terça-feira, 7 de julho de 2009

Lâminas de barbear


Lâminas de barbear
Para fazer a barba, romanos tinham até cremes feitos de óleo de baleia
por Fábio Marton
A resposta é simples: usávamos navalha. Foi assim desde que a humanidade aprendeu a lidar com metais, na Idade do Cobre, entre 6 mil e 3,3 mil a.C. “Os egípcios, mesopotâmios e chineses cortavam a barba, ainda que alguns preferissem deixar o cavanhaque”, diz o historiador Pedro Paulo Funari, da Unicamp. “Os romanos contavam até mesmo com um utensílio inspirado na navalha, o ‘limpa-craca’, esfregado na pele para tirar a sujeira.” Até espécies primitivas de cremes de barbear, como azeite, óleo de baleia, banha ou algum outro produto gorduroso, faziam a navalha deslizar melhor.

Mas e quando não havia navalha? Apesar de ela ter sido uma revolução para o bem-estar dos homens, isso não significa que antes disso todo homem tinha de ter um visual à Los Hermanos: desde o Neolítico (10 mil-6 mil a.C.) cada grupo humano já podia andar no estilo que melhor lhe conviesse. Tanto entre os povos antigos quanto entre os índios brasileiros recorria-se a conchas afiadas para o trabalho, ainda que a maior parte dos índios naturalmente não tivesse barba. O fim dos barbudos pré-históricos aconteceu quando o homem começou a polir a pedra – e as conchas –, conseguindo cortar com a precisão de um pêlo.

Quando o barbeador descartável foi inventado, em 1895, pelo caixeiro viajante americano King Camp Gillette, praticamente foi extinta uma das mais antigas profissões. Os barbeiros estiveram presentes em toda a história desde a Antigüidade, ainda que durante a Idade Média atuassem mais como freelancers, pois a vida feudal não permitia estabelecer uma clientela razoável. O juramento de Hipócrates (460-380 a.C.) (aquele que os formandos em medicina fazem até hoje), tem uma cláusula que faz cada médico jurar: “não farei cirurgias”. Na época do chamado Pai da Medicina a técnica era considerada arriscada demais, e acabou por muitos séculos reservada aos barbeiros, que com suas navalhas afiadas salvaram – ou puseram a perder – muitas vidas.

Revista Aventuras na Historia

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