quarta-feira, 17 de abril de 2019

A origem do mal


A questão da gênese da maldade é um tema frequente no mundo da filosofia e da teologia

 Foto: Shutterstock | Adaptação web Isis Fonseca

Rabino Samy Pinto* |

Diversos pensadores já se arriscaram nas profundezas da alma humana para tentar encontrar a raiz desse grande mal que aflige a sociedade desde o Éden bíblico até os dias atuais, e que faz com que exista a persistência do erro. Este assunto, que ocupa capítulos da literatura universal, pode ter sua reflexão iniciada no próprio relato da Bíblia, no Gênesis, no trecho em que relata a criação do homem e a vida dele no Jardim do Éden.


No Éden, o homem recebeu, juntamente com o presente da vida e de todos os prazeres que aquele jardim podia proporcionar a ele, apenas um mandamento de se
abster de comer o fruto da sabedoria. Como é de conhecimento, a serpente seduziu a Eva, que por tabela levou Adão, a comer o fruto proibido, o que acabou por afastar ambos daquele paraíso.

Esse relato de Gênesis é importante para construir o pensamento sobre a origem do mal, somado à reflexão fundamental do grande filósofo e rabino italiano, da cidade de Pádua, Moshé Chaim Luzzatto. Ele escreveu em seu livro “Caminho de Deus” que o homem é recipiente do amor e bondade de Deus, e o melhor presente que este pode receber d’Ele não é o Jardim do Éden, mas sim a Si próprio.

Portanto, o maior bem que a humanidade possui é de se assemelhar ao Criador, e, nesse sentido, todas as virtudes que são associadas a Ele, as pessoas tem a capacidade, habilidade e competência de reproduzi-las. São elas o saber, a piedade, a bondade, a liberdade, entre outros, e para que essa última característica seja mais próxima de Deus possível foi dado também o livre arbítrio.
O livre arbítrio e a possibilidade do crescimento do mal

Para começar a entender a existência do mal na humanidade, é importante compreender que, assim como Deus é um ser livre, para o homem se assemelhar mais com o seu Criador é necessário que ele tenha a capacidade de agir sem restrições, sem prévias, não como um robô programado. Nesse ponto, em que o homem exerce sua liberdade, em que ele mais se assemelha com Deus, é que se cria a possibilidade do mal, como objeto para dar significado ao livre arbítrio.

Caso contrário, iria arbitrar o que? Qual seria a escolha a fazer? Seria o bem com o bem? O certo com o mais certo? A metáfora do Talmud em que a pessoa vai com uma vela em pleno dia ensolarada, demonstra muito bem o cerne dessas questões. Então, a existência do mal é na verdade um instrumento de criação divina para que o homem pudesse exercer o livre arbítrio.

No plano original da criação, o mal não fazia parte da humanidade, não era parte integrante de Adão e Eva. Quando se observa a literatura bíblica e os escritos do filósofo, Luzatto, se entende que o homem não tinha desejo interior, ou compulsão pelo mal, este não era interno, mas sim externo, no relato de gênesis representado pela figura da serpente do Éden.

Ela se torna a manifestação do mal para que os dois moradores do Éden exercessem o livre arbítrio. Ao receber o convite da serpente para provar do fruto da árvore da sabedoria, Adão e Eva poderiam debater ou até mesmo ignorar a oferta, assim superariam a tentação, mas no final optaram por dar ouvidos ao mal externo e seguir o conselho dela.

*Rabino Samy Pinto é formado em Ciências Econômicas, se especializou em educação em Isral, na Universidade Bar-Llan, mas foi no Brasil que concluiu seu mestrado e doutorado em Letras e Filosofia, pela Universidade de São Paulo (USP). O Rav. Samy Pinto ainda é diplomado Rabino pelo Rabinato chefe de Israel, em Jerusalém, e hoje é o responsável pela sinagoga Ohel Yaacov, situada no Jardins também conhecida como sinagoga da Abolição.
Revista Filosofia

Um comentário:

Blogger disse...

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