Sociedades secretas
Rituais estranhos e códigos que os integrantes devem levar para o túmulo fazem parte das organizações mais misteriosas do mundo. Conheça as principais
por Cíntia Cristina da Silva
A trama de O Código Da Vinci, o maior sucesso editorial dos últimos anos, foi toda construída a partir da fascinante idéia de que sociedades secretas não só existem como podem mudar o rumo dos acontecimentos e da história como a conhecemos hoje. Algumas dessas sociedades ocultas, como o Priorado de Sião e o Opus Dei, têm papel de destaque na aventura descrita pelo escritor americano Dan Brown. A essas organizações misteriosas credita-se o conhecimento de informações secretas, algumas místicas até. Essas sociedades também seriam responsáveis por planos conspiratórios que teriam um único objetivo final: dominar o mundo.
A popularidade do livro, que já vendeu mais de 30 milhões de exemplares no mundo todo, renovou a curiosidade sobre organizações das quais muito se fala, mas, concretamente, pouco se sabe, dentre elas a Maçonaria, a Illuminati, os Templários e a Skull and Bones – sociedade da qual faria parte o presidente americano George W. Bush (leia mais na próxima página). Todas essas associações exclusivistas têm em comum a confidencialidade e um rigoroso processo na hora de selecionar novos integrantes. Para os que estão de fora, o real poder e a influência dessas organizações é tão nebuloso quanto essas instituições em si. Nesse terreno, o que não falta é especulação.
O interesse recente suscitado pelo romance de Brown trouxe à tona uma tradição que acompanha o ser humano há centenas de anos. Muitos historiadores acreditam que existiram diversas sociedades secretas organizadas já no Egito antigo, no período faraônico. “Sociedades secretas no Egito antigo não são atestadas historicamente. Entretanto, por volta dos séculos 3 e 4 a.C., há relatos de gregos e romanos que viajaram ao Egito em busca de conhecimento hermético e foram iniciados nos mistérios de Isis”, explica o egiptólogo Julio Gralha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O grego Pitágoras, que viveu entre 580 e 500 a.C., fundou sua própria sociedade secreta ao retornar do Egito. O genial filósofo acreditava no caráter místico da matemática. Para ele, “tudo é número”. A escola pitagórica tinha um código de conduta bastante rígido: os candidatos eram submetidos a árduas provas físicas e psicológicas. Quem passava fazia um voto de silêncio que deveria ser cumprido ao longo dos cinco primeiros anos.
Eles também acreditavam na transmigração das almas, ou seja, que não se podia matar ou comer qualquer animal, pois tinha a possibilidade de este ser a última morada de um ente querido falecido.
Os ensinamentos da fraternidade pitagórica eram transmitidos oralmente. O caráter exclusivo e sigiloso da sociedade de Pitágoras atraiu a atenção e, pouco depois, a ira pública. Por fim, a escola foi destruída e seu fundador, assassinado.
Os templários
A Ordem dos Cavaleiros do Templo também teve um final trágico. Fundada em 1118, a ordem formada pelos cavaleiros templários tinha como função proteger os peregrinos que viajavam até a Terra Santa. Os templários compunham um exército que fazia a segurança do trajeto entre Jerusalém e a Europa. A ordem era apoiada pela Igreja Católica e seus integrantes foram os responsáveis pela criação das bases do sistema bancário. Funcionava da seguinte maneira: um peregrino podia deixar dinheiro num posto templário numa parte da Europa e retirar a mesma soma em outra localidade. Os templários cobravam uma taxa pela transação e, em razão desse serviço e das conexões com a Igreja, a ordem se tornou extremamente rica e, por conseqüência, poderosa
A fortuna, somada ao mistério que rondava os templários, despertou a inveja de Felipe, o Belo, rei da França que armou uma cilada para acabar com a ordem e confiscar seus bens. O monarca acusou os templários de sodomia e heresia. O rei alegou que a ordem cultuava um demônio de três cabeças chamado Baphomet. Apoiado nessas falsas acusações, um plano para exterminar a ordem foi posto em prática numa sexta-feira 13 de 1307, em todo o território francês. Uma das lendas dá conta de que os cavaleiros cultuavam uma cabeça embalsamada, a de Jesus Cristo, encontrada nas ruínas do Templo de Salomão. Daí viria o poder da ordem e a razão pela qual eles teriam sido massacrados.
Os Maçons
A Maçonaria, a sociedade secreta mais famosa do mundo, também teria raízes no Egito antigo. Ela teria surgido nos ritos iniciáticos na Grande Pirâmide (Quéops). Essas práticas foram se consolidando e a tradição oral foi passada de geração a geração até a construção do Templo de Salomão, em Jerusalém. Aliás, é a partir de construção do Templo de Salomão que começa, de fato, a história maçônica. A palavra “maçom” tem sua origem em mason, que significa pedreiro. Segundo a lenda maçônica, a ordem começou com um episódio trágico. O engenheiro-chefe, Hiram Afiff, foi assassinado por três ajudantes quando se recusou a revelar o segredo da construção – erigida sem o uso de martelo, pois todos os blocos se encaixaram perfeitamente.
Outra lenda liga a origem da Maçonaria aos cavaleiros templários, enquanto outros historiadores acreditam que a irmandade tenha surgido em espécies de sindicatos de pedreiros da Idade Média. A primeira loja maçônica – local onde os integrantes da ordem se encontram –, nos moldes existentes até hoje, foi fundada em Londres, em 1717. Para se tornar um maçom, uma pessoa precisa ser convidada, passar por um ritual simbólico e, após essa iniciação, tomaria conhecimento de um segredo grandioso. Nem é preciso dizer que ninguém, pelo menos do lado de cá da organização, conhece o tal segredo.
O principal objetivo da Maçonaria, definida como uma ordem progressista, seria lutar contra o obscurantismo e promover os ideais de “liberdade, igualdade e fraternidade” entre os homens. Esse mesmo lema foi adotado pelos insurgentes durante a Revolução Francesa. Muita gente acredita que a revolução que varreu a monarquia e guilhotinou os reis franceses em 1789 tenha sido orquestrada pela Maçonaria, em represália ao massacre dos cavaleiros templários no início do século 14. À Maçonaria costuma-se atribuir um poder maior do que se pode provar. Os adeptos também seriam conspiradores políticos dispostos a implantar uma nova ordem mundial. Já os maçons afirmam que a principal função da ordem é promover a filantropia e discutir o sentido da vida.
A Illuminati
Outra sociedade secreta que teve certo prestígio, embora não tenha durado muito, é a Ordem dos Iluminados, conhecida como Illuminati. Fundada pelo maçom Adam Weishaupt, na Bavária, em 1776, a ordem era contra a Igreja e a monarquia. Inspirada nos ideais do Iluminismo francês, tinha como objetivo promover o conhecimento, acabar com crendices (muitas das quais propagadas pelas religiões, acreditavam eles) e trabalhar pela unificação européia. A idéia de criar um governo planetário não durou muito. Os alemães não gostaram de ter em seu território uma sociedade secreta conspirando contra o Estado germânico e destruíram a irmandade, em 1784. Mas nem todo mundo acredita no fim da Illuminati. Segundo muitos conspiradores, ela continua mais atuante do que nunca e até teria um braço norte-americano, a misteriosa Skull and Bones.
De volta ao Código Da Vinci, uma sociedade misteriosa retratada no livro de maneira pouco lisonjeira é o Opus Dei. Criado em 1928 na Espanha, o Opus Dei (Obra de Deus) é uma organização espiritual católica vinculada ao Vaticano. A prelazia, célebre pela austeridade moral, conta com cerca de 85 mil adeptos no mundo todo. Para entrar para o Opus Dei, não basta querer. É preciso conhecer a instituição, ou conhecer alguém de lá, e manifestar uma vocação antes de o pedido de filiação ser aceito. Ao ser admitido, cada integrante é obrigado a cumprir um plano de vida diário, descrito no livro Opus Dei – Os Mitos e a Realidade, de John L. Allen Jr. O mistério que cerca o Opus Dei gera muitas especulações. Acredita-se que a organização tenha poder e dinheiro suficientes para influir em grandes questões da Igreja. Segundo John L. Allen Jr., no Vaticano corre o boato de que era o Opus Dei quem comandava a Santa Sé nos últimos anos do pontificado de João Paulo II, que morreu no ano passado. Segundo os adeptos do Opus Dei, tudo isso não passa de uma teoria conspiratória sem fundamento. Será?
Skull and bones: fábrica de presidentes
A ordem Skull and Bones (Caveira e Ossos) surgiu na Universidade de Yale, uma das instituições mais elitizadas dos Estados Unidos, em meados do século 19. Mas só chamou a atenção do público quando dois de seus integrantes disputaram a Presidência americana nas eleições de 2004: o republicano George W. Bush e o democrata John Kerry. Questionados durante a campanha presidencial, os dois candidatos não negaram ser membros do Skull and Bones, mas se recusaram a detalhar a atuação da fraternidade. “Isso é tão secreto que nem podemos falar sobre o assunto”, declarou Bush, cujo pai, o ex-presidente George Bush, também é membro do Skull and Bones. É bem possível que a sociedade secreta que goza da lealdade de Bush pai e filho não passe de uma dessas agremiações estudantis cujos sócios nada mais fazem do que compartilhar bebidas e aventuras sexuais. Mas o mistério que cerca o Skull and Bones dá margem a todo tipo de especulação. Há quem diga que os bonesmen (“homens de ossos”), como são conhecidos seus integrantes, são um grupo de conspiradores que está por trás dos fatos históricos mais importantes do último século, como o lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima, no Japão, em 1945. Comenta-se que os membros dessa exclusiva sociedade se ajudam para que alcancem posições privilegiadas na sociedade. Além disso, a ordem cuidaria da segurança financeira de seus integrantes para que nenhum deles tenha de vender os segredos da sociedade em caso de falência. A cada ano, apenas 15 pessoas são escolhidas para fazer parte da sociedade. Atualmente, o Skull and Bones conta com 800 membros.
Priorado de Sião: alvo de piada surrealista
No best-seller O Código Da Vinci, a trama gira em torno de um segredo que uma sociedade secreta secular foi incumbida de proteger. Essa sociedade é o Priorado de Sião, que teria como função guardar o segredo de que Jesus teve uma família com Maria Madalena e proteger seus descendentes. O Priorado teria sido fundado em 1090 pelo cruzado Godofredo de Bulhão, conquistador e futuro rei cristão de Jerusalém. Além disso, credita-se aos membros do Priorado a criação de um braço armado, a Ordem dos Cavaleiros Templários. No início de 1300, a ordem teria passado para a clandestinidade com o objetivo de evitar o mesmo fim dos templários. Teria mudado seu nome para Ordem Rosa-Cruz Veritas (que não tem relação com o movimento gnóstico Rosa Cruz), da qual pouco se sabe. Em 1982, Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln publicaram O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, livro que os autores afirmam ter sido plagiado por O Código Da Vinci. O trio de autores diz ter encontrado na Biblioteca Nacional da França, em Paris, provas da existência do Priorado. Os “Dossiês Secretos”, descobertos em 1956, traziam informações sobre o Priorado e seus grão-mestres. Segundo o documento, personalidades como Leonardo da Vinci, Isaac Newton, Victor Hugo, Claude Debussy e Jean Cocteau teriam sido membros do Priorado. A sociedade antiga pode até ter existido, mas os tais manuscritos descobertos na década de 50 provaram-se falsos. Tudo não passava de uma brincadeira de um certo Pierre Plantard e de alguns amigos surrealistas entediados, que se divertiram produzindo “documentos secretos”.
Saiba mais
Livros
Opus Dei – Os Mitos e a Realidade
John L. Allen, Jr, Campus, 2006.
Uma descrição detalhada sobre a misteriosa organização católica
O Santo Graal e a Linhagem Sagrada
Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, Nova Fronteira, 1982.
Um padre descobre, nas fundações de uma igreja francesa, algo que lhe confere grande poder sobre seus superiores e acesso a círculos restritos da nobreza européia.
Revista Aventuras na Historia
Rituais estranhos e códigos que os integrantes devem levar para o túmulo fazem parte das organizações mais misteriosas do mundo. Conheça as principais
por Cíntia Cristina da Silva
A trama de O Código Da Vinci, o maior sucesso editorial dos últimos anos, foi toda construída a partir da fascinante idéia de que sociedades secretas não só existem como podem mudar o rumo dos acontecimentos e da história como a conhecemos hoje. Algumas dessas sociedades ocultas, como o Priorado de Sião e o Opus Dei, têm papel de destaque na aventura descrita pelo escritor americano Dan Brown. A essas organizações misteriosas credita-se o conhecimento de informações secretas, algumas místicas até. Essas sociedades também seriam responsáveis por planos conspiratórios que teriam um único objetivo final: dominar o mundo.
A popularidade do livro, que já vendeu mais de 30 milhões de exemplares no mundo todo, renovou a curiosidade sobre organizações das quais muito se fala, mas, concretamente, pouco se sabe, dentre elas a Maçonaria, a Illuminati, os Templários e a Skull and Bones – sociedade da qual faria parte o presidente americano George W. Bush (leia mais na próxima página). Todas essas associações exclusivistas têm em comum a confidencialidade e um rigoroso processo na hora de selecionar novos integrantes. Para os que estão de fora, o real poder e a influência dessas organizações é tão nebuloso quanto essas instituições em si. Nesse terreno, o que não falta é especulação.
O interesse recente suscitado pelo romance de Brown trouxe à tona uma tradição que acompanha o ser humano há centenas de anos. Muitos historiadores acreditam que existiram diversas sociedades secretas organizadas já no Egito antigo, no período faraônico. “Sociedades secretas no Egito antigo não são atestadas historicamente. Entretanto, por volta dos séculos 3 e 4 a.C., há relatos de gregos e romanos que viajaram ao Egito em busca de conhecimento hermético e foram iniciados nos mistérios de Isis”, explica o egiptólogo Julio Gralha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O grego Pitágoras, que viveu entre 580 e 500 a.C., fundou sua própria sociedade secreta ao retornar do Egito. O genial filósofo acreditava no caráter místico da matemática. Para ele, “tudo é número”. A escola pitagórica tinha um código de conduta bastante rígido: os candidatos eram submetidos a árduas provas físicas e psicológicas. Quem passava fazia um voto de silêncio que deveria ser cumprido ao longo dos cinco primeiros anos.
Eles também acreditavam na transmigração das almas, ou seja, que não se podia matar ou comer qualquer animal, pois tinha a possibilidade de este ser a última morada de um ente querido falecido.
Os ensinamentos da fraternidade pitagórica eram transmitidos oralmente. O caráter exclusivo e sigiloso da sociedade de Pitágoras atraiu a atenção e, pouco depois, a ira pública. Por fim, a escola foi destruída e seu fundador, assassinado.
Os templários
A Ordem dos Cavaleiros do Templo também teve um final trágico. Fundada em 1118, a ordem formada pelos cavaleiros templários tinha como função proteger os peregrinos que viajavam até a Terra Santa. Os templários compunham um exército que fazia a segurança do trajeto entre Jerusalém e a Europa. A ordem era apoiada pela Igreja Católica e seus integrantes foram os responsáveis pela criação das bases do sistema bancário. Funcionava da seguinte maneira: um peregrino podia deixar dinheiro num posto templário numa parte da Europa e retirar a mesma soma em outra localidade. Os templários cobravam uma taxa pela transação e, em razão desse serviço e das conexões com a Igreja, a ordem se tornou extremamente rica e, por conseqüência, poderosa
A fortuna, somada ao mistério que rondava os templários, despertou a inveja de Felipe, o Belo, rei da França que armou uma cilada para acabar com a ordem e confiscar seus bens. O monarca acusou os templários de sodomia e heresia. O rei alegou que a ordem cultuava um demônio de três cabeças chamado Baphomet. Apoiado nessas falsas acusações, um plano para exterminar a ordem foi posto em prática numa sexta-feira 13 de 1307, em todo o território francês. Uma das lendas dá conta de que os cavaleiros cultuavam uma cabeça embalsamada, a de Jesus Cristo, encontrada nas ruínas do Templo de Salomão. Daí viria o poder da ordem e a razão pela qual eles teriam sido massacrados.
Os Maçons
A Maçonaria, a sociedade secreta mais famosa do mundo, também teria raízes no Egito antigo. Ela teria surgido nos ritos iniciáticos na Grande Pirâmide (Quéops). Essas práticas foram se consolidando e a tradição oral foi passada de geração a geração até a construção do Templo de Salomão, em Jerusalém. Aliás, é a partir de construção do Templo de Salomão que começa, de fato, a história maçônica. A palavra “maçom” tem sua origem em mason, que significa pedreiro. Segundo a lenda maçônica, a ordem começou com um episódio trágico. O engenheiro-chefe, Hiram Afiff, foi assassinado por três ajudantes quando se recusou a revelar o segredo da construção – erigida sem o uso de martelo, pois todos os blocos se encaixaram perfeitamente.
Outra lenda liga a origem da Maçonaria aos cavaleiros templários, enquanto outros historiadores acreditam que a irmandade tenha surgido em espécies de sindicatos de pedreiros da Idade Média. A primeira loja maçônica – local onde os integrantes da ordem se encontram –, nos moldes existentes até hoje, foi fundada em Londres, em 1717. Para se tornar um maçom, uma pessoa precisa ser convidada, passar por um ritual simbólico e, após essa iniciação, tomaria conhecimento de um segredo grandioso. Nem é preciso dizer que ninguém, pelo menos do lado de cá da organização, conhece o tal segredo.
O principal objetivo da Maçonaria, definida como uma ordem progressista, seria lutar contra o obscurantismo e promover os ideais de “liberdade, igualdade e fraternidade” entre os homens. Esse mesmo lema foi adotado pelos insurgentes durante a Revolução Francesa. Muita gente acredita que a revolução que varreu a monarquia e guilhotinou os reis franceses em 1789 tenha sido orquestrada pela Maçonaria, em represália ao massacre dos cavaleiros templários no início do século 14. À Maçonaria costuma-se atribuir um poder maior do que se pode provar. Os adeptos também seriam conspiradores políticos dispostos a implantar uma nova ordem mundial. Já os maçons afirmam que a principal função da ordem é promover a filantropia e discutir o sentido da vida.
A Illuminati
Outra sociedade secreta que teve certo prestígio, embora não tenha durado muito, é a Ordem dos Iluminados, conhecida como Illuminati. Fundada pelo maçom Adam Weishaupt, na Bavária, em 1776, a ordem era contra a Igreja e a monarquia. Inspirada nos ideais do Iluminismo francês, tinha como objetivo promover o conhecimento, acabar com crendices (muitas das quais propagadas pelas religiões, acreditavam eles) e trabalhar pela unificação européia. A idéia de criar um governo planetário não durou muito. Os alemães não gostaram de ter em seu território uma sociedade secreta conspirando contra o Estado germânico e destruíram a irmandade, em 1784. Mas nem todo mundo acredita no fim da Illuminati. Segundo muitos conspiradores, ela continua mais atuante do que nunca e até teria um braço norte-americano, a misteriosa Skull and Bones.
De volta ao Código Da Vinci, uma sociedade misteriosa retratada no livro de maneira pouco lisonjeira é o Opus Dei. Criado em 1928 na Espanha, o Opus Dei (Obra de Deus) é uma organização espiritual católica vinculada ao Vaticano. A prelazia, célebre pela austeridade moral, conta com cerca de 85 mil adeptos no mundo todo. Para entrar para o Opus Dei, não basta querer. É preciso conhecer a instituição, ou conhecer alguém de lá, e manifestar uma vocação antes de o pedido de filiação ser aceito. Ao ser admitido, cada integrante é obrigado a cumprir um plano de vida diário, descrito no livro Opus Dei – Os Mitos e a Realidade, de John L. Allen Jr. O mistério que cerca o Opus Dei gera muitas especulações. Acredita-se que a organização tenha poder e dinheiro suficientes para influir em grandes questões da Igreja. Segundo John L. Allen Jr., no Vaticano corre o boato de que era o Opus Dei quem comandava a Santa Sé nos últimos anos do pontificado de João Paulo II, que morreu no ano passado. Segundo os adeptos do Opus Dei, tudo isso não passa de uma teoria conspiratória sem fundamento. Será?
Skull and bones: fábrica de presidentes
A ordem Skull and Bones (Caveira e Ossos) surgiu na Universidade de Yale, uma das instituições mais elitizadas dos Estados Unidos, em meados do século 19. Mas só chamou a atenção do público quando dois de seus integrantes disputaram a Presidência americana nas eleições de 2004: o republicano George W. Bush e o democrata John Kerry. Questionados durante a campanha presidencial, os dois candidatos não negaram ser membros do Skull and Bones, mas se recusaram a detalhar a atuação da fraternidade. “Isso é tão secreto que nem podemos falar sobre o assunto”, declarou Bush, cujo pai, o ex-presidente George Bush, também é membro do Skull and Bones. É bem possível que a sociedade secreta que goza da lealdade de Bush pai e filho não passe de uma dessas agremiações estudantis cujos sócios nada mais fazem do que compartilhar bebidas e aventuras sexuais. Mas o mistério que cerca o Skull and Bones dá margem a todo tipo de especulação. Há quem diga que os bonesmen (“homens de ossos”), como são conhecidos seus integrantes, são um grupo de conspiradores que está por trás dos fatos históricos mais importantes do último século, como o lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima, no Japão, em 1945. Comenta-se que os membros dessa exclusiva sociedade se ajudam para que alcancem posições privilegiadas na sociedade. Além disso, a ordem cuidaria da segurança financeira de seus integrantes para que nenhum deles tenha de vender os segredos da sociedade em caso de falência. A cada ano, apenas 15 pessoas são escolhidas para fazer parte da sociedade. Atualmente, o Skull and Bones conta com 800 membros.
Priorado de Sião: alvo de piada surrealista
No best-seller O Código Da Vinci, a trama gira em torno de um segredo que uma sociedade secreta secular foi incumbida de proteger. Essa sociedade é o Priorado de Sião, que teria como função guardar o segredo de que Jesus teve uma família com Maria Madalena e proteger seus descendentes. O Priorado teria sido fundado em 1090 pelo cruzado Godofredo de Bulhão, conquistador e futuro rei cristão de Jerusalém. Além disso, credita-se aos membros do Priorado a criação de um braço armado, a Ordem dos Cavaleiros Templários. No início de 1300, a ordem teria passado para a clandestinidade com o objetivo de evitar o mesmo fim dos templários. Teria mudado seu nome para Ordem Rosa-Cruz Veritas (que não tem relação com o movimento gnóstico Rosa Cruz), da qual pouco se sabe. Em 1982, Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln publicaram O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, livro que os autores afirmam ter sido plagiado por O Código Da Vinci. O trio de autores diz ter encontrado na Biblioteca Nacional da França, em Paris, provas da existência do Priorado. Os “Dossiês Secretos”, descobertos em 1956, traziam informações sobre o Priorado e seus grão-mestres. Segundo o documento, personalidades como Leonardo da Vinci, Isaac Newton, Victor Hugo, Claude Debussy e Jean Cocteau teriam sido membros do Priorado. A sociedade antiga pode até ter existido, mas os tais manuscritos descobertos na década de 50 provaram-se falsos. Tudo não passava de uma brincadeira de um certo Pierre Plantard e de alguns amigos surrealistas entediados, que se divertiram produzindo “documentos secretos”.
Saiba mais
Livros
Opus Dei – Os Mitos e a Realidade
John L. Allen, Jr, Campus, 2006.
Uma descrição detalhada sobre a misteriosa organização católica
O Santo Graal e a Linhagem Sagrada
Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, Nova Fronteira, 1982.
Um padre descobre, nas fundações de uma igreja francesa, algo que lhe confere grande poder sobre seus superiores e acesso a círculos restritos da nobreza européia.
Revista Aventuras na Historia
Nenhum comentário:
Postar um comentário