quarta-feira, 4 de maio de 2011

A história por baixo dos panos

Com quantos amantes se faz um reinado? O poder é afrodisíaco? Aprenda o que seu professor nunca disse

Cristina Amorim
Ilustrações: Alexandre Camanho


Por trás dos grandes feitos da humanidade, há grandes personagens, pessoas que deixaram sua marca e, por causa disso, são vistas como ícones, não como gente de carne e osso, sujeitas a todas as virtudes e falhas de caráter que marcam a raça humana.

Muitos desses personagens utilizaram o poder e a projeção para satisfazer desejos e egos inchados. O ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, admitiu em seu recém-lançado livro, "My Life" (Minha Vida), que teve um caso com a estagiária apenas porque podia. Assim como ele, outros tiveram suas vidas públicas modificadas por questões pessoais. Se o jovem Napoleão não sentisse ciúmes de sua Josefina, ele teria vencido batalhas com tanta eficiência? A "Rainha Virgem" Elizabeth seria tão rígida se a infância não fosse marcada pela morte da mãe, decapitada a mando do pai, que se casou com outra logo depois?

"A vida sexual das pessoas é muito mais peculiar do que se poderia imaginar", disse o escritor inglês Nigel Cawthorne a GALILEU. Ele sabe do que fala: Cawthorne se dedica a desvendar o que se passou sob os lençóis de famosos, informações que já renderam oito livros, três publicados no Brasil. Conheça o lado picante de alguns desses personagens nas próximas páginas. Certamente, a partir de agora os livros tradicionais de história vão parecer um pouco sem sal.

336 a.C.
Alexandre, o Grande assume o trono da Macedônia

Na sua adolescência, Alexandre tinha como amigo e amante um jovem chamado Hephaestion, prática bastante comum na época. Porém, o que mais marcou a vida de um dos maiores generais do mundo não foi a homossexualidade, mas sua mãe: Olympias odiava o marido, Filipe 2o, rei da Macedônia, e infernizou todas as mulheres que tinham filhos do rei a fim de garantir o poder para sua prole. Quando Alexandre morreu, ela foi entregue aos parentes de suas vítimas, que a mataram.






323 a.C.
Alexandre morre aos 33 anos. O Império Macedônico é fragmentado por causa de disputas internas.

264 a.C.
Começam as Guerras Púnicas entre Roma e Cartago, que terminam em 149 a.C., após três edições, com a vitória romana.

44 a.C.
Júlio César se autoproclama imperador de Roma e é assassinado no mesmo ano.

31 a.C.
Otaviano vence Marco Antônio na Batalha de Actium

Amor e poder, para Cleópatra 7a, eram sinônimos. Essa femme fatale da Antiguidade foi a última rainha do Egito antes de a nação ser subjugada pelo Império Romano. Em uma tentativa de manter sua posição e a soberania do Egito, ela se envolveu primeiro com Júlio César, com quem teria um filho, e depois com Marco Antônio. Infelizmente, os casos não foram suficientes para manter o rival de Antônio, Otaviano, bem longe das terras férteis do Nilo.

27 a.C
No reinado de Otaviano, doravante Augusto César, tem início a Pax Romana, período de relativa tranqüilidade no Império Romano que se estende até Marco Aurélio, que reinou dos anos 161 a 180.

27
O imperador romano Tibério decide viver em Capri

O sexo e a violência caminharam de mãos dadas pela ilha de Capri nos últimos anos de reinado de Tibério. Ele adorava ver homens e mulheres copulando sob estátuas pornográficas ou nos jardins projetados para esse fim. Quem se recusasse a ir para a cama com ele sofria nas câmaras de tortura antes de ser jogado em um abismo - tudo sob o olhar vigilante do imperador.

33
Jesus Cristo é crucificado em território romano.

37
Calígula assume o império romano

Quem diria que alguém com o singelo apelido de Calígula ("botinhas" em latim) viria a se tornar referência de depravação e instabilidade mental? Ele andava com um carrasco particular, sempre pronto para cumprir as ordens do patrão, conversava com o deus Júpiter em pé de igualdade e partilhava a divindade - e a cama - com sua irmã Drusila.

54
Nero assume o império Romano

Nero tinha motivos para amar sua mãe, Agripina, a Jovem, após ela abrir caminho para seu filho tomar o poder - a amava tanto que ela era também sua amante. Até que o imperador se cansou do papel duplo e se livrou dela. Suas esposas também foram mortas, muitas por entediá-lo, até que Nero se aborreceu do universo feminino, castrou um adolescente e casou-se com ele.











64
Um incêndio destrói grande parte de Roma; enquanto os romanos culpam Nero, ele culpa os cristãos.

395
Morre Teodósio, o que provoca a divisão do Império Romano; o fato marca o início da Idade Média.

1453
Constantinopla é invadida pelos turcos otomanos, um marco do fim do Império Romano Oriental; termina a Guerra dos Cem Anos, com a expulsão dos ingleses do território francês.

1469
Os reinos espanhóis de Aragão e Castilha são unidos pelo casamento de Ferdinando de Aragão e León e Isabela de Castilha, pais de Joana, a Louca.

1496
Joana, a louca, conhece seu marido, Filipe, o belo

Neurótica, a princesa espanhola protagonizou cenas inesquecíveis em nome da paixão por seu marido, Filipe, o Belo: talhou o rosto de uma suposta amante do marido, para em seguida ser trancafiada por ele. Quando Filipe morreu prematuramente, aos 28 anos, Joana endoidou de vez e proibiu que qualquer mulher se aproximasse dos restos mortais, os quais ela abraçava de tempos em tempos.


1496
Henrique 8º

Um é pouco, dois é bom... mas seis esposas? Em sua busca por um filho varão, e atrás de um rabo de saia, o rei inglês se divorciou de três esposas, degolou outras duas e rompeu com a Igreja Católica, que desaprovava a separação entre ele e sua primeira "vítima", a rainha Catarina de Aragão - que foi exilada e separada de sua filha, Maria, a Sanguinária.












1535
O País de Gales é anexado à Inglaterra.

1558
Elizabeth 1a toma posse do trono inglês

Elizabeth gostava de ser conhecida como "Rainha Virgem", alusão ao fato de governar a Inglaterra sem um comparsa. Virgem, porém, só no nome: ela sempre se cercou de jovens nobres e cortesãos. Às mulheres da corte a vida amorosa era difícil: o casamento dependia da autorização da rainha, que nem sempre estava de bom humor para concedê-la.

1589
Morre Catarina de Médici

Essa católica dividiu por uma década a afeição do marido, o rei Henrique 2o, com a amante oficial, Diana de Poitiers. O esforço foi compensado: três de seus filhos, Francis 2o, Carlos 9o e Henrique 3o (que adorava se embonecar com sedas e babados), foram reis. A matriarca, ao lado de Carlos, foi responsável pela Noite de São Bartolomeu, massacre de protestantes que comemoravam o casamento da princesa Marguerite, filha da própria Catarina.

1598
O rei francês Henrique 4o permite a prática do protestantismo no reino, com exceção de Paris.

1643
Luís 14, o Rei-Sol, assume o poder

A duração do seu reinado (72 anos) só se igualava a seu ego, ainda que Luís 14 usasse saltos de 40 centímetros para projetar a autoridade. Seu irmão, o duque d'Orleans, era a drag queen do palácio: estava sempre vestido como uma mulher. Porém, a preferência estética e sexual do conde não afetou suas habilidades no campo de batalha.

1762
Catarina 2ª, a Grande, tira seu marido do trono

Após se livrar do provável impotente marido, Pedro 3º, Catarina tornou-se uma das maiores monarcas da Europa e dominou a Rússia por 34 anos. Dominou também diversos amantes, que eram selecionados por damas de companhia que "provavam" o candidato antes de passar para a rainha. Tudo sob o crivo de seu amante maior, Gregório Potemkin.

1796
Napoleão Bonaparte casa-se com Josefina

Napoleão conheceu Josefina quando era apenas um oficial promissor e ela, uma das madames que mais visitaram camas de poderosos em Paris. A relação sofreu altos e baixos, até que os dois se separaram sem que Josefina engravidasse - apesar de ela ter dois filhos de primeiro casamento. Em 1821, durante a autópsia do imperador, um capelão corso teria lhe cortado o pênis fora, o qual se dizia ser "atrofiado". Hoje, o mimo faz parte da coleção de um urologista.

1848
Karl Marx publica seu "Manifesto Comunista".

1898
Vladimir Lenin casa-se com Nadya Krupskaya

Uma bela história de amor é composta por dois personagens, certo? No caso de Lenin, por três: apesar de casado com a camarada Nadya em 1898, ele se apaixonou pela revolucionária Inessa. Para evitar cismas internos na Revolução Russa, os três viveram juntos por anos - segundo alguns historiadores, Lenin, Nadya e Inessa criaram o círculo interno de poder que originou a União Soviética.

1905
Em janeiro, tropas do czar russo Nicolau 2o abafam uma marcha de trabalhadores com violência, no episódio conhecido como Domingo Sangrento.

1910
Ekaterina, mulher de Joseph Stalin, morre

A brutalidade que marcou a ditadura de Joseph Stalin parece ter surgido quando sua primeira mulher, Ekaterina, morreu. Com o coração endurecido, ele se casou com Nadya Alliluyeva. Ela costumava confrontar Stalin em casa, até se matar em 1932 após encontrá-lo na cama com outra. A filha deles, Svetlana, tornou-se freira aos 70 anos para "expiar os pecados" do pai.

1915
Começa a Primeira Guerra Mundial.

1917
Lenin retorna do exílio e comanda a Revolução Russa, que tira o czar Nicolau 2º do poder.

1919
Acaba a Primeira Guerra Mundial com a assinatura do Tratado de Versalhes.

1931
A sobrinha de Hitler, Geli, morre com um tiro

Hitler nunca teve uma relação saudável com o sexo. Quando criança, assistiu a sua amada mãe ser estuprada pelo pai. Na juventude, em Viena, contraiu sífilis e uma aversão às prostitutas da cidade. No poder, ele mandou milhares de homossexuais para a morte, mesmo tendo ele próprio amigos gays. Ele obtinha prazer máximo quando urinavam em seu rosto, uma prática que ele levou a sério com sua sobrinha, Geli, que morreu aos 23 anos quando tentou se livrar do tio.





1934
O secretário-geral russo, Joseph Stalin, dá início do Expurgo, política contra antigos comunistas.

1939
Começa a Segunda Guerra Mundial.

1941
Joseph Stalin é alçado ao posto de premiê da Rússia

1945
Benito Mussolini é capturado e fuzilado

O ditador italiano com freqüência usava na cama a violência que marcou sua permanência no poder. Apesar de ter diversas amantes e filhos ilegítimos, ele ficou casado com Rachele Mussolini até o fim. Porém, foi outra mulher que morreu ao seu lado: sua devotada amante Clara Petacci, que seguiu o ditador em sua fuga e colocou-se em sua frente enquanto os metralhavam, no fim da Segunda Guerra.

1963
John F. Kennedy é assassinado

Um dos mais populares presidentes dos EUA sabia desfrutar os prazeres da cama e dizia sofrer de dores de cabeça se não fizesse sexo todos os dias. Além de ter ao seu lado a jovem e bela Jacqueline, ele se divertia com famosas, como Marylin Monroe, sua mais célebre amante, e desconhecidas.

1991
Boris Yeltsin é eleito presidente da Rússia

O primeiro presidente eleito por voto popular na história do país misturava episódios de depressão com porres homéricos. Na volta de uma visita ao presidente americano Bill Clinton - na qual ele permaneceu sóbrio -, ele se entregou à bebida de forma a perder encontros com o premiê da Irlanda e o chanceler da Nova Zelândia. Nada que seus compatriotas, e o mundo, não acompanhassem pela mídia.

1998
Enquanto enfrenta escândalos em sua administração, Bill Clinton ordena o bombardeio do Iraque em resposta à falta de cooperação do ditador Saddam Hussein com a ONU.

1998
Estoura o caso de Bill Clinton com uma estagiária

Poucos líderes podem se vangloriar de seus feitos sexuais quanto Bill Clinton. Quando era governador do Arkansas, um dia baixou as calças e pediu a sua funcionária Paula Jones que lhe fizesse sexo oral. Quatro anos depois, na Casa Branca, recebeu o favor da estagiária Monica Lewinsky, o que lhe rendeu (além do prazer momentâneo) um pedido de impeachment e uma fama que rodou o mundo.










1999
Os EUA lideram o bombardeio feito pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Iugoslávia.

Para ler
"Escândalos reais", Michael Farquhar. Ediouro. 2003
"A Vida Sexual dos Papas", Nigel Cawthorne. Prestígio Editorial. 2002
"A Vida Sexual dos Ditadores", Nigel Cawthorne. Prestígio Editorial. 2003
"Virgens de Veneza", Mary Laven. Imago. 2003


Revista Galileu

2 comentários:

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Como tem, história por baixo dos panos...Tenho "Os Brasões da Sala de Sintra", 3 grandes volumes...trata de Genealogia mas conta muito dos reis e rainhas de Portugal...nossas origens.
Muito boa, a postagem.
Um abralo

Cores do caminho disse...

Ufa quanta podridao por baixo dos panos heim Eduardo. Otimo post.
Boa noite.
Alice