segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Teoria da conspiração: o suicídio de Hitler foi forjado?


O corpo do líder nazista jamais foi encontrado. E muita gente jurou tê-lo visto perambulando pelo mundo após a 2ª Guerra Mundial
Mariana Nadai

Sugestão da TdF Letícia Duarte
Ilustra Murilo Araújo
Edição Felipe van Deursen 

(Murilo Araújo/Mundo Estranho)

“Sem corpo, não há crime”
Diz a história que Adolf Hitler se matou no bunker onde se escondia, em Berlim, em 1945, ao final da 2ª Guerra. Ele ingeriu uma cápsula de cianureto e, para garantir, deu um tiro na cabeça. Os nazistas queimaram o corpo, para que os restos jamais fossem encontrados. Ou seja, não dá para cravar que ele se matou

(Murilo Araújo/Mundo Estranho)

Mortos-vivos
Outros nazistas dados como mortos “ressuscitaram” anos depois. Foi o caso de Josef Mengele, oficial da SS (a polícia do Estado nazista) e médico no campo de concentração de Auschwitz. O “anjo da morte” foi encontrado no Brasil, anos depois, vivendo como o austríaco Wolfgang Gerhard. Sua identidade foi revelada após a sua morte (verdadeira) por afogamento, em Bertioga, SP. Se Mengele estava vivão depois da guerra, por que Hitler não poderia estar?

(Murilo Araújo/Mundo Estranho)

No rancho fundo
A maioria das teorias que diz que Hitler não morreu durante a guerra afirma que ele cruzou o Atlântico para viver na América Latina. O próprio FBI, a polícia federal dos EUA, decidiu investigar uma possível fuga de Hitler após receber cartas de pessoas que acreditaram tê-lo visto vivo. Segundo esses relatos, ele teria saído da Alemanha em 29 de julho de 1945, viajado em um submarino e chegado são e salvo a um rancho no interior da Argentina

(Murilo Araújo/Mundo Estranho)


Debaixo do nariz
Em 1946, um homem entrou no S.W. Restaurant, em Washington, EUA, para almoçar. O restaurante estava cheio, mas alguém, ocupando uma mesa de dois lugares, cedeu espaço para que ele se sentasse. Os dois não trocaram uma palavra, mas o homem, que também não teve a identidade revelada, estava certo de que o cavalheiro que lhe deu lugar era Adolf Hitler, de bigode e tudo. O relato foi publicado no New York Journal-American

(Murilo Araújo/Mundo Estranho)

Na Colômbia
Em 1948, o jornal colombiano El Tiempo recebeu uma carta dizendo que Hitler estava no país. O autor da carta, cujo nome não foi divulgado, seria a pessoa que o ajudou a se instalar em terras colombianas. Ele teria sido contatado pelos nazistas ainda durante a guerra para criar um refúgio nazista. Além disso, o homem teria guiado a comitiva a entrar pela península de La Guajira para se acomodar em uma de suas fazendas

(Murilo Araújo/Mundo Estranho)

E no Brasil?
No livro Hitler no Brasil – Sua Vida e Sua Morte, Simoni Renée Guerreiro Dias diz que Hitler se refugiu em Nossa Senhora do Livramento, cidadezinha em Mato Grosso onde ele teria morrido, na clandestinidade, em 1984. Uma foto ao lado de uma mulher negra, com quem ele seria casado, é a principal “prova” da permanência do ditador na cidade, onde ele era conhecido como Adolf Leipzig

Santa ajuda
Para escapar das tropas russas e se alojar em Mato Grosso, Hitler teria contado com uma importante ajuda: o Vaticano. A Igreja teria dado ao Führer um mapa para encontrar um tesouro jesuíta enterrado próximo a Nossa Senhora do Livramento. Para conseguir chegar ao Brasil sem ser descoberto, Hitler teria passado antes por Argentina, Paraguai e Rio Grande do Sul


(Murilo Araújo/Mundo Estranho)

Por outro lado…
Mesmo sem corpo, tudo indica que Hitler morreu, sim, em 1945
De fato, nazistas dados como mortos fugiram para a América. Além de Mengele, Adolf Eichmann (Argentina), Herbert Kucurs (Rio de Janeiro) e Walter Rauff (Chile) foram alguns figurões encontrados no continente
Quanto a Hitler, a teoria mais aceita pelos historiadores é a de que ele de fato se matou em 30 de abril de 1945 junto de sua companheira, Eva Braun. Mesmo sem evidências físicas da morte, “o mundo precisava de um responsável por todo o mal da guerra”, diz o historiador Oldimar Cardoso
Por mais que o corpo do ditador jamais tenha sido encontrado após a guerra, havia testemunhas, como Rochus Misch, guarda-costas de Hitler. Em entrevista à revista alemã P.M History, ele diz que encontrou o cadáver do patrão no bunker, logo após o suicídio
A investigação do FBI de fato ocorreu: os documentos vieram a público em 2014. Mas nada foi encontrado sobre a suposta permanência de Hitler na Argentina, pois havia “escassa informação” a respeito
O FBI também não encontrou informações suficientes para seguir com a investigação da suposta permanência de Hitler em Washington. Mas, francamente, quem iria se esconder logo na capital de um dos países inimigos na guerra?
A tese de Hitler no Brasil é desacreditada por historiadores. A própria Simoni justifica que encontrar evidências físicas é difícil. Ela investigou o suposto túmulo do ditador em Mato Grosso, mas não encontrou material para fazer exames de DNA
O Vaticano é uma cidade-Estado soberana que, por decreto, se mantém neutro em assuntos internacionais. Segundo documentos oficiais, o papa Pio 12 se absteve de tomar partido na guerra. Mas se isso aconteceu na prática, aí é assunto para outra Teoria da Conspiração…

CONSULTORIA Oldimar Cardoso, doutor em didática da história pela USP, e Simoni Renée Guerreiro Dias, pesquisadora e autora de Hitler no Brasil – Sua Vida e Sua Morte
Revista Mundo Estranho

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