quarta-feira, 10 de junho de 2009

A viagem do símbolo

Desde de seu surgimento, humanidade se desdobrou em algumas representações universais. Saiba como elas nos influenciam e vivem até hoje

POR LETÍCIA DE ALMEIDA ALVES

Depois das primeiras ferramentas, mas antes da palavra, o símbolo surgiu nas paredes das cavernas como marca instintiva do homem que tentava compreender o mundo. Antes da compreensão, as imagens primordiais presentes no inconsciente coletivo dos homo-sapiens viravam formas miméticas ou abstratas. Se o símbolo surge inconscientemente com a humanidade ou é transferido conscientemente em uma tentativa de comunicação ou significação, não há nem em um nem outro tanta certeza. Porque o simbolismo não pode ser algo simplista ou absoluto.

O que podemos afirmar é que os símbolos são a base da capacidade de comunicação e criatividade do homem. Conhecer o significado dos símbolos e sua leitura é adentrar na História. A mitologia, a arte e a literatura estão povoadas de símbolos e sinais. A Psicologia e a Sociologia utilizam-nos, afinal eles afloram constantemente no inconsciente coletivo e individual, no complexo mundo dos sonhos ou nas muitas facetas do comportamento humano.

CRIADOR E CRIATURA

Comunicação primitiva era principalmente pictórica e possivelmente ritualística. Logo acima, mão em negativo encontrada na gruta de Pech Merle, nas França. Na foto maior, além da mão, vê-se desenhos de humanos e animais na caverna de las Manos, na Argentina
A pesquisadora e historiadora Helena Gerenstadt, autora de Avalon e o Graal, e outros mistérios arturianos (Ed. Madras), iniciou seus estudos sobre religião e simbologia em Israel e na Espanha, onde viveu por muitos anos. Ela nos conta que a evidência de uma espécie de homosapiens, datada entre 120 a 60 mil anos atrás, foi encontrada nas cavernas de Klaiser River Mouth, África do Sul. E, com o antepassado, provas de que este utilizava a cor vermelha, provavelmente para pintar os primeiros sinais que sua mente criava ou para fazer pequenos traços e esboços de forma instintiva ou casual.

“No início do Paleolítico Superior, o homem viveu um período no qual conheceu o frio, há 35 mil anos, e que terminou há cerca de 10 mil. Se quisermos encontrar os primeiros símbolos desenhados ou gravados pelo homem devemos voltar a este tempo. Em um passado onde o homem encontrava refúgio nas cavernas, muitas vezes consideradas um lugar mágico e misterioso, lá os primeiros artistas desenharam figuras geométricas, como pontos, curvas, espirais, retângulos, e muitos outros elementos que fazem parte da arte primitiva”, diz Helena.

Mais precisamente, “no período de 22 a 18 mil anos atrás surgem as primeiras pinturas nas cavernas, mas é entre 18 a 11 mil anos que vemos realmente as pinturas rupestres, com animais e figuras humanas. No Período Neolítico o homem experimentou a explosão de signos, símbolos e imagens. As interpretações são muito discrepantes mas os símbolos representados podem ser considerados reflexos dos esboços mentais primitivos carregados de afetividade e dinamismo”, conclui.

IMPÉRIO DO SENSÍVEL

Isso quer dizer, o surgimento do símbolo está vinculado às forças básicas do humano, ao mundo arquetipal (veja quadro). Ele está estreitamente ligado à alma primitiva, para a qual o homem é parte integrante do cosmo. Estes primeiros hominídeos, sem senso histórico ou espírito crítico, viviam em sociedades onde não existiam diferenciações marcantes entre os indivíduos.

Assim, o homem primitivo é um indivíduo diferente do próximo pela ordem do sensível – ele crê no que vê e relaciona os fenômenos individuais aos da natureza – pois faz parte do cosmo. Suas primeiras percepções estabelecemse com a vivência de seu cotidiano: vida e morte, prazer e dor, fome e desejo. Frente a isso, ele percebe tudo aquilo que o cerca: dia e noite, calor e frio, etc. Como ainda não entende o tempo, percebe, de forma sensível, uma certa periodização, a luz e a escuridão, essas duas forças que fogem ao seu alcance. De período em período, vamos dizer assim, para esse homem, uma imensa bola brilhante surge no céu para acabar com a escuridão e o desconhecido.

Apolo, o deus-sol grego, era representado guiando uma carruagem

Homem primitivo crê no que vê e relaciona os fenômenos individuais aos da natureza

Aquela “força” traz a segurança da luminosidade e o afago do calor. A partir daí, a representação do astro como um símbolo positivo é riquíssima. Não é de se estranhar, portanto que os primeiros deuses da Antiguidade, das primeiras civilizações surgidas entre 3,5 mil a 500 a.C. eram representados como “reis-sol”. Do ponto de vista astrológico, o símbolo do sol representa a alma, o centro, a figura do rei ou do chefe bem como a força viva criativa que se encontra em cada indivíduo.

AS CASAS DO UNIVERSO

Da mesma maneira, o céu noturno passou a ser carregado de simbologia quando, na Antiguidade, o homem passou a conhecer e denominar as constelações e as estrelas. A cruz do zodíaco, um dos símbolos mais antigos do planeta, representa as doze constelações por onde o sol passa no período de um ano. Nela também estão representadas as estações, os solstícios e os equinócios.

Os Signos zodiacais são cada uma das doze constelações que se localizam na faixa do Zodíaco. Acredita-se que cada uma dessas constelações influencia o destino e o caráter daqueles que nascem em cada período do ano correspondente a um signo. O interessante é observar que o zodíaco traz representações antropozoomórficas – típicas da Antiguidade e de seus deuses – em uma relação muito próxima com a natureza e suas forças ocultas.

Mosaico do séc.VI em pavimento da sinagoga de Beit Alpha, em Israel. A figura representa o Sol como uma carruagem central cercada pelos signos do zodíaco e os 4 pontos cardeais

As primeiras civilizações reverenciavam o sol e a lua e personificavam-nos através dos mitos. O sol, com seu poder curador e salvador, foi personificado à semelhança de um “deus todo-poderoso” ou do “filho de Deus”. Hórus, o deus-sol do fazia parte dos mitos alegóricos do povo egípcio. Todos as manhãs, Hórus, metaforicamente, vencia Set, o deus das trevas e da escuridão. Era a representação simbólica entre o bem e mal. Neste universo antropomorfizado, aparece a correspondência entre o círculo maior e o menor, ou seja, o macrocosmo (o universo) e o microcosmo (o homem). Da unidade que antes abrangia tudo, o caos, antes da divisão em noite e dia, em terras e mares e bem e o mal, agora percebemos uma organização sensível do mundo através de mitos e símbologias. “Os símbolos se convertem na forma mais adequada para transmitir os significados não conceituais e de forma sintética, enquanto a linguagem o faz de forma analítica”, explica a historiadora.

O deus- sol Hórus representado em papiro egípcio. Segundo a tradição, todas as manhã ele vencia Set e recriava o dia
"Um símbolo sugere ou deduz um aspecto da vida que permanece inesgotavelmente sujeito a interpretações e que finalmente ilude todos os esforços do intelecto para o firmar ou o conter. NINGUÉM CONSEGUIRÁ JAMAIS ALCANÇAR AS PROFUNDIDADES DOS SEUS NUMEROSOS SIGNIFICADOS."
Liz Greene

Dando um grande salto na história, chegando à França do século XIX, centro do Iluminismo e do pensamento racionalista e cartesiano, vemos o símbolo tornar-se um conceito decorrente da necessidade prática de comunicação em uma sociedade em franca industrialização. Mas se o símbolo é aberto e o conceito objetivo, acaba tornando-se uma forma de sinal. E é disso que vamos falar agora.

SÍMBOLO, SIGNO E ÍCONE

René Guénon disse: “Todo verdadeiro símbolo aporta em si múltiplos sentidos, e isto desde a origem, pois não está constituído em virtude de uma convenção humana, sim em virtude da lei de correspondência que vincula todos os mundos entre si”.

Já os sinais ocorrem de forma mais simples e automática. Por exemplo, os sinais de trânsito que, uma vez aprendido um código, automaticamente sugerem uma ação. Os signos, ao contrário, necessitam de uma capacidade de abstração e relatividade. “O homem, como ser coletivo e individual, intelectual e espiritual participa constantemente de uma dupla relação (matéria/espírito) e necessita da analogia e do símbolo para expressar-se e relacionar-se, mas também para compreender-se e afirmar-se”, explica Helena. É aqui que aparece o valor arquetípico do símbolo, como expoente de sua universalidade.

A conexão que cria o símbolo entre o plano consciente e o inconsciente confere uma dimensão especial que o afasta de uma convenção perfeita, pois, a partir dele, existem diversas formas de interpretação e de leitura. “Portanto, quanto falamos de símbolos, ícones e signos através da História, estamos referindo-nos a algo misterioso e profundo, mais do que um símbolo natural – o céu carregado de nuvens significando chuva”, conclui a historiadora.

A semiose cuida de interpretar todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos

A semiótica (ou “arte dos sinais”) é a ciência que estuda os signos. A semiose cuida de interpretar todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos, ou seja, de significação, e tem como objeto de estudo qualquer sistema sígnico – das artes visuais à religião.

CARL GUSTAV JUNG – SÍMBOLOS, ARQUÉTIPOS E INCONSCIENTE COLETIVO
Todo fenômeno psicológico é um símbolo, no sentido que ele enuncia ou significa algo que escape ao nosso conhecimento. Jung via no símbolo a possibilidade de uma ação mediadora. No processo de interpretação, os símbolos representam tentativas naturais para a reconciliação e união dos elementos antagônicos da psique. Os símbolos baseiam-se em determinados arquétipos que se apresentam no inconsciente, através dos sonhos e fantasias.

O inconsciente coletivo – Se Sigmund Freud “descobriu” o inconsciente, Jung disse que não só existe um inconsciente individual como existe também um inconsciente coletivo, que contém uma “imensa herança psíquica da evolução humana”. Muitos dos símbolos desse inconsciente coletivo são de natureza universal.

Foto de 1910 de Carl Gustav Jung nos E.U.A

Eles podem ser encontrados nos mitos e mostram um “entendimento” comum a toda a humanidade. Por isso Jung chamou estes símbolos de Imagens Primordiais ou Arquétipos.

Os arquétipos, na definição junguiana, são um protótipo tão profundamente inscrito no inconsciente coletivo que chegam a constituir uma estrutura, um modelo préformado, de uma imagem guia ancestral.

O termo “arquétipo” foi usado por filósofos neoplatônicos para designar as idéias como modelos de todas as coisas existentes, segundo a concepção de Platão. Nas filosofias teístas, o termo indica as idéias presentes na mente de Deus. Pela confluência entre neoplatonismo e cristianismo, o termo “arquétipo” chegou à filosofia cristã, sendo difundido por Agostinho.

Arquétipo, na psicologia analítica, significa a forma imaterial à qual os fenômenos psíquicos tendem a se moldar. C.G.Jung usou o termo para se referir aos modelos inatos que servem de matriz para o desenvolvimento da psique.

Os arquétipos são as tendências estruturais invisíveis dos símbolos. Eles criam imagens ou visões que correspondem a alguns aspectos da situação consciente. Jung deduz que as “imagens primordiais”, ou arquétipos, originam- se de uma constante repetição de uma mesma experiência, durante muitas gerações. Um exemplo são os mitos de cada cultura, que nada mais são que expressões particulares de arquétipos comuns a toda a humanidade.

O quadro ao lado seria uma mensagem dupla relativamente motivada, segundo Saussure


OBJETO E REPRESENTAÇÃO

No final do século XIX e começo do XX, o estudioso Charles Sanders Peirce definiu três tipos de signos: o ícone, que é a representação do objeto, como uma pintura, uma fotografia ou um desenho, e o índice, que é adquirido pela experiência subjetiva ou pela herança cultural - exemplo: onde há fumaça, logo há fogo. Já o símbolo estabelece uma relação entre o signo e o objeto - exemplo, o termo “cadeira”.

Contemporâneo a Pierce, Ferdinand de Saussure, considerado “pai” da Semiótica, observou na existência dos signos, “a singular entidade psíquica de duas faces que cria uma relação entre um conceito (o significado) e uma imagem acústica (o significante)”. Para estudar os signos nesse novo contexto, criou o que chamamos de Semiologia.

Charles Sanders Peirce (1839 – 1914) fundou o pragmatismo e a semiótica estadunidense
A concepção de Saussurre em relação ao signo, ao contrário da de Peirce, distingue o mundo da representação do mundo real. Para ele, os signos (pertencentes ao mundo da representação) são compostos por significante - a parte física do signo - e pelo significado, a parte mental, o conceito. Para ele, o referente (o que seria o objeto para Peirce) fica no espaço real, longe da realidade da representação.

Para Saussure não existem signos motivados, ou seja, com relação de causa-efeito como o que seria o “índice” de Pierce. Ele divide os signos em dois tipos: os que são relativamente motivados (a onomatopéia, que em Peirce corresponderia aos ícones), e os arbitrários, em que não há motivação. A relação entre representação e objeto de Pierce, na visão de Saussure, não faz sentido.

Independentemente do caráter de sinal ou ícone, o símbolo não pode ser fechado em uma caixa de conceitos. Ligado intimamente à alma humana, ele continua revelando e velando significações tão mutáveis quando o tempo e as idéias.

O UNIVERSO SINTÉTICO

Conheça alguns dos símbolos que atravessaram eras com seu significado(ao menos parcialmente) intacto

SÍMBOLOS MAÇÔNICOS


ESTRELA DE CINCO PONTAS – É chamada de estrela do Oriente (nascimento de Cristo) ou da Iniciação, pois simboliza o homem perfeito, com Deus manifestando- se plenamente nele (o “iniciado”) em seus cinco aspectos: físico, emocional, mental, intuitivo e espiritual. As estrelas representam as lágrimas da beleza da criação divina. São o emblema da paz e da amizade fraternal.


ACÁCIA – Árvore comum nas regiões do Egito, Arábia e Palestina, foi sagrada para hebreus na Antigüidade. É, na maçonaria, o símbolo da inocência, da segurança e da imortalidade da alma (ou da ressureição). O famoso Diploma da Acácia é conferido ao maçom assíduo.


AS COLUNAS – As colunas gregas de estilo jônico correspondem ao Venerável Mestre da Loja (a sabedoria). As de estilo dórico correspondem ao Primeiro Vigilante (a força) e, as coríntias, ao segundo Vigilante (a beleza). São símbolos de dualidades: da vida e da morte, do masculino e do feminino, etc.

O COMPASSO – O compasso é considerado o símbolo da espiritualidade, do conhecimento humano e da medida na justiça. Simboliza também a exatidão e infalibilidade de Deus. É a terceira das Grandes Luzes que iluminam uma Loja maçônica.


O ESQUADRO
– É visto como símbolo da retidão e da moralidade. Em conjugação com o compasso, que representa a infabilidade de Deus, o esquadro substitui o quadrado para representar o mundo, com seus desejos e paixões dominadas. Representa a predomináncia da matéria sobre o espírito e o poder de ação do homem sobre a matéria. É a segunda das três Grandes Luzes que iluminam a Loja Maçônica.

A LETRA G – É o símbolo símbolo sagrado da Divindade e da palavra de Deus. Por ser a sétima letra do alfabeto maçônico (“gimel” em hebreu), pode significar geometria, geração glória, grande, gênio, geração, etc.


TRÊS PONTOS OU TRIÂNGULO – São símbolos com várias interpretações trípticas. Podem ser: nascimento, vida e morte ou passado, presente e futuro. Alguns maçons usam os três pontos em suas assinaturas.


OLHO DE HÓRUS
Olho de Hórus é um símbolo proveniente do Egito Antigo que significa proteção e poder. Segundo uma lenda, o olho esquerdo de Hórus simbolizava a Lua e o direito, o Sol. Durante a luta, o deus Set arrancou o olho esquerdo de Hórus. Depois da sua recuperação, Hórus conseguiu derrotar Set. No mito, era a vitória do deus Sol contra a escuridão. Também muito tatuado atualmente.


YIN E YANG
São duas forças complementares que compõem tudo que existe, e do equilíbrio dinâmico entre elas surge todo movimento e mutação. O yin é o princípio passivo, feminino, noturno, escuro e frio e o yang o princípio ativo, masculino, diurno, luminoso e quente. Desde os primeiros tempos, os dois pólos arquetípicos da natureza foram representados não apenas pelo claro e pelo escuro, mas pelo masculino e pelo feminino, pelo inflexível e pelo dócil, por opostos e complementares.

TIPO DE CRUZ
ANKH (1) - Também conhecida como “chave do Nilo” e cruz ansata (de “ansa”, termo antigo e poético para “asa”) simbolizava a vida no Egito.

CRUZ LATINA (2) - É a cruz cristã, o símbolo mais comum do cristianismo, representando o sacrifício redentor de Jesus.

CRUZ GREGA (3) - Também conhecida como crux immissa quadrata. Seus braços têm o mesmo comprimento.

CRUZ GAMADA (4) - Seus braços quebrados fazem uma curva de 90 graus, representando o movimento. Ela adquiriu má reputação ao ser associada ao movimento político-ideológico do nazismo.

CRUZ DE SÃO PEDRO (5) – É a cruz latina invertida sobre o eixo horizontal. A Tradição Católica conta que São Pedro foi martirizado em Roma, sendo crucificado de cabeça para baixo.

CRUZ SOLAR (6) – Também conhecida como “disco solar” ou “chalice well”, devido à história do Rei Arthur, que achava que o poço do Santo Graal tinha essa imagem no fundo.

CRUZ DE SANTO ANTÃO (7) - Também conhecida como cruz de Tau – letra do alfabeto grego equivalente ao T – cruz egípcia e crux commissa. Francisco de Assis assinava com ela.

CRUZ DA ORDEM DE CRISTO (8) - Originalmente utilizada pela Ordem de Cristo de Portugal. Desde então se tornou um símbolo de Portugal, utilizado nas velas das naus no tempo dos Descobrimentos.

CRUZ DE JERUSALÉM (9) - Foi a insígnia do Reino Latino de Jerusalém, que existiu por cerca de duzentos anos após a Primeira Cruzada. As quatro cruzetas nos cantos simbolizariam ou os quatro Evangelhos ou as quatro direções para as quais a Palavra de Cristo espalhou-se, a partir de Jerusalém. Ou as cinco cruzes podem simbolizar as cinco chagas de Cristo durante a Paixão.

FORMAS PRIMORDIAS
QUADRADO - um dos quatro símbolos fundamentais juntamente com o centro, o círculo e cruz, é o símbolo da terra em oposição ao céu. É uma figura anti-dinâmica, ancorada por quatro lados. O quadrado implica em uma idéia de estagnação, de solidificação, de estabilização da perfeição.

TRIÂNGULO – O triângulo eqüilátero simboliza a divindade, a harmonia e a proporção. O eqüilátero cortado em dois é o triângulo retângulo. O triângulo com a ponta pra cima simboliza o fogo e o sexo masculino enquanto que apontando para baixo, a água e o sexo feminino.

CÍRCULO – Perfeição, homogeneidade, ausência de distinção ou de divisão. O círculo simboliza o céu cósmico. No zen-budismo, os desenhos de círculo concêntricos simbolizam as etapas do aperfeiçoamento interior. A forma primordial é a espera, o ovo do mundo. É o símbolo do tempo, da roda da vida.

ESTRELAS

A Estrela de Belém anuncia a vinda extraordinária de um Deus para a Terra
ESTRELA DE BELÉM - Relacionada ao nascimento de Cristo (assim como com outros “filhos-de-Deus” como Buda, por exemplo), teria sido mais um fenômeno psicológico e simbólico do que real. Todas as pesquisas astronômicas da Estrela de Belém foram e vão e suas teorias sempre pareceram forçadas. No tempo do nascimento presumível de Cristo, as observações astronômicas eram tão difundidas que se um grande fenômeno ocorresse, teria sido documentado por autores orientais ou romanos.

ESTRELA POLAR – A estrela polar é a única que não se move no céu. Na tradição turca, “ela fixa a tenda celeste como uma estaca”. Os mongóis a chamam de “pilastra de ouro”. Também foi denominada como estrela imóvel e umbigo do céu.

CRUZEIRO DO SUL – O Cruzeiro do Sul é a constelação mais conhecida do hemisfério celestial sul. Aponta a Nebulosa do Saco de Carvão, uma nuvem de poeira interespacial no alinhamento entre a Terra e a constelação que ainda não foi devidamente iluminada pela luz das supernovas. O Cruzeiro do Sul é representado em muitas bandeiras de países austrais como Austrália, Brasil, Nova Zelândia, Papua Nova-Guiné e Samoa, por exemplo. A bandeira do Mercosul também usa a representação da constelação.

TRÊS PONTOS OU TRIÂNGULO – símbolo com várias interpretações. Luz, trevas e tempo; passado, presente e futuro; sabedoria, força e beleza; nascimento, vida e morte; liberdade, igualdade e fraternidade.


LETRAS: ALFA E ÔMEGA
Essas duas letras encontram-se no início e no fim do alfabeto grego. Elas contêm a chave do Universo, considerando que este está entre o início e o fim. Alfa e Ômega simbolizam a totalidade do conhecimento, a totalidade do ser, a totalidade do espaço e do tempo.
NÚMEROS
1 – Símbolo do homem ereto, da pedra erguida, do falo. O UM é o princípio ativo, o criador.

3 – O TRÊS exprime a ordem intelectual e espiritual em Deus, no cosmo e no homem. União entre o céu e a terra, a grande tríade.

4 – Tem ligações simbólicas ligadas ao quadrado e à cruz. QUATRO cantos do mundo, quatro pontos cardeais, QUATRO cores primárias, etc.

7 – As setenárias são abrangentes na simbologia. O SETE implica um ciclo concluído, sete dias da semana, sete cores do arco-íris, é o símbolo universal da totalidade.

8 – O OITO é, universalmente, o número do equilíbrio cósmico. É a mediação entre o quadrado e o círculo, simbolizando o mundo intermediário, entre o céu e a terra. O símbolo matemático do infinito é o oito deitado.

13 – Desde a Antiguidade, o número TREZE foi considerado de mau agouro. O 13º capítulo do Apocalipse é o do AntiCristo e o da Besta.


TATUAGEM
Ao fazer uma tatuagem, ou melhor, ao escolher um desenho para ficar marcado na pele há de eterno, as pessoas costumam escolher símbolos que representam algo importante para elas naquele momento de sua vida.

Já houve a fase das caveiras vinculadas ao rock n’roll, dos tribais que circularam pelos corpos de surfistas a afins, das estrelas nos ombros, dos dragões que desciam pelas costas enquanto carpas subiam pelos braços.

Esses símbolos, as fênices, os kandis japoneses e os códigos de barras, nada mais são que símbolos que permeiam as sociedades atuais (mesmo que façam parte de outras culturas ou sociedades) impressos na pele de um indivíduo com o intuito de adornar, registrar ou, ainda assim, simbolizar um padrão estético.

SUÁSTICA

Esse é um símbolo gráfico de dinamismo. Sua presença é muito antiga e aparece na maioria das culturas primitiva. Ela integra dois símbolos, a cruz de braços iguais e os quatro pontos em uma mesma direção rotatória. Seu significado formal a identifica como roda solar com raios e pés esquematizados em seus extremos. A interpretação mais generalizada a relaciona com o movimento e a força solar. Também é representação de um movimento composto por quatro tempos, ou seja, um símbolo de poder.

A suástica é, depois da cruz simples, a versão mais difundida de um tipo de cruz. Os símbolos a que chamamos suástica (ou cruz gamada) possuem detalhes gráficos bastante distintos e são muito antigos. A nazista tem os braços apontando para o sentido horário com um dos braços no topo.

Era um símbolo do Budismo que significa “bons ventos” e foi utilizado por Adolf Hitler devido à sua aparência como uma engrenagem, supostamente para simbolizar sua intenção de uma Revolução Industrial na Alemanha.

A ubiqüidade do símbolo suástico pode ser explicada por ser um sinal muito simples e que surge facilmente em qualquer sociedade ao redor do globo. A suástica é um desenho repetitivo, criado em diversos momentos da história, talvez ocorrendo num ponto e difundindo-se para os demais. Ou talvez um símbolo presente no chamado “inconsciente coletivo” de Carl Gustav Jung.

A suástica também é um dos símbolos sagrados do hinduísmo há pelo menos um milênio e meio. Ela representa a sorte, o Sol, Brahma e o “samsara”. Da mesma forma, a existência da suástica como símbolo do Sol entre o povo “Akan” – civilização do sudoeste da África – pode ter sido resultado da transferência cultural em virtude do tráfico escravista.

O símbolo também aparece como ornamento em muitos artefatos précristãos, tanto com as pontas viradas para a esquerda como para a direita. Motivos similares, dentro de círculos ou formas arredondadas, foram também interpretados como formas da suástica. O símbolo esteve também presente na mitologia eslava pré-cristã e era dedicada ao deus do Sol, chamado Svarog. Na República Polonesa o símbolo era popular entre os nobres. O Museu do Vaticano contém várias amostas de cerâmica etrusca com a suástica representada.

ÁRVORE

Um dos símbolos mais simples e ricos da humanidade. Símbolo da vida em evolução, crescendo em direção ao céu, ela evoca o simbolismo da verticalidade ou o aspecto cíclico da evolução cósmica. A árvore liga os três níveis do Cosmo: o subterrâneo, a terra e o céu. Seu simbolismo é encontrado nas mais diferentes civilizações e nas mais diferentes crenças.

REFERÊNCIA

ALEAU, René. A ciência dos símbolos. Ed. Edições 70.
CHEVALIER, Jean e GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. Ed. José Olympo.
FIELDING, Charles. A Cabala Prática. Ed. Pensamento. GUÉNON, René. Os símbolos da Ciência Sagrada. Ed. Pensamento.
JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. Ed. Nova Fronteira.
OUSPENSKY, P.D.. Fragmentos de um ensinamento desconhecido. Ed. Pensamento.
SMITH, Huston. As religiões do mundo. Ed. Cultrix.
TAO. Sacred Symbols. Ed. Thames and Hudson.
TRIGUEIRINHO. Glossário Esotérico. Ed. Pensamento.

LETÍCIA DE ALMEIDA ALVES é jornalista e escreve para esta publicação

Revista Leituras da Historia

Um comentário:

sandro disse...

muito legal seu trabalho,estou interessado em conhecer cruzes se alguem puder ajudar ai esta:
gaiasandro@yahoo.com.br