sábado, 12 de dezembro de 2009

Escolástica

Duns Escoto, por Justus Van Ghent, Roma, Palacio Barberini


Historicamente, a escolástica pode dividir-se em três períodos: Escolástica primitiva (sécs. IX ao XII); Escolástica média (sécs. XII e XIII) e Escolástica tardia (sécs. XIV e XV).

Escolástica primitiva - inícia-se com o renascimento carolíngio e com o ressurgimento da escola que então se verifica. Aí se desenvolve um método de ensino que posteriormente será elaborado nos seus mínimos detalhes, constituído pelas quaestiones (problemas sujeitos a exame) e disputationes (exposição de argumentos a favor ou contra). As grandes disputas centram-se então em torno de dois problemas fundamentais: o problema da relação entre a fé e a razão (entre entre dialécticos, partidários da razão, e anti-dialécticos, defensores da fé) e a polémica dos universais.

Escolástica média - surgem diversos tipos de escolas (inclusivé as primeira universidades) e inicia-se um intenso trabalho de tradução (principalmente na Península Ibérica) que vai possibilitar o conhecimento dos clássicos gregos e latinos, concretamente, a filosofia natural e a metafísica de Aristóteles, juntamente com as obras dos seus comentaristas gregos e árabes. No século XIII, com a introdução, em Paris, da filosofia árabe, representada pelo contributo dado por Averróis enquanto comentador de Aristoteles, inicia-se uma tendência denominada averroísmo latino, que preconiza, entre outras, a defesa da tese da dupla verdade (fé e a razão são verdades independentes e igualmente legítimas). Com a reestruturação das ordens religiosas e a criação das ordens franciscana e dominicana, a escolástica alcançou o seu ponto culminante, representado fundamentalmente pela obra de S. Tomás de Aquino, membro da escola dominicana, que adaptou, seguindo de perto Averróis, a filosofia de Aristóteles ao pensamento cristão. Pelo contrário, a escola franciscana, de que S Boaventura é um representante maior, é inspirada no neoplatonismo e na filosofia de Santo Agostinho.

Escolástica tardia - o séc. XIV caracteriza-se pela separação definitiva entre a filosofia e a teologia. A teologia mantém-se em vigor na escola franciscana, representada por Duns Escoto e G. de Occam, e a filosofia instala-se no empírico, no particular e no sensível. A escolástica conhece antão um notável florescimento em Espanha e Portugal, dinamizado pelas ordens dominicana e dos Jesuítas, orientadas para a nova interpretação que se fez da teoria de S. Tomás em Itália. O dominicano F. de Vitoria fundou uma escola de Salamanca em que se formaram notáveis teólogos tomistas, os quais, juntamente com os jesuítas de Coimbra e F. Suárez, em polémica com o escotismo e o nominalismo, defenderam uma síntese de escolástica tradicional com as novas tendências de pensamento da época.
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/modelos/escolastica.htm

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