sábado, 29 de agosto de 2009

Eva Perón - A idolatrada mãe dos pobres

Filha ilegítima e desprezada, Evita tornou-se poderosa graças à sua determinação feroz. Sua mais cara e realizada promessa: ajudar os desvalidos.


Em 24 de agosto de 1951, Eva fala a uma multidão de mulheres.

Só me casarei com um príncipe ou um presidente", dizia Maria Eva Duarte quando vivia em Los Toldos, sua cidade natal no meio do pampa. Desprezada por todos como filha ilegítima, a criança almejava um futuro radiante como ouvia nas novelas de rádio, lia nas revistas de cinema e via nos filmes de Hollywood. O pai, don Juan Duarte, proprietário de terras, havia literalmente comprado sua mãe, a bela Juana Ibarguren, em troca de um jumento e uma carroça. Da união nasceram quatro meninas e um menino. Evita, a caçula, em 7 de maio de 1919. Ela mal conheceu o pai, que em seguida regressou ao católico lar onde o esperavam a esposa e filhos legítimos.

Dona Juana enfrentou sozinha as vicissitudes e, quando a caçula Evita estava com 11 anos, mudou-se com os filhos para Junín, uma vila na mesma província de Buenos Aires. O preconceito, porém, era igual. Os colegas de escola, por exemplo, não tinham permissão de cortejar Evita, em razão da origem. Não obstante, suas três irmãs mais velhas progrediram socialmente. Encontraram trabalho e fizeram bons casamentos.

Restaram os rebeldes: Juancito e Eva, a sonhadora decidida a tentar a vida no mundo do espetáculo. Humilhações demais lhe renderam um caráter duplamente genioso e uma vontade indomável. Aos 15 anos, em um dia 2 de janeiro de 1935, ela partiu para a capital, Buenos Aires. Apelidada de "Paris da América do Sul", a cidade fora arruinada pela crise mundial de 1929-30 e dependia das exportações de carne e de trigo, Eva, pálida e morena, batia incansavelmente às portas dos teatros. Seu único trunfo, a obstinação. Fora a teimosia que se tornou lendária, ela não tinha grande coisa a oferecer. Sem real talento artístico nem extraordinária beleza, ela era ignorante, arredia. Às humilhações vividas, somaram-se outras. Histórias bastante banais: diretores que exerciam a sedução, amantes de algumas horas. À mãe e às irmãs, que lhe suplicavam a volta para Junín, respondia sempre: "Primeiro, a celebridade".

De fato, em 1939, ela conseguiu se impor como atriz radiofônica. Encarnava as heroínas chorosas de novelas semelhantes às que haviam forjado sua ambição.

Esses folhetins de retórica nacionalista pareciam prefigurar as idéias do movimento político do qual Evita seria a grande estrela. Naquele momento, já pairavam no ar. Em 4 de junho de 1943, um golpe de Estado instaurou no país um governo militar, de que participava um grupo de oficiais, o GOU (Grupo de Oficiais Unidos), defensor de teses próximas ao nazismo. Entre eles, estava um líder de influência crescente, egresso de uma estada na Itália de Mussolini: o coronel Juan Domingo Perón.

Olhos só para ela
Evita conheceu, então, com um membro do GOU, o coronel Aníbal Imbert. Nomeado para a direção dos Correios e Telecomunicações, o militar linha-dura controlava o conteúdo das emissões radiofônicas: era a hora dos valores "sadios" e "nacionais". Evita, sempre alerta e rápida, tornou-se amante de Imbert. Uma série de folhetins de caráter histórico foi sua recompensa: ela interpretava Catarina da Rússia ou Elisabete da Inglaterra, como se, inconscientemente, se preparasse para tornar-se rainha.

Em 15 de janeiro de 1944, um tremor de terra arrasou a cidade de San Juan, na região de Cuyo, não longe do Chile. Na qualidade de secretário do Ministério do Trabalho, o coronel Perón centralizou a ajuda às vítimas. E as pessoas ligadas ao mundo das artes organizaram um grande espetáculo beneficente em prol dos desabrigados, em 22 de janeiro, no estádio Luna Park. Nessa manhã, Perón percorreu a rua Florida, cercado por atrizes que agitavam cofrinhos: "Um trocado para os órfãos de San Juan, por favor!". Evita, no frescor de seus 24 anos, estava entre elas, ainda de cabelos escuros e sempre pálida, mas tão ardente no pregão que o nobre coronel de 48 anos talvez a tenha notado. O encontro decisivo, porém, aconteceu à noite, na festa. Enquanto grandes vedetes da música se sucediam no palco, Evita conseguiu se instalar ao lado de Perón. Alguns instantes mais tarde o coronel só tinha olhos para ela.

Juan Domingo Perón era, também, filho ilegítimo. Tornou-se um adulto esperto, maquiavélico, envolvente. Como todo sedutor, refletia o desejo dos outros fazendo com que se sentissem únicos. Sua primeira mulher havia morrido. Incapaz de amar, ele, entretanto, encantou-se pela pequena atriz que o escutava atentamente e que encontrava naquele discurso a explicação para sua própria vida: o inimigo era a oligarquia! Evita bebia as palavras de Perón e assumiu as idéias do coronel com um fanatismo que parecia o do amor.

Que há de mais fascinante, para um líder em plena ascensão, que encontrar uma mulher pronta a encarnar sua causa com uma convicção e um fervor ainda maiores? A Perón, Evita aparecia como uma moça pura, apaixonada, maleável, fácil de manipular e - última virtude, mas não das menores - estrela do rádio: ele aprendera com o fascismo italiano que o poder vinha dos sindicatos e do rádio. Quanto a Evita, enxergava em Perón o pai que jamais tivera, o homem de poder que sempre procurara - e que a ajudaria em sua carreira artística -, o amante cuja indolência se combinava com a frieza, e o gênio político que sabia pôr em palavras seu sentimento de revolta. Do fascismo ela pouco sabia, mas sim que Perón era contra os proprietários de terra que, a exemplo de Juan Duarte, compravam mulheres e as abandonavam com seus filhos ilegítimos. Era o bastante. Rapidamente, sua relação tornou-se pública. Perón adorava chocar, desafiar os "bem pensantes". Divertia-se ao apresentar, da maneira mais oficial, sua amante.

Intuição de causar espanto
Quando os colegas de armas diziam o quanto era malvisto por ter uma relação com uma atriz, ele respondia: "O que vocês queriam? Que eu tivesse uma relação com um ator?". Sua popularidade era crescente; não por acaso escolhera o cargo no Ministério do Trabalho - para estar próximo dos trabalhadores. Demagogo, ele os cobria de favores. Ministro da Guerra, depois vice-presidente da Argentina, ele conservava esse posto aparentemente obscuro. Quando o exército, enciumado, se valeu de um pretexto fútil para encerrar Perón na ilha de Martín Garcia, no meio do rio da Prata, foi o povo agradecido que, em 17 de outubro de 1945, saiu maciçamente às ruas para exigir a libertação de seu bem-amado líder. Quatro dias mais tarde, Perón se casou com Evita. E em 4 de junho de 1946, promovido a general, ele assumiu a presidência da República, eleito por uma esmagadora maioria de votos.

Desde seu encontro com Perón, Evita se interessou cada vez mais pela política e revelou uma intuição que espantou o general. Sem ter, ainda, abandonado de vez a carreira de atriz, decidiu assumir o papel de uma benfeitora adorada pelo povo, em um filme intitulado La Pródiga, nunca exibido publicamente. Era um papel profético.

Sua personagem era chamada "a Senhora" ou "a Mãe dos Necessitados". Em pouco tempo, assim seria, na realidade. Coincidência e premonição, vontade e destino sempre se cruzaram na história de Evita.

Com os acontecimentos que conduziram à revolta popular de 17 de outubro, completou-se a virada. Era imperativo que a mulher do presidente deixasse o mundo do espetáculo. Mas, sendo o peronismo uma representação, tudo a levava a fazer sua estréia no mundo do espetáculo da política: a ambição de poder - nascida de sua necessidade de vingança -, a tendência para a representação (partilhada por Perón) e a paixão sincera. A primeira das simulações havia sido a descoloração dos cabelos. Em 1944, para encarnar determinado papel, Evita tinha se tornado loira. Um loiro de mulher que ascendeu, que a fazia escapar da maldição de Los Toldos, da avó Petrona em seu rancho de miséria: na Argentina da época, o loiro se confundia com status. Morena, ela havia sido insignificante. Loira, tornava-se uma criatura luminosa, irreal, na qual a propaganda peronista iria se apoiar e a quem faria representar o papel de santa ou de fada. Outra simulação era sua identidade civil.

Investida de elegância
Ela falsificou seus documentos, pois, mesmo ao casar com o homem mais poderoso da nação, era obrigada a mentir. Substituiu a certidão de nascimento, em que aparecia como Eva Maria Ibarguren, nascida em Los Toldos em 1919, por outra, com o nome de Maria Eva Duarte, nascida em Junín, em 1923. Se mantivesse a primeira data, não obteria a "legitimidade", pois naquela ocasião a esposa de Juan Duarte ainda era viva. Os acertos foram feitos porque de outra forma Evita jamais poderia esposar um coronel com pretensões presidenciais.

Em 17 de outubro, o povo havia saído à rua para libertar seu homem. Até então, ela não havia ainda compreendido o papel que Perón e ela mesma iriam representar na história do país. Foi o povo que levou Perón a tornar-se o líder Perón. Em determinados momentos, ele mesmo, depois de tanto fazer para ser adorado pelo povo, esteve a ponto de abandonar tudo. Mas os argentinos gritavam seu nome na praça de Maio e Perón teve de responder ao chamado.

Nesse momento, Evita, compreendendo de súbito a importância da situação - sensibilidade à flor da pele - sentiu um imenso reconhecimento. Contraiu "uma dívida" pessoal, dizia, com o homem que a havia "purificado", ao escolhê-la, e com o povo que, ao salvar esse homem, conseguiu também a redenção dela própria. Daí por diante, essa mulher obstinada e voluntariosa só teria uma idéia na cabeça: pagar. Com uma contribuição particular, intransferível.

Em 1947, ela foi convidada oficialmente pelos governos espanhol, italiano, francês e suíço. Essa viagem pela Europa, como um percurso iniciático, durou três meses. Na volta, transformada, Evita apareceu investida de uma elegância irretocável. As senhoras oligarcas que tanto haviam rido dela por sua falta de gosto e por suas toaletes berrantes só podiam agora admirar a Evita em trajes de Dior. Os erros de gramática, porém, permaneceram.

Há suspeitas de que nessa mesma viagem ela teria tido a ocasião de depositar nos bancos suíços o fabuloso tesouro de Martin Bormann, supostamente nas mãos de Perón, que acolheu em Buenos Aires milhares de criminosos de guerra nazistas. Há muitas pistas, mas nenhuma concludente, até agora. Assim como não se saberá nunca, sem dúvida, se naquela ocasião Evita soube o nome da doença de que morreria em 1952: um câncer de útero, como acontecera com a primeira mulher de Perón. De qualquer forma, desde sua volta ela foi não somente a mais bem vestida das mulheres como também a mais decidida no rechaço aos médicos. Decidiu não se tratar.

A terrível agonia
A partir de 1948, ela trabalhou 18 horas por dia, quase sem se alimentar. Iniciou uma corrida contra a morte. Em uma garagem adaptada da residência presidencial, juntou montanhas de doações em espécie (alimentos, roupas, acessórios) que lhe haviam feito os sindicatos para que distribuísse aos mais necessitados. Criou a Fundação Eva Perón, gigantesca organização antiburocrática que respondia às necessidades de todos aqueles para quem é sempre tarde demais. Ela recebia 12 mil cartas por dia, com os mais diversos pedidos, de cobertores a bolas de futebol. Os remetentes eram chamados a seu escritório na Secretaria do Ministério do Trabalho, onde Perón havia começado seduzindo os trabalhadores. Centenas de miseráveis se comprimiam cada dia nesse lugar lendário. Evita os escutava e resolvia sua situação com agudo senso prático.

Sua jornada de trabalho se estendia das 7 da manhã às 2 ou 3 da madrugada, freqüentemente mais. Doar tornou-se sua razão de viver. Dedicava-se aos humildes a ponto de apagar toda a distância entre ela e eles. Fusão perfeita, perda da identidade bem-aventurada que a conduzia a se cobrir de diamantes "para agradar aos pobres", já que eles se sentiam ricos somente em vê-la. Se ninguém podia penetrar esse mistério de uma comunhão quase mística, Perón acreditava poder tirar proveito dela, afinal sua mulher agia em nome dele, que a exaltava em seus discursos, até fazer dela um ser quase divino embora frisasse que "era apenas uma mulher".

Ao mesmo tempo, a mulher capaz de sacrificar sua vida era, também, um ser sedento de poder. Desde 1946, Evita tinha criado sua própria equipe, constituída por ministros fiéis. Fundou o Partido Peronista Feminino, que dominava com a mesma mão-de-ferro com que controlava e amordaçava a imprensa e o mundo do espetáculo. Na máquina de propaganda e repressão do peronismo, ela era um instrumento, quando não a instigadora. E as mulheres a quem Evita dera o direito de voto em 1947 eram justamente o setor do peronismo mais ativo em suas mãos e que ela fanatizara e vigiava com um ardor de madre suxperiora.

A mulher autoritária, senão grosseira, diante dos funcionários do Partido, mas submissa diante de Perón (ao menos em público), vivia um feminismo visceral expresso em seus atos mais que em suas palavras - sempre emprestadas dos burocratas que redigiam seus discursos. Um feminismo que Perón não havia previsto. Daí o fato de ele enciumar-se de sua esposa, que ele considerava seu "ombro", mas que brilhava cada vez mais com luz própria.

Esse homem labiríntico não mostrou claramente seu ciúme a não ser em raras ocasiões. Bom caçador da Patagônia, ele construía suas armadilhas, fingindo querer afastar Evita do trabalho desgastante, insistindo para que ela se cuidasse. Sabia que bastava ele querer detê-la para que Evita, redobrando sua vitalidade suicida, trabalhasse ainda mais. O último ato desse drama de trapaças e simulações foi representado em público, diante de uma multidão de 1 milhão de pessoas reunidas para proclamar a nova chamada: "Perón presidente, Evita vice-presidente!". Foi em 2 de agosto. As eleições se aproximavam. Perón de início recusou-se a aceitar a reeleição, algo que no entanto almejava. Em seguida, não disse uma palavra quando a CGT (Confederação Geral do Trabalho) propôs a candidatura de Evita à vice-presidência. Quanto a esta, embora negasse ter ambições pessoais, desejava esse posto com ardor. Até então, ela jamais havia possuído um nome que fosse seu, nem uma nomeação formal. Seu poder era imenso, mas dependia inteiramente do de Perón.

Então, nesse 2 de agosto, Evita não sabia se Perón queria que ela se tornasse vice-presidente. Ela esperava, o povo insistia para que ela aceitasse, ela balbuciava uma negativa que não fazia mais que exaltar o fervor da multidão. Enfim chegou a hora da verdade. Diante desse diálogo amoroso entre sua mulher e o povo, do qual ele se sentia excluído, Perón agarrou o braço de Evita e lhe disse: "Basta". Ela já estava gravemente doente. Alguns dias mais tarde ela foi ao rádio para dizer que seu "coração de humilde mulher argentina" a impedia de aceitar a honrosa oferta.

Recolheu-se ao leito, para começar a morrer. Durante sua longa agonia, esteve cercada apenas de uns poucos amigos e da mãe, das irmãs e do irmão Juancito Duarte, que elevara a secretário de Perón, e que este faria com que "se suicidasse" após a morte de Evita, por conta, diz-se, de um tesouro fantástico depositado em conta bancária na Suíça.

Houve uma tentativa de esconder do povo a doença de sua fada. Após uma operação de útero realizada tarde demais, Evita foi instalada em um pequeno quarto da residência presidencial, longe do de Perón. Ela agonizava, extremamente debilitada, com um peso não superior aos 30 quilos e vítima de dores atrozes. E ainda assim, após uma revolta militar rapidamente sufocada, mas que anunciava a inevitável queda do peronismo, Evita encontrou forças para negociar, do seu leito, a compra de metralhadoras destinadas a armar o povo.

Armas que Perón não quis distribuir entre os trabalhadores quando eclodiu a Revolución Libertadora que o derrubou, em 1955. Naquele momento, Evita já estava morta.

Há quem opine que essa revolução não aconteceria se ela estivesse viva. Afinal, dizia: "O inimigo da oligarquia não é ele, sou eu". Ela morreu em 26 de julho de 1952, com a simbólica idade de 33 anos. Durante 15 dias, o povo em lágrimas desfilou diante de seu caixão coberto de cristal. Para alguns, uma santa, para outros, uma populista demagoga que asfixiou o país. Extremos à parte, Evita seguiu indestrutível, na memória coletiva. Em parte por causa do mito que ela cuidadosamente criou, em parte por causa de seu próprio corpo que, depois de inúmeros percalços, finalmente repousou em Buenos Aires, no cemitério da Ricoleta, sem epitáfio. Poderíamos propor este: "Sua vida contraditória nos impede sempre de crer nos bons e nos maus".

-Tradução de Carolina Massuia de Paula

Cronologia
1919
Em 7 de maio nasce, em Los Toldos, Maria Eva , a caçula de don Juan Duarte e Juana Ibarguren

1935
Em 2 de janeiro, com 15 anos de idade, Evita parte sozinha para Buenos Aires

1944
Em 22 de janeiro ela conhece Juan Domingo Perón, com quem se casa no ano seguinte

1946
Funda o Partido Peronista Feminino

1948
Cria a Fundação Eva Perón, gigantesca organização de ajuda aos necessitados e passa a trabalhar quase 20 horas por dia

1952
Morre, vítima de câncer de útero

Fotos incômodas
A fotógrafa alemã Gisèle Freund viajou até a Argentina, em 1950, com o único objetivo de fotografar Evita. Quando a primeira-dama enfim a recebeu, pediu-lhe que registrasse o conteúdo de seus armários, "para que o mundo inteiro veja o que eu tenho". Havia vitrines abarrotadas de jóias, centenas de chapéus, sapatos, vestidos e peles. No dia seguinte, o chefe da propaganda requisitou os negativos, mas Gisèle viajou imediatamente, salvando as fotos que, reproduzidas na Life, se tornaram célebres.

A devolução do corpo
O corpo de Evita foi embalsamado pelo doutor espanhol Pedro Ara. Com a queda de Perón, a Revolución Libertadora seqüestrou seus restos mortais para impedir que os peronistas transformassem seu túmulo em local de culto. Nada mais se soube a respeito, até 1971, quando o governo militar decidiu devolvê-los a Perón, enterrados que estavam sob um falso nome em um cemitério de Milão. Ele estava exilado em Madri, onde recebia correligionários.

Revista Historia Viva

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