Religião abrange diversas etnias em todo o mundo
Boa parte da população ocidental acredita que o mundo islâmico é aquela porção de países do Oriente Médio que têm como idioma oficial o árabe. Por isso, são indevidamente considerados árabes alguns países de maioria islâmica, mas que têm outros idiomas, como Turquia (línguas turca e curda), Irã (persa), Afeganistão (pashtu e dari) e Paquistão (urdu e punjabi).
Existem atualmente cerca de 1,3 bilhão de muçulmanos no mundo, como são denominados os adeptos do islamismo. A maioria vive na Ásia, onde essa religião nasceu e ganhou o mundo há cerca de 1.400 anos. Da Ásia, os muçulmanos passaram para o norte da África - onde foram chamados de mouros - e parte da Europa (veja a cronologia ao lado). Integraram-se com populações locais, miscigenando-se com africanos, europeus das penínsulas ibérica e itálica e outros povos. Hoje eles estão presentes também entre europeus, norte-americanos e até brasileiros.
O islamismo cresceu em número de adeptos muito mais fora do mundo árabe do que no local em que a religião nasceu. Basta fazer uma comparação: os países islâmicos mais populosos, como a Indonésia (com 'apenas' 228 milhões de habitantes), o Paquistão (145 milhões), Bangladesh (131 milhões) e Nigéria (127 milhões) têm contingentes humanos muito maiores que o Egito (70 milhões), país de maior população entre os árabes, seguido de longe pelo Sudão (36 milhões). Até a Índia, majoritariamente hindu, tem aproximadamente 100 milhões de muçulmanos.
Preconceito ocidental
O islamismo, a segunda maior religião do mundo, é pouquíssimo conhecida fora da multidão de seus adeptos. Ela surgiu no século 7º, com a pregação de Muhammad (570-632), mais conhecido em português como Maomé, embora os que conhecem a língua árabe protestem, pois essa é uma transliteração inadequada do original.
Ultimamente, uma outra palavra árabe chama a atenção: Jihad. Ela é conhecida no Ocidente como 'guerra santa' e está normalmente associada ao esforço de expansão desencadeado pelos muçulmanos para levar sua crença aos povos 'infiéis'. O termo foi empregado com esse sentido pelo governo britânico, no relatório que atribuiu ao extremista saudita Osama bin Laden a responsabilidade pelos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos.
O uso da palavra com esse significado é muito restritivo, contrapõe Helmi Nasr, professor-titular de língua árabe da USP (Universidade de São Paulo). 'A palavra 'Jihad' tem um sentido mais abrangente. Ela refere-se à luta, tanto para ganhar dinheiro, como para fazer o Bem, ou até mesmo guerrear', explica o professor.
'Turcos' no Brasil
Segundo a Federação Islâmica Brasileira, o Brasil abriga cerca de 1,5 milhão de muçulmanos. É um número expressivo. No entanto, a ignorância sobre sua religião persiste. Sírios e libaneses, que vieram em grande número durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), foram chamados de 'turcos', pois eram súditos do Império Otomano, que foi derrotado e extinto naquele conflito. Grande parte desses emigrantes vieram para o Brasil por serem contrários ao domínio turco e também para não serem recrutados pelo exército do império. Serem chamados de 'turcos', para eles, era uma ofensa. Mesmo assim, o rótulo ficou e foi assimilado. Chegou a ser aplicado aos judeus, por quem mal conhecia as diferenças entre todos esses povos.
Além dos que fugiram do regime otomano, muitos sírios e libaneses emigraram no fim do século 19 e início do século 20 por causa da pobreza e da falta de oportunidade de trabalho em sua terra natal. Não eram majoritariamente muçulmanos, mas cristãos. Hoje, a comunidade islâmica brasileira é mais expressiva no Rio Grande do Sul e no Paraná, mas há também adeptos em outros Estados, como São Paulo e Mato Grosso do Sul. A exemplo do que acontece em países como os Estados Unidos, no Brasil também existem muçulmanos convertidos do cristianismo, que nem sempre são descendentes de árabes.
Revista Galileu
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