terça-feira, 24 de julho de 2012

GLOBALIZAÇÃO E PROBLEMAS TRANSNACIONAIS


Desafios do mundo atual, segundo Barack Obama
(24 de julho de 2008)

Povos do mundo: olhai para Berlim [...]. Quando o povo alemão derrubou o muro [...], 
começaram a ruir os muros em todo o mundo. [...] Também os mercados se abriram, e a 
difusão da informação e da tecnologia reduziu as barreiras às oportunidades e à prosperidade. 
Enquanto o século XX nos ensinou que partilhamos um destino comum, o século XXI revelou 
um mundo mais interligado do que em qualquer outra época da história humana.
A queda do Muro de Berlim trouxe uma nova esperança. Mas essa nova proximidade deu origem 
a novos perigos – que não podem ser contidos nas fronteiras de um país, nem pela distância de um 
oceano. Os terroristas do 11 de Setembro conspiraram em Hamburgo e treinaram em Kandahar e 
em Carachi antes de matarem milhares de pessoas de todo o globo em solo americano.
Neste preciso momento, os carros em Boston e as fábricas de Pequim estão a fazer 
derreter as calotes de gelo no Ártico, a fazer recuar as linhas costeiras do Atlântico [...]. 
Materiais nucleares mal guardados na antiga União Soviética ou os segredos de um cientista 
do Paquistão podem ajudar a construir uma bomba que vá detonar em Paris. As papoilas do 
Afeganistão transformam-se na heroína consumida em Berlim. A pobreza e a violência na 
Somália semeiam o terror de amanhã. [...]
Neste mundo novo, estas correntes perigosas tornaram-se mais fortes do que os nossos 
esforços para contê-las. É por isso que não podemos dar-nos ao luxo de nos mantermos 
divididos. Nenhuma nação, por maior ou mais poderosa que seja, pode enfrentar sozinha 
esses desafios. [...] O maior de todos os perigos será o de permitirmos que novos muros nos 
venham separar. Os muros entre velhos aliados de ambos os lados do Atlântico não podem 
continuar de pé. Os muros entre países com mais e países com menos não podem continuar 
de pé. Os muros entre raças e tribos, entre nativos e imigrantes, entre cristãos, muçulmanos e 
judeus não podem continuar de pé. [...]
Este é o momento em que temos de derrotar o terrorismo e secar o poço de extremismo 
que o alimenta. [...] 
Vamos estender as nossas mãos aos povos dos locais esquecidos deste mundo que anseiam 
por vidas marcadas pela dignidade e pela oportunidade, pela segurança e pela justiça? Vamos 
tirar da pobreza as crianças no Bangladeche, proteger os refugiados do Chade e erradicar, no 
nosso tempo, o flagelo da SIDA?
Vamos erguer-nos pelos direitos humanos do dissidente da Birmânia, do blogger do Irão ou 
do eleitor do Zimbabué? Vamos dar sentido às palavras «nunca mais» no Darfur? [...] Iremos 
acolher os imigrantes de diferentes origens e evitar a discriminação daqueles que não se 
parecem connosco nem rezam da mesma forma que nós, e cumprir a promessa de igualdade 
e oportunidade para todos?
Barack Obama, Dez Discursos Históricos, Porto, Fio da Palavra, 2009 (adaptado)

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