antônio Gonzaga (1744-1807?).

1. Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, era o líder da Inconfidência Mineira. Pelo papel que desempenhou, foi condenado a morte e executado no dia 21 de abril de 1792. Seu martírio fez dele o herói nacional e o dia de sua morte é lembrada com um feriado nacional.

2. Nascido em Porto, Portugal; filho de pai brasileiro e mãe portuguesa. Gonzaga estudou direito em Coimbra. Pela sua participação na Inconfidência Mineira, ele foi mandado para prisão no Rio de Janeiro e mais tarde, exilado em Moçambique por 10 anos.

3. A rainha Maria de Portugal poupou a vida dos conspiradores mineiros, com exceção de Tiradentes.

4. Tiradentes ganhou seu apelido por trabalhar de dentista, mas ele também seguiu a carreira militar, chegando ao posto de alferes. Este documento é referente ao último soldo que Tiradentes recebeu da capitania.
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