segunda-feira, 11 de outubro de 2010

EVOLUÇÃO URBANA DO RIO DE JANEIRO (1816-1850)

16/01/2009

Publicado originalmente na revista carioca Vamos Lêr, ano VI, nº 241, edição de 13 de maio de 1941 (pp. 19-21 e 64-65), sob o título "A evolução urbana de 1816 a 1850". Editada e atualizada a grafia original.
Adolfo Morales de los Rios Filho (1887-1973).Crédito: www.confea.org.br
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Sob o ponto de vista urbanístico, a Cidade foi sendo gradativamente saneada e melhorada a partir de 1816.

Visando preparar as ruas para as solenidades da ascensão ao trono de D. João VI, foi o calçamento muito melhorado, dado um novo nivelamento às principais artérias – como Ouvidor, São José e Cadeia –, concluído o revestimento a granito do Largo de São Francisco, e preparado convenientemente o caminho que, de São Cristóvão ao Largo do Paço, deveria ser percorrido pelo cortejo real.

Neuwied, que foi um dos mais curiosos e verídicos estudiosos das coisas do Brasil, refere, um ano antes da Independência, que: "Des ameliorations de tous genres ont eté entreprises dans la capitale. Elle a beaucoup perdu de son caractère d'originalité: aujourd'hui elle est devenue plus ressemblante aux cités européennes" [Melhoramentos de todo tipo foram implementados na capital, que perdeu muito suas características de 'originalidade' e hoje se assemelha bastante às cidades européias].

Retrato do príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied com o Botocudo Quack, de J. Richter, 1828.Maximilian Alexander Phillip, Príncipe de Wied-Neuwied (1782-1867), empreendeu uma viagem exploratória ao Brasil entre 1815 e 1817, da qual resultou o livroViagem ao Brasil (1820), com informações sobreOrnitologia, Botânica e populações indígenas.Crédito: www.ao.com.br
O artista alemão Rugendas constatou, por sua vez, nos cinco anos em que aqui viveu (1821-1826), que por toda parte se procurava extrair granito das pedreiras para construir muralhas a beira-mar, calçar ruas e levantar edifícios.

Johann Moritz Rugendas (1802-1858).
Crédito: www.construir.arq.br

As construções particulares, situadas na parte antiga da cidade, ele as descreve assim: "Les maisons de ce quartier sont, en general, hauts et étroites; leur toit est pointu, et rien dans leur construction ne rappelle le climat du tropique. Elles ont presque toujours trois ou quatre étages et seulement trois croisés de face. Comme les fenêtres sont fort longues, la disproportion qui existe entre l'elevation et la largeur des maisons em devient plus choquante" [As casas deste setor são, em geral, altas e estreitas; seus telhados são empinados e nada, em suas características construtivas, faz lembrar o clima tropical. Elas possuem, quase sempre, três ou quatro andares e apenas três panos de fachada. Como as janelas são muito alongadas, a desproporção que se observa entre a altura e a largura das casas se torna ainda mais chocante].
Rua Direita, c.1827-35, litografia de Rugendas.Crédito: www.dezenovevinte.net
Castelnan afirma, por sua vez, que as casas eram construídas de granito e tinham raramente dois pavimentos. "Le'interieur en est vaste et disposé de manière a permettre libremente la circulation de l'air" [Os interiores são amplos e arranjados de maneira a permitir a livre circulação do ar]. As chaminés das lareiras eram desconhecidas, e a esse respeito refere que uma senhora brasileira lhe contara que, numa visita feita a uma propriedade inglesa da Serra dos Órgãos, muito admirada ficara com uma espécie de buraco feito no salão, onde havia fogo.

Henderson e Caldengh fazem observações semelhantes.

Em 1820, o Largo do Paço recebe arborização a fim de "sombrear os embarcadiços e a maruja".

Três anos depois, as fontes existentes na cidade foram acrescidas de mais uma, ferruginosa, descoberta em 24 de dezembro por D. Pedro I, na Estrada Velha da Tijuca. Ainda lá existe. É de pedra e cal, apresenta a forma de uma torre, e possui uma inscrição relativa ao fato.
A fonte de águas férreas, descoberta por D. Pedro I, num desenho de R. Walsh in
O Rio de Janeiro, sua história, monumentos, homens notáveis, usos e curiosidades,
de autoria de Manuel Duarte Moreira de Azevedo. Rio de Janeiro: Brasiliana, 1969.
Crédito: www.fotolog.com
Drenagem de terrenos, nivelamento de ruas e construção de estradas, foram os serviços que a cidade ficou devendo ao arquiteto e engenheiro militar português, Francisco José Soares de Andrea, mais tarde Barão de Caçapava.
Na administração do 6º Intendente Geral de Polícia da Corte, Francisco Alberto Teixeira de Aragão, a atividade e zelo de Paulo Fernandes Viana servem de modelo. E já havendo Inspetores Gerais de Obras Públicas, cargos esses exercidos por engenheiros militares, são levados a efeito numerosos calçamentos de ruas do centro e dos arrabaldes, melhoradas as estradas de Mata-Porcos, Engenho Velho e do Andaraí, construídas algumas muralhas, aterrada a Lagoa da Sentinela e colocados tapumes de madeira nos terrenos baldios. Não obstante, as inundações eram constantes, em vista da falta de galerias de águas pluviais, e do baixo nível de certas ruas.
Surgiam novos bairros e, com eles, as 'freguesias de fora' eram incorporadas à zona urbana.
O Catete, ou 'mato fechado', foi um bairro que aumentou de importância pela abertura de ruas transversais – como a do Príncipe, e a da Princesa – povoando-se de "casas nobres e mui belas"; o Sítio das Laranjeiras foi-se convertendo num lindo bairro cheio de chácaras e quintas que marginavam o Rio das Caboclas, correspondendo a cada portão uma pequena e, não poucas vezes, bela ponte, com bancos de azulejos ou revestidos de conchas, formando curiosíssimos desenhos; Mata-Cavalos ia crescendo; o Engenho-Novo já apresentava chácaras da importância das de Theodoro de Beaurepaire-Rohan, da Condessa de Belmonte e da Pedreira do Couto Ferraz – depois Visconde de Bom Retiro –; a Penha atraía a atenção dos viajantes; a Capela de Copacabana era outra das excursões preferidas; a querida Gloria, o aristocrático São Cristovão, a aprazível Santa Teresa, e o burguês bairro de Santana melhoravam a olhos vistos, cobrindo-se de bastantes propriedades.
Em Botafogo beach, rodeada de boas mansões, Maria Graham residiu e conheceu muitos ingleses: o casal May, o Dr. Dickson, o coronel e Mrs. Cunningham. Para a observadora inglesa, "Botafogo bay is certainly one of the most beautiful scenes in the world" [A enseada de Botafogo é, certamente, uma das mais belas paisagens do mundo].
Lady Maria Dundas Graham Callcott (1785-1842), conhecida no Brasil como Maria Graham,foi uma escritora britânica, dedicada à literatura de informação e infantil, além de notável pintora, desenhista e ilustradora. Esteve no Brasil em três ocasiões.Crédito: pt.wikipedia.org

Para ligar o Caminho Velho de Botafogo à Praia do Flamengo, são abertas, em 1840, duas travessas. Uma, era do Infante, atual Cruz Lima. No mesmo ano, o antigo Caminho da Cariola, ou da Joana, encravado no Parque Imperial anexo à Quinta da Boa Vista, passa a denominar-se Rua D. Januária; e a Rua da Relação, ligando as do Lavradio e dos Inválidos, era entregue ao tráfego.

Em 1846, os melhoramentos são inúmeros. Calçavam-se muitas ruas, outras continuavam a ser beneficiadas, e a colocação de calçadas tomava grande incremento. As ruas beneficiadas foram: Ouvidor, Nova do Ouvidor, Alfândega, Sacramento, Lampadoza, Núncio, de Traz do Carmo, Quitanda, da Vala, São Pedro, do Cano, do Fogo, Ourives, São José, Misericórdia, Lavradio, São Francisco da Prainha, Santa Rita, Prainha, Pedra do Sal, Pedreira da Gloria, Princesa do Catete, Nova das Laranjeiras, do Príncipe, da Princesa, dos Cajueiros, e a Rua das Flores. As travessas melhoradas foram: de São Francisco de Paula, e dos Cachorros. Praças: Municipal e de São Francisco de Paula.

Eram aterrados pântanos marginais à velha estrada de São Cristóvão e ao Aterrado, e ultimadas as construções de muitas pontes.

Em 1847, é aberta a Rua Dona Luiza, na Gloria; em 1849, a de Santa Teresa do Catete; e no ano de 1851, a de Santo Amaro.

A Estrada Real de Santa Cruz – aberta pelo Intendente Geral da Policia, Paulo Fernandes Viana, sobre o caminho feito pelos jesuítas – é melhorada em grande extensão por Ignacio de Andrade Souto Maior Rendon; era a mais importante das que partiam da cidade. Tinha começo na Cancela, em São Cristóvão, passando por Benfica, Pilares de Inhaúma, Cascadura, Realengo, Santíssimo, Campo Grande e Santa Cruz. Dai se ligava a Itaguaí. A distância entre a Cancela e Santa Cruz era de doze léguas. Nesse trajeto, havia quatro pousos ou hospedarias: no Campinho, Realengo, Santíssimo e na Fazenda do Mato da Paciência, próxima ao termo. E entre as inúmeras fazendas que marginavam a estrada, se faziam notar a do Bangu e a do Viegas, em Campo Grande.
Fazenda Bangu, em Realengo.Crédito: genealogiadoscortes.bravehost.com

Em meado do século, inauguraram-se dois importantes e notáveis edifícios, as Casas de Correção e de Detenção, cujos projetos foram da lavra do coronel do Corpo de Engenheiros, Manoel José de Oliveira, e a Municipalidade continua a introduzir melhoramentos na capital. O aterro do atoleiro existente entre o Largo de Mata-Porcos e o Rio Comprido – parte da atual Rua Haddock Lobo –, o nivelamento da Rua do Bispo, e a abertura da Rua da Conciliação – atual Barão de Petrópolis –, comunicando os bairros do Rio Comprido e de Santa Teresa, são as principais obras então executadas.
Planta da Casa de Correção da Corte, 1834
Planta da Casa de Correção da Corte, 1831.Crédito: ARAÚJO, Carlos Eduardo Moreira de. Da casa de correção da corte ao Complexo Penitenciário da Frei Caneca: um breve histórico do sistema prisional no Rio de Janeiro, 1834-2006. Cidade Nova Revista, nº 1, Rio de Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro /Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, 2007 in www.rio.rj.gov.br

O Senado da Câmara, que tinha andado de um lado para outro e que perdera num incêndio boa parte do seu precioso arquivo, possuía, desde 1825, instalação própria no Campo de Santana, num edifício de arquitetura bem interessante, filiada ao estilo clássico, mas com muito caráter brasileiro. Fora seu autor, o arquiteto discípulo de Grandjean já anteriormente mencionado.
Palácio do Conde dos Arcos fora construído em 1819, para residência do Conde dos Arcos,15º e último vice-rei do Brasil, governante que recebeu a família real portuguesa no Rio de Janeiro. O Senado funcionaria lá de 1825 até 1925, quando foi transferido para o Palácio Monroe. Hoje o prédio é ocupado pela Faculdade de Direitoda Universidade Federal do Rio de Janeiro. Crédito: www.senado.gov.br


Cinco anos depois, o antigo legislativo da cidade era transformado e vinha constituir a primeira Câmara Municipal da Corte. Os novos edis não se mostraram indignos da investidura, visto como em poucos meses era organizado o primeiro código de posturas municipais.

Novo impulso recebeu a organização edílica com o Ato Adicional, que visando proporcionar maior autonomia às províncias, anexou à capital do Império todo o território circundante, ficando desta forma constituído o Município Neutro.
Mappa do Município Neutro, c.1880, de autoria de E. Maschek.
Crédito: Do Cosmógrafo ao Satélite: mapas da Cidade do Rio de Janeiro.

Organizado por Jorge Czajkowski, texto Celso Castro, legendas Alberto Taveira.Rio de Janeiro: SMU / CAU, 2000

Não obstante o evidente progresso da cidade, os deputados Ernesto e Antonio Ferreira França apresentaram, em 1833, um projeto à Câmara, mandando a capital do Império para o lugar do interior do país que mais vantagens oferecesse.

E não faltaram leis, decretos, avisos e alvarás Mas a observância dessas determinações municipais é que deixou a desejar.

Assim, embora já em 1810 – 8 de outubro –, o Senado da Câmara recomendasse a observância de regularidade nas edificações das ruas novas da cidade, nada de prático se fez nesse sentido. O mesmo aconteceu em matéria de viação.

Em compensação, foi promulgado, em 1817, um curiosíssimo alvará, obrigando os proprietários de terrenos não edificados – mas cercados por muros –, a fazerem nestes, vãos de portas e de janelas.

Nesta mesma época estava sendo construída esta maravilha por Grandjean de Montigny:Vista Interior da Praça do Commercio executada no Rio de Janeiro no Anno de MDCCCXX.
Crédito: Divulgação

Qual seria o intuito dessa providência ? Certamente o de dar ao transeunte a impressão de uma cidade muito mais edificada do que na realidade o era.

Por sua vez, as edificações que só possuíssem rés-do-chão, deveriam, caso fossem reparadas, altear as suas fachadas, com a adição de mais um pavimento ou mesmo uma simples água-furtada.

Em 1822, são estabelecidas duas feiras, para todos os gêneros, e regularizados os mercados semanais.

Quatro anos depois, uma lei fixa os casos que terá lugar a desapropriação da propriedade particular, por utilidade pública, e determina as formalidades a que a mesma deve obedecer.

Logo a seguir – 1828 –, um 'aviso' faz com que seja posta em prática a 'ordenação' que obriga restituir ao público as servidões usurpadas por particulares.

Em 1834, a Câmara Municipal é autorizada a empregar um engenheiro na direção das obras a seu cargo.

No ano seguinte – a 16 de junho –, um decreto concede à Câmara Municipal os terrenos de marinha necessários aos mercados, praças e demais logradouros, e autoriza a demarcação, no Mangue da Cidade Nova, dos lugares de um canal e das ruas que fossem necessárias, podendo aforar o resto dos terrenos.

O primeiro Código de Posturas, promulgado em 1838, estabelece a "Zona da Cidade" e a "Zona dos Campos". A primeira recebe, como denominação, "a cidade e seu termo". Não obstante, a sua demarcação só foi regulada em 1842.

O desenvolvimento da 'urbe' exige a organização definitiva de certos serviços municipais. Por isso, têm lugar, em 1840, a promulgação do regulamento da Inspeção Geral das Obras Públicas do Município da Corte.

Projetado por Grandjean de Montigny, para ordenar a feira de pescado do Largo do Paço,
este mercado funcionou de 1840 a 1933, quando a Bolsa de Valores o demoliu
para construir sua sede.
Crédito: andrepcgeo in flickr.com
Apesar de tudo quanto ficou dito antes, e que evidencia notável avanço na senda do progresso, Grandjean de Montigny não chegou a ver a iluminação a gás.
A primeira tentativa para estabelecer esse serviço público, amparada pelo Decreto de 23 de outubro de 1823, que concedia a um tal Antonio da Costa a faculdade de organizar uma companhia que se encarregasse dessa exploração, não teve nenhum êxito.
Entretanto, essa tentativa não era muito tardia, visto como somente dez anos antes o sistema de iluminação pública a gás fora implantado em Paris, vindo da Inglaterra, e Berlim só teve algumas ruas assim iluminadas a partir de 1826.
A amortecida e vermelha luz do azeite de peixe, das ruas cariocas, foi sendo sensivelmente aumentada, de sorte que em 1843 já atingia a meio milhar, o número de lampiões espalhados pelo perímetro urbano.
E muito embora nesse ano fosse outorgada uma concessão para a iluminação a gás, aos Srs. Charles Grace e William Glegg Gover, esse sistema só foi inaugurado vinte anos depois, pelo então concessionário, Barão de Mauá, que de simples caixeiro de um negociante inglês se converteria num dos varões mais ilustres e beneméritos que o Brasil tem possuído.

Em 1876, a concessão dos serviços de gás passou para a empresa belga
SAG – Société Anonyme du Gaz – que abastecia, na capital do Império,
cerca de 10 mil residências, 5 mil estabelecimentos públicos e 6 mil lampiões.
Crédito: www.panoramio.com

Em 1850, a cidade apresentava boas condições de vida.
Entretanto, nem todas as casas possuíam numeração, muito embora o Aviso de 13 de maio de 1824 tivesse aprovado o respectivo plano. Por isso, vinham de Portugal, não poucas cartas endereçadas a Fulano, "que mora perto da Igreja da Cruz"; a Sicrano, "junto à loja" de Beltrano; ao "Chico Açougueiro da Rua do Sabão"; ou então, alguma proveniente da França, destinada a "Mrs. Petit chez Mr. Garnier". Mas essa esquisitice não deverá causar admiração, porquanto nos dias ultravertiginosos de hoje, as casas das cidades japonesas são numeradas segundo a ordem cronológica das conclusões das respectivas obras.
Muito embora o serviço postal funcionasse desde 1664, não houve, até 1844, distribuição regular de correspondência a domicílio. As cartas ficavam, até então, depositadas numa caixa do Correio, e quem quisesse que as fosse buscar ou mandasse alguém. A partir de 1842, o Brasil adotava o selo postal, invenção inglesa de dois anos antes, mas só em 1843 é que tinha lugar a primeira emissão de selos brasileiros: os depois chamados de 'Olho de Boi'. Foram gravados em Londres e impressos na Casa da Moeda. Em 1844 e 1846, circularam selos gravados e impressos no estabelecimento oficial acima mencionado, o qual lançava, em 1850, nova emissão dos denominados, pelo povo, de 'Olho de Cobra'¹.

No dia 1º de agosto de 1843 entraram em circulação os primeiros selos postais brasileiros, a famosa série 'Olhos de Boi', nos valores de 30, 60 e 90 réis. Porém, uma polêmica marcou seu nascimento. Conta-se que a Diretoria dos Correios pretendia estampar a efígie do jovem Imperador Pedro II. A Corte, no entanto, recusou a honraria, por achar um desrespeito carimbar a imagem de D. Pedro. Decidiu-se então, simplesmente, desenhar os algarismos sobre um fundo neutro.
Crédito: www.brasilcult.pro.br

Os 'Olhos de Cabra', emitidos em 1º de janeiro de 1850 e inspirados nos 'Olhos de Boi'.
Crédito: produto.mercadolivre.com.br
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NOTA DO EDITOR
1. Na realidade, esses selos são conhecidos hoje como 'Olho de Cabra'.
Revista Vivercidades

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