O DIA
DOS TRABALHADORES
Ricardo
Barros Sayeg
No dia 1º de maio comemora-se
o Dia do Trabalho em vários países ao redor do mundo. A escolha da data aconteceu
em 1886, na cidade norte-americana de Chicago, quando milhares de trabalhadores
protestavam contra as péssimas condições de trabalho e a alta carga horária (13
horas) às quais eram submetidos diariamente. Foi, então, que em 1º de maio
deste ano os trabalhadores se reuniram e deu-se uma greve que paralisou os
Estados Unidos. No dia 3 iniciou-se a repressão e o resultado culminou em
diversos trabalhadores assassinados e outros tantos feridos. As manifestações e
os protestos ficaram conhecidos como a “Revolta de Haymarket.”
Em 1889, em Paris,
a Segunda Internacional instituiu o 1º de maio como a principal data dos
trabalhadores organizados, utilizada para celebrar as conquistas e a luta dos
trabalhadores ao longo da história. Em 23 de abril de 1919, o congresso francês
proclamou o 1º de maio como feriado nacional e sancionou que a jornada de
trabalho deveria ser de 8 horas naquele país europeu. Após a França, foi a
Rússia que instituiu o Dia do Trabalho como feriado.
No Brasil,
entretanto, o trabalho nem sempre foi visto como algo nobre, que gerasse o
engrandecimento humano. Durante o período colonial brasileiro, por exemplo,
aqueles que trabalhavam eram somente os escravos. De acordo com Antonil, em seu
livro Cultura e Opulência do Brasil:
“Os Escravos são as mãos e os pés do senhor do engenho, porque sem eles no
Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho
corrente” (ANTONIL, 1982, p.89).
Calvino e sua
doutrina religiosa também valorizavam o trabalho e a poupança. Para o religioso,
somente o trabalho levaria os homens à salvação, a obterem um lugar no reino
dos céus.
E foi a partir da
Revolução Industrial e da consolidação do trabalho assalariado que o trabalho
passou a ser visto com olhos mais distintos. Isso, associado à cultura puritana,
atribuiu ao trabalho muitas das qualidades que vemos hoje.
Aqui no Brasil, o 1º de maio foi instituído
como dia do trabalho em 1925, por decreto do então presidente Arthur Bernardes.
Desde esse ano a data foi comemorada de diversas formas: em 1940, o presidente
Getúlio Vargas utilizou o 1º de maio para anunciar o novo salário mínimo. Em
1941 a data foi usada para marcar a criação da Justiça do Trabalho, que visava
resolver os conflitos existentes entre os trabalhadores e seus patrões. Mas na
Bahia, durante 55 anos, não se comemorou esta data em virtude da natureza
contraditória da ocasião: o dia dedicado ao trabalho era feriado. Só em 1980,
Antônio Carlos Magalhães, então governador da Bahia, promulgou a data como
feriado em todo estado.
Hoje, perdeu-se um pouco do caráter reivindicativo do dia e o 1º de maio é utilizado mais para as festas e shows realizados pelas diversas organizações trabalhistas, ocasião em que são sorteados prêmios para os trabalhadores como casas e automóveis. Triste fim para uma data que teve origens tão importantes e nobres.
Hoje, perdeu-se um pouco do caráter reivindicativo do dia e o 1º de maio é utilizado mais para as festas e shows realizados pelas diversas organizações trabalhistas, ocasião em que são sorteados prêmios para os trabalhadores como casas e automóveis. Triste fim para uma data que teve origens tão importantes e nobres.
Ricardo Barros Sayeg é mestre em Educação
pela USP. Formado em História e Pedagogia pela mesma universidade, é diretor de
escola e professor de História do Colégio Paulista (COPI).
Um comentário:
Boa tarde, Eduardo, vc desistiu da Revista Aquiles?
Austri Junior
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