segunda-feira, 11 de julho de 2011

Gerando os filhos do fascismo


Bandeiras, paradas militares, multidões aplaudindo. 6 de maio de 1938, dia de glória para o fascismo italiano: Hitler se encontra com Benito Mussolini em Roma. Naquele mesmo dia – com o marido e os filhos na rua, junto à multidão que saudava os ditadores – Antonietta (Sophia Loren), uma solitária dona-de-casa, conhece casualmente seu vizinho (Marcello Mastroianni) e começa com ele uma amizade singular. Aquele que foi para o regime “Um dia muito especial” (título do filme de Ettore Scola que conta a história), também foi responsável por tirar Antonietta de sua vida monótona e rotineira de uma típica mulher italiana, segundo o mito construído pelo fascismo em torno da exaltação da maternidade e da família, baseada na autoridade marital e paterna.

No plano político, a ideologia fascista visava excluir cada vez mais a mulher da vida pública e social. O regime toma providências para tanto: projeta para elas percursos escolares diferentes, adota uma política demográfico-familiar baseada em incentivos ao casamento e à geração de filhos, cria institutos voltados especificamente para a proteção da maternidade.

A partir dos anos 1930, contudo, esta política de segregação se alia a uma tentativa de mobilização das mulheres para que participem mais ativamente da construção da nova sociedade por meio das associações fascistas. No entanto, as atividades ficam limitadas a iniciativas assistencialistas.

O regime nazista na Alemanha percorre os mesmos caminhos, radicalizando-os. O sexo feminino é valorizado como fonte procriadora de filhos “arianos”. Além disso, se de um lado se assiste à exclusão das mulheres de cargos estatais e de profissões consideradas tipicamente masculinas, como advogado e juiz, de outro se registra o envolvimento direto de muitas delas nas organizações nazistas de apoio ao regime.
Revista de História da Biblioteca Nacional

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