quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O que foi o Império Mongol?



Eliza Kobayashi


O Império Mongol é considerado um dos maiores da história em extensão contínua de terras: chegou a abranger desde a fronteira oeste da Alemanha até a Península Coreana, e desde o Oceano Ártico até a Turquia e o Golfo Pérsico, dominando cerca de um terço da população total do planeta na época. Ele teve início em 1206, quando um guerreiro chamado Temujin foi proclamado Gengis Khan, o soberano supremo da Mongólia. Utilizando-se de estratégias de guerra e política, o líder foi o responsável pela unificação das numerosas tribos nômades que habitavam a região e se assemelhavam pelos costumes e pela língua. "Ele formou uma aliança entre poderio militar e rigorosa legislação", conta André Wagner Rodrigues, professor de História Antiga e Medieval do curso de Licenciatura em História da Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban). "Era necessário que o exército, espinha dorsal de seu império, nascido graças a lutas contínuas e voltado para conquistas, fosse um instrumento capaz de resistir a tentativas de envolvimento das antigas dinastias tribais. Por isso, suas regras impostas eram profundamente conservadoras", completa o professor. Para se ter uma ideia, a lei criada por Gengis Khan, denominada Iassa, dizia que "aqueles que não a obedecessem perderiam a cabeça", e afirmava que "a maior felicidade para um mongol é vencer o inimigo, roubar seus tesouros, matar seus servos, escapar (dos perigos futuros) no galope de seus cavalos bem nutridos e servir-se do ventre de suas mulheres e filhas".
Após a unificação da Mongólia, o primeiro alvo de Gengis Khan foi a China. Munido de um exército hábil, organizado e disciplinado, atravessou a Grande Muralha e rendeu Pequim em 1215. Entre 1221 e 1225, em incessantes campanhas, os mongóis avançaram sobre os estados muçulmanos e se tornaram donos de um império que se estendia até o Golfo Pérsico. Mesmo depois da morte do líder, em 1227, as conquistas prosseguiram com seus sucessores, que continuaram expandindo o território pela Ásia muçulmana e pela Europa cristã. Os principados russos foram aniquilados em 1238 e a cidade de Kiev foi rendida em 1240. No mesmo ano, houve ataques à Polônia e à Hungria. As tropas também derrubaram Bagdá, em 1258. Até o final do século 13, os avanços prosseguiram principalmente pela China e pelo sudeste asiático.
Apesar de tantas e rápidas conquistas, o império não conseguiu manter uma unidade, acabou dividido em reinos e chegou ao fim em 1368, com a expulsão dos descendentes de Gengis Khan da China. "Os mongóis eram poucos para manter os territórios conquistados. Sua força residia no terror, que paralisava a resistência das populações. Já contra os métodos 'civilizados' de governo, os povos dominados puderam se levantar", explica o professor André. Hoje, a Mongólia ocupa uma área total de pouco mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados e sua população não chega a 3 milhões de pessoas. "Ali se encontram ainda resquícios da vida dos antepassados nômades e os descendentes dos guerreiros ainda seguem criando seus rebanhos e dedicando-se ao tiro de arco e às lutas esportivas", descreve o historiador. Em relação ao legado para o mundo dos tempos de império, ele destaca a rota da seda. "As grandes rotas de comércio asiáticas da antiguidade puderam ser restauradas, dentre elas, a maior e mais famosa era a Estrada da Seda, que ligava a China ao Mar Mediterrâneo, sendo importante para o renascimento comercial da Europa".
Revista Nova Escola

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