(24 de julho de 2008)
Povos do mundo:
olhai para Berlim
[...]. Quando o
povo alemão derrubou
o muro [...], começaram a
ruir os muros
em todo o
mundo. [...] Também
os mercados se abriram, e a difusão
da informação e da tecnologia reduziu as barreiras às oportunidades e à
prosperidade. Enquanto o século XX nos ensinou que partilhamos um destino
comum, o século XXI revelou um mundo mais interligado do que em qualquer
outra época da história humana.
A queda do Muro de Berlim trouxe uma nova esperança. Mas
essa nova proximidade deu origem a novos perigos – que não podem ser contidos
nas fronteiras de um país, nem pela distância de um oceano. Os terroristas do
11 de Setembro conspiraram em Hamburgo e treinaram em Kandahar e em Carachi
antes de matarem milhares de pessoas de todo o globo em solo americano.
Neste preciso
momento, os carros
em Boston e
as fábricas de
Pequim estão a
fazer derreter as calotes
de gelo no
Ártico, a fazer
recuar as linhas
costeiras do Atlântico
[...].
Materiais nucleares mal guardados na antiga União Soviética
ou os segredos de um cientista do Paquistão podem ajudar a construir uma bomba
que vá detonar em Paris. As papoilas do Afeganistão transformam-se na
heroína consumida em
Berlim. A pobreza
e a violência
na Somália semeiam o
terror de amanhã. [...]
Neste mundo novo, estas correntes perigosas tornaram-se mais
fortes do que os nossos esforços para contê-las.
É por isso
que não podemos
dar-nos ao luxo
de nos mantermos divididos. Nenhuma
nação, por maior
ou mais poderosa
que seja, pode
enfrentar sozinha esses desaios.
[...] O maior de todos os perigos será o de permitirmos que novos muros nos venham separar. Os muros entre velhos aliados de ambos os lados do Atlântico
não podem continuar de pé. Os muros entre países com mais e países com menos
não podem continuar de pé. Os muros entre raças e tribos, entre nativos e
imigrantes, entre cristãos, muçulmanos e judeus não podem continuar de pé.
[...]
Este é o momento em que temos de derrotar o terrorismo e
secar o poço de extremismo que o alimenta. [...]
Vamos estender as nossas mãos aos povos dos locais
esquecidos deste mundo que anseiam por vidas marcadas pela dignidade e pela oportunidade, pela
segurança e pela justiça? Vamos tirar da pobreza as crianças no Bangladeche,
proteger os refugiados do Chade e erradicar, no nosso tempo, o lagelo da SIDA?
Vamos erguer-nos pelos direitos humanos do dissidente da
Birmânia, do blogger do Irão ou do eleitor do Zimbabué? Vamos dar sentido às
palavras «nunca mais» no Darfur? [...] Iremos acolher os
imigrantes de diferentes
origens e evitar
a discriminação daqueles
que não se parecem conosco nem rezam da mesma forma
que nós, e cumprir a promessa de igualdade e oportunidade para todos?
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