sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Como as grandes religiões velam seus mortos?


Sheyla Miranda
Judaísmo
O velório é o momento de reunir familiares e amigos do falecido para exaltar suas qualidades, falar das bondades que praticou em vida e fazer orações em nome de sua alma. O caixão é ladeado por velas, para que o espírito encontre um caminho iluminado. A maior honra ao morto é oferecer donativos a entidades beneficentes em sua homenagem, o que traria conforto espiritual à alma diante de Deus
MELHOR É O SILÊNCIO
Na curta cerimônia, mulheres cobrem a cabeça com um lenço e homens com o quipá . Ninguém deve puxar conversa nem dar pêsames aos familiares do falecido: os judeus creem que nenhuma palavra pode expressar tamanha dor, então o melhor é ficar quieto nessa hora
EM VOZ ALTA
O caixão fica fechado - expor o morto seria desrespeito, já que para os judeus o importante é lembrar-se da pessoa como era em vida. O corpo nunca fica sozinho e os presentes não comem, bebem, cantam nem ouvem música. Em voz alta, rola a leitura de salmos e declarações sobre as virtudes do falecido
HinduísmoNos rituais fúnebres hindus, o velório é apenas uma transição entre duas etapas mais importantes: a preparação do corpo, feita logo após a morte, e a cremação, que tem forte simbologia. Por isso mesmo, não há regra estabelecida para essa fase e os adeptos de diversos segmentos do hinduísmo despedem-se, cada qual, à sua maneira
RITUAL LIVRE
Há regiões da Índia em que familiares e amigos jogam pétalas de rosas , margaridas e jasmins sobre o corpo e dão três voltas em torno dele. Deixar cartas sobre o falecido, pedindo que a alma encontre o caminho da luz, também é comum. Outrocostume é fazer orações e ler textos sagrados diante do morto
BUDISMOFamiliares, amigos e um monge oram e despedem-se com calma, já que a morte é uma etapa de um longo processo evolutivo, e não um fim definitivo. Os visitantes levam palavras de consolo para os parentes do morto e também algum dinheiro, para ajudá-los com as despesas do funeral
Desapego iluminado
O corpo é colocado em um caixão, com um rosário budista enrolado nas mãos. Os presentes recitam textos sagrados em coro. Algumas subdivisões dos budistas oferecem alimento e água num altar, como símbolo de desapego do corpo físico. Junto do caixão, acendem-se velas e incensos
ISLAMISMOPara os muçulmanos, o velório é um intervalo entre outras etapas do ritual de despedida. Como o corpo deve ser sepultado depressa, a cerimônia mais serve para que os familiares tenham tempo de cumprir com burocracias para o enterro ou para que aguardem a chegada de algum parente
Simples assim
Vestir preto não é obrigatório, mas os presentes devem estar trajados sobriamente, sobretudo as mulheres, que devem manter a cabeça coberta. Os presentes rezam em conjunto, perto do caixão, para que a alma do falecido siga em paz seu caminho. Os familiares podem permitir música durante a cerimônia
CRISTIANISMOFamiliares e amigos recebem condolências em sinal de luto e respeito. O caixão fica aberto para que os presentes toquem o corpo e dirijam-lhe as últimas palavras. A cerimônia deve ser a melhor possível, em sinal de reverência à memória do morto
Orações finais
Os católicos rezam e celebram uma missa, além de entoar cantos religiosos. Um padre faz as exéquias - conjunto de rezas para "encomendar o corpo" para a vida eterna. Familiares e amigos do morto se vestem de maneira sóbria e respeitosa. Os protestantes, por sua vez, não adotam o preto como cor oficial do luto
Primavera iluminada
No caso dos católicos, há uma cruz em cima do caixão e quatro velas ao redor. As velas simbolizam a luz de Cristo ressuscitado e são acesas para iluminar o caminho da alma até a eternidade. Amigos enviam flores aos familiares, simbolizando a "primavera da vida que floresce na eternidade"
• O número 3 é simbólico para os hindus. Segundo a crença, são três os deuses - Brahma, Vishnu e Shiva - que representam o ciclo completo da existência
• Os crisântemos são as flores preferidas pelos brasileiros para homenagear quem já morreu
CONSULTORIA Cecilia Ben David, coordenadora pedagógica do Centro da Cultura Judaica; Swami Krishna Priya Ananda, mestre espiritual da Sociedade Internacional Gita do Brasil; Cido Pereira, padre da Arquidiocese de São Paulo; Shake Juma, do Centro de Estudos e Divulgação do Islã; Padman Samten, lama do Centro de Estudos Budistas Bodisatva

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