Lourival Sant’Anna / Enviado Especial / Kiev - O Estado de S.Paulo
A história e a geografia unem mais do que separam ucranianos e russos. O próprio nome "Rússia" teve origem no século 9.º na região de Kiev, quando um povo viking passou a ser chamado de "rus". Nessa época, a região era uma próspera rota do comércio do Báltico para Bizâncio. Lutas internas entre príncipes e etnias e mudanças nas rotas comerciais deslocaram o poder econômico e político para a região de Moscou.
A partir do século 14, parte do território hoje denominado Ucrânia esteve sob domínio da Lituânia e da Polônia. Os cossacos, identificados como os ucranianos originais, lutaram contra os invasores muçulmanos tártaros e os otomanos, que avançavam da Crimeia, ao sul. A Praça da Independência - e agora o movimento - é chamada pelos moradores de Kiev de "Maidan" ("praça", em turco) como reflexo dessa presença otomana.
No século 18, o lado oeste da Ucrânia caiu sob domínio do Império Austro-Húngaro e o leste, dos czaristas russos. Depois da 1.ª Guerra, o atual território ucraniano foi dividido entre Romênia, Checoslováquia, Polônia e União Soviética. Em 1939, ao ocupar a Polônia, os nazistas tomaram também a parte oeste da Ucrânia, que tinha uma das maiores populações judaicas da Europa.
Depois da Batalha de Stalingrado, em 1943, os soviéticos avançaram contra os nazistas e tomaram o oeste da Ucrânia. Terminada a 2.ª Guerra, o país se tornou uma república soviética, assumindo pela primeira vez o atual território, e ganhando o nome Ucrânia, que significa "à margem", numa referência a sua função geográfica de tampão entre a Rússia e a Europa Central. O país só se tornou independente com o fim da URSS, em 1991.
Jornal O Estado de S. Paulo
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