O Caracol dos Maias
Construído em 850, ajudava a determinar o início das estações do ano.
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão
A Astronomia desenvolveu-se desenvolveu-se entre os maias por ser um dos elemen¬tos fundamentais na prática dos rituais religiosos que, na maioria das vezes, se realizavam à noite. Uma prova disso está numa das gravuras que aparecem em seus manuscritos (chamados Código de Mendoza), na qual um sacerdote toca um instrumento enquanto outro observa as estrelas para determinar a hora do início das cerimônias. Os elevados monumentos piramidais maias eram, na verdade, observatórios ideais para a pesquisa noturna e diurna do céu. As construçôes orientavam-se nesse sentido e delas podiam ser estimadas com precisão a passagem do Sol pelo zênite - o ponto do céu que está diretamente acima da cabeça do observador - e as épocas em que se iniciavam as estações do ano.
Em suas observações, os maias usavam alguns instrumentos primitivos semelhantes às balestilhas - duas hastes cruzadas -, com as quais os astrônomos-navegantes do século XVI observavam a altura dos astros. Um exemplo típico de construção maia com fins de observação astronômica é o chamado Caracol de Chichén-Itzá, cidade situada nas planícies do Yucatán. próximo à Mérida. no México.
Essa edificação está intimamente ligada às civilizações maia e tolteca - esta última, contemporânea da primeira. O monumento foi chamado de EI Caracol pelos espanhóis. porque sua escada interior, em espiral. lembra a concha de um caramujo. Nesse edifício circular encontram-se aberturas orientadas de modo a permitir a determinação dos solstícios de inverno e verão (dias que marcam o início dessas estações) e da mesmo forma dos equinócios de primavera e outono.
O Caracol, cujo início da construção data de 850, tem uma torre de 12 metros de altura, erguida sobre uma dupla plataforma retangular de 9 metros. A plataforma inferior parece ter sido situada e orientada astronomicamente: sua parte anterior era dirigida para Vênus. que alcança seus maiores afastamentos norte e sul no horizonte em intervalos regulares. ao longo do calendário maia. Na plataforma superior, a parede frontal tem como perpendicular a direção que corresponde àquela do nascer do Sol no dia de sua passagem zenital em Chichén-Itzá no ano 1000.
Construída pelos toltecas, a torre tem dois andares. Com 11 metros de diâmetro e paredes muito grossas, dispõe de quatro portas muito, estreitas. No centro. uma grossa coluna sustenta a rampa - a célebre escada em caracol - por meio da qual se chega à câmara retangular do andar superior. Trata-se de uma tarefa difícil. já que a escada não começa no nível do solo e sitl) no princípio da abóbada. A câmara é pequena e grande parte de seu piso está destruído. Mas do que restou é possível deduzir que ela também tinha paredes espessas, uma porta e sete aberturas retangulares muito estreitas que serviram - pelo que se conclui de sua orientação - para determinar os solstícios e equinócios.
Para isso, os maias deviam observar o horizonte por uma linha de visada tangente - que sai do olho e tangencia o lado interior direito e exterior esquerdo de cada uma das aberturas. Desse modo conheciam a direção do pôr-do-sol no solstício de verão (o dia mais longo do ano) e a dos equinócios da primavera e do outono (quando dia e noite têm a mesma duração). Algumas dessas aberturas davam as direções do ocaso de Vê nus em suas máximas declinações norte e sul. Da mesma forma que os astecas, os maias também tinham sua atenção voltada para as estrelas e costumavam levantar-se durante a noite para observer o céu. Eles acreditavam que o firmamento noturno reunia dois dos seus grandes deuses: Tezcatlipoca, que simbolizava o céu. à noite, e a serpente Quetzalcóatl, que representava o zodíaco, o criador do calendário. Além da cobra zodiacal da noite, criou-se mais tarde a figura de Xiucoatl, a cobra azul— zodíaco imaginário do dia e que se encontra lindamente esculpido no calendário asteca.
Revista Superinteressante
Construído em 850, ajudava a determinar o início das estações do ano.
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão
A Astronomia desenvolveu-se desenvolveu-se entre os maias por ser um dos elemen¬tos fundamentais na prática dos rituais religiosos que, na maioria das vezes, se realizavam à noite. Uma prova disso está numa das gravuras que aparecem em seus manuscritos (chamados Código de Mendoza), na qual um sacerdote toca um instrumento enquanto outro observa as estrelas para determinar a hora do início das cerimônias. Os elevados monumentos piramidais maias eram, na verdade, observatórios ideais para a pesquisa noturna e diurna do céu. As construçôes orientavam-se nesse sentido e delas podiam ser estimadas com precisão a passagem do Sol pelo zênite - o ponto do céu que está diretamente acima da cabeça do observador - e as épocas em que se iniciavam as estações do ano.
Em suas observações, os maias usavam alguns instrumentos primitivos semelhantes às balestilhas - duas hastes cruzadas -, com as quais os astrônomos-navegantes do século XVI observavam a altura dos astros. Um exemplo típico de construção maia com fins de observação astronômica é o chamado Caracol de Chichén-Itzá, cidade situada nas planícies do Yucatán. próximo à Mérida. no México.
Essa edificação está intimamente ligada às civilizações maia e tolteca - esta última, contemporânea da primeira. O monumento foi chamado de EI Caracol pelos espanhóis. porque sua escada interior, em espiral. lembra a concha de um caramujo. Nesse edifício circular encontram-se aberturas orientadas de modo a permitir a determinação dos solstícios de inverno e verão (dias que marcam o início dessas estações) e da mesmo forma dos equinócios de primavera e outono.
O Caracol, cujo início da construção data de 850, tem uma torre de 12 metros de altura, erguida sobre uma dupla plataforma retangular de 9 metros. A plataforma inferior parece ter sido situada e orientada astronomicamente: sua parte anterior era dirigida para Vênus. que alcança seus maiores afastamentos norte e sul no horizonte em intervalos regulares. ao longo do calendário maia. Na plataforma superior, a parede frontal tem como perpendicular a direção que corresponde àquela do nascer do Sol no dia de sua passagem zenital em Chichén-Itzá no ano 1000.
Construída pelos toltecas, a torre tem dois andares. Com 11 metros de diâmetro e paredes muito grossas, dispõe de quatro portas muito, estreitas. No centro. uma grossa coluna sustenta a rampa - a célebre escada em caracol - por meio da qual se chega à câmara retangular do andar superior. Trata-se de uma tarefa difícil. já que a escada não começa no nível do solo e sitl) no princípio da abóbada. A câmara é pequena e grande parte de seu piso está destruído. Mas do que restou é possível deduzir que ela também tinha paredes espessas, uma porta e sete aberturas retangulares muito estreitas que serviram - pelo que se conclui de sua orientação - para determinar os solstícios e equinócios.
Para isso, os maias deviam observar o horizonte por uma linha de visada tangente - que sai do olho e tangencia o lado interior direito e exterior esquerdo de cada uma das aberturas. Desse modo conheciam a direção do pôr-do-sol no solstício de verão (o dia mais longo do ano) e a dos equinócios da primavera e do outono (quando dia e noite têm a mesma duração). Algumas dessas aberturas davam as direções do ocaso de Vê nus em suas máximas declinações norte e sul. Da mesma forma que os astecas, os maias também tinham sua atenção voltada para as estrelas e costumavam levantar-se durante a noite para observer o céu. Eles acreditavam que o firmamento noturno reunia dois dos seus grandes deuses: Tezcatlipoca, que simbolizava o céu. à noite, e a serpente Quetzalcóatl, que representava o zodíaco, o criador do calendário. Além da cobra zodiacal da noite, criou-se mais tarde a figura de Xiucoatl, a cobra azul— zodíaco imaginário do dia e que se encontra lindamente esculpido no calendário asteca.
Revista Superinteressante
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