quarta-feira, 17 de abril de 2019

Discussão política no Brasil


Veja como a situação política no Brasil está afetando as relações


A democracia nos países ocidentais, nos últimos anos, produziu resultados inesperados e surpreendentes. Lugar comum nas análises atualmente é a referência à falência das representações políticas tradicionais (ou dos políticos) e ao papel e a função das redes sociais, que teriam dado ensejo ao surgimento de lideranças mais caracterizadas pelo seu voluntarismo do que pelo conjunto das suas ideias e programas.

O que a primeira vista se apresenta como um conflito entre ideias de “esquerda e de direita”, não resiste à uma observação mais cuidadosa, a não ser que tomemos como válida a noção de que tal ou tal partido “representa” a esquerda ou sua essência, e o mesmo sendo válido para a direita, o que parece temerário e simplório; ou então que se tomemos como referência o viés “para o povo” em oposição ao “para as elites”, aceitando como qualificação, dizendo de forma simples, como “bons” os indivíduos que adotam a primeira, e “maus”, os outros.

A discussão política no Brasil coloca hoje em campos antagônicos anônimos, pessoas comuns que, justamente através das redes sociais tornam manifestas suas “posições políticas” – colocadas entre aspas dado a insuficiência dessa categorização – e deixando evidente um marcante grau de violência e intolerância.

Da mesma forma que pode-se discernir, na economia, a importância central dos fatores psíquicos -a diferença entre necessidade e desejo, o último impulsionando o consumo e a mercadoria como “fetiche”-, sem questionar aqui o seu mérito ou a sua inevitabilidade, apenas constatando a sua centralidade, pode-se igualmente lançar um olhar crítico sobre a centralidade, agora, dos fatores psíquicos na dimensão da atividade política dos indivíduos numa sociedade.

Por “atividade política” classifica-se não exatamente participação político partidária em legendas, mas posicionamentos e identidades em torno de ideias ou ideais, mesmo que de forma reservada, anônima, individual. É em relação a essa atividade política que a violência tem se destacado.
Conflito

Assistimos a um combate com aparentes matizes ideológicos. “Aparentes” porque existe um substrato que é composto pelas motivações subterrâneas que alimentam o conflito, e este é da ordem das paixões. Mas não apenas paixão como na analogia feita com o futebol. Há outros elementos a se observar, e embora sejam mais sutis e não tão visíveis, ocupam na verdade um lugar fundamental.

O primeiro: o caráter autoritário, não democrático, totalitário das ações e suas justificativas nos representantes deste ou aquele agrupamento ideológico.

Colocando-se como “portadores do BEM absoluto” tanto os da extrema esquerda como os da extrema direita – categorias, como dito antes, que já sem serventia mas aqui utilizadas para fins de clareza e simplicidade – seus atos seriam sempre justificados, meritórios. Quer seja “em nome do povo”, quer seja em nome da “moralidade e dos desígnios de Deus”, o que se encontra ao fim e ao cabo é apenas a defesa (silenciosa) de que os fins justificariam os meios. Desde que sejam os “meus” fins. Totalitarismo e fascismo. Negro e vermelho.

Além do desprezo pelo outro diferente e suas ideias, são aqueles proponentes de ações impulsivas, imediatistas, menos por convicção da necessidade de uma ação inadiável, e mais por incapacidade de vislumbrar a complexidade das sociedades contemporâneas, sua dimensão sistêmica e a interligação, muitas vezes, sutil entre seus elementos, e o como uma escolha eventualmente eficaz de forma local e momentânea pode revelar consequências desastrosas num tempo futuro, quando o sistema evolui no tempo, ou seja, advogam medidas rasas e sem perspectiva.

Movidos que são, basicamente, por motivações psicológicas, não aprendem com a experiência – rejeitam a percepção da realidade frustrante – e repetem sempre os mesmos erros.

Há uma obra ímpar no que podemos chamar de “psicologia sociológica” cujo conteúdo aplica-se diretamente ao que estamos vivendo no Brasil: “Psicologia de massas do fascismo”, de W. Reich, onde é analisada a estrutura irracional do ser humano médio na sua relação com a política.

Estão caraterizados tanto o fascismo negro (fascismo e nazi fascismo) quanto o fascismo vermelho (comunismo), nas suas ênfases na produção de dominação. E mais do que distinguir o modo de ação sobre as massas, é a psicologia do homem médio que é examinada, e como esta dá ensejo à existência da dominação.

Certamente este é o ângulo menos conhecido, e o segundo fator destacado: o psiquismo do ser humano passível de dominação, como este anseia por isso, o que leva um indivíduo não só a se submeter mas a buscar, a DESEJAR essa imposição. A referência ao homo demens no título assinala este viés. Não que a categorização de Morin implique uma negatividade, ao contrário, ao incorporar ao sapiens a dimensão do imaginário, da poesia e da arte, (paixão), Morin dá ensejo a uma outra racionalidade, uma que não seja apenas objetificação da realidade.

Tomo de empréstimo seu termo e uso de forma diferenciada, justamente para sublinhar a presença do psíquico, no sentido psicológico e psicanalítico (no viés reichiano) no quadro examinado, em especial a relação entre anseio e dominação, e como a violência ingressa nesse quadro. Me refiro a uma parte da população, não toda ela. Mas parte significativa. E o acréscimo que fiz do termo paixão na listagem serve para apontar que é um falso dilema a oposição absoluta racionalidade/paixão, a segunda não tem intrinsicamente negatividade.

Não é difícil ao olhar do observador treinado encontrar motivos pouco nobres em muitas manifestações de revolta contra o quadro de corrupção sistêmica em que se transformou a realidade política brasileira.

O Júbilo manifesto ao momento da revelação de uma condenação por desvio de verbas deixa antever muitas vezes menos o senso ético e mais a satisfação de uma inveja silenciosa aplacada (ele teve vantagens que eu não tive, morro de inveja mas agora ele irá pagar!).

Lembrando que que o foco aqui é o júbilo, e não a concordância com a condenação, o que é sublinhado. Inveja, raiva, destrutividade etc., são fáceis de encontrar como motivações silenciosas de simpatias, antipatias e posturas ideológicas em política, sob um olhar psicanalítico.

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Por Nicolau José Maluf Jr. | Foto Shuttersotck | Adaptação web Isis Fonseca
Revista Filosofia

Um comentário:

Unknown disse...

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(And really, it has totally NOTHING to do with genetics or some secret diet and absolutely EVERYTHING about "HOW" they are eating.)

BTW, What I said is "HOW", and not "what"...

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