sábado, 20 de novembro de 2010

"SAIO DA VIDA PARA ENTRAR NA HISTÓRIA"

"SAIO DA VIDA PARA ENTRAR NA HISTÓRIA"

Reprodução
O corpo do presidente Getúlio Vargas é velado no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro
Candidato pelo PTB, Getúlio Vargas voltou à Presidência ao vencer Eduardo Gomes (UDN) em 1950. "Bota o retrato do velho outra vez, bota no mesmo lugar. O retrato do velhinho faz a gente trabalhar", cantava o refrão de Francisco Alves.

Getúlio teve vitória esmagadora, com 48,7% dos votos. Gomes teve 29,5%, e Cristiano Machado (PSD), 21,5%.

O gaúcho contou na eleição com o apoio do paulista Ademar de Barros (PSP) e, para obter o apoio do Nordeste, indicou como seu vice Café Filho, ex-governador do Rio Grande do Norte.

Nome:
João Café Filho
Natural de:
Rio Grande do Norte
Gestão:
24.ago.1954 a 9.nov.1955
Foi deputado federal e vice-presidente. Com a morte de Getúlio Vargas, assumiu o governo. Em 1955, devido a problemas de saúde, foi substituído por Carlos Luz, então presidente da Câmara.

Com a campanha "O petróleo é nosso", Getúlio criou a Petrobrás, que garantiu o monopólio nacional sobre a prospecção, a lavra, o refino e o transporte do produto. A medida foi fortemente criticada por empresas internacionais, que já tinham amplos investimentos na área.

Durante sua gestão, para ampliar a base eleitoral, o presidente aprofundou sua política de benefício à classe trabalhadora, incomodando mais uma vez as elites, temerosas com a maior participação popular, com as manifestações de rua.

O ápice da crise se deu em 1954, quando o ministro do Trabalho, João Goulart, decretou aumento de 100% do salário mínimo. Com a forte pressão da imprensa, de lideranças da burguesia e militares, Jango foi demitido. Getúlio, no entanto, em 1 de maio, decretou o aumento. O salário seria reajustado a cada três anos.

Nome:
Carlos Colimbra da Luz
Natural de:
Minas Gerais
Gestão:
9.nov.1955 a 11.nov.1955
Presidente da Câmara, assumiu interinamente a Presidência da República por causa de uma doença de Café Filho. Dias depois também adoeceu e renunciou.

Apesar dos apelos populares de seu governo, Getúlio manteve política ambígua e tentou articular apoios entre empresários e militares. O decreto do salário mínimo isolou o presidente.

Em 5 de agosto de 45, o governo é definitivamente colocado na berlinda por adversários. O líder do principal partido de oposição, Carlos Lacerda (UDN), sofreu um atentado, do qual saiu ferido, mas o major que o acompanhava, Rubens Florentino Vaz, morreu. Lacerda não perdeu tempo e acusou o Palácio do Catete de ter articulado a ação.

Nome:
Nereu de Oliveira Ramos
Natural de:
Santa Catarina
Gestão:
11.nov.1955 a 31.jan.1956
Foi deputado federal, governador de Santa Catarina, interventor e também presidente da Assembléia Constituinte. Exerceu a Presidência da República por menos de dois meses e entregou o cargo a Juscelino Kubitschek, em 1956.
Em meio a um mar de denúncias, o vice Café Filho rompeu com o presidente após sugerir a renúncia de ambos. Oficiais da Aeronáutica e do Exército exigiram a imediata renúncia de Getúlio, que avisou que só sairia morto do governo.

Na madrugada do dia 24 de agosto, já cansado, experimentando profunda solidão e vendo seu governo afundar em mar de lama, Getúlio, durante reunião ministerial, concordou em pedir licença e se afastar temporariamente do cargo. Ao terminar o tenso encontro, o presidente se dirigiu a seus aposentos, colocou o tradicional pijama listrado, apanhou o revólver, sentou-se na cama e, mirando o coração, disparou.

A notícia da morte se espalhou pelo país. Filas imensas se formaram em frente ao Palácio do Catete. Jornais oposicionista ao governo foram queimados. As manifestações pararam por aí. O pai dos pobres, com sua política populista, contava com o sofrimento do povo, não com um povo organizado...

Lacerda viu-se obrigado a deixar o país. Café Filho assumiu o governo e já preparava as eleições.
Folha de São Paulo

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