Bailes da nobreza europeia animaram a vida social na capital do Império, dando início à cultura festiva do Rio de Janeiro
Maria Leonor Costa
Quando a corte portuguesa chegou ao Rio de Janeiro em 8 de março de 1808, houve nove dias de comemorações, com muita ovação, música e dança. Mas nada comparável aos anos de animados saraus e bailes que se seguiriam e transformariam os costumes e a vida social da cidade e do país.
O Rio de Janeiro era capital da colônia, mas não lembrava tal status, quer no aspecto arquitetônico e sanitário, quer no aspecto cultural. Enquanto escravos e classes mais baixas se divertiam nas ruas cantando e dançando, as famílias abonadas tinham praticamente como único divertimento a ida a igrejas e a festas religiosas.
A vida social da cidade e então colônia mudou completamente com a chegada da corte portuguesa. Acostumados à agenda mais intensa das cortes europeias, os novos habitantes demandavam outras formas de entretenimento, e não somente procissões, queima de fogos, cavalgadas e touradas.
Duas maneiras mais frequentes de entretenimento da nobreza e das classes abastadas na Europa eram os saraus e os bailes, e aqui não foi diferente. A elite local passou, então, a ter contato com as danças sociais europeias. Mas como estar preparado para não dar vexame no salão? Entra em cena Luís Lacombe, o primeiro professor oficial de danças sociais do Brasil.
Em Portugal, D. João mantinha uma orquestra permanente e uma companhia de balé como forma de entreter a família e a corte. Assim, em 1810, o príncipe regente ordenou a vinda de Pedro Colonna, maestro de dança responsável pelos espetáculos na Capela Real. Para ministrar aulas de música aos filhos e compor para a Capela Real, D. João também mandou vir o maestro Marcos Portugal, que passou a supervisionar e a dirigir os teatros públicos. Com ele veio Luís Lacombe, dançarino e coreógrafo, nomeado Compositor de Danças e Maestro de Danças da Casa Real, tendo sido ele o responsável pela primeira coreografia de balé de que se tem notícia no país, a que integrou a peça teatral de Marcos Portugal, L’oro non compra amore. Luís Lacombe chegou ao Rio em 11 de julho de 1811 e já em 13 de julho fez publicar na Gazeta do Rio de Janeiro o primeiro anúncio de ensino de danças a “qualquer pessoa civilizada da cidade”.
A demanda por aulas de dança aumentava à medida que a vida social ia se intensificando. A partir de 1815, como capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, o Rio de Janeiro recebia cada vez mais novos habitantes: comerciantes estrangeiros que vinham aqui prosperar, diplomatas, artistas e famílias da aristocracia rural. Todos desejosos de morar próximo à corte e poder frequentar os eventos da nobreza. Logo Luís Lacombe precisou chamar os irmãos para auxiliá-lo. Entre eles, Lourenço Lacombe, que viria a ser o professor de dança de D. Pedro II.
Uma das danças mais executadas nos salões era o minueto. Originária de festejos populares, ela foi refinada até se tornar uma coreografia complexa, cheia de mesuras e passinhos miúdos (daí a origem do nome). Também apreciada por seu ritmo rápido e alegre, era a quadrilha francesa, executada, como o nome indica, por no mínimo quatro casais em movimentos coreografados sob o comando de um líder. Em comum, essas danças tinham a característica de manter os pares afastados, pois não era de bom-tom o cavalheiro tocar em dama que não fosse sua esposa ou filha.
A restrição à aproximação demasiada dos pares perdurou por algumas décadas no Brasil, apesar de a valsa já ter dominado os salões europeus. No início, essa dança, que permitia ao cavalheiro abraçar a dama e conduzi-la de forma independente pelo salão, era vista como indecente. O “gelo” começou a ser quebrado quando o austríaco Sigismund Neukomm incluiu uma composição de valsa na apresentação que organizou para a nobreza reunida no Congresso de Viena, em 1815. No ano seguinte, Neukomm veio ao Brasil em visita e foi convidado a ministrar aulas de música aos filhos de D. João VI. Para D. Pedro, ele deu aulas de harmonia e composição. O futuro imperador se tornou, assim, o primeiro compositor de valsas brasileiras.
A preponderância da valsa só foi sentida aqui na segunda metade do século XIX. Em 1841, no baile pela coroação de D. Pedro II, para cada três contradanças francesas, executou-se uma valsa. Já no último grande baile registrado no Paço, em agosto de 1852, a valsa firmava seu império: D. Pedro II rodopiou pelo salão com várias damas da corte. A essa altura, diversas danças animavam os bailes – “umas efêmeras, que não pegavam, por esquisitas, outras com fiéis adeptos que nunca as esqueciam – as contradanças, gavotas, lanceiros, a quadrilha diplomática, a schottish com seus requebros, a polca com seus pulinhos, o rill da Virgínia, a redowa, o galope, a mazurca...”, escreve Wanderley Pinho no livro Salões e Damas do Segundo Reinado,referindo-se aos bailes no Casino Fluminense. O Casino era a mais famosa sociedade dançante do Rio, tendo como um de seus patrocinadores o Conde D’Eu.
Entre a coroação de D. Pedro II e o início da Guerra do Paraguai, em 1864, o Rio viveu uma febre de reuniões, bailes, concertos e festas que iam até o raiar do dia. Segundo uma crônica de Francisco Otaviano, em 1853, havia no Rio 365 bailes por ano. Com a guerra, os bailes arrefeceram, para retornarem triunfantes após o fim dos confrontos, em 1870.
Nas noites de baile havia um cerimonial a ser respeitado. “Depois de aberto o baile pelas pessoas para isso convidadas, e se acabarem os minuetes, seguir-se-ão as contradanças, waltz, ril etc., pela ordem estabelecida pelos mestres-salas. Eles convidarão as senhoras para cada uma destas danças, dando-lhes os pares, que serão sempre diversos; qualquer senhora que estiver cansada, ou não quiser figurar na dança proposta, o poderá fazer livremente, sem que se tenha isto por falta de delicadeza. Não serão as danças de longa duração para se evitar a fadiga; e no fim delas não se darão pateadas nem outros aplausos do costume. Assim o pede o decoro da Assembleia e o respeito devido a SS AA RR [Suas Altezas Reais]”, ensinava o impresso “Etiqueta que se há de guardar”, da sociedade recreativa Assembleia Portuguesa.
Outros costumes não se impunham através de manuais, mas eram seguidos e passados adiante. Os pares não podiam se tocar, senão com luvas. Nos carnês de dança, as moças anotavam seus compromissos, solicitados por cavalheiros que obedeciam a um ritual de aproximação. E não era só devido ao calor que as damas portavam leques: através da riqueza de detalhes do objeto era possível distinguir a posição social e as posses de sua proprietária.
Os periódicos e as revistas matavam a curiosidade da plebe sobre os bailes, descrevendo detalhadamente músicas, danças, penteados, joias e vestes das damas. Alguns chegavam a publicar croquis. Em 10 de setembro de 1841, o Jornal do Commercio noticiava um baile na Assembleia Estrangeira, em comemoração à coroação do imperador. Descrevia a entrada do monarca, o cerimonial, as danças executadas pela orquestra dirigida por Milliet – mestre das quadrilhas francesas – e informava o número de convidados (mais de mil), o número de damas (350 senhoras), a hora em que D. Pedro e as irmãs se retiraram (meia-noite) e a hora em que o baile terminou (4 horas da manhã). Em 1876, Machado de Assis registrou em versos a polca, dando pistas sobre as razões do sucesso da dança: “É simples, quatro compassos / E muito saracoteio / cinturas presas nos braços / Gravatas cheirando o seio”.
No caminho aberto por Lacombe, inúmeros professores de dança aqui se estabeleceram e se encarregaram de difundir essa nova cultura fora dos salões aristocráticos. Ora dando aulas em casas e colégios, como anunciava o francês Philipe Caton no Jornal do Comércio, em 12 de abril de 1840, ora em exibições, como a do próprio casal Caton que, ao dançar a polca nos teatros, provocou uma corrida às aulas de dança para aprendê-la – a ponto de se batizar como “polka” a epidemia de dengue daquele ano.
A adaptação da polca, tocada ao piano, aos instrumentos dos músicos de choro (sopro e cordas), somada ao molejo de um povo com tendência aos volteios e requebros de corpo, fez surgir a primeira grande contribuição da cidade à música e à dança brasileiras: o maxixe, que se espalhou pelo país e fez grande sucesso na Europa e nos Estados Unidos. Cafés, teatros de revistas, agremiações e cabarés floresciam com a demanda dos novos praticantes das danças sociais. Começava a se firmar a fama de boêmio do carioca.
Maria Leonor Costa é editora do jornal Falando de Dança e coautora da coletânea 200 anos de dança de salão no Brasil (AMAragão Edições, 2011).
Cai o regime, fica a dança
É sintomático que o período da nobreza no Brasil tenha se encerrado com um baile. O Baile da Ilha Fiscal, promovido pelo governo em homenagem aos oficiais do navio chileno Almirante Cochrane, jamais será superado em opulência. O dia 9 de novembro de 1889 teve clima de feriado, com a população se aglomerando no cais para observar os convidados a exibirem as últimas modas em penteados, toaletes e joias. Na ilha, D. Pedro II, adoentado, permaneceu apático, dançando apenas uma vez. Já a princesa Isabel e o Conde D’Eu aproveitaram bem as pistas de dança, animadas por orquestras que tocavam predominantemente valsas e polcas. O imperador se retirou à meia-noite, mas o baile continuou animado até o raiar do dia.
Os jornais esgotaram nos dias seguintes, descrevendo pormenores de decoração, cardápio, vestes, danças e gafes cometidas, mas também registrando protestos pelos gastos desmedidos, equivalentes a 10% do orçamento anual da província do Rio de Janeiro. Seis dias mais tarde era proclamada a República. Fim da era dos salões? Não! Tão logo a poeira assentou, os salões reabriram para receber os diplomatas que vinham apresentar credenciais ao novo establishment.
Maria Leonor Costa
Quando a corte portuguesa chegou ao Rio de Janeiro em 8 de março de 1808, houve nove dias de comemorações, com muita ovação, música e dança. Mas nada comparável aos anos de animados saraus e bailes que se seguiriam e transformariam os costumes e a vida social da cidade e do país.
O Rio de Janeiro era capital da colônia, mas não lembrava tal status, quer no aspecto arquitetônico e sanitário, quer no aspecto cultural. Enquanto escravos e classes mais baixas se divertiam nas ruas cantando e dançando, as famílias abonadas tinham praticamente como único divertimento a ida a igrejas e a festas religiosas.
A vida social da cidade e então colônia mudou completamente com a chegada da corte portuguesa. Acostumados à agenda mais intensa das cortes europeias, os novos habitantes demandavam outras formas de entretenimento, e não somente procissões, queima de fogos, cavalgadas e touradas.
Duas maneiras mais frequentes de entretenimento da nobreza e das classes abastadas na Europa eram os saraus e os bailes, e aqui não foi diferente. A elite local passou, então, a ter contato com as danças sociais europeias. Mas como estar preparado para não dar vexame no salão? Entra em cena Luís Lacombe, o primeiro professor oficial de danças sociais do Brasil.
Em Portugal, D. João mantinha uma orquestra permanente e uma companhia de balé como forma de entreter a família e a corte. Assim, em 1810, o príncipe regente ordenou a vinda de Pedro Colonna, maestro de dança responsável pelos espetáculos na Capela Real. Para ministrar aulas de música aos filhos e compor para a Capela Real, D. João também mandou vir o maestro Marcos Portugal, que passou a supervisionar e a dirigir os teatros públicos. Com ele veio Luís Lacombe, dançarino e coreógrafo, nomeado Compositor de Danças e Maestro de Danças da Casa Real, tendo sido ele o responsável pela primeira coreografia de balé de que se tem notícia no país, a que integrou a peça teatral de Marcos Portugal, L’oro non compra amore. Luís Lacombe chegou ao Rio em 11 de julho de 1811 e já em 13 de julho fez publicar na Gazeta do Rio de Janeiro o primeiro anúncio de ensino de danças a “qualquer pessoa civilizada da cidade”.
A demanda por aulas de dança aumentava à medida que a vida social ia se intensificando. A partir de 1815, como capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, o Rio de Janeiro recebia cada vez mais novos habitantes: comerciantes estrangeiros que vinham aqui prosperar, diplomatas, artistas e famílias da aristocracia rural. Todos desejosos de morar próximo à corte e poder frequentar os eventos da nobreza. Logo Luís Lacombe precisou chamar os irmãos para auxiliá-lo. Entre eles, Lourenço Lacombe, que viria a ser o professor de dança de D. Pedro II.
Uma das danças mais executadas nos salões era o minueto. Originária de festejos populares, ela foi refinada até se tornar uma coreografia complexa, cheia de mesuras e passinhos miúdos (daí a origem do nome). Também apreciada por seu ritmo rápido e alegre, era a quadrilha francesa, executada, como o nome indica, por no mínimo quatro casais em movimentos coreografados sob o comando de um líder. Em comum, essas danças tinham a característica de manter os pares afastados, pois não era de bom-tom o cavalheiro tocar em dama que não fosse sua esposa ou filha.
A restrição à aproximação demasiada dos pares perdurou por algumas décadas no Brasil, apesar de a valsa já ter dominado os salões europeus. No início, essa dança, que permitia ao cavalheiro abraçar a dama e conduzi-la de forma independente pelo salão, era vista como indecente. O “gelo” começou a ser quebrado quando o austríaco Sigismund Neukomm incluiu uma composição de valsa na apresentação que organizou para a nobreza reunida no Congresso de Viena, em 1815. No ano seguinte, Neukomm veio ao Brasil em visita e foi convidado a ministrar aulas de música aos filhos de D. João VI. Para D. Pedro, ele deu aulas de harmonia e composição. O futuro imperador se tornou, assim, o primeiro compositor de valsas brasileiras.
A preponderância da valsa só foi sentida aqui na segunda metade do século XIX. Em 1841, no baile pela coroação de D. Pedro II, para cada três contradanças francesas, executou-se uma valsa. Já no último grande baile registrado no Paço, em agosto de 1852, a valsa firmava seu império: D. Pedro II rodopiou pelo salão com várias damas da corte. A essa altura, diversas danças animavam os bailes – “umas efêmeras, que não pegavam, por esquisitas, outras com fiéis adeptos que nunca as esqueciam – as contradanças, gavotas, lanceiros, a quadrilha diplomática, a schottish com seus requebros, a polca com seus pulinhos, o rill da Virgínia, a redowa, o galope, a mazurca...”, escreve Wanderley Pinho no livro Salões e Damas do Segundo Reinado,referindo-se aos bailes no Casino Fluminense. O Casino era a mais famosa sociedade dançante do Rio, tendo como um de seus patrocinadores o Conde D’Eu.
Entre a coroação de D. Pedro II e o início da Guerra do Paraguai, em 1864, o Rio viveu uma febre de reuniões, bailes, concertos e festas que iam até o raiar do dia. Segundo uma crônica de Francisco Otaviano, em 1853, havia no Rio 365 bailes por ano. Com a guerra, os bailes arrefeceram, para retornarem triunfantes após o fim dos confrontos, em 1870.
Nas noites de baile havia um cerimonial a ser respeitado. “Depois de aberto o baile pelas pessoas para isso convidadas, e se acabarem os minuetes, seguir-se-ão as contradanças, waltz, ril etc., pela ordem estabelecida pelos mestres-salas. Eles convidarão as senhoras para cada uma destas danças, dando-lhes os pares, que serão sempre diversos; qualquer senhora que estiver cansada, ou não quiser figurar na dança proposta, o poderá fazer livremente, sem que se tenha isto por falta de delicadeza. Não serão as danças de longa duração para se evitar a fadiga; e no fim delas não se darão pateadas nem outros aplausos do costume. Assim o pede o decoro da Assembleia e o respeito devido a SS AA RR [Suas Altezas Reais]”, ensinava o impresso “Etiqueta que se há de guardar”, da sociedade recreativa Assembleia Portuguesa.
Outros costumes não se impunham através de manuais, mas eram seguidos e passados adiante. Os pares não podiam se tocar, senão com luvas. Nos carnês de dança, as moças anotavam seus compromissos, solicitados por cavalheiros que obedeciam a um ritual de aproximação. E não era só devido ao calor que as damas portavam leques: através da riqueza de detalhes do objeto era possível distinguir a posição social e as posses de sua proprietária.
Os periódicos e as revistas matavam a curiosidade da plebe sobre os bailes, descrevendo detalhadamente músicas, danças, penteados, joias e vestes das damas. Alguns chegavam a publicar croquis. Em 10 de setembro de 1841, o Jornal do Commercio noticiava um baile na Assembleia Estrangeira, em comemoração à coroação do imperador. Descrevia a entrada do monarca, o cerimonial, as danças executadas pela orquestra dirigida por Milliet – mestre das quadrilhas francesas – e informava o número de convidados (mais de mil), o número de damas (350 senhoras), a hora em que D. Pedro e as irmãs se retiraram (meia-noite) e a hora em que o baile terminou (4 horas da manhã). Em 1876, Machado de Assis registrou em versos a polca, dando pistas sobre as razões do sucesso da dança: “É simples, quatro compassos / E muito saracoteio / cinturas presas nos braços / Gravatas cheirando o seio”.
No caminho aberto por Lacombe, inúmeros professores de dança aqui se estabeleceram e se encarregaram de difundir essa nova cultura fora dos salões aristocráticos. Ora dando aulas em casas e colégios, como anunciava o francês Philipe Caton no Jornal do Comércio, em 12 de abril de 1840, ora em exibições, como a do próprio casal Caton que, ao dançar a polca nos teatros, provocou uma corrida às aulas de dança para aprendê-la – a ponto de se batizar como “polka” a epidemia de dengue daquele ano.
A adaptação da polca, tocada ao piano, aos instrumentos dos músicos de choro (sopro e cordas), somada ao molejo de um povo com tendência aos volteios e requebros de corpo, fez surgir a primeira grande contribuição da cidade à música e à dança brasileiras: o maxixe, que se espalhou pelo país e fez grande sucesso na Europa e nos Estados Unidos. Cafés, teatros de revistas, agremiações e cabarés floresciam com a demanda dos novos praticantes das danças sociais. Começava a se firmar a fama de boêmio do carioca.
Maria Leonor Costa é editora do jornal Falando de Dança e coautora da coletânea 200 anos de dança de salão no Brasil (AMAragão Edições, 2011).
Cai o regime, fica a dança
É sintomático que o período da nobreza no Brasil tenha se encerrado com um baile. O Baile da Ilha Fiscal, promovido pelo governo em homenagem aos oficiais do navio chileno Almirante Cochrane, jamais será superado em opulência. O dia 9 de novembro de 1889 teve clima de feriado, com a população se aglomerando no cais para observar os convidados a exibirem as últimas modas em penteados, toaletes e joias. Na ilha, D. Pedro II, adoentado, permaneceu apático, dançando apenas uma vez. Já a princesa Isabel e o Conde D’Eu aproveitaram bem as pistas de dança, animadas por orquestras que tocavam predominantemente valsas e polcas. O imperador se retirou à meia-noite, mas o baile continuou animado até o raiar do dia.
Os jornais esgotaram nos dias seguintes, descrevendo pormenores de decoração, cardápio, vestes, danças e gafes cometidas, mas também registrando protestos pelos gastos desmedidos, equivalentes a 10% do orçamento anual da província do Rio de Janeiro. Seis dias mais tarde era proclamada a República. Fim da era dos salões? Não! Tão logo a poeira assentou, os salões reabriram para receber os diplomatas que vinham apresentar credenciais ao novo establishment.
Saiba mais - Bibliografia
ABREU, Martha. O Império do Divino – Festas religiosas e cultura popular no Rio de Janeiro (1830-1900). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
D'ORLEANS, François Ferdinand Philippe Louis Marie.Diário de um príncipe no Rio de Janeiro.Tradução de Maria Murray. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 2006.
PARANHOS, Paulo. História do Rio de Janeiro (tempos cariocas). Teresópolis: Editora Zem, 2007.
PERNA Marco Antonio. Samba de Gafieira – a história da dança de salão brasileira.
Rio de Janeiro: Tratus Serviços Gráficos, 2005. Aquisição pelo site http://www.pluhma.com/loja/livros.danca.
Revista de História da Biblioteca Nacional
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