RIO DE JANEIRO - REFORMAS URBANAS
No século XX Questões estéticas, sanitárias, viárias e habitacionais - O primeiro plano data de 1875 com a criação da Comissão de Melhoramentos da Cidade do Rio de Janeiro e vai até 1902 – não foi totalmente executado. 1o. período – início do século XX; 2o. período – de 1920 a 1945
Reformas feitas durante a administração Prefeito Engenheiro Pereira Passos PLANO DE EMBELEZAMENTO E SANEAMENTO DA CIDADE - faz intervenções de ordem SANITÁRIA, VIÁRIA e ESTÉTICA aproveitando idéias da proposta de 1875. Seu plano tem influência de Haussmann (plano de remodelação de Paris); . o objetivo do Plano é o EMBELEZAMENTO dando nova fisionomia arquitetônica à Cidade através da erradicação dos cortiços e casas de cômodo e valorização dos espaços centrais; .determina recuos das edificações e pavimentação diferenciada, substitui vielas por ruas arborizadas e mais largas; faz obras de escoamento das águas pluviais, favorece o Centro e os bairros vizinhos e parte da zona sul. Demonstra preocupação com esgotamento sanitário e sistema de abastecimento de água; tem preocupação com o sistema viário – prevê abertura de GRANDES EIXOS de circulação - as avenidas são o principal ponto do plano; questões habitacionais - a reforma urbana, traz sérias conseqüências para a população de baixa renda - são feitas demolições e desapropriações nas áreas do Centro – a valorização desta área faz com que a população seja expulsa. População de classe baixa vai para os subúrbios, longe dos locais de trabalho ou para os morros próximos ao Centro e isso causa o aumento do processo de favelização; para atender a esta demanda Pereira Passos institui política habitacional e constrói inicialmente 120 casas. Sua política não tem continuidade após sua administração.
Reformulação do Plano de Melhoramentos de 1875 . complementa as reformas efetuadas pelo Presidente Rodrigues Alves (Porto do Cais do Rio de Janeiro), conclui as obras do Canal do Mangue, arrasamento do Morro do Senado e abertura de grandes avenidas como a Av. Central (atual Rio Branco).
Principais obras de Pereira Passos Avenida Passos – prolongamento da Rua do Sacramento (Centro), trecho que vai da Praça Tiradentes até a Rua Senhor dos Passos; Avenida Central (atual Avenida Rio Branco); Avenida Beira-Mar – vai do início da Avenida Rio Branco até a praia de Botafogo – é executada em área aterrada (5.200m de extensão – 33m de largura); Avenida Mem de Sá – é uma via diagonal – liga a Lapa aos bairros da Tijuca e de São Cristóvão (1.550m de extensão – 17m de largura); Avenida Francisco Bicalho – é resultante das obras de saneamento com o prolongamento do Canal do Mangue; Cais do Porto do Rio de Janeiro – as obras abrangem drenagem e construção de muralha do cais, além de colocação de trilhos da Estrada de Ferro Leopoldina e linhas do Cais do Porto; Av. Rodrigues Alves – é resultante das obras do Cais do Porto – usada para ligação com a Zona Norte; Avenida Atlântica – é toda executada sobre aterro – são construídas muralhas e passeios; Túnel do Leme; obras de higiene – instalação de mictórios e defectórios em locais de aglomeração como praças e recantos; obras executadas também no Passeio Público, Praça XV, Praça São Salvador, Praça Tiradentes, Largo da Lapa, dentre outras.
Prefeito Carlos Sampaio – 1920 a 1922 - Demolição do MORRO DO CASTELO – elimina do Centro as áreas residenciais de baixa renda; Abre a Avenida Rui Barbosa, dando continuidade à Avenida Beira-Mar; liga o Centro à Copacabana; faz obras de saneamento e embelezamento na Lagoa Rodrigo de Freitas; contrata o engenheiro Saturnino de Brito para execução das obras; intensifica o processo de OCUPAÇÃO DOS SUBÚRBIOS.
Principais obras "Embora fosse um sítio histórico, o morro havia se transformado em local de residência de inúmeras famílias pobres, que se beneficiavam dos aluguéis baratos das antigas construções ali existentes. Situava-se, entretanto, na área de maior valorização do solo da cidade, a dois passos da Avenida Rio Branco. Daí porque era preciso eliminá-lo, não apenas em nome da higiene e estética, mas também da reprodução do capital". Demolição do Morro do Castelo - a terra retirada do Morro do Castelo foi usada para aterrar parte da Urca, Lagoa Rodrigo de Freitas, Jardim Botânico, área do Jóquei Clube e muitas áreas da Baía de Guanabara. Vale lembrar que a Rua Santa Luzia, onde estão a Igreja de Santa Luzia e a Santa Casa de Misericórdia, ficava junto ao mar. Neste período a questão do saneamento permanece. Sistema viário – são discutidas propostas para abertura de vias e implantação de novos meios de transporte.
Plano AGACHE – 1926 - 1930 Alfred Hubert Donat Agache – arquiteto francês – faz o primeiro Plano Diretor para a cidade do Rio de Janeiro (grupo de técnicos estrangeiros) – 1926 a 1930 . cidade é elaborada de forma global – com atenção especial para a área central – aspectos estéticos e de saneamento – Plano de Remodelação e Embelezamento; . é somente físico territorial - não é de desenvolvimento; . enfoca três funções da cidade: “circulação, digestão e respiração”; dá ênfase ao embelezamento – é um típico plano diretor quando produz um retrato das condições futuras da cidade e compara com a cidade ideal; tem objetivo de ordenar a cidade – ZONEAMENTO e LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA; apresenta para a cidade duas funções: político-administrativa por ser a Capital e econômica, como porto e mercado comercial e industrial. O plano é elaborado em três partes: 1a. - componentes antropogeográficos do Distrito Federal, o Rio de Janeiro como um todo e os grandes problemas sanitários; 2a. - trata da essência do plano, o modelo de cidade ideal e como atingi-la; 3a. - dedicada ao saneamento. Em anexo ao plano são feitos projetos de legislação visando regulamentar as propostas.
As principais características do Plano são: o instrumento de intervenção é o ZONEAMENTO - propõe várias tipologias habitacionais (populares) e política territorial; é dado enfoque global; a favela para Agache é uma escolha – a solução é construção de habitações a preços baixos ou subvencionadas pelo Estado; sistema viário – é descrito dentro de uma visão orgânica da cidade; é uma das principais funções: circular; preocupação com sistema de transportes – deve ser integrado (necessidade de eliminar os bondes); propõe abertura de artérias principais e criação de vias de comunicação entre os bairros e construção de rede de metropolitano; o sistema ferroviário desempenha papel importante – serve à zona industrial e subúrbios.
Período a partir de 1941 - na década de 40 surge a preocupação com a drenagem e sistema de escoamento de águas pluviais, abastecimento de água – a rede necessita de ampliação; 1941 - demolição do Morro de Santo Antonio – ligação da zona norte e zona sul; 1944 – abertura da Avenida Presidente Vargas – ligação do Centro à Zona Norte; 1946 – abertura da Avenida Brasil; 1940 – Rio de Janeiro é sede do I CONGRESSO BRASILEIRO DE URBANISMO – neste evento é sugerida a criação do Instituto da Casa Popular – habitações populares devem ser subordinadas ao Plano Diretor das cidades. Questão habitacional é discutida – proposta para criação de bairros operários e cidades industriais – retomam a concepção de cidades-jardim nos subúrbios = melhoria da qualidade de vida. 1947 – é discutida a necessidade de morar-se perto do local de trabalho gerando menos problemas com trânsito. Década de 50 – Affonso Eduardo Reidy projeta o Conjunto Habitacional do Pedregulho em São Cristóvão, propondo bairro autônomo. 1950 – são discutidos os transtornos causados pela verticalização na Zona Sul comprometendo a paisagem, contrariando os princípios de aeração e insolação; adensamento dos edifícios em volta dos morros não respeita a topografia da cidade.
Prefeito Henrique Dorsworth – 1937 - 1945 - Plano de Obras da Comissão do Plano da Cidade - Propõe uma série de projetos dentre eles, o Plano de Extensão e Transformação da Cidade. Suas principais realizações foram a abertura da Avenida Presidente Vargas, a remodelação das quadras do Centro, a Avenida Brasil, a Avenida Tijuca, o Corte do Cantagalo, urbanização do bairro de Botafogo, remodelação da Floresta da Tijuca e duplicação do túnel do Leme. Em 1938 a idéia de remodelação das quadras do centro é resgatada do Plano Agache. É estabelecido que seja mantida uma área interna nas quadras, que limite a profundidade dos edifícios construídos. 1940 – Avenida Presidente Vargas - ocorre a partir da desapropriação de mais de 600 prédios no centro da cidade; o trecho principal (que foi executado) vai da Praça XI até a rua Visconde de Itaboraí – contribuiu para a expulsão da população de baixa renda da área central. A avenida foi inaugurada em 1944. 1944 – Urbanização do bairro de Botafogo. A responsável pela obra é a Comissão do Plano da Cidade. Os jardins da praia são projetados por Burle Marx. 1946 – Avenida Brasil - Obra realizada pela Comissão do Plano da Cidade – é construída sobre um aterro a partir de obras de saneamento feitas na orla da Baía de Guanabara. Tem por objetivo não só deslocar a parte inicial das rodovias Rio-Petrópolis e Rio-São Paulo, como pretende incorporar novos terrenos ao tecido urbano na Zona Oeste, visando ocupação por indústrias (15km de extensão e 60m de largura – 4 pistas).
Administração do Prefeito Negrão de Lima1958 – 1960 - Plano de Realizações da Superintendência de Urbanização e Saneamento - SURSAN - Via do Cais do Porto – Copacabana - realizada pelo Departamento de Urbanização do Distrito Federal – liga a Zona Norte, Cais do Porto até o túnel Catumbi – Laranjeiras (posteriormente é modificado); Trecho do túnel Catumbi – Laranjeiras (Santa Bárbara); Avenida Norte-Sul - projeto do Departamento de Urbanismo – Affonso Eduardo Reidy e Hermínio de Andrade e Silva – complementa a urbanização da área do Morro de Santo Antonio (entre a Espanada de Santo Antonio e Morro da Conceição); Avenida Perimetral; Radial-Oeste - projeto original da administração Henrique Dodsworth (1937-1945) . a obra começa em 1952; processo de desapropriação da área inicia-se em 1954/55; é finalizada em 1955 - liga a Praça da Bandeira aos subúrbios da central . remoção de favelas – quatro comunidades abrangendo mais de 70 mil pessoas – transferidas para a Cidade de Deus (moradores das favelas da Praia do Pinto – Leblon), favela da Catacumba (Lagoa Rodrigo de Freitas) e favela Macedo Sobrinho (Botafogo) os moradores das demais favelas foram transferidas para Cidade Alta e Água Branca;
Administração do Governador Carlos Lacerda - 1963/65 e 1965 a 1977 - PLANOS DOXIADIS - 1965 - Plano elaborado por solicitação do governo do Estado da Guanabara, com intenção de preparar a cidade para o ano 2000; elaborado pelo escritório grego “Doxiadis Associates” – 1965 e denominado como plano de desenvolvimento; sua abordagem engloba a cidade e seu entorno – área metropolitana; preocupações com o econômico e social, considerando intervenções físicas; teorias centradas nos grupamentos humanos - objetivo do planejamento físico – e comunidades que funcionem na escala humana e se aglutinem para alcançar condições favoráveis de desenvolvimento; sugerem criação de grupos aglutinados e bairros dotados de suas próprias finalidades básicas; o plano é nos moldes dos Planos Diretores – compara a cidade com a cidade ideal; a cidade é estudada no seu aspecto histórico, geográfico e econômico; analisam os problemas e dão um modelo. A administração defendeu uma reformulação completa da política habitacional no rio de Janeiro – o objetivo era levar os moradores das favelas para as áreas periféricas. Moradores das favelas do Esqueleto, do Pasmado, do Bom Jesus, de Maria Agú e de Brás de Pina foram removidos para os conjuntos habitacionais Vila Kennedy, Vila Aliança; a construção de conjuntos habitacionais fazia parte do Plano de Habitação Popular.
As principais preocupações nos primeiros cinqüenta anos do século XX: condições sanitárias, estéticas, questão habitacional, estruturação do sistema viário – expansão da cidade. O Rio de Janeiro passou por uma série de modificações físicas, algumas com base em intenções urbanísticas, outras como conseqüência da valorização do solo urbano, do próprio crescimento da cidade e da necessidade de ganhar novas áreas. As principais transformações ocorreram na área central, quando a cidade perdeu sua imagem colonial, tornando-se moderna com a abertura de grandes avenidas e urbanização das áreas resultantes dos desmontes dos morros. As demais mudanças são em relação às questões estéticas e sanitárias e, relacionadas à questão habitacional, que ocorreram durante todo o século XX, mas que não detiveram o crescimento desordenado e o processo de favelização.
Bibliografia utilizada:
http://www.almacarioca.com.br/imagem/fotos/rioantigo/index.htm
gttp://www.brazilbrazil.com/allmap.html
http://www.favelatemmemoria.com.br/publique/
Rezende, F. Vera. Texto: “Evolução da produção urbanística na cidade do Rio de Janeiro, 1900-1950-1965”.
Rio Maravilha. Revista Manchete, Edição Especial. Rio de Janeiro, 1974.
Segre, Roberto. Texto: “Rio de Janeiro metropolitano: saudades da Cidade Maravilhosa”
Texto: “Evolução Urbana do Rio de Janeiro”
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