domingo, 2 de setembro de 2012

DO MUNDO BIPOLAR AO MUNDO UNIPOLAR



DO MUNDO BIPOLAR AO MUNDO UNIPOLAR
O que é uma superpotência? – As opiniões de Jimmy Carter* (2005)
Nós, os Americanos, sempre nos sentimos justificadamente orgulhosos do nosso país, a começar pela ousada Declaração de Independência dos nossos pais fundadores [...].
Agora, mais do que em qualquer outra altura na História, os Estados Unidos tornaram-se na maior potência militar do planeta. Apesar de se verificar, a nível mundial e desde há vinte anos para cá, uma     tendência muito clara para reduzir os gastos em armamento, nós continuamos a aumentar todos os anos o nosso orçamento militar, que hoje ultrapassa os 400 mil milhões de dólares anuais, ou seja, o mesmo que o total combinado de todos os outros países. O segundo maior orçamento militar, o da Rússia, representa um sexto deste valor. A única corrida às armas que existe é a que estamos a disputar com nós mesmos. Uma das razões desta enorme despesa é o facto de haver milhares de marinheiros e fuzileiros-navais a bordo de navios espalhados pelos mares de todo o mundo, além de quase trezentos mil soldados colocados em mais de 120 países, com bases militares em 63. Desde que deixei o cargo, os Estados Unidos intervieram cerca de cinquenta vezes em países estrangeiros.
Além de abastecerem as nossas próprias forças armadas, os fabricantes de armas americanos e os dos nossos aliados da NATO garantem 80% das vendas de armamento no mercado internacional.
É bom saber que as defesas do nosso país contra um ataque convencional são inexpugnáveis, e imperativo que a América permaneça vigilante contra a ameaça terrorista. [...] Quais são alguns dos outros atributos de uma superpotência? [...] Incluem um empenho demonstrável na verdade, na justiça, na paz, na liberdade, na humildade, nos direitos humanos, na generosidade e na defesa de outros valores morais.
Não há qualquer razão inerente para que o nosso país não possa ser um exemplo internacional destas virtudes. O nosso Governo deveria ser conhecido, sem a mais pequena sombra de dúvida, como opositor da guerra, dedicado à resolução dos diferendos por meios pacíficos e, sempre que possível, desejoso de aplicar a nossa tremenda capacidade e influência para atingir este objectivo.
Devíamos ser vistos como inabaláveis campeões da liberdade e dos direitos humanos, tanto pelos nossos próprios cidadãos como pela comunidade global. A América deveria ser o foco à volta do qual outras nações de todos os gêneros pudessem congregar-se para fazer face às ameaças contra a segurança e para melhorar a qualidade do ambiente comum. Devíamos estar na primeira linha da luta para proporcionar ajuda humanitária aos que dela necessitam, dispostos a liderar outros países
industrializados na partilha da nossa riqueza com aqueles que nada têm.

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