Ninguém pode com as 'louras'
Apesar dos esforços para se restringir a ingestão de álcool no Brasil, a cerveja venceu a resistência e chegou a ser defendida por alguns médicos
Teresa Cristina de Novaes Marques
Hoje se entorna de tudo em bares, restaurantes e residências de todo o Brasil, mas houve um tempo em que alguns setores da sociedade queriam regular o consumo de bebidas alcoólicas. Na década de 1910, médicos, advogados e mulheres da elite brasileira observavam com atenção o que outros países faziam nesse sentido, e, influenciados pela Lei Seca, que começou a vigorar nos EUA em 1919, organizaram movimentos que tentaram fazer algo parecido. Mas, de tanto insistir que o problema nacional era a aguardente de cana, os autodenominados temperantes acabaram ajudando a cerveja a ser vista como um mal menor, aprofundando os estigmas sociais que recaíam sobre os pobres.
As cervejarias entenderam a situação e não se fizeram de rogadas. Começaram a divulgar que seus produtos eram feitos em moldes industriais, seguindo rigorosos critérios europeus de higiene, e que consumi-los durante as refeições era um hábito salutar. A partir dos anos 1910, tomar uma cerveja gelada logo se tornou um hábito em espaços públicos ou em grandes eventos, como a festa da Igreja da Penha, realizada no subúrbio do Rio de Janeiro em todos os fins de semana do mês de outubro desde o período colonial. (...)
Revista de História da Biblioteca Nacional
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