sexta-feira, 17 de junho de 2011

A música de barbeiros

RUGENDAS - BARBEIROS AMBULANTES

Em nosso país, já no século 17, era comum, por ocasião das festas católicas, os negros saírem ás ruas com seus instrumentos, trazidos da África ou aqui fabricados, ao mesmo tempo em que, nas fazendas, organizavam-se os primeiros grupos orquestrais. Essa iniciativa partia dos senhores, não só para exibirem importância e refinamento artístico como para ganharem dinheiro, empresariando as bandas e orquestra de escravos em apresentações pagas. Foi assim em muitas fazendas interioranas, em algumas das quais, inclusive, os senhores de escravos, ao saírem a passeio ou em visitas a outras fazendas, o faziam ao som de suas bandas de música.

Algumas ordens religiosas, também, utilizavam o ensino de música como veículo de cristianização e socialização de escravos. Foi o caso da Fazenda de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, com sua pioneira escola, criada pelos JESUÍTAS. E, também no Rio de Janeiro, já na época imperial, Dom Pedro I manteve, na Quinta da Boa Vista, uma banda mencionada como ` a orquestra dos pretos de São Cristóvão`, em alusão ao bairro onde se localiza até hoje a antiga residência dos imperadores.

Dessas aptidões dos escravos é que vem, certamente, a denominação música da senzala , com que se adjetivava, pejorativamente, a música instrumental então produzida, no meio rural, por cativos das fazendas, e, nas cidades, principalmente por negros de ganho ou libertos, quase sempre dedicados à atividade de barbeiros-sangradores. Daí a histórica denominação música de barbeiros.]

História e Cultura Africana - Nei Lopes - Barsa Planeta.

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