No fim do sec. XIX, Porto Alegre assustava-se com Catarina Come-Gente
Raquel Czarneski
Catarina Come-Gente, Maria Degolada, Crioula Fausta - o Pássaro Negro do Beco do Poço - o que teriam em comum estas personagens pitorescas, além dos nomes como que saídos de alguma história macabra? Estas e mais quatro mulheres compõem o rol de personagens desvendados por Sandra Jatahy Pesavento em seu livro “Os Sete Pecados da Capital” que têm a cidade de Porto Alegre em fins do século XIX como cenário para sete crimes que chocaram a opinião pública e destacaram-se pela participação de misteriosas mulheres.
Os crimes perpetrados na “capital dos pecados” marcaram época e ainda permanecem como que submersos nas profundezas da memória popular porto-alegrense, prestes a serem chamados à superfície em momentos estratégicos. As histórias, objetos de investigação da historiadora Sandra Pesavento compõem a memória urbana da cidade e, por isto mesmo, revelam aspectos da urbe um tanto sombrios, ainda desconhecidos.
Quem diria que na pacata e provinciana Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, em pleno ano de 1864, um casal de origens obscuras, residente no então bairro popular da Cidade Baixa, na chamada Rua do Arvoredo, fosse o responsável por exterminar friamente membros de sua vizinhança, para com suas carnes fazer linguiças e comercializá-las impunemente para a população local?
A autora evoca em seu livro a memória da cidade de Porto Alegre e reconstitui a trajetória dessas histórias sinistras, buscando entender como elas se configuraram através dos tempos no imaginário da cidade e adquiriram ares de ficção nas narrativas da população. Em Os Sete Pecados da Capital, Porto Alegre à primeira vista uma pequena e calma cidade, é desnudada em sua face mais horripilante e assustadora em uma narrativa digna de um conto policial!
Raquel Czarneski Borges é graduanda em História pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG.
Revista de História da Biblioteca Nacional
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