quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

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Pesquisa afirma que guerreiros de terracota eram peças de treinamento militar
Estudo inédito contradiz teoria vigente de que exército protegia a tumba do Primeiro Imperador Qin
Efe
PEQUIM - Um pesquisador chinês publicou, após 30 anos de estudo, uma teoria revolucionária sobre o famoso Exército de Terracota de Xian, na qual defende que essas famosas figuras de argila não protegiam a tumba do Primeiro Imperador Qin, mas eram usadas para treinar guerreiros de carne e osso.

Publicada na última edição da revista chinesa História Militar, esta tese, que começou a agitar os círculos arqueológicos do país, sustenta que os soldados de terracota eram utilizados para simular batalhas para testar os exércitos reais do império Qin (século III a.C.).

Sun Jiachun, membro do escritório geológico da província chinesa de Shaanxi - cuja capital é Xian -, é o grande defensor desta teoria, que menciona como um de seus principais argumentos o fato de que o agora turístico Exército de Terracota fica longe demais da suposta tumba do imperador, a 1,5 quilômetro de distância.

Os arqueólogos acreditam que, entre os soldados de terracota e a tumba imperial, pode haver ainda mais figuras de argila, ainda não desenterradas, já que muitos são reticentes a realizar escavações na área temendo destruir os tesouros de uma tumba supostamente tão enorme.

Nem sequer a tumba do imperador foi aberta, apesar de ser visitada por milhares de turistas diariamente, embora tenha se tentado usar robôs para entrar nela, imitando as pesquisas em algumas pirâmides do Egito.

Sun aproveita esta ausência de novos avanços na teoria da tumba imperial para desenvolver a sua própria, defendendo um uso mais pragmático dos soldados de terracota.

Para ele, outra prova que mostra que este peculiar Exército não acompanha o imperador em sua vida além da morte é a desorganização dos soldados, empilhados, e o fato de eles não terem um general ou comando que os lidere, algo que seria inadmissível em uma formação militar da época.

"Isso contradiz o sistema militar da China antiga e as crenças tradicionais nas quais se dizia que um imperador morto deveria ser servido da mesma forma como quando estava vivo", expõe o especialista em sua tese, divulgada pela imprensa oficial chinesa.

Outra razão apontada pelo pesquisador, aproveitando seus conhecimentos geológicos, é a distinta profundidade à qual estão os soldados com relação ao mausoléu imperial. Este fica, segundo os arqueólogos, a dez metros debaixo da terra, enquanto o Exército, naquela época, estava a apenas um ou dois metros de profundidade.

Antes de Sun, outros especialistas tinham desenvolvido novas teorias sobre o Exército de Terracota, embora nenhuma delas tão ousada.

Um célebre historiador, Wang Xueli, tinha notado, por exemplo, que os três grupos de soldados atualmente expostos aos turistas representavam diferentes cenas (o primeiro e mais conhecido, um agrupamento de batalha; o segundo, um acampamento; e o terceiro, alguns quartéis), mas não se tinha atrevido a levar a tese adiante.

No entanto, Sun aproveita as ideias de Wang para reforçar as suas e ressaltar que todo o sítio arqueológico não é mais do que uma escola militar.

As ideias do pesquisador chegaram a outros especialistas sobre o assunto, e embora não tenham refutado-as completamente, defenderam que a teoria da tumba imperial continua sendo a mais convincente.

"Eu pessoalmente acho que se trata de um Exército de guerreiros para o imperador após sua morte, mas, seja como for, precisamos de mais evidências para sustentar suas teorias e as nossas", assinala Duan Qingbo, professor da Universidade Noroeste de Xian, citado pela agência de notícias oficial "Xinhua".

O Exército de Terracota, construído na época do unificador do império chinês Qin Shihuang, foi descoberto há 37 anos por um camponês, por acaso, e o achado é considerado um dos mais importantes da arqueologia do século XX.

O Museu do Exército de Terracota foi estabelecido em 1979. Em 1987, foi incluído na lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

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