Europeus, africanos e asiáticos se dedicam ao tema, mas pouco. O assunto geralmente é ensinado dentro da história da América Latina
Marcel Verrumo
Zé Carioca ainda é um porta-voz do Brasil. A animação da Disney Você Já Foi à Bahia? (1944), estrelada pelo papagaio, é muito usada na hora de introduzir o Brasil em salas de aula no exterior. "O desenho foi criado como parte da política de boa vizinhança", diz Lise Sedrez, professora da UFRJ, que lecionou nos Estados Unidos. O destaque dado em classe depende das relações - históricas, culturais, comerciais etc. - entre os países. "Nos EUA, as escolas de ensino médio que ensinam português também tratam da história brasileira", diz Lise. Lá, é comum escolas próximas a comunidades de brasileiros ensinarem essas disciplinas. Já o país historicamente mais ligado a nós, Portugal, não dá tanta importância ao tema (veja abaixo). Outros europeus, como Espanha, França e Reino Unido, encaixam o assunto na grade de história da América Latina. Historicamente, o Brasil ainda é periferia.
O passado brasileiro no mundo
Temas e personagens nacionais estudados além das fronteiras
América
Nos países latinos, o tema mais recorrente é Getúlio Vargas, que é discutido junto a seus pares populistas, como Juan Domingo Perón, na Argentina. Nos EUA, os assuntos mais comuns são colonização e escravidão.
Europa
O tema é pouco discutido e aparece em subdivisões da disciplina que podem soar estranhas para nós, como história atlântica. Nem Portugal dá destaque. Lá, o Brasil é estudado junto com o finado império português.
África
Embora alguns países africanos compartilhem conosco o colonizador e, consequentemente, a língua, eles não se aprofundam em nossa história. Angola e Moçambique, por exemplo, enfocam só a escravidão.
Ásia
Há institutos específicos no Japão. Mas no Timor-Leste, ex-colônia de Portugal, é pior. Verônica Lima, da Universidade Nacional do país, diz que o maior contato com nossa cultura vem da música sertaneja. Ai, Se Eu te Pego é o novo Zé Carioca.
Fontes Demian de Melo e Lise Sedrez, professores de história da UFRJ; Koji Sasaki, professor da Universidade de Tóquio, Japão; Maicon Carrijo, pesquisador de história na USP; Verônica Lima, professora da Universidade Nacional do Timor-Leste.
Revista Superinteressante
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