Veja como a situação política no Brasil está afetando as relações
A democracia nos países ocidentais, nos últimos anos, produziu resultados inesperados e surpreendentes. Lugar comum nas análises atualmente é a referência à falência das representações políticas tradicionais (ou dos políticos) e ao papel e a função das redes sociais, que teriam dado ensejo ao surgimento de lideranças mais caracterizadas pelo seu voluntarismo do que pelo conjunto das suas ideias e programas.
O que a primeira vista se apresenta como um conflito entre ideias de “esquerda e de direita”, não resiste à uma observação mais cuidadosa, a não ser que tomemos como válida a noção de que tal ou tal partido “representa” a esquerda ou sua essência, e o mesmo sendo válido para a direita, o que parece temerário e simplório; ou então que se tomemos como referência o viés “para o povo” em oposição ao “para as elites”, aceitando como qualificação, dizendo de forma simples, como “bons” os indivíduos que adotam a primeira, e “maus”, os outros.
A discussão política no Brasil coloca hoje em campos antagônicos anônimos, pessoas comuns que, justamente através das redes sociais tornam manifestas suas “posições políticas” – colocadas entre aspas dado a insuficiência dessa categorização – e deixando evidente um marcante grau de violência e intolerância.
Da mesma forma que pode-se discernir, na economia, a importância central dos fatores psíquicos -a diferença entre necessidade e desejo, o último impulsionando o consumo e a mercadoria como “fetiche”-, sem questionar aqui o seu mérito ou a sua inevitabilidade, apenas constatando a sua centralidade, pode-se igualmente lançar um olhar crítico sobre a centralidade, agora, dos fatores psíquicos na dimensão da atividade política dos indivíduos numa sociedade.
Por “atividade política” classifica-se não exatamente participação político partidária em legendas, mas posicionamentos e identidades em torno de ideias ou ideais, mesmo que de forma reservada, anônima, individual. É em relação a essa atividade política que a violência tem se destacado.
Conflito
Assistimos a um combate com aparentes matizes ideológicos. “Aparentes” porque existe um substrato que é composto pelas motivações subterrâneas que alimentam o conflito, e este é da ordem das paixões. Mas não apenas paixão como na analogia feita com o futebol. Há outros elementos a se observar, e embora sejam mais sutis e não tão visíveis, ocupam na verdade um lugar fundamental.
O primeiro: o caráter autoritário, não democrático, totalitário das ações e suas justificativas nos representantes deste ou aquele agrupamento ideológico.
Colocando-se como “portadores do BEM absoluto” tanto os da extrema esquerda como os da extrema direita – categorias, como dito antes, que já sem serventia mas aqui utilizadas para fins de clareza e simplicidade – seus atos seriam sempre justificados, meritórios. Quer seja “em nome do povo”, quer seja em nome da “moralidade e dos desígnios de Deus”, o que se encontra ao fim e ao cabo é apenas a defesa (silenciosa) de que os fins justificariam os meios. Desde que sejam os “meus” fins. Totalitarismo e fascismo. Negro e vermelho.
Além do desprezo pelo outro diferente e suas ideias, são aqueles proponentes de ações impulsivas, imediatistas, menos por convicção da necessidade de uma ação inadiável, e mais por incapacidade de vislumbrar a complexidade das sociedades contemporâneas, sua dimensão sistêmica e a interligação, muitas vezes, sutil entre seus elementos, e o como uma escolha eventualmente eficaz de forma local e momentânea pode revelar consequências desastrosas num tempo futuro, quando o sistema evolui no tempo, ou seja, advogam medidas rasas e sem perspectiva.
Movidos que são, basicamente, por motivações psicológicas, não aprendem com a experiência – rejeitam a percepção da realidade frustrante – e repetem sempre os mesmos erros.
Há uma obra ímpar no que podemos chamar de “psicologia sociológica” cujo conteúdo aplica-se diretamente ao que estamos vivendo no Brasil: “Psicologia de massas do fascismo”, de W. Reich, onde é analisada a estrutura irracional do ser humano médio na sua relação com a política.
Estão caraterizados tanto o fascismo negro (fascismo e nazi fascismo) quanto o fascismo vermelho (comunismo), nas suas ênfases na produção de dominação. E mais do que distinguir o modo de ação sobre as massas, é a psicologia do homem médio que é examinada, e como esta dá ensejo à existência da dominação.
Certamente este é o ângulo menos conhecido, e o segundo fator destacado: o psiquismo do ser humano passível de dominação, como este anseia por isso, o que leva um indivíduo não só a se submeter mas a buscar, a DESEJAR essa imposição. A referência ao homo demens no título assinala este viés. Não que a categorização de Morin implique uma negatividade, ao contrário, ao incorporar ao sapiens a dimensão do imaginário, da poesia e da arte, (paixão), Morin dá ensejo a uma outra racionalidade, uma que não seja apenas objetificação da realidade.
Tomo de empréstimo seu termo e uso de forma diferenciada, justamente para sublinhar a presença do psíquico, no sentido psicológico e psicanalítico (no viés reichiano) no quadro examinado, em especial a relação entre anseio e dominação, e como a violência ingressa nesse quadro. Me refiro a uma parte da população, não toda ela. Mas parte significativa. E o acréscimo que fiz do termo paixão na listagem serve para apontar que é um falso dilema a oposição absoluta racionalidade/paixão, a segunda não tem intrinsicamente negatividade.
Não é difícil ao olhar do observador treinado encontrar motivos pouco nobres em muitas manifestações de revolta contra o quadro de corrupção sistêmica em que se transformou a realidade política brasileira.
O Júbilo manifesto ao momento da revelação de uma condenação por desvio de verbas deixa antever muitas vezes menos o senso ético e mais a satisfação de uma inveja silenciosa aplacada (ele teve vantagens que eu não tive, morro de inveja mas agora ele irá pagar!).
Lembrando que que o foco aqui é o júbilo, e não a concordância com a condenação, o que é sublinhado. Inveja, raiva, destrutividade etc., são fáceis de encontrar como motivações silenciosas de simpatias, antipatias e posturas ideológicas em política, sob um olhar psicanalítico.
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Por Nicolau José Maluf Jr. | Foto Shuttersotck | Adaptação web Isis Fonseca
Revista Filosofia
As claimed by Stanford Medical, It's indeed the SINGLE reason this country's women live 10 years longer and weigh 42 pounds lighter than we do.
ResponderExcluir(And really, it has totally NOTHING to do with genetics or some secret diet and absolutely EVERYTHING about "HOW" they are eating.)
BTW, What I said is "HOW", and not "what"...
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