quarta-feira, 20 de abril de 2011

A questão tibetana

Entenda as raízes da disputa pela soberania do Tibete e a influência chinesa sobre a região


Entre os séculos 7 e 9, o rei tibetano Namri Lontsen e seus descendentes disputam territórios com a China, na tentativa de unificação. Sob a dinastia Yuan, a partir do século 13, a China passa a clamar o território tibetano. Seriam mais de 700 anos de jurisdição chinesa no território.

O Tibete, por sua vez, argumenta que era um protetorado dos impérios dominantes, oferecendo auxílio espiritual em troca de proteção política. Além disso, dizem os tibetanos, vários impérios alternaram-se no controle da região, como o Mongol e o Manchu - os quais eventualmente incluíam a China em suas fronteiras.
Independência
Depois de anos de exílio por causa do domínio da dinastia chinesa Qing, que entra em colapso em 1912, o 13º dalai-lama retorna ao Tibete e declara independência do país. Apesar disso, a China e alguns países ocidentais, como os EUA e o Reino Unido, não reconheceram a independência do Tibete.

Invasão e acordo
Um ano após a fundação da República Popular da China, comandada por Mao Tsé-tung, o governo chinês decide reincorporar o Tibete. A invasão causa a morte de cerca de 1,1 milhão de pessoas. Em 1951, líderes tibetanos são forçados a aceitar o 'Acordo de 17 Pontos para a Liberação Pacífica do Tibete', que garantiria a autonomia política e religiosa do Tibete, mas sob a condição de estabelecimento de bases militares e civis chinesas em Lhasa. As Nações Unidas anulam o acordo, assinado sob pressão.

Protestos e exíilio
Acusando a China de não cumprir o acordo, os tibetanos organizam o primeiro levante contra as forças chinesas. As manifestações são repreendidas com violência. O dalai-lama, vários de seus ministros e cerca de 80 mil tibetanos fogem para a Índia. No plano internacional, os EUA adotam postura ambígua: enquanto se recusam a reconhecer a indepêndência do Tibete, financiam grupos separatistas de guerrilha. O auxílio financeiro americano dura até 1971, quando iniciam aproximação com a China.

Revolução cultural
Durante os anos da Revolução Cultural de Mao, as atividades religiosas no Tibete são proibidas e templos são destruídos. Em 1965, o Tibete é declarado região autônoma da China. Nas décadas seguintes, o governo chinês passaria a investir na região, modernizando-a e exaltando os progressos materiais que promove. Para os tibetanos, no entanto, a suposta ajuda beneficiaria mais a etnia han, que passou a migrar para o Tibete, e contribuiria para a descaracterização da cultura local.

Dialogos retomados
Sob o governo de Deng Xiaoping, a China adota uma postura menos dura e abre canais de negociação com o dalai-lama, exilado. As discussões sobre a soberania tibetana são abaladas quando novos protestos surgem. Em resposta, a China impõe Lei Marcial no Tibete. Em 1989, o dalai-lama recebe o prêmio Nobel da Paz. No mesmo ano, acontece o massacre dos estudantes na Praça da Paz Celestial.

Rompimento e interferência
China interrompe as negociações com o dalai-lama. Em 1995, o governo chinês prende Gedhun Choekyi Nyima, o garoto de seis anos apontado pelo dalai-lama como o Panchen Lama, segunda figura mais importante do budismo tibetano, e nomeia outro no lugar. O menino nunca mais foi visto e é considerado o mais jovem prisioneiro político do mundo.

Olimpíada e protesto
Em 2002, o governo chinês retoma contato com o dalai-lama. Em 2008, às vésperas da Olimpíada em Pequim, na China, as manifestações pela independência tibetana se intensificam e tornam-se violentos. A causa atrai simpatia também no ocidente, e o revezamento da tocha olímpica no mundo se transforma em catalisador de protestos.

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