sábado, 16 de abril de 2011

Cruzadas: 1095 a 1144

O grande evento que deu origem às Cruzadas não ocorreu na Palestina, mas em um remoto ponto da Anatólia (a atual Turquia). Ali, em 26 de agosto de 1071, na Batalha de Manzikert, o exército bizantino sofreu a mais grave de todas as suas derrotas para os turcos seldjúcidas. A situação se deteriorou rapidamente nos anos seguintes. O Império Romano do Oriente, abalado por seguidas guerras, havia perdido províncias na Ásia Menor e parecia não ser capaz de conter o avanço islâmico.
Em março de 1095, o papa Urbano II recebeu os delegados do imperador bizantino Alexius I. Eles pediram ajuda na luta contra os “infiéis” muçulmanos. Em 27 de novembro do mesmo ano, no Conselho de Clermont, Urbano II clamou por uma campanha pela reconquista dos lugares santos. “Os francos devem interromper suas guerras internas. Ao contrário, devem atacar os infiéis e empreender uma guerra santa.” A recompensa para quem lutasse não poderia ser melhor – a salvação da alma. “Todos os que perecerem pela causa de Deus serão absolvidos de seus pecados. Que não haja hesitação! Vocês devem marchar no próximo verão! Deus o quer!” O apelo havia sido lançado, mas nem mesmo o papa tinha idéia da real extensão do que estava por acontecer.
Primeira Cruzada (1096-1099)
Foi lançada em 1095 pelo papa Urbano II com o objetivo de capturar a Terra Santa das mãos dos muçulmanos. O que começou como um pedido de ajuda logo se transformou em histeria coletiva. Aos gritos de “Deus o quer!”, milhares de guerreiros da nobreza européia, sem nenhuma liderança expressiva, tomaram o rumo da Palestina. E, em 1099, conquistaram Jerusalém em uma investida que tingiu de sangue a cidade sagrada.
Cruzada do Povo (1096)
Instigada por Pedro, o Eremita, uma massa de camponeses com pouca experiência em combate saiu de Colônia, na Alemanha, rumo a Jerusalém. No caminho, saquearam Belgrado, na Sérvia, e outras cidades. Na chegada em Constantinopla, o imperador Alexius I despachou o exército de miseráveis rumo à Palestina. Sem água nem comida, emboscados pelos turcos, a massa humana foi aniquilada em 21 de outubro de 1096 perto de Nicéia, na Turquia.
Condado de Edessa
O primeiro estado cruzado foi fundado em 1098 por Balduíno de Boulogne. Os regentes posteriores, como Balduíno de Bourcq e Jocelin de Courtenay, logo se envolveram na política local, ora atacando, ora aliando-se a seus vizinhos bizantinos e árabes. Em 1144, Edessa foi tomada pelo senhor de Alepo e Mossul, o árabe Imad ad-Din Zengi. Sua queda deflagrou a Segunda Cruzada.
Principado de Antióquia
Liderado por Bohémond de Taranto, o exército cruzado atacou Antióquia em outubro de 1097. A capital do principado era extremamente bem defendida e foi tomada apenas em junho de 1098, quando um traidor abriu as portas da cidade.
Embora tenha perdido boa parte das terras ao longo de sua existência, Antióquia resistiu até 1268, ano em que o sultão Baibars tomou sua capital.
Os canibais de Maara
Em novembro de 1098, após a vitória em Antióquia, o exército cruzado atacou a cidade de Maara. No calor do embate, a carnificina se transformou em canibalismo. “Em Maara, os nossos faziam ferver os infiéis em caldeiras, fincavam crianças em espetos e as devoravam grelhadas”, relatou o franco Raoul de Caén. Outro franco, Albert de Aix, descreveu o horror: “Os nossos comiam não só a carne dos sarracenos como também a dos cães”.
Condado de TrÍpoli
Sua origem remonta a 1102, quando Raimond IV de Toulouse, um dos líderes da Primeira Cruzada, decidiu sitiar a cidade portuária de Trípoli. O cerco durou mais de seis anos, até 12 de junho de 1109, quando ela foi finalmente tomada. Durante sua existência, foi fortemente influenciada por genoveses e venezianos. Mas em 1289 Trípoli foi invadida pelos mamelucos egípcios e o condado chegou ao fim.

Reino de Jerusalém
Objetivo principal dos cruzados, Jerusalém foi tomada e massacrada por Godofredo de Bulhões em 1099. De todos os reinos cruzados, foi o que mais se envolveu na política local. Após a derrota para Saladino em Hattin, em 1187, Jerusalém, e boa parte do reino, foi tomada. Resistiu precariamente por mais 100 anos até a queda de Acre, última fortaleza cruzada na Palestina, no ano de 1291.


1095
Papa Urbano II convoca os cristãos para as cruzadas
1096
Cruzada do Povo é aniquilada pelos turcos
1097
Bohémond Toma AntiÓquia
1099
Godofredo de Bulhões toma Jerusalém
1100
Abelardo de Bath traduz a obra de Euclides para o latim
1104
Balduíno captura Acre
1129
Zengi se torna governador de Aleppo e Mossul
1144
Zengi conquista Edessa

Revista Aventuras na História

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